PRIMEIRA CARTA: À
IGREJA DE ÉFESO
1. “ESCREVE ao anjo da igreja que está em
Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio
dos sete castiçais de ouro”.
1. ÉFESO. O nome significa “desejado”.
Situação Geográfica: a cidade de Éfeso se encravava no pequeno Continente da
Ásia Menor. “Esta era a capital da província romana da Ásia. Com Antioquia da
Síria e Alexandria no Egito, formavam o grupo das três maiores cidades do
litoral leste do Mar Mediterrâneo. O seu tempo da “Diana dos efésios” (At
19.28) foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo”. Pelo menos
duas vezes, Paulo esteve nessa cidade (At 18.19 e 19.1). Em sua terceira viagem
por aquela região, ele não chegou até lá, mas estando em Mileto “mandou a
Éfeso, a chamar os anciãos da Igreja”. Essa igreja recebeu duas cartas: uma de
Paulo (epístola aos efésios), e outra de Cristo (à que está em foco). A
primeira em 64 d. C., a segunda em 96 d. C.
2. Notem-se as sete coisas comuns a todas as
sete mensagens: (a) Todas são dirigidas “ao anjo da igreja”. 2.1, 8, 12, 18;
3.1, 7, 14. (b) Cada mensagem tem uma descrição abreviada daquele que a envia,
tirada da visão de Cristo glorificado, no primeiro capítulo. (c) Cristo afirma
a cada igreja: “Sei”. 2.2, 9, 13, 19; 3.1, 8, 15. (d) Todas as mensagens têm ou
uma palavra de louvor ou censura. 2.4, 9, 14, 20; 3.2, 8-10, 16. (e) Cristo
lembra Sua Vinda e o que há de acontecer conforme a conduta da própria pessoa,
a todas as sete igrejas. (f) A cada igreja é repetido a frase: “Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. 2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22.
(g) Cada vez, há promessa explícita, para os vencedores do bom combate da fé:
“Jesus diz: O que vencer!”. (Cf. 2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21).
1. A igreja de Éfeso, talvez tenha sido a de
maior cuidado do ministério de Paulo; O Novo Testamento diz que, Paulo esteve
em Éfeso, levando consigo Priscila e Áquila; e deixou-os ali (At 18.19);
retornou mais tarde (19.1) e desta vez permaneceu dois anos, dedicado à
pregação do Evangelho. Dessa maneira, todos os que habitavam na Ásia ouviram a
palavra sobre o Senhor Jesus, assim judeus como gregos (At 19.10). Éfeso chegou
mesmo a tornar-se o centro do mundo cristão. “As profecias de Paulo
realizaram-se: poderá hoje, quem visita Éfeso saber onde era o lugar da casa ou
templo em que a igreja se reunia? Tudo ruína! “Como homem, combati em Éfeso
contra as bestas” disse Paulo: Feras humanas! (cf. 1Co 15.32)”.
4. “Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade”.
1. Cristo mencionou não menos que 9
características destacadas e louváveis que achou na igreja do Éfeso. Mas por
isso podia desculpá-la da falta de amor. Apesar de qualquer esforço, ou de
qualquer grau de sinceridade, gravíssimo é o nosso estado espiritual se nos
faltar o amor: “...ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria”. “...ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me
aproveitaria”. Esta é a grande declaração do Apóstolo Paulo, em 1Co 13.3-4. Se
o cristão não tem amor, a vida espiritual também não tem sentido. “Nada
Seria!”. Disse ele!.
5. “Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”.
6. “Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço”.
1. Outro ponto de vista sobre o assunto que
deve ser observado é que Nicolau “era prosélito de Antioquia” (At 6.5);
separado para o diaconato, servia na igreja de Jerusalém. O livro de Atos dos
Apóstolos não fala de Nicolau como tendo-se destacado como missionário
itinerante, a exemplo de Estevão e Filipe (At 6.8 e 21.8). É evidente que sua
esfera de trabalho foi local; ele não alcançou lugares distantes como Éfeso e
Pérgamo. Pelo que sabemos, não é mencionado mesmo ante ou depois de Cristo, um
homem chamado Nicolau que tenha fundado uma seita, a não ser aquilo depreendido
e focalizado do texto em foco. Se essa palavra é simbólica, vemos, neste
vocábulo, “nicolaítas”, o começo do controle sacerdotal ou eclesiástico sobre
as congregações (igrejas) cristãs individuais. O Sr. A. E. Bloomfield declara o
que segue: “Os movimentos das igrejas, visando poder político e prestígio
social mediante uniões, federações e alianças mundanas, são ‘doutrinas e obras”
dos nicolaítas. Trata-se do esforço de restaurar, por métodos humanos, aquilo
que se perdeu (o primeiro amor)”. Observemos dois pontos focais ainda sobre o
presente assunto:
(a) Tudo indica que “nicolaítas”, refere-se
ao começo da noção de uma ordem sacerdotal na igreja: “clero” e “leigos”. Tudo
nos faz crer, que esta seita denominada de “nicolaítas” faz parte de um
“sistema” gnóstico existente naqueles dias; pode ser isso o sentido real do que
temos aqui.
