quarta-feira, 9 de junho de 2021

A oração de Jabes 04 - O toque da grandeza


 E agora? Você avançou rápido demais e deu de cara com a dura realidade. Você é incapaz de manter a vida que acabou de alcançar...

Depois de ousarem pedir por um ministério mais amplo, muitos vacilaram neste ponto de sua transformação espiritual. Eles receberam bênçãos numa escala que jamais imaginaram ser possível. Viram Deus ampliar os limites de sua influência e das suas oportunidades.

Mas, de repente, o vento que soprava sob suas asas parou. Desamparados, eles começaram a cair em queda livre.

Isso lhe parece familiar? Talvez as novas oportunidades que surgiram na empresa parecem exigir recursos que você não possui. É possível que os adolescentes que começaram a se reunir em sua casa estejam influenciando negativamente sua família num nível mais profundo que a sua influência positiva sobre a vida deles. Talvez as oportunidades ministeriais que você pediu e que finalmente lhe foram dadas parecem exigir uma pessoa com habilidades muito superiores às suas.

Você recebeu um cesto repleto de bênçãos de Deus, marchou rumo ao novo território... e tropeçou diante de circunstâncias esmagadoras. Quando os cristãos se vêem neste tipo de enrascada, freqüentemente se sentem amedrontados. Enganados. Abandonados. E um pouco irados.

Foi o que aconteceu comigo...

 Buscando Poder

 Eu caí em queda livre! Senti-me fraco e fora de controle – muito diferente de como um líder deve se sentir – e a maior parte do tempo tudo o que eu podia ver era o chão chegando cada vez mais perto. Isto aconteceu no começo da minha aventura ministerial, quando as portas se escancararam diante de possibilidades fabulosas na organização cristã que eu dirijo, a Caminhada Bíblica. Não conseguia me livrar da sensação de que eu era a pessoa errada para o trabalho.

Profundamente desnorteado, decidi buscar o conselho de um homem mais experiente e maduro. John Mitchell estava na casa dos 80 anos naquela época. Nascera em Yorkshire, Inglaterra, e era um grande professor de Bíblia e pai espiritual de milhares de pessoas. Contei-lhe o que pensava ser a direção de Deus para mim e confessei-lhe meu problema. Ainda tentava descrever minha crise em detalhes quando ele me interrompeu:

- Meu filho – disse ele com sotaque característico – este sentimento do qual você está fugindo se chama dependência. Significa que você está caminhando com o Senhor Jesus.

Fez uma pausa para que eu pudesse digerir o que ele acabara de dizer e continuou:

- A verdade é que no momento em que você não estiver se sentindo dependente estará deixando de viver verdadeiramente pela fé.

Não gostei do que acabara de ouvir.

- Dr. Mitchell, o senhor está dizendo que essa sensação de incapacidade é de fato o que devo sentir?

- Certamente que sim meu jovem! – disse-me ele, todo sorridente. – É exatamente isso.

É assustador e totalmente emocionante, não é? Na condição de filhos e filhas de Deus, eleitos e abençoados por ele, devemos arriscar algo tão ousado que o fracasso é garantido... a não ser que Deus intervenha.

Reserve alguns instantes para meditar em oração e tentar compreender até que ponto esta verdade se opõe a tudo quanto você escolheria humanamente:

  Isto vai contra o bom senso.

  Contradiz sua experiência anterior.

  Parece desconsiderar seus sentimentos, seu treinamento e sua necessidade de se sentir seguro.

 Conspira para que você acabe parecendo um rolo e um fracassado.

 Mas é este o plano de Deus para os seus mais honrados servos.

Temos de admitir que os grandes heróis da vida parecem desconhecer o conceito de dependência, mas eu e você fomos feitos para ela. Depender de Deus transforma em heróis pessoas comuns como eu, você e Jabez. Como? Somos forçados a clamar, como Jabez fez em seu terceiro apelo:

“Que seja comigo a Tua mão”!

Através deste clamor, desencadeamos o poder de Deus para realizar sua vontade e demonstrar a sua glória por meio de todas aquelas aparentes impossibilidades.

Observe que Jabez não começou sua oração pedindo que a mão de Deus estivesse sobre ele. Àquela altura ele ainda não tinha a consciência dessa necessidade. As coisas ainda estavam sob seu controle. Seus riscos, e os temores a eles inerentes, eram mínimos. Mas quando suas fronteiras começaram a se alargar e tarefas proporcionais ao tamanho do reino de Deus começaram a se colocar diante dele, Jabez sabia que precisava de uma mão divina – e rápido! Ele poderia ter desistido ou tentado continuar por esforço próprio. Em vez disso, ele orou.

