QUINTA CARTA: À
IGREJA DE SARDES
1. “E AO ANJO da igreja que está em
Sardes escreve: isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete
estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto”.
I. “...Ao anjo da igreja”. Nada se sabe acerca desse anjo (pastor) da igreja de Sardes,
exceto aquilo que poderia ser depreendido do presente texto. Pelo uso da
expressão: “tens nome de que vives” dá a entender sua grande popularidade. A
História Eclesiástica menciona um “anjo” muito famoso dessa igreja, mas sua
estada ali se seu no século II, e não no primeiro; seu nome era Melito. Melito,
o Bispo de Sardes, do século II d.C., é mencionado três vezes na “História
Eclesiástica” de Eusébio. Melito escreveu uma apologia, dirigida ao imperador
romano, em defesa da fé cristã. Ele foi um crente intenso, dotado de grande
poder e autoridade na sua geração.
1. SARDES. O nome significa em grego
“príncipe de gozo”. Situação Geográfica: encrava-se no pequeno
Continente da Ásia Menor. Era essa a capital do antigo reino da Lídia.
Originalmente Sardes fora uma fortaleza poderosa, mas Ciro, rei da Pérsia,
derrotou esta cidade e outras das redondezas, no ano de (549 a. C.). Essa
cidade passou às mãos de Antíoco, o Grande, “Ali, por ocasião em que essa carta
estava sendo escrita, achava-se essa Igreja em uma situação espiritual
extremamente melindrosa. O processo de declínio de seu pastor fora tão sutil
que, na realidade, nem fora observado”. Dois gêneros de mortes estavam rondando
este “anjo”: (a) a morte moral (b) a morte espiritual. (Cf. Gn 20.3 e Ef 2.1).
Ele se encontrava duplamente morto (cf. Jd v. 12). A igreja é representada pelo
seu pastor, mas também é repreendida por Cristo através do mesmo. Ela é
repreendida por viver em situação contraditória: a vitalidade exterior disfarça
morte espiritual interior. É uma situação de limite, da qual ela se recuperará
mediante “uma lembrança” do que tem recebido e ouvido da parte do Senhor, que
diz: “Lembra-te pois do que tens recebido e ouvido, e guarda-o!”.
2. “SÊ vigilante, e confirma os
restantes, que estava para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas
diante de Deus”.
I. “...confirma os restante”. Embora o pastor de Sardes estivesse sendo classificado como
“mortos” a vista de Deus, esta dupla ordem de Jesus Cristo nos deixa entrever
que ainda, na sua vontade, Ele tenta um derradeiro esforço para salvar o
restante. Porém, a parte da pregação, deveria fazê-la o pastor. É óbvio, diz M.
S. Novah que alguns havia na igreja que ainda tinham um pouco de vida
espiritual. Daí Jesus haver dito: “...confirma os restantes, que estavam para
morrer”. A recomendação de Cristo é urgente, e ordena livrar “os que estão
destinados à morte”. A expressão “confirma” depreendida do texto em foco, não
significa: confirma sua morte, mas, confirma sua fé (cf. At 14.22). O Dr. R.
Norman observa que aquela igreja já não estava inteiramente destituída do bem,
da vida e da esperança. O que era bom precisava ser melhorado. Ela tinha que
ouvi o grito: “Torna-te desperto, e põe-te a vigiar” (Vincent, in loc). Essa é
uma tradução literal do que diz o grego (Ef 5.14). O sono deles era um sono
letal, a menos que se despertassem.
3. “Lembra-te pois do que tens recebido e
ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um
ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei”.
I. “...Virei sobre ti como um ladrão”. O leitor deve observar com atenção a frase, “como”
antecipando as palavras “um ladrão”.
1. O Dr. Russell Norman Champrin, Ph, D.
Grande expoente do Apocalipse, diz que essa frase tem as seguintes
significações: (a) De maneira inesperada; (b) Como um laço tristonho para os
que não estiverem preparados; (c) Sem nenhuma oportunidade de aviso prévio. As
Escrituras que falam da Vinda (Parousia) de Cristo, como um ladrão, são: *Mt
24.53; Lc 12.38; 1Ts 5.2, 4; Ap 3.3; 16.15). A expressão: “como um ladrão de
noite” em (2Pd 3.10), não se aplica à segunda Vinda de Cristo, mas ao “dia do
Juízo Final”, e expurgação de céus e terra. A palavra “ladrão”, com esse
sentido, no grego hodierno é Kleptós, indica alguém que normalmente não rouba
com violência, mas que obtém sucesso com suas habilidades imprevisíveis, em
contraste com outro vocábulo, “Lestes”, que significa “assaltante”, aquele que
se apossa do alheio por meio da violência. (As próprias autoridades judiciais
distinguem, entre o furto e o roubo). Segundo um exegeta, a frase empregada
neste versículo, é “Hleptós”, e indica uma forma “invisível”, “inesperada”, de
alguém, em direção de algo precioso, como por exemplo: “um tesouro” (Israel).