(b) Como já ficou estabelecido acima: “...Em
época posterior a Cristo, houve uma seita gnóstica conhecida pro “os
nicolaítas”, a qual é mencionada por Tertuliano de Cartago. Que também era de
índole gnóstica”.
7. “Quem tem ouvido ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus”.
1. O simbolismo da árvore da vida aparece em
todas as mitologias, desde a Índia, até à Escandinávia. Os rabinos judeus e
ismaelitas chamavam de “árvore da provação”. O Zend Avesta tem a sua própria
árvore da vida, chamada de “Destruidora da Morte”. Para nós, porém, o comer da
árvore da vida, significa o direito de ser revestido da imortalidade (Ap
22.19). Algumas Bíblias trazem: “comer”. Mas, sem outras, ‘se alimente” (Almeida,
1969 é mais expressiva). A sabedoria divina divide os homens em duas classes: a
dos vencedores e a dos vencidos (2Pd 2.20). Os vencedores comerão: “da árvore
da vida” no Paraíso de Deus. No Éden, aos vencidos foi vedado a oportunidade de
comer dessa árvore, para que não vivessem para sempre na miséria (Gn 3.22). Mas
aos vencedores, na maior felicidade, será concedido comer e viver eternamente.
1. ESMIRNA. O nome “Esmirna” significa
“mirra”, a palavra usada três vezes nos Evangelhos (Mateus 2.11; Marcos 15.23;
João 19.39). De acordo com H. Lockyer, “O nome descreve bem a igreja perseguida
até a morte, embalsamada nos perfumes prévios de seu sofrimento, tal como foi a
igreja de Esmirna. Foi a igreja da mirra ou amargura; entretanto, foi agradável
e preciosa para o Senhor”. Esmirna também é famosa por ser a terra natal de Homero
(o poeta cego da mitologia grega) e como lar de Policarpo (bispo de Esmirna).
Situação Geográfica: esta cidade encrava-se no pequeno continente da Ásia Menor.
Em 1970, Esmirna já contava com cerca de 63000 habitantes e é, atualmente, a
principal cidade turca, denominada Izmir. Os muçulmanos chamam-na “Izmir e
infiel”. O Rio Meles, famoso na literatura, também era adorado em Esmirna.
Próximo à nascente desse rio ficava a caverna onde, dizem, Homero compunha seus
poemas. Com a conquista do Oriente pelos romanos, Esmirna, passou a fazer parte
da província romana da Ásia. A cidade de Esmirna, cujo nome significa: “mirra”,
caracterizou-se pela forte oposição e resistência ao cristianismo no primeiro
século da nossa era. A igreja local originou-se da grande colônia judaica ali
estabelecida. Em Esmirna, no ano (159 d. C.), Policarpo, seu bispo, foi
martirizado.
2. Isto diz o primeiro e o último. Já
tivemos oportunidade de encontrar este título aplicado a pessoa de Cristo em Ap
1.16, onde o mesmo é amplamente comentado e ilustrado pelo nosso alfabeto
português. “Cristo é o primeiro” quanto ao tempo e à importância. Ele é a fonte
originária de toda e qualquer vida, seu princípio mesmo. O fato de que Cristo é
o “princípio”, equivale à declaração de que Ele é o “Alfa”. E o fato de ser o
“Último” equivale a ser o “Ômega”. Ele é o Princípio e o Fim, O Primeiro e o
Último, o “a” e o “z”; nós nos encontramos no meio. Mas Cristo continua a
existir! Na qualidade de ser Ele o “último”, pode-se dizer o seguinte sobre Cristo
(a) Ele é a razão mesmo da existência; (b) Ele é o princípio da vida após a
morte; (c) Ele é o alvo de toda a existência, o Ômega.
I. “...Eu sei as tuas obras”. O Senhor Jesus, não só conhecia as “obras” desta igreja
fiel, mas, de um modo especial a sua “tribulação”. No grego clássico,
tribulação, é “thlipsis”, significa “pressão”, derivado de “thlibo”, que tem o
sentido geral de “pressionar”, “afligir”, etc. Nas páginas do Novo Testamento,
em sentido comum (com exceção da palavra designada para um período de sete
anos) tem o sentido de “perseguição” deflagrada, por aqueles que são aqui na
terra inimigos do povo de Deus (cf. At 14.22).
