1º selo
1. “E, HAVENDO o Cordeiro aberto um dos
selos, olhei, e ouvi um dos animais, que dizia como em voz de trovão; Vem, e
vê”.
I. “...aberto um dos selos”. O presente capítulo marca o “início” do período sombrio da
Grande Tribulação (cf. Is 16.4; 26.20; Jr 30.7; Dn 12.1; e ss; 2Ts 2.6 e ss; Ap
3.10; 7.14, etc). Os acontecimentos que se sucederão durante este tempo de
“angústia” sem precedente, estão narrados nos capítulos 6 a 19 deste livro. A
duração deste período é calculada pelo estudo da passagem de (Daniel 9.24-27) e
outras passagens similares. Esse tempo de tribulação é ocasionado
concomitantemente com referência escatológicas, como são vistas em Mt 24.21; Mc
13.19; 2Ts 2.6 e ss; Ap 7.14 e ss. Todos esses acontecimentos, terão lugar,
logo “após” o arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo nosso Senhor (cf. 1Co
15.51-52; 1Ts 4.13-17; Ap 3.10). Predições contemporâneas preditas por Cristo,
durante seu ministério terreno, focalizam este tempo como sendo um estado de:
“PERFLEXIDADE”. O termo acima mencionado que é traduzido no grego por
“perplexidade” (Lc 21.25) significa “beco sem saída”. As nações não encontrarão
meios de escapar de suas dificuldades. O vocábulo grego usado para descrever
esse termo técnico “angústia de Jacó” quer dizer “agarrar-se juntamente com”.
Etc.
1. Vem, e vê. Estudaremos o capítulo 6, que
está em foco, com o capítulo 24.5-35 do Evangelho de São Mateus e Lucas 23.30.
neste estudo o leitor deve observar como as Escrituras são proféticas, e se
combinam entre SI em cada detalhe. O capítulo 6 relata a abertura dos seis
primeiros selos. Para bem entendê-los, devemos confrontá-los com a leitura de
Mateus 24 e Daniel 9. Voltemos aos selos. Os 6 primeiros, em ordem sucessiva,
marcam o início e a seqüência cronológica dos acontecimentos. Em profecia, a
enumeração e a ordem estabelecem cronologia. Aberto o primeiro selo, falou um
dos seres viventes (pela ordem, é a voz do leão) com voz como de trovão: Vem!
Muitas Bíblias trazem “Vem, e vê” como se as duas palavras tivessem sido ditas
a João. O “Vem” é um chamamento, na verdade, e “Olhei”, e “eis” precedem sempre
algo de notável admiração.
2. “E olhei, e eis um cavalo branco: e o
que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu
vitorioso, e para vencer”.
(VER O CONTEXTO DESTE VERSÍCULO EM MATEUS
24.5, QUE DIZ: “Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e
enganarão a muitos”).
I. “...eis um cavalo branco”. (O Anticristo?). O simbolismo de quatro cavalos de diversas
cores, é extraído do livro de Zacarias 1, 8 e ss. Ali, há um personagem de
destaque montado em um cavalo vermelho, parado entre murteiras: em um vale
profundo. Atrás dela há três grupos de cavalos, agrupados pela cor.
Provavelmente eles são montados por cavaleiros que prestam relatórios (Zc
1.11), apesar de não serem mencionados. O homem que está montado no cavalo
vermelho é o “anjo do Senhor”, mas “o anjo que falava comigo”, diz Zacarias, é
o intérprete (1. 18; 2.3; 4.1, 5; 5.5; 6.4). Na simbologia profética do livro
de Zacarias, cavalos não aparecem só nas visões, mas também no simbolismo da
segunda parte do livro (cf. 9.10; 10.3, 5; 12.4; 14.15, 20, 21). Além de
outros, variados sentidos, eles representam o domínio na batalha (10.3) e o
prestígio. (Ver 1Rs 10.26, etc).
1. Existem muitas divergências entre os comentaristas quanto à
representação do cavalo branco e seu cavaleiro, vistos no presente texto. Ele
não trazia coroa, recebeu-a depois e saiu como um conquistador determinado a
vencer. O vocábulo grego “nikao” visto no presente versículo, significa “obter
uma vitória”. Qual? Alguns estudiosos, opinam que, este primeiro cavaleiro é o
Anticristo e o ditador universal, implantando no mundo uma falsa paz (cf. 1Ts
5.3); outros acham que o cavaleiro aqui mencionado é o Evangelho em sua conquista
final, seqüenciada pela “coroa da vitória”; e ainda outros opinam que seja a
mesma pessoa do capítulo 19, sendo aqui, porém, o início da visão.