Sl 135.4: “uma pérola” (a Igreja). Mt 13.44-46 e ss). Esse deva ser o
significado do pensamento aqui e nos textos que se seguem.
4. “Mas também tens em Sardes algumas
pessoas que não contaminaram seus vestidos, e comigo andarão de branco;
porquanto são dignos disso”.
I. “...e comigo andarão de branco”. O branco é a cor da retidão, da pureza e inocência. Os
sacerdotes acusados, mas justificados diante do Sinédrio {O Sinédrio. É o vocábulo
grego synedrion (do qual o termo hebraico sanhedrin é uma palavra emprestada).
No NT o termo se refere à suprema corte judaica composta de 70 membros e um
presidente: O Sumo Sacerdote} eram vestidos com um
manto branco como sinal de sua inocência. (Ver o que diz Judas V.23:
“...aborrecendo até a roupa manchada da carne”). Esse “andar” referido no
presente texto, é presente e escatológico, isto é, em companhia de Cristo em
todos os tempos (cf. Ec 9.8). Durante toda História de Israel, Deus preservou
para Sl um “remanescente”, e durante toda História da Igreja aqui na terra, o
mesmo acontecerá. “O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade, nem
proferirá mentira, e na sua boa não se achará língua enganosa; Porque serão
apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante” (Sf 3.13). Verdade é
que nem todos em Israel e na Igreja, andariam de branco com Jesus, mas
“alguns”. É esta reserva moral que durante todos os períodos de apostasia é
louvado pelo Senhor (cf. 1Rs 19.18; Is 1.9; Ez capítulo 9; Rm capítulo 11).
Àqueles que não “contaminaram seus vestidos”, Jesus os chamou de “dignos”. Este
elogio parece único nas sete Igrejas da Ásia Menor; e só foi dito às pessoas
fiéis da igreja de Sardes, pois todo o restante dela estava morto.
5. “O que vencer será vestido de vestes
brancas, e de maneira nenhum riscarei o seu nome do livro da vida; e
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”.
I. “...Livro da Vida”. Referências bíblicas ao “Livro da Vida” se acham em (Êx
32.33; Sl 69.28; Dn 12.1; Fl 4.3. Também se pode comparar isso com trechos como
Lucas 10.20 e Hebreus 12.23). Passagens similares sobre o mesmo assunto podem
ser vistas em (Dn 7.10; Ap 13.8 e 20.12, 15). Há referências nos escritos
pagãos às idéias contidas neste versículo. Dentro da astrologia babilônica,
poderíamos considerar o próprio Zodíaco como o livro ou tabletes sobre os quais
eram escritos a vontade divina e o destino humano.
1. E confessarei o seu nome. A presente
passagem lembra o que disse Jesus a seus discípulos: “Portanto, qualquer que me
confessar diante dos homens eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus” (Mt 10.32). Isto é, “testificar que pertence a Mim”. No final das contas,
o discipulado secreto é impossível, pois depois da Morte de Cristo, não é mais
aceito essa maneira de proceder (Jo 19.38). No contexto de Mateus 10.34 e 39,
esta confissão pública de fé em Cristo acarreta divisões e conflitos,
primeiramente na vida da família, depois do mundo.
6. “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”.
I. “...Quem tem ouvidos”. A presente recomendação da parte de Cristo é feita também nos
Evangelhos (Mateus e Marcos), sobre a forma: “Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça” (Mt 13.9, 43 e Mc 4.23, etc). No texto em foco, a recomendação é feita a
todas as igrejas, e se repete nos capítulos 2 e 3 por sete vezes (2.7, 11, 17,
29; 3.6, 13, 22). Os “ouvidos” de um homem são a sua sensibilidade espiritual,
e o seu “ouvir” é o uso dos meios espirituais que produzem mudanças em seu
íntimo, conforme se vê exigido nas advertências e promessas anteriores. A
expressão, no dizer de Vincent: “...é usada sempre acerca de verdades radicais,
grandes princípios básicos e grandes promessas”. As sete cartas deveriam ser
“lidas” nas igrejas (Ap 1.3). Poucas pessoas poderiam “lê-las” pessoalmente,
mas todos poderiam “ouvir” a leitura dessas instruções. “O ouvido que ouve! Um
dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é aquele concernente ao “ouvido que
ouve” (Alford, in loc).
SEXTA CARTA: À
IGREJA DE FILADÉLFIA
7. “E ao anjo da igreja que está em
Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a
chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”.
I. “...Ao anjo da igreja”. Nada se sabe de certo sobre a biografia desse “anjo”
(pastor), a não ser aquilo que é depreendido do texto em foco. Pelos textos e
contextos que seguem a vida de Paulo, podíamos pensar num dos companheiros
deste Apóstolo (Silas?): A posição geográfica não ajuda nesta interpretação;
porém, na posição geográfica concentrada, favorece ao “amado Gaio”: terá sido
ele? (2 Jo v.1, 7, 8).