1. E pobreza. O leitor deve observar o
contraste que existia entre o “anjo” (pastor) da igreja de Esmirna, e o da
igreja de Laodicéia (3.17). Cumpre-se aqui, portanto, um provérbio oriental que
diz: “Aos olhos de Deus, existem homens ricos que são pobres e homens pobres
que são ricos’. O sábio Salomão declara em Pv 13.7: “Há quem se faça rico (o
pastor de Laodicéia), não tendo coisa nenhuma, e quem se faça pobre (o pastor
de Esmirna), tendo grande riqueza”. O Dr. Champrin observa quem aqueles crentes
(de Esmirna) eram pobres, mas não porque não trabalhassem – sendo essa a causa
mais comum da pobreza de modo geral, mas devido às perseguições que sofriam.
Suas propriedades e bens foram confiscados pelo poderio romano, e além de tudo
esses servos de Deus, ainda sofriam encarceramento. Porém, está, declarado no
presente texto, que eles eram ricos. Em que? Nas riquezas espirituais. Eles
eram de fato ricos: nas obras, na fé, na oração, no amor não fingido, na
leitura da Palavra de Deus, (à maneira de seus dias). Estas coisas diante de
Deus: São as riquezas da alma! (Mt 6.20; 1Tm 6.17-19).
2. A blasfêmia dos que se dizem judeus. O
Apóstolo Paulo escrevendo aos romanos diz: “...nem todos os que são de Israel
são israelitas” (Rm 9.6b). “...não é judeu o que é exteriormente...” (Rm 2.28).
Esses falso judeus, procuravam firmar sua origem no Patriarca Abraão, a exemplo
dos demais, perseguiam a igreja sofredora da cidade de Esmirna na Ásia Menor
(cf. At 14.2, 19, etc). Atualmente, o nome “Esmirna” no campo profético,
representa a igreja subterrânea que sofre por amor a Cristo nos países da
Cortina de Ferro.
1. Tereis uma tribulação de dez dias. Os
“dez dias” do presente texto, tem referência “histórica”, no primeiro caso, e
profética no segundo. A Igreja sofreu “dez perseguições” distintas, desde o
reinado do imperador Nero até ao de Diocleciano. “As dez grandes perseguições
podem ser relacionadas desta forma: (a) Sob Nero: 64-68 d. C. (b) Sob
Dominiciano: 68-96 d. C. (c) Sob Trajano: 104-117 d. C. (d) Sob Aurélio:
161-180 d. C. (e) Sob Severo: 200-211 d. C. (f) Sob Máximo: 235-237 d. C. (g)
Sob Décio: 250-253 d. C. (h) Sob Valeriano: 257-260 d. C. (i) Sob Aureliano:
270-275 d. C. (j) Sob Diocleciano: 303-312 d. C. Durante esse tempo, a matança
de cristãos foi tremenda. No campo profético as perseguições desencadeadas por
Diocleciano perduraram dez anos (cf. Nm 14.34 e Ez 4.6).
11. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte”.
1. O Mis. Orlando Boyer, diz que Cristo
glorificado apresenta-se às sete igrejas em símbolos, partido e distribuído
conforme as suas necessidades: (a) Para a igreja Ortodoxa e sempre em Éfeso,
Cristo é Aquele que tem as sete igrejas na destra, isto é, que lhe sustenta a
obra. 1.20 e 2.1; (b) À igreja atribulada em Esmirna, na véspera do tempo de
martírio, Jesus apresenta-se como Aquele que havia experimentado a perseguição,
até a morte e havia vencido. 1.17, 18 e 2.8; (c) À igreja descuidada de
Pérgamo, Cristo glorificado é Quem maneja a Espada, dividindo a igreja do
mundo. 1.16 e 2.12; (d) Para a igreja que declinava, Tiatira, Cristo é Juiz com
olhos como chamas de fogo. 1.14 e 2.18; (e) Para a igreja morta, Sardes, Jesus
tem os sete Espíritos de Deus e pode ressuscitar os crentes da morte para a
vida. 3.1; (f) A igreja missionária, Filadélfia, Cristo é Quem quer abrir a
porta: da evangelização. 3.7; (g) Para a igreja morna, Laodicéia, Cristo é a
fiel e verdadeira testemunha tirando da igreja a máscara da satisfação em si
mesma. 3.14
2. O dano da segunda morte. Somente no livro
do Apocalipse se encontra a presente expressão: “A segunda morte”. Ela será
destinada aos “vencidos”, mas nenhum poder terá sobre os “vencedores”. A
segunda morte é a morte eterna. A frase aparece aqui (e em Ap 20.6, 14 e
21.18), onde o destino dos perdidos é descrito em termos de um lago de fogo e
enxofre. Durante sua vida terrena, Cristo fez uma promessa, dizendo: “As portas
do inferno (as forças do mal)” não teriam nenhum poder sobre a sua Igreja (Mt
16.18); esta promessa de Cristo é presente e escatológica: agora, e na
eternidade!.
