Neste capítulo, analisaremos a missão do evangelista, um dom
ministerial ao lado de outros da maior importância, como o de pastor, apóstolo,
profeta ou doutor. A Bíblia fala muito pouco sobre esse dom. Se compulsamos uma
concordância bíblica, só encontramos três referências a esse termo (At 21.8; Ef
4.11; 2 Tm 4.5). Nem por isso, o papel do evangelista pode ser considerado de
somenos importância, no contexto dos ofícios ministeriais, que devem contribuir
para o crescimento e para a edificação da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
A tradição do governo da igreja tem levado a entender que o
evangelista é um cargo ou uma função hierárquica, inferior à de pastor, ou de
apóstolo ou doutor, e superior à de presbítero. Porém, à luz da boa
hermenêutica ou interpretação dos textos bíblicos, podemos constatar que não é
bem assim. Há homens, dentre os que se colocam à disposição da obra do Senhor,
que têm uma vocação prioritária para a pregação do evangelho, para a
proclamação das Boas-Novas de salvação, ou do kerigma, numa linguagem mais
bíblica ou teológica. Por isso, o evangelista consta da lista dos
“dons-ministeriais”, que são “dons de Deus”, concedidos por Cristo aos homens,
após sua retumbante vitória sobre a morte (cf. Ef 4.8-11).
E há homens, que têm a vocaçáo para cuidar do rebanho, que
são os pastores, enquanto há os que sáo mais usados por Deus na área do ensino
da Palavra. Ninguém é superior a ninguém, no Reino de Deus (Rm 12.5).
Nas últimas décadas, os evangelistas têm sido muito solicitados
para participarem de eventos, nas igrejas evangélicas. Alguns são excelentes
pregadores, que transmitem mensagens na unção de Deus, demonstrando verdades
bíblicas com profundidade, atraindo os pecadores para Cristo. Outros,
lamentavelmente, são verdadeiros “profissionais” da oratória. Que pregam em
troca de cachês polpudos. Preferimos considerar que este tipo é exceção. Graças
a Deus, há homens cristãos, que têm a vocação para serem evangelistas, e
prestam excelente serviço à Igreja do Senhor Jesus. Normalmente, os
evangelistas têm ministério itinerante. Vão buscar as almas, para que elas
sejam acolhidas nas igrejas locais, aos cuidados dos verdadeiros pastores,
auxiliados pelos discipuladores. A evangelização intensa só pode ter êxito se
houver um discipulado intensivo junto aos que se convertem por meio das
pregações dos evangelistas. Evangelizar sem discipular é semear sem cuidar das
almas que se convertem.
Os evangelistas são aqueles que dizem aos pecadores: “Venham
para Cristo”, e os pastores, que cuidam do rebanho, são os que dizem: “Sejam
transformados pelo poder Deus, e se integrem ao Corpo de Cristo, que é a
Igreja”. Os ministérios se complementam. Sem pastores, não faz sentido haver
evangelistas. Sem evangelistas, os pastores não veem o rebanho crescer. Nessa
complementaridade de ministérios, podemos ver a palavra do profeta Isaías: “Um
ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te!” (Is 41.6).
Assim, vamos estudar o papel e a missão do evangelista, com
base nos textos bíblicos que nos permitem avaliar esse importante dom
ministerial, tão necessário à igreja como os demais que constam das listas de
ministérios necessários ao bom funcionamento do Corpo de Cristo, que é a
Igreja, da qual Ele é a Cabeça.
I - Jesus Envia os Setenta (Lc 10.1-24)
Após a eleição dos Doze, que constituíam o “Colégio
Apostólico”, tempos depois, Jesus resolveu escolher outros discípulos, em
número de setenta, para enviá-los como evangelistas a “a todas as cidades onde
ele havia de ir” e os organizou em equipes de evangelizadores, “de dois em
dois” (Lc 10.1, 2). O texto de Lucas, referente ao envio dos “outros setenta” é
o mais substancial em informações quanto ao seu desempenho apostólico. Algumas
das mais importantes afirmações de Jesus sobre seus enviados constam desse
texto, ainda que não são considerados participantes do “colégio apostólico”.