1. FILADÉLFIA. O nome significa “amor
fraternal”, estando aqui neste apelativo o sétimo e último uso desse termo, no
Novo Testamento (cf. Rm 14.10; 1Ts 4.9; Hb 13.1, 22 e 2Pd 1.7: sete último por
duas vezes). Situação Geográfica: Filadélfia era uma cidade da província
romana da Ásia Menor. Em 150 a.C. Atilo II, Filadelfo fundou, no vale Cógamo,
no sopé do Monte Tmolo, mas ou menos 122 quilômetros de Esmirna, a cidade de
Filadélfia (amor fraternal) em homenagem a seu irmão Eumênes II, que o precedeu
no trono, afim de assinalar a grande amizade que os ligava”. Há um fato notável
sobre essa igreja, até em sua posição geográfica: observemos no ponto seguinte:
2. A estrada, que de Éfeso ia para leste,
tinha uma concorrente, aquela que, vindo do porto de Esmirna, passava por
Filadélfia, e, através da Frigia, dirigia-se para o grande planalto Central.
Filadélfia, se observarmos bem, ficava na rota da estrada do correio imperial
que vinha de Roma e atravessava o porto de Trôade, seguindo para Pérgamo,
Sardes, Antioquia (capital da Psídia), depois de atravessar outras regiões,
essa via alcançava a Antioquia (capital da Síria), e finalmente, costeando,
alcançava Jerusalém. Eis uma das razoes porque o Senhor disse: “Eis que diante
de ti pus uma porta aberta” (v. 8). Em todas as carta dirigidas as sete igreja
da Ásia Menor, o Senhor faz uma pequena apresentação de SI mesmo e depois fala.
Na igreja de Filadélfia Ele se apresenta como “O Santo”. O Filho de Deus se
identifica assim com a natureza do Pai, que é Santo no sentido tríplice: (Cf.
Is 6.3). A seguir, vem aquele que é “verdadeiro” (2Cr 15.3; Jó 17.31); Depois,
vem o Filho que é “Fiel e Verdadeiro” (Ap 19.11). “Ele tem a chave de Davi”,
“que abre” (presente) “e ninguém fecha” (futuro) “e fecha” (presente) “e
ninguém abre”. Agora verbo presente, ao invés do futuro, para expressar a
certeza da irrevogabilidade: “E ninguém abre”. Ninguém mesmo!”.
8. “Eu sei as tuas obras: eis que diante
de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar: tendo pouca força,
guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome”.
I. “...Uma porta aberta”. Literalmente falando, “a porta aberta diante” da igreja de
Filadélfia, aponto para sua posição geográfica na rota que ligava Jerusalém a
capital do império, Roma. Profeticamente, porém refere-se à era missionária da
Igreja, que começou nos fins do século XVIII e que chega até nossos próprios
dias. “John Gil, escreveu pouco antes do começo dessa era, considerando a sua
própria época como era da igreja de Sardes. Predisse ele que a era da igreja de
Filadélfia seria uma espécie de reino espiritual de Cristo, com a renovação do
amor e do evangelismo. Por isso, conjeturou ele: “Essa porta aberta talvez
ofereça uma oportunidade incomum para a pregação do evangelho; uma grande
liberdade de seus pregadores e grande atenção por parte dos ouvintes, cujos
corações serão abertos para observar, receber e abraçar ao evangelho; além de
grande colheita de almas para Cristo e suas igrejas”. O poder espiritual que
essa igreja, era fraco, em comparação com Pentecoste. O Senhor, entretanto, em
nada os condenou. Mostrou,porém, que o segredo de guardar a sua palavra, era o
amor: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra...” (Jo 14.23).
1. “Todos os viajantes vindos de Roma e
todos os de Esmirna que se dirigiam ao coração da Ásia Menor Apocalíptica
passavam em Filadélfia. A passagem quase obrigatória desses viajantes por
Filadélfia representava, para a igreja, uma “porta aberta diante de SI”, para
evangelização e testemunho. Por ela, podiam ser alcançados até viajantes de
longínquas regiões e cidades...”.
9. “Eis que eu farei aos da sinagoga de
Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que
venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo”.
I. “...Sinagoga de Satanás”. A presente expressão, ocorre aqui e em (2.9): nas igrejas de
Esmirna e Filadélfia respectivamente. E basta confrontar essas igrejas a luz do
contexto e verificar que, são as únicas no Apocalipse que não receberam:
repreensão do Senhor Jesus.
1. O vocábulo “sinagoga” só ocorre uma vez
no AT (Sl 74.8 LXX), onde aparece como tradução de “mô’~edh”. No Novo
Testamento o termo grego “synagog~e” é usado cerca de cinqüenta e seis vezes.