2. Observemos cuidadosamente o contraste
entre o cavaleiro do capítulo 6 e o cavaleiro do capítulo 19 do mesmo livro:
(a) O primeiro cavaleiro é visto na terra; o segundo é visto no céu; (b) O
primeiro tinha um arco na mão; o segundo tinha uma espada na boca; (c) O
primeiro recebeu uma coroa; o segundo trazia consigo muitos diademas; (d) O
primeiro é visto sozinho; o segundo é visto acompanhado de um exército; (e) O
primeiro selo fala de um cavalo branco; o capítulo: 19 de muitos cavalos
brancos; (f) O primeiro cavaleiro é anônimo; o segundo cavaleiro tem quatro
nomes: (aa) Fiel; (bb) Verdadeiro; (cc) A Palavra de Deus; (dd) O nome
misterioso; (g) O primeiro cavaleiro é visto logo no início da Grande
Tribulação; o segundo só no final da Grande Tribulação. O leitor deve observar
que somente está em comum, a cor dos cavalos, no mais, tudo é contraste.
3. Esse primeiro cavaleiro, provavelmente,
será o Anticristo, um simulador de Jesus, com qualidades negativas. Será, como
veremos, uma das Bestas do capítulo 13 do livro pode ser interpretado na
apresentação do mesmo ter apenas “um arco” e não flechas, e que, por isso,
trata-se de um simulador. Muitos comentaristas acham que a expressão: “...e par
vencer”. Não pode ser aplicada ao Anticristo, e sim à pessoa de Cristo; mas
devemos ter em mente que a mesma expressão, é dita com respeito a esse ditador
universal (cf. Dn 7.21; 8.10; 11.33 e Ap 13.7). De Cristo está dito: “...que
venceu” (5.5); deste porém: “...e para vencer” (6.2). Evidentemente, nas duas
visões, não é a mesma pessoa (6 e 19).
2º selo
3. “E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem,
e vê”.
I. “...ouvi o segundo animal, dizendo: Vem”. (Pela ordem, é a voz do novilho). O presente texto dá
continuidade à seqüência anterior. O simbolismo de cavalos e cavaleiros, já
tivemos a oportunidade de focalizar em notas anteriores. Em Zc 1.7-17 e 6.1-8.
Existem visões tanto de cavalos como de cavaleiros. Na primeira dessas
passagens há a descrição de quatro cavalos de diferentes cores. Eles e seus
cavaleiros percorrem a terra por expressa ordem de Deus. São cavalos
sobrenaturais. O cavalo era comumente usado nas atividades guerreiras.
Portanto, neste ponto, os cavalos aqui citados representam guerra, violência,
tragédia, e julgamento divino. Aqueles que interpretam o livro de Apocalipse,
historicamente, vêem nestes vários cavalos e cavaleiros eventos que já tiveram
lugar, como a perseguição contra os cristãos, ou os exércitos romanos (munidos
de espadas), em contraste com os partas (com arco). Note-se que os cavalos são,
respectivamente, branco (1º selo), vermelho (2º selo), preto (3º selo), e amarelo
(4º selo). A cor em questão refere-se aos cavalos, e não cavaleiros. Ela não
representa o caráter dos cavaleiros, mas antes, a natureza da missão de que
estão incumbidos.
1. Nos quatro primeiros selos, existe o
expressivo: “Vem e vê”. Nos antigos manuscritos aparece aqui uma variação. O
Código Sinaítico apresenta um duplo imperativo – “Vem e vê” – como dirigido a
João. O Código Alexandrino, considerado, por muitos, como o texto que parece
haver recebido menos alterações, traz só um imperativo – “Vem” – como sinal
dado ao cavaleiro para entrar em cena onde se desenvolve a ação.
4. “E saiu outro cavalo, vermelho: e ao
que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se
matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada”.
(VER O CONTEXTO DESTE
VERSÍCULO EM MATEUS 24.6, QUE DIZ: “E ouvireis de guerras e rumores de
guerras”).