Se buscar as bênçãos de Deus é nosso mais elevado ato de adoração e se pedir para fazer mais para Deus é nossa maior ambição, requerer que a mão de Deus esteja sobre nós é a nossa escolha estratégica para que as grandes coisas que Deus está fazendo em nossas vidas se perpetuem e continuem a florescer.

É por isso que podemos chamar a mão de Deus sobre nós de “o toque de grandeza”. Você não se torna grande: você se torna dependente da forte mão de Deus. As necessidades que você coloca nas mãos do Senhor se transformam em oportunidades ilimitadas. Deus se engrandece através de você.

 Uma escada até as nuvens

 Certo dia, Darlene e eu fomos a um enorme parque urbano, no sul da Califórnia, com nossos filhos, na época pré-escolar. Era o tipo de parque que faz um homem crescido desejar voltar a se tornar criança. Havia balanços, labirintos, gangorras, mais o mais emocionante eram os escorregadores – não apenas um, mas três – um pequeno, um médio e um gigante. David, que na época tinha cinco anos, correu como uma bala na direção do pequeno.

- Porque você não desce com ele? – perguntou Darlene. Mas eu tinha outra idéia.

- Vamos esperar e ver o que acontece – disse eu.

Assim, relaxamos num banco próximo e ficamos observando. David subiu depressa ao topo do escorregador menor. Acenou para nós com um enorme sorriso nos lábios e deslizou rapidamente.

Sem hesitação, ele resolveu partir para aquele de tamanho médio. Começou a subir a escada e, na metade do trajeto olhou para mim. Virei o rosto. Ele analisou suas opções por alguns instantes e, cuidadosamente, começou a descer, degrau por degrau.

- Querido, você precisa ir até lá e ajuda-lo – disse minha esposa.

- Ainda não – respondi, na esperança de que minha piscada de olho pudesse dizer a ela que não estava sendo descuidado com o menino.

David ficou alguns minutos na base do escorregador olhando outras crianças subirem, escorregarem e correrem de volta para subir de novo. Finalmente ele decidiu. Criou coragem, subiu e escorregou para baixo. Na verdade fez isto três vezes sem olhar para nós.

Então, vimos nosso filho encarar o maior escorregador de todos. Neste momento, Darlene ficava ansiosa.

- Bruce, acho que ele não deveria ir naquele escorregador sozinho.

- Concordo – respondi claramente – mas acho que ele também não vai querer fazer isso. Vamos ver...

Quando chegou ao pé do escorregador, ele gritou:

- Papai!

Mas eu olhei novamente para o outro lado, fingindo não tê-lo ouvido.

Ele deu mais uma olhada na escada. Em sua imaginação infantil, aquela escada deveria chegar até as nuvens. Ficou olhando um adolescente descer voando. Então, enfrentando o seu medo, ele decidiu tentar. Passo a passo, uma mão após a outra, devagar David avançou escada acima. Antes da metade da escada, ele de repente congelou. Naquele momento, o adolescente já estava atrás dele e gritou para que ele subisse logo. Mas David não podia. Não conseguia nem subir nem recuar. Ele havia chegado a ponto do evidente fracasso.

Corri para ele e perguntei, da base da escada:

- Tudo bem filho?

Ele olhou para mim, tremendo, mas segurando a escada com forte determinação. Ele tinha uma súplica na ponta da língua:

- Papai, desce comigo? – O adolescente estava perdendo a paciência, mas eu não queria deixar a oportunidade passar.

- Porque filho? – perguntei-lhe, olhando atentamente para seu pequeno rosto.

- Não consigo fazer isso sem você, papai – disse ele tremendo. – É muito grande para mim!

Estiquei-me o mais que pude para alcança-lo e o levantei em meus braços. Então subimos juntos aquela longa escada até as nuvens. Chegando no topo, coloquei meu filho entre minhas pernas e o segurei com força. Então, descemos o escorregador gigante, rindo e gritando por todo o trajeto.

 Sua mão, Seu Espírito

 As mãos de nosso Pai são assim. Você diz a ele: “Pai faze isto em mim, pois não posso faze-lo sozinho. É grande demais para mim”. E você sai, dando o passo de fé, para fazer e dizer coisas que só poderiam vir das mãos de Deus. Depois de tudo, seu espírito clamará: Foi Deus quem fez isso, e ninguém mais! Deus me conduziu, deu-me as Palavras, deu-me o poder – e isto é maravilhoso!

Não há nada melhor do que viver nesta dimensão sobrenatural!