TERCEIRA CARTA: À IGREJA DE PÉRGAMO
1. PÉRGAMO. O nome significa “alto” ou
“elevado”. Situação Geográfica: no pequeno Continente da Ásia
Menor. O nome “Pérgamo” estava relacionado a “purgo”, isto é, “torre” ou
“castelo”. Pérgamo, como observa o W. Gesenius: Foi a “cidadela” de Tróia, e
por tal razão tinha este nome. Geograficamente, ocupava importante posição,
próxima do extremo marítimo do lago Vale do Rio Caico. Para os intérpretes
históricos, a palavra “Pérgamo” leva outro sentido, isto é, invés de “torre” ou
“catelho”, traduzem a palavra por “casada”. Historicamente, nos fins do
primeiro, segundo e terceiro século, especialmente mediante o gnostissismo
libertino, e, profeticamente, na época de Constantino, houve uma espécie de
“casamento” entre a igreja e o estado. Sua suposta significação de “casada”:
segundo se diz, deriva-se disso.
2. A espada aguda. Para o ambiente carregado
e adverso de Pérgamo, este é o traço do auto-retrato de Cristo: “aquele que tem
a espada aguda de dois fios”. No original, o vocábulo “espada”, neste
versículo, refere-se a um tipo especial: pesada e longa, usada pelos romanos
(porque não queriam apenas ferir, queriam matar). Esta espada do versículo em
foco é a mesma que vimos no versículo 16 do primeiro capítulo deste livro. A
diferença é que, aqui, o artigo definido (“a”) determinado “a espada”, reforça
a passagem. Espada na simbologia profética das Escrituras Sagradas, representa
castigo ou guerra. Ela distingue vencido de vencedores.
1. Existe outra possível interpretação sobre
o “trono de Satanás”. Vejamos a seguir: “A invasão da cidade de Pérgamo, é
atribuída ao monarca Eumenes II (197 d. C.). Foi esse rei (segundo Plínio) que
criou biblioteca (em sentido técnico: pérgamo, deriva-se de pergaminho) que
chegou a atingir 200 000 volumes, e quem libertou Pérgamo dos invasores
bárbaros. Para comemorar, ergueu em honra a Zeus o “altar monumental” com 34
por 37 metros, cujas as fundações em ruínas, ainda podem ser vistas hoje. Esse
altar pode ser “o trono de Satanás” do presente versículo.”
2. Ainda nos dias de Antipas. Nada se sabe
de certo acerca desse personagem, exceto aquilo que poderia ser depreendido do
texto em foco. As Escrituras não entram em detalhes sobre a biografia desta
testemunha do Senhor na cidade de Pérgamo. A palavra grega para “testemunha” no
dizer de G. Ladd é martys, que mais tarde ficou com a conotação de mártir.
Talvez neste contexto já tenha este significado. Em 17.6 a mesma palavra é
traduzida às vezes por “os mártires de Jesus’. O testemunho mais eficiente do
cristão é ser fiel ao seu Senhor até à morte e ao martírio. Antipas foi uma
delas!. Para aqueles que interpretam o livro do Apocalipse do ponto de vista
histórico, acham que o antropônimo “Antipas”, no grego hodierno “Anti-pas”.
Tratava-se da forma contraída de “Antipater”, que poderia ser traduzido à forma
“Anti-papa”. Assim, o seu nome pode ter sido profético, e significa: “Aquele
que se opõe ao Papa”. Esta linha de pensamento aceita que as letras que formam
a palavra “Antipas” tenham esse sentido. Para nós, este ponto de vista, não
combina com a tese e argumento principal, razão por que Antipas foi morto antes
do ano (96 d. C.), e o sistema papal só veio a existir séculos depois.