Porém, sempre com sentido literal (Lc 4.16, 20, 28, 33; 7.5 e 8). No livro de
Atos dos Apóstolos há muitas referências ali sobre “sinagogas”. As sinagogas
tiveram sua origem durante o cativeiro de Israel no império babilônico.
Pensa-se que nos dias de Jesus na terra havia mais de 500 sinagogas em
Jerusalém. Nas igrejas de Esmirna e Filadélfia, os gnósticos tinham fundado
duas sinagogas. No dizer dos tais gnósticos estas sinagogas eram o “lugar” do
auge, de todo o saber (deles). Diante dos olhos divinos, elas foram e são classificadas:
“de sinagogas de Satanás” (2.9 e 3.9). “Os chefes gnósticos, segundo se diz,
degradavam a pessoa de Cristo e sua missão ; negavam também a possibilidade da
encarnação do Verbo, Jesus, o filho eterno (fc. Jo 1.14); negavam a expiação
pelo sangue de Cristo; tinham ainda um ponto de vista deísta relativamente a
Deus; negavam o verdadeiro destino humano, ou seja, a participação final na
natureza do Verbo (1 Jo 2.23). João, diz que, tais elementos são seguidores do
Anticristo e, acrescenta: “qualquer” que negue o Filho ou a encarnação do
Verbo, é mentiroso. Neste versículo, pelo menos, o termo usado em sentido lato
e indefinido. “Qualquer” que negue a doutrina da encarnação do Verbo
(humanidade) de Cristo tem a atitude do Anticristo. Os gnósticos, que se tinham
deixado levar pela escravidão de Satanás, resolveram abandonar suas casas – e
fundarem duas sinagogas na Ásia Menor: Uma Esmirna, e outra em Filadélfia.
10. “Como guardaste a palavra da minha
paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo
o mundo, para tentar os que habitam na terra”.
I. “...a hora da tentação”. A referência neste versículo sobre a “hora da tentação”, é
um termo técnico para descrever o período sombrio da Grande Tribulação, que de
um certo modo envolverá todo o mundo, e, na sua fase final, terá como alvo a
cidade de Jerusalém e a terra Santa. As palavras: “eu te guardarei da hora da
tentação” indicam que a Igreja não passará pela Grande Tribulação que perdurará
sete anos. A Igreja desaparecerá silenciosamente antes, mediante o
arrebatamento (1Ts 4.13-17). Depois, a Grande Tribulação virá, para “tentar” os
que habitam na terra. Este “por à prova” é também traduzido por “experimentar”
e por “tentar”; este último, como sinônimo de experimentar, pois “Ninguém, ao
ser tentado, diga: Suo tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo
mal, e ele mesmo a ninguém tenta”. Parece-nos mais aceitável o “por à prova”,
porque a Tribulação virá não só como castigo especificamente, mas também para,
através dele, levar os homens a tomar decisões espirituais (cf. Ap 11.13b). E
todos, não resta a menor dúvida, se decidirão por Cristo ou pelo Anticristo,
que sem dúvida, dominará o mundo dos ímpios. No texto em foco, foi prometida
isenção da prova especial, a qual significa livramento da Grande Tribulação. A
palavra (“da”) significa “para fora de” e em si traz a idéia de ser guardado da
tribulação (não meramente conservado através dela, como alguns asseveram).
11. “Eis que venho sem demora; guarda o
que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.
I. “...para que ninguém tome a tua coroa”. Segundo os Anais da História grega, na Grécia antiga, em
Olímpia, no Peloponeso, de quatro em quatro anos, se realizavam os jogos
olímpicos desde o ano 776 a.C. Aos vencedores se outorgava uma coroa – a coroa
da vitória – formada de folhas de louro entrelaçadas. Paulo se serve
freqüentemente de figuras dessas competições, principalmente quando escrevendo
a Timóteo, que, por ser filho de pai grego (At 16.1) e de conhecer a Grécia (At
17.15; 18.5) devia estar familiarizado com elas. Em (2Tm 2.5), lemos: “...se
alguém milita, não é coroado se não militar legitimamente”. E ainda em (2Tm 4.7
e 8), diz: “Combati o bom combate, acabei a careira, guardei a fé. Desde agora,
a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda”. Esta é uma mensagem de encorajamento e consolação aos fiéis, mas
(também) é uma palavra de advertência aos hesitantes, aos quais é dito que se
tornem constantes, e sempre abundantes na obra do Senhor que se tornem
constantes, e sempre abundantes na obra do Senhor (cf. 1Co 15.58).
12. “A quem vencer, eu o farei coluna no
templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu
Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do
meu Deus, e também o novo nome”.
