Depois de pedir e receber bênçãos sobrenaturais,
influência e poder, Jabez poderia ter imaginado que era capaz de entrar em
qualquer arena e enfrentar qualquer leão – e vencer. Você poderia pressupor que
uma pessoa com a mão de Deus sobre si oraria dizendo: “Protege-me no meio do
mal”.
Mas Jabez sabia o que aquele gladiador mal fadado
não entendia. A melhor estratégia para vencer o leão bravio é manter-se fora da
arena. É por isso que a parte final de sua oração trata do pedido para que Deus
o mantenha fora da briga.
E me preserves do mal.
O último pedido de Jabez é uma estratégia brilhante,
mas pouco entendida, para manter uma vida abençoada. Afinal, à medida que sua
vida transcende o comum e começa a conquistar novos territórios para Deus,
adivinhe de quem é o terreno que você está invadindo?
No capítulo anterior, aprendemos a pedir poder
sobrenatural para trabalharmos apesar de nossas fraquezas. Neste capítulo,
rogamos por proteção sobrenatural contra Satanás e contra a capacidade dele de
fazer-nos chegar em segundo lugar.
Quanto mais você caminha numa vida cheia de bênçãos
sobrenaturais, mais precisa do apelo final da oração de Jabez. Você enfrentará
mais ataques dirigidos a você e sua família. Ficará familiarizado com os dardos
inflamáveis do inimigo – distração, oposição e opressão, apenas para começar.
Na verdade, se sua experiência não for assim, tome cuidado.
Nunca me esquecerei de uma conversa que ouvi no
seminário entre um aluno e seu mentor, o professor Howard Hendricks. O aluno
estava ansioso por dizer ao Dr. Hendricks como sua vida estava bem.
- Na primeira vez em que estive aqui – disse o
estudante – eu estava sendo tão tentado e provado que mal conseguia manter
minha cabeça fora da água. Mas agora – glória a Deus – minha vida no seminário
está muito tranqüila. Não estou sentindo tantas tentações quanto antes!
Hendricks, no entanto, ficou preocupado – reação que
o aluno não esperava.
- Esta é a pior coisa que eu poderia ter ouvido –
disse o mentor ao aluno surpreso. – Isto mostra que você não está mais na
batalha! Satanás não está mais preocupado com você.
Fomos redimidos e convocados para as linhas de
frente da batalha. É por isso que orar para ser preservado do mal é parte tão
importante de uma vida abençoada.
Assim como muitas outras pessoas, descobri que é
justamente após um grande momento de sucesso espiritual que preciso com mais
urgência desta última parte da oração de Jabez. Paradoxalmente, é o momento em
que fico mais propenso a olhar para a fonte de minhas forças de maneira mais
errada – e perigosa.
Anos atrás, tomei um táxi no centro da cidade de
Chicago, que me levaria até o aeroporto. Desabei no banco de trás, exausto
depois de uma semana de reuniões no Instituto Bíblico Moody. Deus se
manifestara de maneiras impressionantes. Eu tinha pregado todos os dias e
aconselhei um grande número de alunos – 76 para ser mais preciso (registrei
tudo no meu diário). Agora, indo para casa, estava física e espiritualmente
exaurido. Olhando a esmo para o tráfego, pensei na oração de Jabez. “Oh Senhor,
orei – Não tenho mais forças. Estou completamente exausto em função de Tua
obra. Não posso lidar com a tentação. Peço-te que me preserves do mal”.
Quando embarquei no avião, descobri que me deram um
assento no meio, o que não era um bom começo para minha viagem. E as coisas
foram piorando. O homem ao meu lado sacou uma revista pornográfica. “Senhor,
pensei que tivéssemos feito um acordo” – resmunguei no meu espírito, virando
para o outro lado. Mas antes de o avião levantar vôo, o homem do outro lado
tirou de sua pasta outra revista masculina.
Naquele momento eu não estava propenso a pedir que
os dois homens mudassem sua leitura, Fechei os olhos e orei: “Não posso lidar
com isso hoje. Senhor, por favor, manda este mal embora”!
De repente o homem da minha direita reclamou de algo
e dobrou sua revista e a colocou de lado. Olhei para ele para ver o que o
levara a agir desta maneira. Nada, até onde pude perceber. Então, o homem à
minha esquerda olhou para o outro passageiro, também resmungou e fechou sua
revista. Mais uma vez não pude enxergar a razão aparente daquela atitude.
Estávamos sobre Indiana quando comecei a dar
gargalhadas incontroláveis. Os dois me perguntaram o que havia de tão
engraçado.
Senhores – disse eu – vocês não acreditariam se eu
lhes contasse.
Por alguma razão não pensamos em pedir que Deus
simplesmente nos mantenha longe da tentação e que mantenha o diabo encurralado,
fora de nossas vidas.
Porém no modelo de oração que Jesus deu a seus
discípulos, quase um quarto de suas palavras pedem libertação: “e não nos
deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6:13). Nada sobre visão
espiritual ou poderes especiais. Nem uma palavra sequer sobre confrontação.
Quando foi a última vez que você pediu a Deus para
ficar livre da tentação? Do mesmo modo que Deus quer que você peça mais
bênçãos, fronteiras mais amplas e mais poder, ele deseja ouvir de você seu
pedido de afastamento do mal.
Sem a tentação, nós não pecaríamos. A maioria de nós
enfrenta muitas tentações – e, portanto, peca com freqüência demasiada – porque
não pedimos a Deus que nos conduza para longe da tentação. Portanto,
amadurecemos muito quando começamos a nos concentrar menos em derrotar a
tentação e mais em evita-la.