I. “...outro cavalo, vermelho”. (A Guerra). No texto de Zacarias 1.8, o ‘cavalo vermelho” é
quem encabeça a lista. Para um comentário mais expressivo, vejamos o que segue:
“vermelho” (marrom avermelhado). As primeiras versões latinas e siríacas tinham
“malhado”. A grega usa dois adjetivos que significam “com manchas” e “com
muitas cores”. Em Zc 6.3 a hesitação é quando a b’rudd~im, “cinza-malhado”, e a
palavra que acompanha, “a muss~im, baio”, aparentemente da raiz ser forte. Para
b’rudd~iêm, que traduzido “salpicado” em Gn 31.10, e “multicor” e “pálido” em
outras versões. Os que pensam que a primeira visão se deu no “por do sol” e a
oitava “na alvorada”, explicam as diferenças entre (1.8 e 6.2) em termos de
cores relacionadas com o “anoitecer e alvorada”. Em 1.8 vermelho, baio e branco
são as cores do por do sol, e em 6.2 preto, malhado e branco são cores da
madrugada. Em 1.8 sua seqüência é vermelho, amarelo, preto e branco; em 6.2
vermelho, preto, branco e amarelo; 6.6, 7 preto, branco, amarelo e vermelho.
Seja como for, as Escrituras são proféticas e se combinam entre SI em cada
detalhe! Temos aqui, a mesma seqüência: branco, vermelho, preto e amarelo.
1. O cavalo do texto em foco, é “vermelho”.
O vermelho é também símbolo de guerra. Esta cor, como veremos, no Apocalipse,
tem quase sempre sentido desfavorável; “um grande dragão vermelho” (Ap 12.3);
“uma besta de cor de escarlata”. (Ver Ap 17.3); a grande meretriz ou “...a
mulher estava vestida de púrpura e de escarlata” (Ap 17.4a); as mercadorias da
grande Babilônia: “...de púrpura, e de escarlata” (Ap 18.12); a seguir, a
grande Babilônia está vestida de púrpura, de escarlata...”, etc. (Ap 18.16). As
guerras serão tremendas, seguidas pela vingança, peste, etc. O cavaleiro em
foco, nada disse. Apenas cavalgou, e permitiu que a cor do seu cavalo o
identificasse. Cavalo vermelho era o seu, e foi-lhe concedido “...que tirasse a
paz da terra” e levar os homens a se matarem uns aos outros. Levava uma grande
espada que, com os outros mais detalhes, nos leva a crer seja ele o símbolo da
Guerra. Tudo isso e mais ainda, terá lugar no tempo sombrio da Grande
Tribulação, quando se ouvirá uma voz a dizer “a paz é tirada da terra”. Segundo
os Anais da História, o mundo já sofreu até 1914 (a primeira guerra mundial),
901 guerras principais. As guerras serão tremendas, simbolizadas pelo tamanho
da espada. À guerra seguem a fome, a sede, pestilência, morte, etc. Isso se dará
em conseqüência, da rejeição do Príncipe da Paz (Is 9.6; Lc 19.42; 1Ts 5.3), e
outros textos e contextos correlatos, etc.
3º selo
5. “E, havendo aberto o
terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um
cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinham uma balança na mão”.
(VER O CONTEXTO DESTE
VERSÍCULO EM MATEUS 24.7, QUE DIZ: “...e haverá fome...”).
I. “...ouvi dizer ao terceiro animal: Vem e
vê”. (Pela ordem, é a voz do homem). O leitor
deve observar que, os quatro primeiro selos são ditados por estes seres
viventes que sempre usam o expressivo “Vem, e vê”, porém devemos observar que
no terceiro selo há uma exceção, pois ao invés de o convite “Vem, e vê” ser
feito ou dirigido a João, como nas vezes anteriores, é feito ao terceiro
animal, e assim, não o animal que fala, mas sim que ouve. O sentido dessas
declarações deve ser naturalmente compreendido, sem nos importar com argumento
gramatical; “Ouvi o segundo ser vivente dizer, “Vem!”. E saiu outro cavalo. O
ser vivente chamou o cavalo, e este apareceu para cumprir sua missão.