Para distingui-los dos 12, nesta análise, são chamados de evangelistas.
1. OS OBREIROS SÃO POUCOS
Ao enviar os setenta, Jesus asseverou que “Grande é, em
verdade a seara, mas os obreiros são poucos” (Lc 10.2a). Diante dessa
realidade, Jesus exorta a que devemos rogar ao Senhor da seara, para “que envie
obreiros para a sua seara” (Lc 10.2b).
2. CORDEIROS NO MEIO DE LOBOS
No tempo de Jesus, os evangelizadores, ou evangelistas,
enfrentariam situações comparáveis a cordeiros no meio de lobos (Lc 10.3).
Certamente, os setenta puderam sentir de perto o cumprimento da advertência do
Senhor. Devem ter sido rejeitados, aborrecidos e perseguidos, até com ameaça de
morte. Nos dias atuais, os que são enviados por Cristo, para levarem a mensagem
do evangelho a certas regiões do mundo, vivem em constante risco de morrer.
Desde o século passado, e no presente, de cada três pessoas que morrem por
causa de sua fé, uma é cristã. Mais cristãos foram mortos nas últimas décadas,
do que em toda a história de Igreja de Cristo. Daí, porque a maior parte dos
missionários está radicada onde já existem muitos obreiros. E Smartphone
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Câmera 3MP 3G Processador Cortex A9 de 1.0GHz poucos são os que se destinam a
lugares inóspitos e ameaçadores. E compreensível, até certo ponto, mas Jesus
mandou pregar o evangelho a toda criatura.
E a tendência da perseguição aos servos de Jesus é de acentuar-se
cada vez mais. Na maioria dos países do Ocidente, o Diabo tem levantado a
perseguição institucional, através de governos, dos legislativos e do
Judiciário, mediante a elaboração e aprovação de leis que dificultam e ameaçam
a liberdade para a pregação do evangelho. São “as portas do inferno”, através
das “leis injustas” (Is 10.1). Elas não prevalecerão, como profetizou Jesus,
mas perturbarão e causarão grandes problemas à missão da Igreja. Mas será por
um tempo. Quando Jesus intervier, na sua Vinda, os “lobos” serão aniquilados.
3. AUTORIDADE PARA OPERAR SINAIS E MARAVILHAS
Os setenta evangelistas foram autorizados a curar os
enfermos que encontrassem nas cidades por onde haveriam de passar (Lc 10.9).
Receberam o mesmo poder que os Doze receberam da parte do Senhor (Mt 10.8). Nos
tempos apostólicos, a operação de milagres fazia parte integrante da missão.
Evangelização com milagres, sinais e prodígios era a característica da
atividade ministerial. Receberam “poder sobre os espíritos imundos, para os
expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal” (Mt 10.1). Da mesma
forma, os setenta evangelistas também estavam investidos da mesma autoridade
espiritual. Ao retornarem da missão, deram um relatório positivo e vibrante do
que lhes acontecera, quando saíram, em cumprimento ao mandado de Jesus, de dois
em dois (Lc 10.17).
4. O MAIOR PRIVILÉGIO DOS EVANGELISTAS
Na palavra aos setenta, Jesus os surpreendeu com uma
declaração desconcertante, ante a alegria e a comemoração pelos milagres que
viram ser realizados por seu intermédio. Curas, libertação de endemoninhados e
outros milagres, não seriam o auge do sucesso ministerial? Porém Jesus lhes fez
saber que maior privilégio do que operar milagres era ter o seus nomes
“escritos nos céus” (Lc 10.20). Discurso semelhante, Jesus proferiu, em
determinada ocasião, quando advertia seus seguidores acerca da operação de
milagres, sem que a vida do obreiro ou do pregador esteja em consonância com
aquilo que prega.
No Sermão do Monte (Mt 7.21-23), de forma alguma Jesus quis
decepcionar ou minimizar o valor do trabalho dos evangelizadores. Mas quis
conscientizá-los de que ter o nome nos céus é o maior privilégio que um servo
de Deus pode ter.