Aceitamos ter sido Antipas um homem de origem Iduméria. Este servo de Deus, uma
vez convertido ao cristianismo em Jerusalém, sentido a chamada de Deus, e em
razão de ser conhecido pessoalmente do Apóstolo João, foi servir como bispo na
cidade de Pérgamo. Existiam naquela igreja, segundo o texto divino, duas falsas
doutrinas: (a) À de Balaão; (b) À dos nicolaítas. Antipas como sendo uma
testemunha ousou desafiar sozinho e selar seu testemunho com seu próprio sangue
opondo-se a este “sistema nocivo”. Semeão Metafrastes, diz que Antipas, o bispo
de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi feito de bronze, e a seguir foi
aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente, cozido, na chama abrasadora.
1. As características dos seguidores desta
“doutrina” são: (a) Olho mau: malícia. (b) Espírito orgulhoso: egoísmo. (c)
Alma sensual: imoralidade. Em Apocalipse 2.14 encontramos a expressão “doutrina
de Balaão”. Por conseguinte, existem; (aa) O caminho de Balaão. 2Pd 2.15. (bb)
O erro de Balaão. 2Pd 2.15a. E, (ccc) O prêmio de Balaão. Judas v. 11. A
doutrina de Balaão, que também se transformou no seu erro, era que,
raciocinando segundo a moralidade natural, e assim vendo erro em Israel, ele
supôs que Deus, justo teria de amaldiçoá-lo. Era cego para com a moralidade da
cruz de Cristo, mediante a qual Deus mantém e reforça a autoridade, de tal modo
que vem ser justo e o justificador do pecador que olha para Cristo. No tocante,
ao “caminho de Balaão”, diz Scofield: “Balaão (Nm capítulo 22 a 24), foi o
típico e profeta de aluguel, ansioso apenas por mercadejar com o dom de Deus.
Este é “o caminho de Balaão” (2 Pd 2.15)”. No tocante a “doutrina de Balaão”,
continua Dr. C. I. Scofield: “A doutrina de Balaão” era o seu ensino a Balaque,
rei dos moabitas a corromper o povo (israelita), o qual não podia ser maldito
(cf. Nm 22.5; 23.8; 31.16), tentando-se a se casarem com mulheres moabitas,
contaminando assim seu estado de separação e abandonando seu caráter de peregrinos.
É tal união entre a Igreja e o mundo que se torna em falta de castidade
espiritual (cf. Tg 4.4), e o resultado de tudo isso é a Igreja ficar
contaminada”.
2. As características dos seguidores de
Balaão, são: Todos aquele que a muitos torna virtuosos, o pecado não vem por
seu intermédio; e todo aquele que leva muitos a pecar, não lhes dá oportunidade
de arrependimento. Todo aquele que tem três coisas é um dos discípulos de
Balaão, o ímpio. Se alguém tem olho bom, alma humilde, espírito manso, então é
discípulo de Abraão, nosso Pai. Mas se alguém tem olho mau, uma alma
jactanciosa e um espírito altivo, é dos discípulos de Balaão, seu Pai. E todo
aquele que as três coisas possue é um discípulo de Balaão, o ímpio. Qual é a
diferença; (pergunta Pirke Abotk) entre os discípulos de Abraão e os discípulos
de Balaão? Os discípulos de Balaão herdarão o que ele herdou – a morte, o preço
de seu salário (Rm 6.23), e os discípulos de Abraão herdarão o que ele herdou –
o preço do sangue de Cristo, a vida eterna. Balaão “amou o prêmio da injustiça”
(2 Jd 2.15; Jd v.11), e teve como recompensa o mesmo. Os embaixadores moabitas
essa recompensa nas mãos, para dá-la. Balaão tombou morto entre aqueles que o
honraram. Esta é a lei da compensação (Gl 6.7)”.
3. A se prostituíssem. No grego moderno:
“ponêro”, o que dificulta a ação de ser (haplous) “perfeito”. Balaão não só foi
profeta mercadejante e mercenário; mas além de tudo lançou dois “tropeços”
mortais contra o povo de Deus (cf. v. 14). Um desses tropeços consistia em seu mau
‘caminho” (o da rebelião). Cf. Nm 22.32. O próprio Deus disse dele o que segue:
“...o teu caminho é perverso diante de mim”. O segundo tropeço por Balaão
diante dos filhos de Israel no deserto foi, o da “prostituição” (cf. Nm
capítulo 25). A palavra grega aqui usada, “pornéia”, ela alcança todas as
formas de imoralidades, porquanto é usada tanto nos ensinos dos profetas, como
dos Apóstolos, e de um modo especial nos ensinos de Jesus, para indicar as
“formas” dessa prática de infidelidade contra a santidade e a moral.
15. “Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas: o que eu aborreço”.