I. “...Coluna no Templo do meu Deus”. A Igreja do Senhor, já na presente era é a “Coluna e firmeza
da verdade” (cf. 1Tm 3.15b), e o que ela representa na atualidade, será, sem
dúvida alguma na eternidade. As duas colunas do Templo de Salomão postas no
pórtico eram chamadas Jaquim, que significa “Ele estabelecerá”, e Boás, que
significa “Nele há força”. As colunas são usadas como emblemas de força e
durabilidade. “...Eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de
ferro...” (cf. Jr 1.18). Claro está que “coluna no templo” é também uma figura
de linguagem. Quando uma cidade sofre terremoto e cai, geralmente ficam em pé
colunas de edifícios, porque a técnica de construção e os alicerces dessas
colunas são reforçados. Filadélfia constatara isso várias vezes após terremotos
sofridos. Daí a figura de expressão, aqui usada. Em realidade significa que os
crentes de Filadélfia (e a Igreja Universal) haveriam de estar sempre na
presença de Deus, pois Deus mesmo é o Templo da Jerusalém Celeste (cf. Ap
21.22).
1. O nome do meu Deus. Isso acontecerá para
nos dar o direito de ser pronunciado ao mesmo tempo: “nosso Pai e nosso Deus”,
pois nunca jamais durante sua missão terrena, Jesus é o Filho de Deus por
Natureza; nós o somos por adoção (cf. Jo 1.12; Gl 4.5-7). Eis a razão da
distinção feita por Jesus, em (Jo 20.17): “Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e
vosso Deus”.
13. “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”.
I. “...Quem tem ouvidos, ouça”. A expressão da voz está no singular, mas a advertência para
“todas” as igrejas (cf, 2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, e 22). Só não ouvem a “voz”
divina os endurecidos (Hb 3.7); os tardios de coração. (Ver Is 6.10); os de
olhos fechados (Rm 11.8), etc. Notemos que é o “...Espírito...” quem nos
conclama a ouvir. A mensagem divina; as promessas são divinas; as advertências
são divinas. Portanto, o imperativo é divino. “O Espírito Santo continua
falando a todos os ouvidos abertos e a todos os corações bem dispostos, em
todas essas admiráveis e solenes mensagens. Estaremos ouvindo, realmente?”.
Lembremos da tão amável e solene mensagem do Mestre: “Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça!” (Mt 13.43). Esses são os ouvidos espirituais. Aquele que afirma
possuir qualquer “receptividade” espiritual, deve exercer tal capacidade, dando
ouvidos às promessas e advertências dessas cartas, passando a agir de acordo
com as mesmas, não desviando seus ouvidos da verdade (ver. 2Tm 4.4), etc.
SÉTIMA CARTA; À
IGREJA DE LAODICÉIA
14. “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve:
Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de
Deus”.
I. “...Ao anjo da Igreja”. O leitor deve observar que em todas as igrejas, a mensagem
inicia-se com a expressão: “...ao anjo da igreja”, e concomitantemente, já
estamos familiarizados com esses seres denominados de “anjos” (mensageiros),
que no contexto divino são chamados de “estrelas” (cf. 1.20; 2.1, 8, 12, 18;
3.1, 7, 14). Podemos deduzir daquilo que é depreendido, de (Cl 4.12, 13), onde
lemos: “Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servos de Cristo, combatendo
sempre por vós em oração, para que vos conserveis firmes, perfeitos e
consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem
grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia...”. Que Epafras, tenha
sido pastor nesta igreja, é bem evidente, mas, não podemos afirmar que trinta
anos depois, o mesmo ainda se encontrava ali.
1. LAODICÉIA. O nome significa “Laodice” (em
alusão a Laodice esposa de Antíoco II). Outros, porém, vêm nessa palavra grega
o significado de “poko”, “juízo”, ou “costume”. Situação Geográfica:
Laodicéia era uma cidade da província romana da Ásia Menor. A cidade recebeu
este nome em alusão à esposa de Antíoco II (Theos), que tinha o nome de
Laodice. “Já que Laodice era nome feminino, nos tempos do Novo Testamento, seis
cidades receberam tal nome, no período helenista. Por essa razão, a Laodicéia
do presente texto, era chamada de “Laodicéia do Lico”, isto é, conforme
asseverava Estrabão; 578”, in loc. O trecho de Colossenses 4.13-16 mostra-nos
que, nos tempos de Paulo (talvez em 64 d. C.), Laodicéia já contava com uma
igreja organizada e próspera.
2. Isto diz o Amém. Como já ficou
demonstrado em comentário anterior a este, o Senhor Jesus, quando se apresenta
a cada igreja, primeira faz uma pequena introdução, depois prossegue. A palavra
“Amém” veio sem tradução do hebraico para o grego e do grego para o português. Seu
significa original traz a idéia de cuidar ou de edificar. O sentido derivado,
que chegou até nós, traz a idéia de alguma coisa que é afirmada, ou confirmada
positivamente; este é o seu sentido original. O termo é aplicado aqui à pessoa
de Cristo, por ser Ele o sim de Deus em todas as promessas (cf. 2 Co 1.19-20).
Neste livro do Apocalipse, o termo “Amém” envolve quatro usos distintos:
(a) O “amém” inicial, em que as palavras de
quem fala são tomadas como palavras daquele que profere o “amém” (cf. Ap 5.14;
7.12; 19.4 e 22.20). Nas páginas do Antigo Testamento há instâncias desse uso
em 1Rs 1.26; Jr 11.5 e 28.6, e ss.