II - A Grande Comissão (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20)
Nas suas palavras finais aos seus “onze” discípulos, após a
ressurreição, Jesus lhes deu a mais importante missão que poderia ser confiada
a homens. A ordem de irem “por todo o mundo” e pregarem “o evangelho a toda a
criatura” (Mc 16.15). Aquele mandato seria extensivo a todos os demais
discípulos, que o seguiam, e a todos os que haveriam de segui-lo ao longo dos
tempos, e até à sua vinda em glória. Foi o que se convencionou chamar de “A
Grande Comissão”. Eles foram comissionados para continuar a obra que o Mestre
iniciou, em seu ministério terreno. Começou com 12, mas só onze estavam ali
para receber aquela tão honrosa, difícil e gloriosa missão. Após a ascensão de
Jesus, Matias foi escolhido para substituir Judas (At 1.23-26).
1. O ALCANCE DA GRANDE COMISSÃO
1) Tem alcance mundial. Os seguidores de Jesus deveriam ir
“por todo o mundo” para levar as Boas-Novas de salvação. Antes de qualquer
outra incumbência, eles teriam que realizar o papel de evangelistas,
evangelizadores ou missionários, para buscarem as almas perdidas para Cristo.
Outras funções ministeriais, de pastor, presbítero, diácono e as demais são
consequência dos resultados da evangelização. E a tarefa não se restringia aos
arredores de Jerusalém. A missão de propagar o evangelho de Cristo teria que
ser local, regional, nacional e transcultu- ral, “por todo o mundo”.
2) Destina-se a todos os povos. Enquanto os judeus entendiam
que a salvação seria exclusiva para eles, que esperavam o Messias, Jesus
ultrapassou aquela visão limitada, e deu ordem a seus seguidores para que
levasse a mensagem do evangelho “a toda criatura”. A Igreja de Jesus é
“inclusiva” para os que o aceitam e abandonam o pecado. E é “exclusiva” para
quem quer ficar ao lado de Cristo (Mt 12.30).
3) O mundo seria dividido entre dois grupos. Os crentes e os
incrédulos. Os salvos e os perdidos. “Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Em sua visão divina, Jesus não vê
nacionalidade, condição social, a cor da pele, raça, sexo, condição financeira
ou econômica (G1 3.28). Ele só vê dois tipos de pessoas. Os salvos pela fé e os
perdidos por causa da descrença nEle e em seu evangelho. Os homens não têm
alternativa. Ou creem para serem salvos ou permanecem na incredulidade para
serem perdidos. Os discípulos entenderam que a Grande Comissão é questão de
vida ou de morte. A escolha é de cada um. A responsabilidade é individual. Mas
a missão de pregar o evangelho é coletiva. E da Igreja. Os evangelistas têm um
papel de vanguarda. Mas a ninguém é dado o direito de escusar-se de ser
testemunha de Jesus.
4) Os sinais aos que crerem. Ante a preocupação dos
discípulos com a grave incumbência de serem os responsáveis pelo início da
evangelização do mundo, Jesus lhes tranquilizou, mostrando-lhes que a eles e
aos que haviam de crer no evangelho, seriam concedidos recursos espirituais jamais
entregues a outras pessoas, para que pudessem alcançar a missão que lhes era
confiada naquele momento especial. Ante os olhares ansiosos e tensos, Jesus
lhes asseverou: “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome,
expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se
beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos
sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.17, 18). Eles já tinham visto muitos
sinais, operados por Cristo. Eles próprios tiveram experiências com sinais,
operados por Cristo. Mas, na sua despedida, Jesus lhes assegurou que aqueles
sinais não seriam apenas para eles e sim para os “que crerem”.
Nos primórdios da Igreja, no período apostólico, todos esses
sinais foram realizados, exceto o de “beberem alguma coisa mortífera” (ou
veneno) sem sofrer qualquer dano. Os críticos dos evangelhos dizem que essa
parte do evangelho de Marcos não consta dos originais. Foi inserida pelos
escribas para que a despedida de Jesus não deixasse um “clima” de desconforto
ou de frustração. E introduziram uma seção triunfalista, incluindo a
possibilidade de um crente tomar veneno e não morrer. E evidente que nenhum
cristão deve experimentar tomar veneno para provar que Deus o guarda de morrer.