16. “Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca”.
1. Muitas outras revelações são feitas a
esta espada: (a) Espelho: poder revelador. Tg 1.23 a 25. (b) Semente: poder
gerador. Lc 8.11; Jo 15.3. (c) Água: poder purificador. Ef 5.26. (d) Lâmpada:
poder iluminador. Sl 119.105; 2 Pd 1.19. (e) Martelo: poder esmiuçador. Jr
23.29. (f) Ouro e vestimentas: poder enriquecedor. Sl 19.10; Ap 3.17. (g)
Leite, Carne, Pão e Mel, etc: poder alimentador e nutritivo. Sl 19.10; Jr
15.16; Mt 4.4; 1 Pd 2.2. (h) Espada: poder para a batalha, cortar, dividir etc.
Hb 4.14; Ap 2.15 e 19.15.
1. Uma pedra branca. Relativamente a esta
“pedra branca” do texto em foco, há muitas opiniões e formas de interpretações:
(a) Conferia-se a pedra branca a um homem
que sofrera processo e era absolvido. E como prova, levava, então, consigo a
pedra para provar que não cometera o crime que se lhe imputara. “Assim, a
“pedrinha branca” alude a uma antiga prática judicial da época de João: quando
o juiz condenava a alguém, dava-lhe uma pedrinha preta, com o termo da sentença
nela escrito; e, quando impronunciava alguém, dava-lhe uma pedrinha branca, com
o termo da justificação nela inscrito”. É evidente que a aplicação em foco, e
as que se seguem, deve haver alusão a uma delas! A promessa deve referir-se a
coisa que os cristãos de Pérgamo compreendiam muito bem.
(b) Era também concedida ao escravo liberto
e que agora se tornara cidadão da província. Levava a pedra consigo para provar
diante dos anciãos sua cidadania.
(c) Era conferida também a vencedor de
corridas e de lutas, como prova de haver vencido seu opositor. Sempre que este
competidor conseguia ouvia-se dizer: “correu de tal maneira que o alcançou”
(cf. 1Co 9.24b). Isto podia significar tanto uma “coroa de louro” ou uma
pedrinha branca”.
(d) A pedra da amizade: Dois amigos
poderiam, como sinal de amizade, partir uma pedra branca pelo meio, e cada um
ficava com a metade. Ao se encontrarem, a pedra era refeita, e a amizade
continuaria.
(e) Também era conferida ao guerreiro,
quando de volta da batalha e da vitória sobre o inimigo. Esta forma de
interpretar o texto, se coaduna bem a tese principal. Nesta passagem, a pedra
branca será entregue ao “Vencedor” do inimigo de Deus e dos homens: o diabo
(12.11).
2. Um novo nome. “Longe de ser simples
etiqueta, pura descrição externa, o nome em toda a extensão das Escrituras tem
profundo significado... ele exprime a realidade profunda do ser que o carrega.
Por isso a criação só está completa no momento em que é colocado o nome (cf. Gn
2.19). Por outro lado, Deus é “Javé”, isto é, “Ele é”, pois sua realidade é de
ser eternamente (Êx 3.13 e ss). Por todas estas razões, eliminar o nome é
suprimir a existência (cf. 1Sm 24.22; 2Rs 14.27; Jó 18.17; Sl 83.5; Is 14.22;
Sf 1). Do ponto de vista divino, o nome de Deus é o nome por excelência. Zc
14.9”. No presente texto, a promessa de um novo nome é reafirmada, no capítulo
3.12 deste livro. Esse nome que a Igreja receberá da parte de Cristo, é sem
dúvida, “um nome social”. Isto, se dará, logo após a celebração nupcial nas
bodas do Cordeiro. Esse nome conferirá a Noiva condição de “esposa, mulher do
Cordeiro” (cf. Is 56.5; Jr 15.16; Ap 2.17; 3.12; 19.12). Não deve ser
“Hephzibah” (meu regozijo está nela); nem “Beulah” (ou casada). Is 62.4. Esse é
o de Sião. Essa pedra terá seu valor aumentado com a inscrição misteriosa! Só
uma coisa é certa: esse novo nome é uma grande bênção de Deus! (cf. Gn 12.2 e
17.5).
18. “E ao anjo da igreja de Tiatira
escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os
pés semelhantes ao latão reluzente”.