(b) O “Amém” isolado, em que qualquer
sentença suplementar fora eliminado. Talvez isso é o que se tem em Ap 5.14, ver
ainda tal uso, igualmente, em Dt 27.15, 26 e Ne 5.13, e ss.
(c) O “Amém” final, proferido pelo próprio
orador (ver Ap 1.6, 7) isso também se acha no Antigo Testamento, somente nas
quatro divisões dos salmos, nos subtítulos, em Sl 41.14; 72.19; 78.52 e 106.48,
e ss.
(d) O “Amém” personificado, isto é, Cristo
(Ap 3.14), que talvez siga o mesmo, segundo se diz, fraseado de (Is 65.16), “o
Deus do Amém” ou “o Deus da Verdade”, conforme algumas traduções traduzem
aquela passagem de Isaías.
15. “Eu sei as tuas obras, que nem és
frio nem quente: Oxalá foras frio ou quente!”.
I. “...nem és frio nem quente”. “Somos informados que Laodicéia não tinha suprimento de água
própria, mas que tinha de ser servida por um aqueduto. Nesse caso, a água
chegava morna. Os laodicenses se assemelhavam à sua água. O simbolismo fala
sobre a indiferença “religiosa”, sobre a superficialidade, sobre a falta de
resolução” (cf. Hb 8.5 e 9.23).
1. Três coisas marcantes devem ser
analisadas na carta a igreja de Laodicéia:
(a) O “tu és” da mornidão; (b) O “dizes” da
autocomplacência (a igreja não tinha paixão nem emoção) e (c) O “és” da
condenação infalível e terrível do Senhor. O Apóstolo Paulo, escrevendo aos
colossenses cerca de 32 anos atrás, disse: “quero se saibais quão grande
combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia...” Cl 2.1a. Ele observou
que o quente ali estava ficando “morno”. Cerca de trinta e dois anos mais
tarde, isso se concretizou. A mensagem à igreja de Laodicéia é a última às sete
igrejas da Ásia Menor. Das sete cartas, é a mais triste, sendo o contrário da
carta a Filadélfia. Enquanto Filadélfia não tem coisa alguma de censura, esta
não tem qualquer coisa de aprovação. Laodicéia era totalmente desagradável ao
Senhor, e isso não por causa de seus pecados (tais como os repreendidos em Pérgamo
e Tiatira), mas por causa da sua apatia, seu indiferentismo. Deus quer que seus
filhos sejam “fervorosos no espírito” (cf. Rm 12.11).
16. “Assim, porque és morno, e não és
frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”.
I. “...és morno”. Em toda a extensão da Bíblia, a palavra “morno” é usada
somente aqui. Três temperaturas são mencionadas neste versículo: “Frio”,
“Quente” e “Morno”. Mas intermediária foi considerado por Jesus Cristo a pior
de todas elas, pois expressa apatia espiritual”. Jesus predisse a primeira em
(Mt 24.12); Paulo falou da terceira em (Rm 12.11), ver ainda (Sl 41.1 e At
18.25).
1. Vomitar-te-ei da minha boca. O estado de
mornidão na criatura que aceita a Cristo e não o segue com sinceridade, é muito
triste sob vários aspectos: (a) Fica “coxeando entre dois pensamentos...” (1Rs
18.21), à semelhança da “onda do mar”. Ver Tg 1.6; (b) “O seu coração está
dividido...”. Ver Os 10.2a; (c) Ele serve ao Senhor: “...porém não com o
coração inteiro”. Ver 2 Cr 25.2b; (d) “É um bolo que não foi virado”. Ver Os
7.8b. São eles, em nossos dias, os que querem servir a Deus e as riquezas (Mt
6.24), e por cuja razão ficam pendurados “entre o céu e a terra” como Absalão,
o jovem ambicioso (cf. 2Sm 18.9). O resultado é ouvir do Senhor: “Vomitar-te-ei
da minha boca”. O termo “vomitar” no grego é “emeo”, significa também “cuspir”.
Desse termo é que deriva o vocábulo moderno: “emético”, um agente que causa
vômito”. O organismo humano, não suporta substância morna; o Filho de Deus
também não suportará crentes rotulados; só os que forem fiéis (cf. Hb 6.4-8).
Laodicéia em suma representa a igreja “morna” que Jesus “vomitará” no dia do
arrebatamento. (Como contexto demonstrativo: Mt 25.10-12).
17. “Como dizes: Rico sou, e estou
enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu”.
I. “...Rico sou”. O poder absoluto corrompe! Isto pode ser analisado tanto no
campo secular como espiritual. Há criaturas que não se deixam mais admoestar; e
vão a perdição (cf. Ec 4.13). A experiência do servo de Deus deve está aquém da
direção divina, pois sem ela jamais atingiremos o alvo (ver. Jr 9.1-14). O
pastor de Laodicéia dizia consigo mesmo (à semelhança do fariseu): “Rico sou”
(Cf. Lc 18.11 e Ap 3.17).