O poder de Deus sobre nós, em nós e movendo-se através de nós é exatamente o que transforma dependência em inesquecíveis experiências de plenitude. “Não que, por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa”, disse Paulo, “como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança” (2Co 3: 5-6).

Por mais trágico que isso possa parecer, a mão do Senhor é tão raramente experimentada, até mesmo por cristãos maduros, que eles não sentem falta dela nem pedem sua atuação. Eles mal sabem que ela existe. Pensam nela como algo reservado aos profetas e apóstolos, que não é para eles. Quando estas pessoas enfrentam a perspectiva do fracasso, sua tendência é chegar à errônea conclusão: Fui longe demais; acabei chegando ao lugar errado. Já que cheguei ao fim de meus recursos, a melhor coisa é sair, rápido!

Jabez, ao contrário, estava tão certo de que a mão de Deus sobre ele era necessário para alcançar as bênçãos, que foi incapaz de imaginar uma vida honrada sem ela. Vamos analisar em mais detalhes o significado de sua oração.

A “mão do Senhor” é um termo bíblico para expressar o poder e a presença de Deus na vida de seu povo (veja Js 4:24 e Is 59:1). Em Atos, o sucesso fenomenal da Igreja primitiva foi atribuído a uma coisa: “A mão do Senhor estava com eles, e muitos crendo, se converteram ao Senhor” (At 11:21).

Uma descrição mais específica do Novo Testamento sobre a mão de Deus é o “encher-se do Espírito Santo”. O crescimento da igreja deve seu poderoso testemunho, tanto à necessidade quanto à disponibilidade da mão de Deus para realizar as coisas de Deus.

Considere a progressão natural que parte de mais bênçãos para maiores fronteiras e em seguida para a necessidade de poder sobrenatural. Quando Jesus deu a seus discípulos a “Grande Comissão – Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações... E eis que estou convosco todos os dias” (Mt 28: 19-20), estava lhes outorgando tanto uma benção incrível, quanto uma tarefa impossível. Ir a todas as nações e pregar? Desastre à vista! Afinal, ele estava escalando pessoas não confiáveis e covardes como Pedro, que já havia provado que até uma menina próxima a uma fogueira, poderia faze-lo negar ter conhecido Jesus!

No entanto, ao enviar o Espírito Santo (At 1:8), Jesus tocou aqueles cristãos comuns com um toque de grandeza, enchendo-os de seu poder miraculoso para espalhar o evangelho por toda a face da terra. Você notará, de fato, que a frase presente no relato de Lucas (Cheios do Espírito Santo), freqüentemente está ligada à uma conseqüência: “eles falavam com intrepidez” (Veja At 4:13, 5:29, 7:51, 9:27). Apenas Deus, trabalhando através deles, poderia executar os milagres e as conversões em massa que se seguiram.

Ao pedirmos a poderosa presença de Deus, como Jabez e a Igreja primitiva fizeram, também veremos resultados tremendos que podem ser explicados somente como vindos da mão de Deus.

O que mais me surpreende sobre a Igreja primitiva é que os cristãos buscavam continuamente serem cheios de Deus (veja At 4: 23-31). Eram conhecidos como uma comunidade que passava horas e até mesmo dias em oração juntos, esperando em Deus e pedindo seu poder (veja At 2: 42-47). Eles ansiavam por receber mais da “mão de Deus” – um preenchimento espiritual renovado do poder de Deus que poderia transformar um fracasso certo e iminente em um milagre, fazendo com que tarefas impossíveis fossem realizadas.

Paulo instruiu os cristãos de Éfeso a fazer disso uma prioridade: “para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:19). Com este fim em mente, Paulo orou para que Deus os abençoasse e os fortalecesse “mediante o seu Espírito” (Ef 3:16).

Quando foi a última vez em que sua Igreja se reuniu e pediu para ser cheia do Espírito Santo? Qual foi a última vez em que você orou com freqüência e fervor dizendo: “Oh Senhor, coloca a tua mão sobre mim! Enche-me com o teu Espírito Santo”! A rápida disseminação das Boas Novas no mundo romano não poderia ter acontecido de outra maneira.

 12 adolescentes e um ovo que desaparecia

 Há muitos anos, quando eu servia como jovem pastor numa grande Igreja de Nova Jersey, doze adolescentes me provaram que a mão de Deus está disponível a todo cristão que a pede. Escolhemos uma área no subúrbio de Long Island, em Nova York, para desenvolver um projeto missionário durante as férias. Objetivo: evangelizar a juventude da região em seis semanas.