1. TIATIRA. O nome significa “Sacrifício de
trabalho”. Situação Geográfica: A cidade de Tiatira se encrava no
pequeno Continente da Ásia Menor. “No fértil vale do rio Lico, acerca de 59
quilômetros a sudeste de Pérgamo, na estrada que ia para Sardes, ficava a
pequena mas crescente e rica Tiatira, colônia macedônica, fundada por Alexandre
Magno, depois da destruição do Império Persa. Na literatura secular, são
encontradas muitas alusões ao comércio de tecidos de púrpura manufaturados em
Tiatira, dos quais Lídia era vendedora. Esta carta, à então próspera igreja,
foi mais longa em conteúdo de todas as cartas do Apocalipse. Maior, porém, é a
mensagem nela contida e também das mais severas”.
1. A tua caridade. (Amor). O Senhor Jesus
também louvou esta igreja (usamos aqui uma metonímia: figura que consiste em
tomar a parte pelo todo e vice-versa; o geral pelo particular e o particular
pelo geral) pelo seu amor. A palavra “amor” encontra-se em toda a extensão da
Bíblia, que descreve o seu caráter multiforme:
(a) “Há o amor de Deus, isto é, o amor de
Deus tem dispensado pelos homens. Essa é a fonte de todo amor, o que é
comentado em (Jo 3.16 e ss), como poemas ilustrativos, relacionando-se como um
supremo sacrifício.
(b) Há o amor de Cristo cuja natureza é
igual a do amor de Deus, e que comentado em (2Co 5.14). Trata-se de uma força
que nos constrange, que também nos leva a amar e a servir ao próximo, em honra
ao Senhor. Esse foi o amor que motivou a expiação e a missão terrena, em geral,
de Cristo.
(c) Há o amor do homem a Deus e a Jesus
Cristo. Essa modalidade pode ser expressa diretamente, mediante a subida
mística da alma, em fazer tanto o bem a Deus como ao próximo.
(d) Há o amor próprio (cf. Mt 22.39 e Ef
5.29). Trata-se de uma condição patológica em que um indivíduo tudo faz ou
realiza só em torno de si mesmo, visando ao seu próprio conforto. Ele torna-se
por natureza um “amante de si mesmo” (2Tm 3.2 e ss).
(e) Há também o amor de um ser humano por
outro, ou pela humanidade. É a transferência dos cuidados que temos por nós
mesmos para nossos semelhantes”.
1. Mulher que se diz profetisa. Há muitas
opiniões a respeito da “audaciosa mulher” da igreja de Tiatira; alguns até já
defenderam tratar-se de uma “doutrina”, ou mesmo de uma “religião” e não de uma
pessoa. A Jezabel do Antigo Testamento, é citada como o protótipo de pecado. A
Jezabel do presente texto, trata-se de uma pessoa e não apenas uma figura ou
personificação do mal. A passagem fala claramente de uma pessoa, pelo uso do
pronome (“ela”). V.22. “No inglês, o pronome é her” usado somente para pessoa.
Deve-se ter isto em mente para compreensão do significado do pensamento, pois
em português, “ela” é usado tanto para pessoas, animais ou coisas”. Em alguns
manuscritos antigos é acrescentado a palavra grega “SOU” (isto é tua), antes da
palavra “mulher” ficando assim o texto na sua íntegra: “Mas tenho contra ti
(pastor) que toleras Jezabel, (tua mulher?) que se diz profetisa”. O Dr.
Carroll, op. Cit., vol. Sobre o Apocalipse, aceita esta posição: “Tratava-se da
mulher do pastor, por parecer no original a palavra “y u v n”, que pode
significar esposa; isto se dá muitas vezes em o Novo Testamento”. Não sabemos
se isso é o verdadeiro sentido do presente texto, mas pode ser (cf. 1 Rs
21.25): As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe.
21. “E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu”.
1. Analisemos dois pontos focais no presente
versículo: (a) Os rins (b) Os corações:
(aa) Os rins. A palavra grega “nephros”, é
traduzido por “rins” em nossas versões. Os hebreus e até escritores sagrados
pensavam que os “rins” seriam a sede das emoções e dos afetos (Jr 12.2). No
presente texto, denota também, uma sondagem cuidadosa, da idéia de seguir os
passos, com a ação resultante, causada por aquilo que foi descoberto. Mui
provavelmente, nela envolve a memória do que diz Jeremias 11.20 onde Deus é
visto como aquilo que testa (determina a natureza verdadeira), o coração e a
mente do seu povo. Numa figura de retórica, isso demonstra, que os juízos que
se seguirão, pois, serão justos e completos, em nada falhos, porquanto repousam
sobre total discernimento e informação.