1. Estou enriquecido. O orgulho cegou-lhe os
olhos da alma. Isso serve de advertência para todos: o orgulho é pecado (Pv
21.4); mas dificilmente existe algo mais importante para o indivíduo carnal.
Consideremos os pontos seguintes: (a) O orgulho é odioso para Cristo. Pv 8.13;
(b) Origina-se na justiça própria. Lc 18.11; (c) Deriva da inexperiência
espiritual. 1Tm 3.6; (d) Contamina o homem. Mt 7.20, 22; (e) Endurece a mente.
Dn 5.20; (f) Impede a inquirição espiritual. Sl 10.4; (g) É uma das grandes
características do diabo. 1 Tm 3.6, e também dos ímpios. Rm 1.30; (h) Impede o
aprimoramento espiritual. Pv 26.12; (i) Os orgulhosos eventualmente serão
humilhados por Deus. Is 2.12; (j) O orgulho espiritual, segundo Paulo
tornar-se-á muito comum nos últimos dias (2Tm 3.2). O anjo dessa igreja, tinha
todas essas características em grua supremo.
18. “Aconselho-te que de mim compres ouro
provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te
vistas, e não apareças a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com
colírio, para que vejas”.
I. “...unjas os teus olhos”. Transcrevemos aqui a oração feita por um justo para que Deus
guardasse seus olhos da cegueira espiritual: “Põe colírio nos meus olhos,
Senhor (Ap 3.18). Eles são maus; e porque são maus, expõem-me o corpo a trevas
mui perigosas (Mt 6.23). Ajuda-me, ó Deus puro e santo, a erguê-los para Cristo
Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12.2); a pô-los na brancura virginal dos
lírios (Mt 6.28); a elevá-los para os montes e depois olhar para o alto donde
vem socorro (Sl 121.1). Não quero apenas ouvir-te a voz, Senhor, mas verte-te
(Jó 42.5). E como te verei com estes olhos? Aponta-me o Siloé (Jo 9.7), em
cujas águas possa remover o lodo restaurador dos meus olhos enfermos. Porque
hei de prender, apavorado, meus olhos às forças desta vida, se, fitando o
Senhor, possa caminhar sobre ondas revoltas sem perigo de naufragar (Mt 14.29).
Que consolo há em saber que os teus olhos repousam sobre os justos (1 Pd
3.12)”. Se o pastor de Laodicéia tivesse feito essa oração, há muito que se
teria arrependido. É sabido, segundo alguns historiadores que, em Laodicéia
havia uma Escola de Medicina que fabricava um pó oftálmico. Mas a “terra
Frigia” (cinza da Frigia?) não curava a cegueira espiritual da Igreja.
19. “Eu repreendo e castigo a todos
quantos amo: Sê pois zeloso, e arrepende-te”.
I. “...arrepende-te”. Deus exorta através de Jesus “a todos os homens, e em todo o
lugar que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia que com justiça há de
julgar o mundo...” (At 17.30a). Sobre o “arrependimento”, o Novo Testamento usa
o termo grego “metanoia” por sessenta vezes. Essa palavra tem diversos
significados e diversas aplicações, sendo, porém, seu sentido primário: “uma
mudança de parecer ou pensamento” para com o pecado e para com a vontade de
Deus. O “arrependimento” é o primeiro aspecto da experiência inicial da
salvação experimentada pelo crente, experiência essa que é chamada de
conversão. A conversão autêntica é uma parte essencial e a prova da
regeneração. A regeneração é a obra de Deus no íntimo e a conversão é a
exteriorização, da salvação, por parte do homem, através do arrependimento e da
fé. Pedleton dar a idéia de que a palavra: “arrependimento” e a tradução que
tem, no Novo Testamento, abrange também o sentido primário de “reflexão
posterior”, e, com sentido secundário, “mudança de pensamento”. No presente
versículo a exortação de Cristo, não é dirigida àqueles que estão sem salvação,
mas aos que professam segui-lo, e são tidos como pertencentes a Ele. Jesus não
lhes diz “arrepende-te e sê zeloso. E sim “sê”, pois, zeloso e arrepende-te”.
Isto porque até diante de si próprios passavam por se terem arrependidos.
1. Eu repreendo e castigo. (Contexto
reflexivo). “A aplicação da disciplina pode ser em forma de advertência pessoal
(Mt 18.15); visitação acompanhada (1Co 4.19-21); advertência pública (1Tm
5.20); comunicação escrita (2Co 7.8-10); exortação pessoal (Gl 6.1); suspensão
(2Ts 3.14, 15; Tt 3.10); exclusão do rol de membros. Mt 12.17b”.
20. “Eis que estou à porta, e bato: se
alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele
cearei, e ele comigo”.