Optamos por uma estratégia de três partes. Começaríamos com estudos bíblicos nos quintais dos lares, mudaríamos para evangelismo na praia à tarde e fecharíamos com cultos noturnos nas Igrejas locais. Parece simples, mas não preciso dizer-lhe que a equipe – incluindo o pastor de jovens – sentiu-se sobrepujado pela dimensão da tarefa.

Convidamos uma pessoa de Long Island, especialista em ministério de crianças para nos dar algum treinamento. Ele disse à nossa equipe que reunir 13 ou 14 crianças no quintal de uma casa já seria um enorme sucesso. Depois que ele saiu, eu disse baixinho: - Se não tivermos 100 crianças em cada clube bíblico até o final de semana, vamos considerar o projeto um fracasso.

Repentinamente, todos nós tivemos o desejo de nos ajoelharmos em oração.

Nunca me esquecerei daqueles garotos sinceros e de suas orações: “Senhor, abençoa a gente! Sei que parece loucura, mas dá-me 100 crianças! E Senhor, pelo teu Espírito, faze algo para a Tua glória”.

Os pais sempre diziam à equipe que o que eles queriam fazer era impossível. E tenho certeza de que eles estavam certos. Mas as coisas começaram a acontecer. Quatro das seis equipes estavam abarrotadas com mais de uma centena de crianças nas reuniões da primeira semana. Alguns grupos precisaram se mudar para locais maiores, como casas cujos quintais não fossem separados por muros e que pudessem acomodar todas as crianças. Até o final da semana já havíamos compartilhado as Boas Novas com mais de 500 crianças, a maioria das quais nunca tinha ido a uma Igreja.

Se este milagre já não fosse suficiente, a etapa da praia de nosso Projeto Missionário para Long Island conseguiu ainda mais – ajudada por um pouco de mágica. A verdade é que fui a uma loja de novidades e voltei com um kit de mágica para iniciantes. Aquelas caixas com coisas escritas do tipo “tudo o que você precisa para divertir e impressionar seus amigos”. Fiquei acordado até as três horas da manhã aprendendo como fazer um ovo “desaparecer”. Na tarde seguinte, estávamos promovendo nosso show gratuito de mágica na areia e pedindo a Deus que sua mão estivesse sobre nós.

Nosso público cresceu de uma simples fileira de crianças (deixadas ali por seus pais que queriam alguns minutos de paz), para mais de 150 pessoas em trajes de banho.

Mudamos o show, saindo das mágicas para apresentações que contavam histórias bíblicas. Os pais começaram a chegar mais perto. Por fim, grupos de adolescentes começaram a se aproximar e fizeram o grupo crescer, chegando a 250 pessoas no final da tarde. Quando fizemos o apelo, no final do show, nada menos do que 30 pessoas revelaram que gostariam de receber a Jesus Cristo como seu Salvador – ali mesmo na praia.

Uma vez organizado o ministério na praia, demos início às cruzadas noturnas para jovens nas Igrejas locais. Deus abençoou nossos esforços além de todas as expectativas – mas totalmente de acordo com o escopo de nossa oração de Jabez.

Após seis semanas de incursão, pudemos contar 1200 novos cristãos em Long Island, e todos receberam orientação e material de apoio.

Aqueles doze estudantes voltaram para suas vidas confortáveis de classe média convencidos de que Deus pode fazer qualquer coisa. A primeira mudança ocorreu em sua Igreja local, pois eles decidiram orar para que o Espírito Santo agisse em sua própria congregação e trouxesse arrependimento e avivamento.

Impossível? De forma alguma. Doze adolescentes e um pastor de jovens viram a mão de Deus agir através da Igreja. Quando os membros do Projeto Missionário compartilharam suas experiências e desafiaram a Igreja a pedir mais a Deus, o reavivamento varreu aquela Igreja de um modo singular.

 O toque do Pai

 Tal como qualquer pai amoroso no parque, Deus está olhando e esperando que você peça pelo poder espiritual que ele oferece. “Porque, quanto ao Senhor, seus Olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte, para aqueles cujo coração é totalmente dele” (2Cr 16:9). Perceba que Deus não está fazendo uma varredura na linha do horizonte à procura de gigantes espirituais ou seminaristas talentosos. Deus busca com zelo aqueles que são sinceramente leais a ele. Nossa parte resume-se em fornecer-lhe um coração fiel.

Um simples apelo trará para você e para mim os inexplicáveis feitos do Espírito. Pelo roque divino você pode experimentar o entusiasmo sobrenatural, a ousadia e o poder. Depende de você.

Peça todos os dias o toque do Pai.

Porque, para o cristão, dependência é apenas um sinônimo de poder.