(bb) Os corações. Quanto a isso, analisemos
aqui, dois pontos de suma importância:
(aaa) Tanto as
Escrituras, como a própria ciência, dizem que o coração é o centro de uma
coisa. O vocábulo ocorre por 820 vezes na Bíblia. Vem de uma raiz hebraica:
“l~ebh ou l~ebhabh”, sendo bem possível, que a raiz do termo hebraico, que é
obscuro, signifique “centro”. O termo denota vários significado e aplicações:
Às vezes é apenas um órgão físico do corpo humano. As referências ao órgão
físico assim chamado são poucas e de modo algum especificadas. Dentre as mais claras
é a de (1 Sm 25.37). “Pesa em média apenas 250 gramas e não é maior que o punho
fechado de seu possuidor. Bate cem mil vezes por dia e, no espaço de uma vida,
é capaz de bombear sangue suficiente para encher 13 milhões de barris. O homem
ainda não criou uma máquina mais perfeita que o coração...
(bbb) No contexto teólogo, pode também
significar a mente (Êx 35.35 e Dt 29.4). O Dr. Wheeler Robinson oferece a
seguinte e ótima classificação dos vários sentidos em que podem ser usadas as
palavras hebraicas “l~ebh e l~ebhãbn”. Ad. A: físico ou figurado (“meio”, 29
vezes). Dependendo do contexto que se depreende das Escrituras: Ad. B:
Personalidade, vida íntima, ou caráter geral (257 vezes; exemplos: Êx 9.14 e
1Sm 16.7; comparado a Gn 20.5): Ad. c. Estados emotivos de consciência,
encontrados em grande GAMA de variedade (166 vezes); intoxicação (1Sm 25.36);
alegria ou tristeza (cf. Gn 42.28); amor (2Sm 14.1, etc): Ad. d: Atividades
intelectual (204 vezes); atenção (Êx 7.23); entendimento (1Rs 3.9); habilidade
técnica-sábio de coração (Êx 28.3): Ad. e: Volição ou propósito (195 vezes; 1Sm
2.35), sendo esses um dos empregos mais característicos do termo no Antigo
Testamento. “Mente” é, talvez, o mais próximo tempo moderno daquilo que no uso
bíblico é denominado “coração”. No presente texto do Apocalipse, o termo é
usado para significar: “a natureza suprema do homem” (sinônimo de espírito ou
da alma).
I. “...As profundezas de Satanás”. Os mestres gnósticos atribuíram à sua doutrina o caráter de
“profundidade”, e a “mulher Jezabel” invocava para sua doutrina o mesmo
sentido. De acordo com a expressão “profetisa” encontrada no versículo vigésimo
deste capítulo, esta senhora, Jezabel, era portadora de uma “teomania aguda”:
espécie de loucura, em que o doente se julga Deus ou por ele inspirado.
1. Na igreja de Tiatira existia dois grupos
distintos: (a) Os cristãos verdadeiros; (b) Os que se gloriavam de conhecer “as
profundezas de Satanás”. Paulo encontrou quatro grupos na igreja de Corinto.
Porém é evidente que aqueles eram crentes em Jesus; o grupo de Jezabel não (cf.
1Co 1.12). Ad. a: Os legalistas: o herói deles era Pedro: Ad. b: Os
intelectuais e filósofos: o herói deles era Apolo. Ad. c: Os liberais: o herói
deles era Paulo. Ad. d: Os cristãos: o herói deles era Cristo (1Co 1.12; 3.4 e
ss). Os diversos grupos mencionados neste versículo, podem ser também visto
assim: Ad. aa: O partido judaizante (os seguidores de Pedro). Ad. bb: O partido
dos intelectuais: (os seguidores de Apolo). Ad. cc: O partido da liberdade (os
seguidores de Paulo). Ad. dd: O partido dos exclusivistas (aqueles que diziam:
“sou de Cristo”).
26. “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações”.
28. “E dar-lhe-ei a estrela da manhã”.
I.
“...o que o Espírito
diz...”. O leitor deve observar que essa é uma
expressão que figura em todas as cartas do Apocalipse, chamando a atenção dos
leitores para a solene necessidade de darem atenção às palavras inseridas neste
livro. “A mulher Jezabel e seus filhos prosseguirão tal como são, mas o
“resto”, o remanescente, ouvirá” (newll). Cristo, e que seja ela uma influência
poderosa o nosso coração e sobre a nossa vida”. Possuímos discernimento
“espiritual” e a sensibilidade necessária para “dar ouvidos” ao que foi dito?
“...se ouvirdes hoje a sua voz (como diz o Espírito Santo), não endureçais os
vossos corações” (Hb 3.7-8). Esses são os “ouvidos” de que precisamos. Se os temos,
então, que os usemos!!!.