I. “...Eis que estou a porta, e bato”. A porta à qual Cristo bate é a porta da vida do indivíduo,
da igreja, ou da comunidade.
1. “A famosa pintura de HOLMAN HUNT, em que
Cristo aparece diante da porta, a bate, não mostra a maçaneta do lado de fora.
Quando Sir Noel Paton pintou o famoso quadro representando o Rei coroado de
espinho batendo à porta, foi censurado por que se esquecera de incluir a maçaneta
na porta. Mas o célebre pintou de propósito omitira a maçaneta. É que só pode
ser aberta pelo lado de dentro. Um homem conhecido na cidade, levou, certa
feita, seu filho pequeno, para ver esse quadro. O menino ficou ali pensando,
por alguns momentos, e então perguntou: “Porque não abrem a porta?”. O pai
respondeu que não podiam ouvi-lo batendo. O menino considerou a resposta por
uns momentos mas não ficou satisfeito com a mesma. “Não”, disse o garoto? “é
que estão ocupados no quartinho dos fundos, fazendo outras coisas, e nem sabem
que Jesus está batendo à porta”. Nesta resposta há grande discernimento! Os
crentes de Laodicéia viviam atarefados com seu comércio, com seus banquetes
sociais, com suas riquezas introspectivas, e nem se quer ouviram Jesus bater e
falar. O bater de Cristo, na vida, se verifica de muitas maneiras: no
testemunho tranqüilo da oração, no sermão do pregador, na lição da escola
dominical, na leitura da Palavra de Deus, mediante alguns tragédia,
enfermidade, mediante abalo, mediante a razão, mediante a vitória, mediante a
perda, mediante a alegria, mediante a felicidade, mediante a dor, mediante a
morte – a última e contundente maneira de Deus falar! (cf. Hb 1.1).
21. “Ao que vencer lhe concederei que se
assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no
seu trono”.
I. “...no meu trono”. Até escritores pagãos e helenistas focalizaram essa idéia em
seus escritos. O livro de I Enoque conta com certo número de referências
similares a esta em foco. O Eleito, o Messias, assentar-se-á em seu trono de
Glória no porvir. Isso também pode ser comparado aos trechos de (Cl 3.1; Hb
1.8; ver: Fl 2.9-11: Cristo está entronizado). E nas passagens de (Mt 19.28;
25.31 e Lc 22.29) vê-se que Cristo será entronizado por sua “Parousia” ou
segunda vinda. As Escrituras nos dão entender que, presentemente, Jesus não se
encontra assentado no seu trono. Passagens como (Ap 3.21 e 12.5), reafirmam
essa tese: “...seu filho (Jesus) foi arrebatado para Deus e para o seu trono”.
Por isso, essa promessa de Jesus, é escatológica: “Ao que vencer lhe concederei
que se assente comigo no meu trono (de Jesus); assim como eu venci e me
assentei com meu Pai no seu trono (de Deus)”. O trono de Cristo é o trono de
seu Pai, Davi, durante o Milênio, em Jerusalém, Ele ocupará este trono. (2 Sm
7.12, 13; Lc 1.32; At 15.14-18). Cristo não está atualmente nesse trono, mas à
destra, segundo se diz, do Pai,no trono no céu, como o Grande Sumo Sacerdote de
nossa confissão (cf. Mc 16.19; Hb 4.14).
22. “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”.
I. “Quem tem ouvidos, ouça”. (O final). Pela última vez, no Apocalipse, temos, juntas,
estas onze palavras: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
“O ouvir dos meus ouvidos...é ouvir meditação a voz de Deus. (Cf. Jó 42.5 e Sl
85.8)”. Por cuja razão, nosso Senhor diz: “Vede pois como ouvis...” (Lc 8.18a).
1. “Às igrejas. A palavra “igreja” (gr.
Ekklesia) nasceu pela primeira vez dos lábios de nosso Senhor Jesus Cristo (Mt
16.18 e 18.17, duas vezes). Nesse sentido ocorre por 119 vezes no Novo
Testamento (só três vezes nos Evangelhos: Mt 16.18 e 18.17). Nessas 119 vezes
em que o termo aparece, 109 vezes, surge no texto bíblico como igreja local, e
encontramos cerca de 10 vezes no Novo Testamento a palavra Igreja com o sentido
Universal. “Nestes primeiros capítulos (isto é, 1, 2 e 3) do Apocalipse
encontramos a palavra “igreja” (singular) ou “igrejas” (plural) 19 vezes (cf.
1.11, 20; 2.1, 7, 8, 11, 12, 17, 18, 23, 29; 3.1, 6, 7, 13, 14, 22, etc), mas
agora, no presente versículo, ela desaparece, e só reaparecerá, no capítulo
22.16. Durante o tempo da Grande Tribulação, a Igreja não estará na terra e,
sim, com Cristo na recâmara celestial (cf. Ct 2.17; Ap 3.10).