1. Um cavalo preto. (fome). A cor do cavalo
tem um aspecto tristonho, sombrio, funesto e inanimado. Este cavaleiro tem uma
missão a cumprir: ditar a fome durante o período da Grande Tribulação, como bem
descreve o profeta Jeremias em suas Lamentações: “A nossa pele se enegreceu
como um forno, por causa do ardor da fome” (Lm 5.10). João observa um detalhe
importante na presente visão; “uma balança na mão” do cavaleiro. Dois pontos
focais devem ser aqui analisados: (a) A balança; (b) Um período de escassez. Na
simbologia profética, a balança fala: (aa) de racionalização dos alimentos de
primeira necessidade, como bem o descreve o profeta Ezequiel em 4.16: ‘...eis
que eu torno instável o sustento de pão em Jerusalém, e comerão o pão por
peso...”. A incumbência do terceiro cavaleiro será impedir que a fome varra
toda a humanidade. Ele chamará a fome; mas ao mesmo tempo a controlará; (bb)
fala também do desequilíbrio que certamente haverá durante o reinado cruel da
Besta. O profeta Daniel, descrevendo esse tempo do fim, diz: “Assim por uma
parte o reino (da Besta) será forte, e por outra será frágil” (cf. Dn 2.42b). O
império da Besta será forte como o “ferro” diante dos homens, porém, frágil
como o “barro” diante dos flagelos de deus (Dn 2.40-45). E (b); Em período de
escassez, os comestíveis precisam ser pesados com extremo rigor. Em tempos de
abundância, são distribuídos em grandes quantidades que não podem ser pesados
com “balanças de mão”. A figura espectral da fome levará na mão do cavaleiro
uma balança vazia.
6. “E ouvi uma voz no meio dos quatro
animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de
cevada por um dinheiro: e não danifiques o azeite e o vinho”.
I. “...uma medida de trigo”. A medida usada é o “coiniks” dos gregos, cerca de 450
gramas, que julgava constituir o consumo diário de um homem. Heródoto, o grande
historiador grego (VII. 187) dá a entender isso, e Thucy. (IV. 16), ao
mencionar “duas” dessas medidas, dadas aos espartanos, em Esfacteri, deu a
entender que era um bom suprimento. O trigo é mais caro que a cevada, alimento
inferior. O denário, antiga moeda romana, era mais usada pelos Apóstolos.
Correspondia ao salário de um dia (Mt 20.2). Um denário dava par uma refeição
de trigo ou três de cevada, quer dizer, apenas para o sustento próprio. E a
família? O azeite e o vinho eram indispensáveis na época. O não “danifiques” é
sinal de que iria faltar também. Em resumo: escassez, fome, e grande miséria.
1. “As interpretações históricas, que o
“terceiro selo” já teve cumprimento no decorrer da história, aos tempos do
império romano, pensam que isso se refere aos dias de Domiciano, que baixou um
decreto contra o luxo e ordenou que metade dos vinhedos da Ásia Menor e de outras
províncias fossem desarraigados”. Cícero, em seus escritos faz alusão à fome em
grande escala já em seus dias: “...quão crítica era a situação quando um homem
tinha de trabalhar o dia inteiro par adquirir duas medidas de trigo”. No tempo
da Grande Tribulação isso será vivido em grau supremo, pois esse cavaleiro
aponta par esse tempo do fim.
4º selo
7. “E havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que
dizia: Vem, e vê”.
I. ‘...ouvi a voz do quarto animal”. (Pela ordem, é a voz da águia voando). O presente versículo
é praticamente igual ao terceiro versículo deste capítulo, excetuando que o
verbo “abrir” tem agora o seu sujeito expressivo, tal como se dá no primeiro
versículo. O “Cordeiro é quem abriu esse selo. E assim como fora dito da abertura
do “segundo selo”, agora é dito acerca do “quarto”; e essas palavras são
reiteradas no caso do “terceiro selo”, no quinto versículo do capítulo em foco.
O quarto selo foi convocado pela águia, o quarto ser vivente como já ficou
demonstrado; mas não deve se ver qualquer significado especial nisso tal como
não há nenhum sentido especial no fato de que o “novilho” convocou a guerra no
terceiro versículo, ou no fato de que o “homem” convocou a “fome”, introduzia
pelo terceiro selo. Na simbologia profética, a águia é sempre citada em conexão
com “um corpo tombado”, pois: “...onde há mortos, ele aí está” (Jó 39.30; cf.
Mt 24.28; Lc 17.37; Ap 19.17, 21). O quarto animal (a águia) aqui, anuncia
exatamente a chegada do “cavaleiro da morte” (cf. Hb 8.5 e 9.23).
8. “E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o
que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e
foi-lhe dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome,
e com peste, e com as feras da terra”.
I. “...um cavalo amarelo”. (A Morte e o Inferno). O próprio autor sagrado nos dá a
interpretação deste cavalo e seus cavaleiros: a morte e o inferno. Morte e o
Inferno são vistos aqui personificados, como em Jó 28.22; 1Co 15.26; Ap 20.14.