Mas, se um crente em Jesus ingerir uma “coisa mortífera”, acidentalmente, ou
por imposição do Diabo, se Deus quiser, e estiver em seus propósitos, pode
perfeitamente evitar qualquer dano a seu servo, “Porque para Deus nada é
impossível” (Lc 1.37).
5) O revestimento de Poder. A Grande Comissão exigiria um
revestimento de poder sobrenatural para sua eficácia. Antes de subir aos céus,
Jesus disse aos seus discípulos: “ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que
do alto sejais revestidos de poder. (Lc 24.49 — grifo nosso).
O revestimento de poder a que Jesus se referia era a descida
do batismo com o Espírito Santo. Não era a salvação, como creem alguns
evangélicos de algumas denominações. Os discípulos já eram salvos. Já tinham
recebido o Espírito Santo, no sopro de Jesus sobre eles (Jo 20.22). Mas, para
evangelizar, cumprindo a Grande Comissão, teria necessidade de um revestimento
de poder sobrenatural, que lhes daria graças, poder e unção para saírem pelo
mundo afora, enfrentando os mais difíceis obstáculos, e as mais cruéis perseguições
humana, de reis, imperadores e até de muitos que se dizem cristãos.
Os discípulos estavam preparados para a Missão, pois
aprenderam aos pés de Jesus, ao longo de uma convivência de cerca de três anos.
Porém os desafios seriam inimagináveis para eles. De fato sofreram, foram
perseguidos, amarrados e mortos. Lucas registra, em Atos dos Apóstolos, algumas
palavras de Jesus, antes da ascensão, Jesus prometeu o poder aos seus
seguidores, a fim de que, diante das lutas e provações, não desistissem de cumprir
a sagrada comissão (At 1.8).
A virtude do Espírito Santo era o que estava faltando aos
apóstolos ou evangelistas. Eles já eram salvos, mas teriam que aguardar “a
virtude do Espírito Santo”, para serem testemunhas corajosas, enviadas ao meio
de “lobos devoradores” (Mt 7.15). E o revestimento veio sobre os discípulos, no
Dia de Pentecostes, quando receberam o batismo com o Espírito Santo (At
2.1-13).
6) O começo da Grande Comissão. O livro de Atos dos
Apóstolos registra o início do mandato da Grande Comissão. Foi o início da obra
missionária da Igreja de Cristo. Após a descida do espírito Santo, aqueles
discípulos que estavam amedrontados, após a morte de Jesus, tornaram-se
intrépidos evangelistas e saíram levando o evangelho aonde puderam chegar,
mesmo por causa da perseguição religiosa. O apóstolo Pedro, que negara Jesus
três vezes, antes de ser revestido pelo Espírito Santo, em sua primeira
pregação, com altivez e coragem, viu quase três mil almas aceitarem a Cristo
como Salvador. Suas palavras foram simples e objetivas: “E disse-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos
diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.38-41).
A Grande Comissão continua até à volta e Jesus. E “tarefa
inacabada”. Segundo estatísticas de organizações evangélicas, o mundo tem 33%
de cristãos, incluindo católicos evangélicos, espíritas, Testemunhas de Jeová,
e outros. Os evangélicos só alcançam 11 % do total da população mundial. Há
muito o que se fazer ainda, antes da vinda de Jesus. Há muito trabalho para as
igrejas, em busca das almas perdidas. Nesse contexto, o papel dos evangelistas,
dos pregadores e missionários é de grande valia e necessidade. Que Deus
desperte mais obreiros genuínos para fazer a sua obra evangelizadora no mundo.
Que os verdadeiros evangelistas e missionários se disponham a ganhar almas para
Cristo.