Embora tivesse todas as legiões do céu a sua
disposição, até mesmo Jesus orou pedindo libertação. Mesmo com sua perspicácia
divina, Jesus se recusou a entrar numa discussão com Satanás durante a tentação
no deserto, na qual o inimigo lhe fez ofertas sedutoras.
À medida que penetramos mais fundo no reino do
miraculoso, aprendemos que a guerra mais eficiente contra o pecado é orar para
que não tenhamos de lutar contra tentações desnecessárias. E Deus nos oferece
seu poder sobrenatural para fazer exatamente isso.
É por isso que, como Jabez, devemos orar pedindo
proteção contra o engano:
Senhor, afasta-me de cometer
os erros nos quais estou mais propenso no momento em que chega a tentação.
Confesso que aquilo que julgo ser necessário, inteligente ou pessoalmente
benéfico em geral é apenas um belo disfarce para o pecado. Assim, peço-te que
me preserves do mal.
Tal como Jabez, devemos orar pedindo que sejamos
poupados dos julgamentos errados:
Senhor, afasta-me da dor e
da tristeza que o pecado traz. Coloca uma barreira diante dos perigos que eu
não posso ver e daqueles que eu acho que posso enfrentar devido a minha
experiência (ou orgulho ou falta de cuidado). Protege-me, Senhor, com o teu
poder!
Do mesmo modo como Jabez orou, devemos pedir que
sejamos afastados daquilo que nos parece correto, mas que na realidade está
errado:
Senhor, afasta-me das
tentações que apelam às minhas emoções e às minhas necessidades físicas,
daquelas que penso (equivocadamente) que mereço, ou que tenho o direito de
desfrutar. Tu és a fonte de tudo aquilo que é verdadeiramente vivo, e por isso,
peço-te que dirijas os meus passos para longe de tudo o que não vem de ti.
Estes são pedidos de libertação que nosso Pai tem
prazer em ouvir – e responder.
Uma vez que Satanás se opõe de maneira mais contundente àqueles que começam a se tornar uma grande ameaça a ele e a seu reino, quanto mais Deus responder a suas orações de Jabez mais você deverá se preparar para enfrentar ataques espirituais.
Há momentos, porém, em que você não pode se afastar
do mal porque, pelo poder de Deus, você estará tentando lançar um ataque
fulminante contra as trevas. Nesses momentos você pode se manter confiantemente
firme contra o inimigo com aquilo que Paulo chama de “as armas da nossa
milícia” (2Co 10:4).
Lembro-me de uma reunião nos primeiros anos do
movimento Promise Keepers. Os 25 membros de nossa diretoria se reuniram em
oração, pouco antes do início do evento ao qual compareceram dezenas de
milhares de pessoas, no estádio logo abaixo de nós. A opressão era tão forte
que tropeçávamos em nossas palavras e ficávamos calados. A menos que
derrotássemos aquela oposição tão intensa, sabíamos que não haveria razão para
darmos início ao programa. Por fim, um dos membros se levantou e começou a
atacar o mal com a verdade.
- Irmãos, a vitória já é nossa – declarou ele,
confiadamente, enquanto nós continuávamos de joelhos. Com total determinação,
ele começou a orar mencionando a verdade da vontade de Deus para aquele dia.
Sua memorável oração foi algo mais ou menos assim:
Senhor, é a tua vontade que
busquemos a tua bênção para esta grande multidão de homens e suas famílias!
Sabemos que é teu profundo desejo conquistar áreas para o teu reino nesta
geração, neste dia da história, neste estádio! E já te agradecemos o que farás
aqui.
A essa altura, o máximo que o resto do grupo
conseguia fazer era concordar com ele em oração, colocando-se nas mãos do
Senhor para que ele agisse em nós e a nosso favor. O peso que sentíamos era
quase impossível de suportar. Mas a oração de nosso líder não parou ali:
Pai, é teu profundo e
imutável desejo que teu Espírito Santo esteja aqui – e ele está aqui em nosso
meio – movendo-se entre as fileiras de homens que se reuniram neste recinto. Tu
estás aqui para trabalhar numa dimensão sobrenatural que mal podemos compreender,
mas que sinceramente ansiamos. Diante de teu nome, Senhor Jesus, que todo poder
na terra se dobre ou seja exterminado.
Em alguns momentos de sua oração sentimos um romper
de barreiras. Nossos apelos desesperados se transformaram em louvores e adoração.
Sabíamos que tínhamos testemunhado a liberdade do Espírito. Caminhamos juntos,
firmemente em direção ao centro do estádio para proclamar com ousadia os
abundantes resultados daquilo que havia sido conquistado em oração.
“Fique fora da arena da tentação sempre que for
possível”, teria dito ele, “mas nunca viva no temor da derrota. Pelo poder de
Deus você poderá manter segura a sua herança de bênçãos”.
Você crê que nosso Deus sobrenatural vai preserva-lo
do mal e proteger seu investimento espiritual? Jabez certamente cria e agiu de
acordo com o que tinha em seu coração. Dali em diante sua vida foi poupada da
dor e do sofrimento que o mal traz.
Paulo disse aos Colossenses que Deus lhes “deu vida
juntamente com ele (Cristo)” e que “despojando os principados e as potestades,
publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2: 13-15).
Que maravilhosa declaração de vitória! Através de
Cristo, podemos viver em triunfo – não em tentação ou derrota. Fazendo do
quarto trecho da oração de Jabez uma parte integrante de nossa vida, estamos
prontos para prosseguir rumo a um nível mais alto de honra, além de incrementar
exponencialmente nossas bênçãos.
Eis o porque: ao contrário da maioria dos portfólios
de ações, no Reino de Deus, o investimento mais seguro é também aquele que mais
rende.