É sempre Cristo quem abre os selos. Este “cavalo pálido” é traduzido em
Nestlé-Marshall por “verde-pálido”, cor que bem se adapta ao cavaleiro chamado
“Morte”. Um dos horrores da Grande Tribulação será a terrível trilha da morte.
Guerra, fome, perseguição, peste e terremoto acrescentarão o discipulado ao
reino do rei dos terrores )Jó 18.14). “Estritamente falando, “pálido” não tem
cor, embora descrevemos o rosto como “pálido como a morte”. Esta cor
“verde-pálida” implica um matiz cadavérico, e em aspecto doentio, mortífero,
sombrio como dos cadáveres”.
1. “Os juízes anteriores são consolidados no
presente cavalo e seus cavaleiros respectivamente. (a) “...poder para matar a
quarta parte: com espada” (2º selo). Ap 6.4; (b) “...matar com a fome” (3º
selo). Ap 6.5; (c) “...matar com peste”. (4º selo). Ap 6.8. A morte e o
inferno, ou hades, são os guardiões respectivos dos corpos e das almas dos
homens, sem Deus, entre a morte e a ressurreição (Lc 16.22-23; Ap 20.13). Aqui
agora, a morte vem ceifando os corpos; o inferno ceifando as almas. Os intérpretes
têm entendido isso de várias maneiras, como a “morte espiritual” (significa
simbólico) ou como algum período específico da história antiga, quanto a morte
ameaçou grandes contingentes humanos. Mas, essa forma de interpretação não se
coaduna com a tese principal. Para nós, o sentido aqui é explicitamente real.
Jesus disse que essas ‘...coisas devem acontecer”.
5º selo
9. “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que
foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”.
(VER O CONTEXTO DESTE
VERSÍCULO EM MATEUS 24.9, QUE DIZ: “...matar-vos-ão”).
I. “...as almas dos que foram mortos”. Este grupo de santos vistos no presente texto, são os
mártires da Grande Tribulação, e sem dúvida alguma eles fazem parte dos
pregadores do “Evangelho do Reino”, pois a passagem diz que eles deram o seu
“testemunho”. Historicamente falando, João contempla os mártires da perseguição
de Domiciano. João dá o nome de um deles – Antipas – neste mesmo livro (Ap
2.13). Profeticamente falando, a Besta desencadeará uma tão grande perseguição
contra aqueles que durante esse tempo de angústia, professar o nome de Jesus.
As almas que estão debaixo do altar, procederão dessa perseguição. Quando
indagaram quanto tempo ainda duraria a sua sorte, foi-lhes dito que teriam de
esperar até que fossem mortos os seus irmãos. Vimos nessas almas apenas ao
chegarem da terra no céu, depois de haverem sido mortas; mas agora ficamos
sabendo como foram mortas, e por quem: degoladas pelo Anticristo (cf. Ap 20.4).
E também obremos a resposta para a pergunta que fizeram: “Até quando...?”.
Terão de esperar 42 meses, isto é, 3 anos e meio.
1. debaixo do altar. Alguns estudiosos
supõem que assim como o sangue escorria para a valeta que havia ao pé do altar,
e assim como “a vida está no sangue”, assim também, aqueles mártires cujo
sangue for derramado, tomarão a posição correspondente ao sangue dos
sacrifícios. Os trechos de Fl 2.17 e 2Tm 4.6 vêem os mártires como sacrifícios
oferecidos a Deus. Portanto, o martírio à face da terra, como se a vida fosse
oferecida a Deus em sacrifício celestial, tem esse significado. Há em o Novo
Testamento três expressões aplicadas ao “lugar” que o cristão ao deixar esta
vida entra na eternidade: (a) “O Paraíso”. Lc 23.43; (b) “O Seio de Abraão”. Lc
16.22; (c) “Debaixo do Altar”. Dois pontos importantes devem ser anotados aqui:
(aa) Os mártires de durante o tempo da “Dispensação da Graça”, serão coroados.
Cf. 2Tm 4.8; Ap 2.10; (bb) Os mártires da Grande Tribulação receberão palmas em
suas mãos (Ap 7.9).
10. “E clamavam com grande voz, dizendo:
Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue
dos que habitam sobre a terra?”.