III - O Dom Ministerial de evangelista
1. a capacitação do evangelista
É um dom de Deus, concedido através da capacitação
espiritual e ministerial para a propagação do evangelho de Cristo a todas as
pessoas que estiverem ao alcance da mensagem do obreiro que tem a chamada para
cuidar da evangelização, como prioridade em sua missão. Enquanto o pastor tem a
missão de cuidar do ensino e do discipulado, diretamente on auxiliado por
pessoas que amam cuidar dos novos decididos, o evangelista esmera-se em buscar
de Deus mensagens inspiradas e cheias de unção para tocarem os corações dos
pecadores.
O evangelista é por excelência o pregador das Boas-Novas de
salvação. O salmista viu o trabalho dos evangelistas, em mensagem profética: “O
Senhor deu a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas-novas”
(Sl 68.11). Nos dias presentes, há muitos evangelistas, espalhados pelo Brasil
e pelo mundo afora, difundindo a pregação do evangelho de salvação em Cristo
Jesus. Seus corações ardem de amor pelas almas perdidas, e elaboram mensagens,
com oração, jejum e estudo da Palavra, para que, na hora do sermão, sejam
instrumentos nas mãos de Deus para alcançar a mente e o coração dos que
precisam de Cristo.
2. HOMENS CAPACITADOS PARA PREGAR
Filipe era um dos sete diáconos, escolhidos para cuidarem da
assistência social aos primeiros crentes, na igreja nascente, nos primórdios do
cristianismo (At 6.1-3). Tinha qualidades espirituais que o credenciavam a ser
mais que um diácono, encarregado de ações sociais em favor dos pobres. A igreja
viu nele um diácono. Deus o viu como evangelista. Era homem que tinha
intimidade com Deus. O Espírito Santo lhe mandou para uma estrada deserta,
entre Jerusalém e Gaza. Obedecendo à voz de Deus, Filipe descobriu que um alto
funcionário do reino da Etiópia viajava em seu carro (carruagem), e foi
compelido a aproximar-se do viajante. Ao ouvir o texto que o homem lia, Filipe
percebeu que Deus lhe dera grande mensagem para transmitir ao sedento viajante.
(At 8.27-29).
3. O PAPEL DO EVANGELISTA
O papel do evangelista é entendido de maneira bastante
restrita nas igrejas. No entanto, quando Paulo escreve sua segunda carta ao
jovem obreiro Timóteo, mostra que além de ser um arauto da pregação do
evangelho, tem o dever, também, de ampliar sua visão e ministério, dependendo
da ocasião, e na unção de Deus, proferir mensagem de repreensão e de exortação.
Mas é preciso ter muito cuidado neste aspecto. Se o evangelista usar o púlpito
de uma igreja para simplesmente repreender e exortar os crentes de forma
gratuita e para demonstrar autoridade, poderá ser visto como presunçoso e
autossuficiente (2 Tm 4.1, 2).
Há exemplos de pregadores, que, no meio de uma pregação, são
usados por Deus para entregar uma mensagem de exortação às vezes severa. Quando
isso acontece, os efeitos sobre o auditório e sobre a liderança são de
aprovação e quebrantamento. No entanto, quando o evangelista resolve exortar a
igreja porque não está ouvindo brados de aprovação à sua prédica; quando
resolve dar indiretas para o pastor ou para a igreja, os resultados são sempre
constrangedores. Já ouvimos alguns pregadores dizer: “Eu vou dizer o que sinto,
doa em quem doer. Ainda que seja a última vez que venha aqui, que nunca mais
seja convidado, vou dar a mensagem...”. E passa a vociferar mensagens humanas e
carnais contra a igreja. E sinal de falta de maturidade, de respeito e de
humildade.
O papel do evangelista envolve a demonstração do poder de
Deus na mensagem. O evangelista Filipe foi a Samaria e fez um trabalho digno de
ter seu registro no Novo Testamento (At 8.5-8).