I. “...ó verdadeiro e santo Dominador”. Esta cena se passa no céu, no terceiro céu. Pensamos que a
Grande Tribulação teve entre o (1º, 2º e 3º selos) respectivamente. Debaixo do
altar estão almas de mártires da septuagésima semana profética de Daniel 9.
Haverá, entre elas, almas de gentios? Cremos que sim! (7.9-14). Estes mártires
não pertencem à Era da Graça, pois se o fosse jamais pediriam “vingança” contra
seus inimigos, mas, sim, “bênçãos” (cf. Mt 5.44), e no lugar de usarem a
palavra “Dominador” eles usariam a palavra “Salvador”. Eles, a exemplo de
Cristo, foram ouvidos quanto ao que clamavam (cf. Hb 5.7 e Ap 6.11). O clamor
dos santos por vingança, da parte dos mártires contra seus opressores (a Besta
e seus súditos) e os que perseguem seus irmãos, ainda vivos, é comum na
literatura judaica helenista. Nesse caso, no presente texto, a Besta e seus
aliados são objetos da vingança esperada. “Assim foi que Policarpo advertiu o
procônsul que o examinava, que existe “um fogo que espera os ímpios no
julgamento vindouro, com punição eterna”.
11. “E foram dadas a cada um compridas
vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que
também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de
ser mortos como eles foram”.
I. “...vestes brancas”. O branco é a aparência característica do céu. Símbolo de
pureza. “Ali seus cidadões serão vestidos de branco (cf. 3.18 e 19.14). Jesus,
na visão de 1.14, tinha “cabelos brancos como lã branca, como a neve”. O
vencedor será vestido em vestiduras brancas. Os 24 anciãos estavam vestidos
assim (4.4). Os mártires, igualmente (6.11). A multidão dos remidos, da mesma
maneira (7.13, 14). Na transfiguração, as vestes de Cristo tornaram-se brancas
e resplandecentes como a luz (Lc 9.29). Quando Cristo vier, os justos brilharão
como o sol. Mt 13.43”. A Bíblia, já na atual, adverte; “Em todo o tempo sejam
alvos os teus vestidos...” (Ec 9.8a). Eis a razão de sempre ser necessário
lavar nossas vestiduras “no sangue do Cordeiro” (Ap 22.12). Deus “habita na luz
inacessível” (1Tm 6.16), e seus filhos devem ser seus “imitadores” andando na
luz (1Co 11.1; Ef 5.1; 1Jo 1.7). Os que se vestem de “vestiduras estanhas”
ficarão fora do céu (cf. Sf 1.8 e Mt 22.11-13).
1. O número de seus conservos. Como em
outras passagens similares, o simbolismo aritmético ocupa lugar de destaque em
todo o Apocalipse. A base desse tipo de simbolismo é a persuasão de que a
realidade – em todas as esferas, humanas, sobre-humanas. Existe, enfim, o
simbolismo cromático. Algumas cores têm equivalências precisas, as quais
transcendem a materialidade da própria cor.
6º selo
12. “E, havendo aberto o sexto selo, olhei,
e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol, tornou-se negro como saco
de cilício, e a juá tornou-se como sangue”.
(VER O CONTEXTO DESTE VERESÍCULO EM MATEUS
24.29, QUE DIZ: “E, logo depois da aflição daqueles dias (dos 2, 3, 4, 5,
selos) o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz”)
I. “...o sol tornou-se negro”. O escurecimento do sol, e da lua, está predito pelo profeta
Joel (Jl 2.31). Esse fenômeno será produzido por forças sobrenaturais,
descarregadas pelo poder de Deus. O leitor deve observar que a quinta taça,
referida no livro do Apocalipse (16.10), será um julgamento na forma de trevas,
que deixará, que os homens profundamente angustiados, já a segunda e a
terceira, dessas taças, preditas no Apocalipse, prevêem modificações
extraordinárias nas massas de águas, a tal ponto de serem transformadas em
sangue.
1. E a lua tornou-se como sangue.
Provavelmente, devido aos mesmos acontecimentos acima descritos, que quase
apagarão a luz do sol. Ambos conjuntamente se tornarão negros “como um saco de
cilício”. O “cilício” ou “crina” era um pano grosseiro, no grego hodierno,
“saccos”, de onde vem o vocábulo moderno “saco”. Na qualidade, era feito de
pêlos de cabra, exportado pela Cilícia. Naturalmente de cor negra, conforme o
presente versículo indica, era tecido usado como sinal de luto (ver Gn 37.34 e
Jl 1.8), como sinal de penitência pelos pecados cometidos (ver 1Rs 21.27), ou
como sinal de oração especial, que implorava a ajuda necessária. Os pastores
palestinos usavam diariamente esse tipo de tecido. João, se serve desta figura
expressiva, para descrever o caráter sombrio da própria natureza durante o
tempo da Grande Tribulação.
13. “E as estrelas do céu caíram sobre a
terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um
vento forte”.
(VER O CONTEXTO DESTE VERSÍCULO EM MATEUS
24.29, QUE DIZ: “...E as estrelas cairão do céu”).
I. ‘...E as estrelas do céu caíram sobre a
terra”. “O Senhor Jesus predisse a queda de
estrelas e o abalo dos poderes dos céus: Durante o tempo da angústia de Jacó,
haverá perturbação literal no firmamento. A base do contexto parece ser a
passagem de Is 34.4. Os corpos celestes são conhecidos por sua fidelidade às
órbitas”. A queda destas estrelas será, provavelmente, em vôo rasante sobre a
face do solo, pois o texto, em si, favorece esta interpretação. O leitor deve
observar com cuidado a frase: “as estrelas caíram sobre a terra, como quando a
figueira lança de si os seus figos verdes”. A figueira, quando abalada por “um
forte vento’, derruba os figos temporãos não lhes permitindo amadurecimento
para se sazonarem devidamente. Assim também, os ventos dos juízos divinos
causarão perturbações cósmicas, e as estrelas, literalmente, passarão de raspão
por sobre a face do solo.
1. O estudo dos meteoritos é uma das mais
jovens ciências da pesquisa humana. “Nas noites de 13 e 14 de novembro de 1833,
a terra foi visitada com grande chuvas de meteoritos. O firmamento ficou
literalmente tomado pelas estrelas cadentes. Novamente, em novembro de 1866,
ocorreu chuva semelhante. Essas chuvas de meteoritos têm ocorrido regularmente,
com cerca de 30 anos de intervalo, durante os últimos mil anos. Os cientistas,
entretanto, talvez não tenham muito para esperar, porquanto, próximo do fim da
Grande Tribulação, os céus gotejarão estrelas como uma árvore que deixa cair
seus frutos, quando é sacudida por um vento poderoso”.
2. Uma estrela como aquela que caiu no
Estado de Virgínia, Estados Unidos da América, há milhares de anos atrás, agora
mataria todos os seres vivos e arrasaria todos os prédios e casas num raio de
centenas de quilômetros. O choque e o calor seriam sentidos até o estado de
Ohio, e uma onda de maremoto atingiria até às costas da Europa Central.
14. “E o céu retirou-se como um livro que
se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares”.
(VER O CONTEXTO DESTE VERSÍCULO EM MATEUS
24.35, QUE DIZ: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de
passar”).
I. “...E o céu retirou-se como um livro que
se enrola”. Em Is 34.4, está
predito este grande acontecimento. Os judeus entendem que o céu visível, é uma
grande “cortina” em forma de “pergaminho” (cf. Sl 104.2). O Senhor Jesus, em
seu imortal ensino, predisse a “passagem do céu e terra” em Mt 24.35. Tal
acontecimento terá início no período sombrio da Grande Tribulação, mas só se
consolidará no Grande Dia de Deus: (mil anos depois). Cf. 2Pd 3.10, 12. Para a
era futura, os profetas predisseram mudanças drásticas em todo o Universo (Ag
2.6). Aceitamos que todo o “sistema” sofrerá uma mudança total, para dar lugar
aos “novos céus e nova terra, em que habita a justiça”. Os acontecimentos do
fim serão iminentes e universais. A terra sofrerá gigantescos terremotos, ao
mesmo tempo, em vários lugares, e grandes transformações ocorrerão no
firmamento. O céu retirou-se: é o que diz o presente texto. Um rolo como está
aberto, ocupando imenso espaço, tal como as estrelas estão dispersas por área
imensa. Porém, naquele grande dia, tudo passará impelidos pelo supremo poder da
voz de Deus pessoal (Hb 12).
15. “E os reis da terra, e os grandes, e
os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se
esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas”.
I. “...se esconderam nas cavernas”. O texto em foco fala-se de homens se escondendo da ira de
Deus: nossos pais (Adão e Eva) se esconderam da santidade divina (Gn 3.10).