4. O RESULTADO DO TRABALHO DO EVANGELISTA
A mensagem do evangelista foi tão impactante, que o homem
converteu-se e desejou ser um seguidor de Cristo. Após a bem-sucedida
evangelização, ao lado do alto dignitário etíope, Filipe deve ter-lhe falado
sobre a necessidade do batismo em águas. Sem perda de tempo, o novo convertido
a Jesus quis logo ser batizado em águas. Diz o texto (At 8.36, 37). Ali, na
estrada deserta, entre Jerusalém e Gaza, três coisas importantes ocorreram, na
vida do evangelista Filipe.
Ele pregou o evangelho, na unção do Espírito Santo; o atento
ouvinte aceitou a Cristo como Salvador; o discipulado foi tão eficaz, que o
novo decidido quis logo batizar-se em águas; e Filipe mostrou qual é a condição
para um novo crente ser batizado: “E lícito, se crês de todo o coração ’. Essa
é a razão porque não se deve batizar crianças, quando não sabem discernir a fé
em Cristo. E necessário que o novo crente creia de todo o coração. E, para
isso, é indispensável o ensino ou o discipulado consciente e fundamentado na
Palavra de Deus. “E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe
como o eunuco, e o batizou” (At 8.38). Aquele foi um caso especial, em que o
novo convertido foi batizado no mesmo dia em que ouviu a mensagem
evangelística. Nos dias presentes, é aconselhável só batizar quem tem
consciência do que é ser um cristão verdadeiro, e não apenas congregado ou
membro de uma denominação. Quando não há esse cuidado, de um discipulado
eficaz, cumpre-se o que dizia um velho pastor, em relação ao batismo em águas
de pessoas que náo têm certeza nem testemunho da conversão: “mergulha-se um
pecador enxuto e sai das águas um pecador molhado”.
5. A PERSEGUIÇÃO FEZ SURGIREM EVANGELISTAS
Após a morte de Estêvão, desencadeou-se uma grande
perseguição aos seguidores de Jesus. Saulo de Tarso, o fariseu zeloso e culto,
resolveu exercer o papel de defensor do judaísmo, contra os que considerava
adeptos da nova “seita do nazareno” (At 24.5). A maioria dos cristãos foi
dispersa, restando aos apóstolos ficarem em Jerusalém, cuidando da obra do Senhor,
nos seus primórdios, enfrentando o desafio de contrapor-se ao império romano e
aos judeus fanáticos e cegos quanto ao evangelho (At 8.1). A perseguição
inicial aos cristãos tinha como um grande líder aquele que haveria de ser um
dos maiores apóstolos de Jesus.
6. EVANGELISTAS-ESCRITORES
Não seria justo esquecer a contribuição dos quatro
evangelistas, que tiveram a incumbência de registrar os fatos marcantes do
ministério de Jesus. Mateus, Marcos, Lucas e João foram homens dotados de
capacidade para relatar os eventos que demonstraram que Jesus Cristo era ao
mesmo tempo “O Rei dos Reis”, o “Servo de Deus”, “O Filho do Homem” e “O Filho
de Deus”. Lucas, “o médico amado” foi o único que não fez parte do ciclo de
discípulos mais próximos do Mestre. Mas, na condição intelectual mais acurada,
e por sua profissão, anotou detalhes e minúcias que os outros evangelistas não
perceberam ou não valorizaram. João, o evangelista, ex-pescador da Galileia,
além de escrever o evangelho que tem o seu nome, escreveu três epístolas e o
livro profético do Apocalipse. Deus usa seus servos como quer, conforme os
propósitos de sua soberana vontade.
Conclusão
O dom ministerial de evangelista é concedido a algumas
pessoas, conforme o propósito do Espírito Santo para a edificação e o
fortalecimento das igrejas locais. Mas o envio dos setenta discípulos, de dois
em dois, indica que Deus quer ampliar os quadros dos mensageiros da propagação
do evangelho de Cristo. Em sua despedida, Jesus mandou que seus seguidores
pregassem o evangelho, por todo o mundo, a toda a criatura. E assegurou que
seriam concedidos sinais que haveriam de seguir “aos que crerem”, indicando que
todos os crentes, que se dispuserem a testemunhar de Cristo, receberão poder
sobrenatural para cumprir a tarefa de evangelizar.