Alguns acham que as grandes monarquias têm de desaparecer e que todos os
“sistemas” de governos serão democráticos no mundo. Mas vemos nos versículos
(15-16) que haverá reis, soldados, tribunos e militares até o fim de nossa era.
1. “Uma série de sete fenômenos na natureza
(terra, sol, lua estrelas, céu, montanhas, ilhas) ferem sete (ou a totalidade)
categoria de pessoas (reis, grandes (magnatas), ricos, tribunos, poderosos,
servos, livres). Todos procuram escapar à justiça de Deus: procurando fugir
(para onde?) ou mesmo desejam a própria destruição”.
2. “Há ainda para os homens, viajando para o
grande dia da ira de Deus e do Cordeiro, uma rocha onde podem abrigar-se. Há
ainda montes onde se acha segurança; costa das convulsão que sobrevirão à
terra. A Rocha é a Rocha secular; os montes são os da Salvação em Cristo Jesus.
Como diz o Espírito Santo: “Eis agora o tempo aceitável. Eis agora o dia da
Salvação” (cf. 2Co 6.2). Os homens, procurarão se esconder da face de Deus e de
Cristo, mas em vão, pois “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos
daquele com quem temos da tratar” (Sl 139 e Hb 4.13)”. O homem, na qualidade de
ser criado é obstinado, só aprende mediante a punição.
16. “E diziam aos montes e aos rochedos:
Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o
trono, e da ira do Cordeiro”.
(VER O CONTEXTO DESTE VERSÍCULO EM MATEUS
23.30, DIZ QUE: “Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós, e aos
outeiros: Cobri-nos”).
I. “...diziam aos montes e aos rochedos”. Esta citação é tirada do livro de Oséias 10.8, que diz:
“...E dirão aos montes: Cobri-nos! E aos outeiros: Caí sobre nós!” Foi também
empregada por Jesus em Lucas 23.30, como advertência prévia. Esta oração é
feita às montanhas que neste exato momento buscarão o aniquilamento físico por
causa da intensidade e do terror da Grande Tribulação. Os homens procurarão o total
aniquilamento do próprio ser, porquanto os juízos da tribulação são suficientes
para levá-los à percepção deste fato: logo terão de enfrentar o juízo divino, o
julgamento das almas. Este versículo nos mostra uma coisa estranha no que diz
respeito aos vasos da ira: “os homens buscam a morte, e não a Deus. No dizer de
Swete: “O que os pecadores mais temem não é a morte, e, sim, a presença
revelada de Deus”. Isso mostra a que nível baixíssimo os homens caíram. E quão
intensa precisará ser a ira de Deus para trazê-los de volta.
17. “Porque é vindo o grande dia da sua
ira; e quem poderá subsistir?”.
I. “...é vindo o grande dia da sua ira”. Os textos bíblicos mostram-nos que a “ira de Deus” pode
manifestar-se cada dia. Virá, porém, um dia particular reservado à manifestação
da ira divina, o dia do Senhor, será o dia da ira e da indignação predita (cf.
Ez 7.19; Sf 1.15, 18; Mt 3.7; Lc 21.23; Rm 2.5; 1Ts 1.10; Ap 6.17; 11.18 e ss).
1. Analisemos, pois, dois
termos especiais quando à ira de Deus, usados no Novo Testamento: (a) THYMOS;
(b) ORGÊ:
(aa) THYMOS. A palavra grega “thymos”, que
significa “um irrompimento de ira” emprega-se no Novo Testamento. Todas as nove
vezes estão no livro do Apocalipse, onde a ira divina é retratada ferindo
somente os ímpios (ver 11.18; 14.8; vem sobre Babil6onia; em 14.19; 19.15;
sobre os exércitos em Armagedom; em 15.1, 7; em 16.1, 19; sobre os habitantes
da terra).
(bb) ORGÊ. Está segunda palavra no presente
texto, é a palavra grega “orgê’. Ela significa “um estado firme de ira”, emprega-se
também a respeito da ira de Deus cerca de vinte e sete vezes no Novo
Testamento. No texto em foco, a “IRA” não só é de Deus, mas de um modo especial
é também a IRA do Cordeiro. Seja como for, o termo “ira” quando é aplicado à
pessoa de Deus ou de Cristo, não indica alguma “emoção violenta”; antes, é um
termo técnico para julgamento de forma versátil sobre seus inimigos. Paulo,
chama esta ira de Deus, de “IRA FUTURA”. E acrescenta: “Jesus, ...nos livra da
ira futura” (cf. 1Ts 1.10b).