Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa;
e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros
portanto, os que credes, é
a preciosidade; mas, para os
descrentes, a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e
rocha de ofensa. São estes os que tropeçam
na palavra, sendo desobedientes,
para o que também foram postos (1 Pe 2:6-8).
Hoje o significado da palavra acreditar perdeu a força. Para muitos ela se tornou um mero reconhecimento de um certo fato. Para outros, não tem nada a ver com obediência. Mas, no texto acima, as palavras acreditar e desobediente são apresentadas como opostas.
A Bíblia nos exorta "que todo o que nele (Jesus Cristo) crê não perecerá, mas terá a vida eterna" (Jo 3:16). Como resultado da forma como vimos a palavra acreditar, muitos acham que basta acreditar que Jesus existiu
e morreu no Calvário
que estão acertados com Deus. Se esse fosse o único requisito, os demônios
também estariam acertados
com Deus. A Bíblia diz também: "Crês, tu, que Deus é um só?
Fazes
bem. Até os demônios crêem e
tremem" (Tg 2:19 – Grifo acrescido).
A palavra acreditar possui mais
significado na Bíblia do que só reconhecer a existência ou simplesmente consentir
mentalmente um fato.
Se formos fiéis
ao contexto do versículo
acima, podemos dizer que o elemento principal de acreditar é a obediência. Poderemos
lê-lo desta maneira:
"Para vós outros,
que obedecem, é a preciosidade; mas, para os desobedientes, a pedra que os construtores
rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa".
Não é difícil obedecer quando conhecemos o caráter e amamos
aquele a quem nos submetemos. O amor é a base do nosso relacionamento com o Senhor - não o amor de princípios
ou
ensinamentos,
mas
o
amor
pela
Pessoa
de Jesus Cristo. Se este amor não
estiver bem firmado, seremos suscetíveis aos tropeços e às ofensas.
Os israelitas, a quem o Senhor chamou de construtores, rejeitaram a pedra principal: Jesus. Eles amavam
seus ensinamentos do Antigo
Testamento. Estavam satisfeitos com suas
interpretações porque podiam usá-las para seu próprio benefício e para controlar os outros. Jesus
desafiou o legalismo que lhes era tão precioso. Jesus
argumentou com eles: "Examinais as Escrituras, porque
julgais ter nelas
a vida eterna, e são elas
mesmas que testificam de mim" (Jo 5:39).
Não eram capazes de compreender que Deus, desde o princípio, desejou filhos e filhas com quem pudesse ter um relacionamento. Eles queriam governar e
reinar. A lei falou mais alto do que
o relacionamento. Rejeitaram o que foi dado livremente.
Talvez preferissem ter conquistado. Dessa forma, a dádiva de Deus, Jesus Cristo, a esperança de
vida e salvação eles, tornou-se
"pedra de tropeço
e rocha de ofensa".
Simeão profetizou quando tomou o bebê Jesus em seus braços no templo: "Eis que este
menino está destinado tanto para
ruína como para levantamento de muitos em Israel" (Lc 2:34).
Note a ruína e o levantamento. Aquele que foi dado
para trazer paz ao
mundo acabou a trazendo a espada da divisão àqueles a quem foi enviado (Mt
10.34) e vida para os vitimados pelos construtores (os ministros daquela
época).
Jesus e as ofensas
Na escola dominical, Jesus é geralmente apresentado como o
pastor carregando a ovelha perdida em seus ombros de volta ao aprisco. Ou talvez abraçado
com as crianças dizendo: "Eu
amo vocês". Verdadeiro, mas não a imagem completa.
Este mesmo Jesus atacou os fariseus por causa de sua justiça
própria: “Serpentes, raças de víboras!
Como escapareis da condenação do inferno?"(Mt 23:33) Virou a mesa
dos mercadores do templo e os expulsou (Jo 2:13-22). Disse ao homem que queria enterrar seu pai antes segui-lo: "Deixa aos mortos o sepultar os seus
próprios mortos. Tu, tu, vai e prega
o reino de Deus" (Lc 9:59, 60). A lista não termina por aqui também.
Uma análise mais detalhada do ministério de
Jesus revela um Homem que ofendeu muitos
durante seu ministério. Vejamos alguns exemplos.
JESUS OFENDEU OS FARISEUS
Em várias ocasiões
Jesus confrontou e ofendeu esses líderes. Porque foram ofendidos, eles o mandaram
para a cruz. Eles o odiavam. Mas Jesus os amava o suficiente para falar a verdade: "Hipócritas! Bem
profetizou Isaías a vosso respeito,
dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mt 15:7, 8). Essa afirmação os ofendeu. Note o que os discípulos de Jesus lhe perguntaram imediatamente após a afirmação:
Então, aproximando-se dele os discípulos, disseram: Sabes que os fariseus,
ouvindo a tua palavra, se escandalizaram? (Mt 15:12 - Destaque acrescido)
Analise a resposta:
Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar o rego, cairão ambos no barranco (Mt 15:13, 14).
Jesus mostrou que as ofensas iam, na realidade, eliminar aqueles que não são realmente plantados por seu Pai. Algumas pessoas podem fazer parte de uma igreja ou ministério e não serem enviadas por Deus ou não serem de Deus. A ofensa que vem quando a verdade é pregada, revela seus reais motivos e causam a eliminação deles.
Quando visito outras igrejas,
testemunho muitos casos de
pastores que sofrem com a perda de pessoas que foram embora, tanto funcionários como membros. Na maior parte dos casos, as pessoas ficaram
chateadas por causa
da verdade que foi pregada e
que confrontaram com o estilo de vida
delas. Então, tornam-se críticos de todos os aspectos da igreja e vão embora.
Para que os pastores agradem
a todos, têm de comprometer a verdade. Eu lhes digo:
se
pregamos
a verdade,
ofenderemos as pessoas
e elas irão embora. Não lamente pelas
que foram, mas continue
alimentar as que Deus enviou.
Alguns líderes evitam
o confronto, por medo de perder as pessoas. Alguns são especialmente hesitantes porque aqueles a quem precisam confrontar dão
grandes ofertas ou são de grande influência na igreja ou comunidade. Outros
temem magoar os sentimentos de alguém que os acompanha há muito tempo. Como resultado
disso, o pastor perde a
autoridade dada por Deus
para
proteger
e
alimentar
o rebanho confiado a ele.
Quando iniciei o pastorado, um homem sábio
me alertou: "Agarre a sua autoridade, ou alguém vai tirá-la e usá-la contra você".
Samuel era um homem de Deus que não comprometia a verdade por ninguém,
nem mesmo pelo rei. Quando Saul desobedeceu a Deus, o Senhor disse a Samuel para confrontá-lo. Assim ele fez. Infelizmente Saul não reagiu à palavra do Senhor com arrependimento genuíno.
Estava mais preocupado com o que os outros iam achar
dele. Quando Samuel ia saindo,
se agarrou ao seu manto, rasgando uma beirada dele. Samuel acabou com
ele com estas palavras: "O
Senhor rasgou, hoje de ti o reino de Israel" (1 Sm 15:28).
Não era isso que Samuel queria para Saul. Ele se entristeceu por Saul. Havia ungido Saul como rei.
Treinou-o para governar
e presidiu sua
coroação. Era amigo
pessoal dele. Mas ouça como Deus reagiu à tristeza
de Samuel: "Até
quando terás pena de Saul,
havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei” (1ª Sm 16:1 - Grifo acrescido).
Deus estava dizendo
que, para Samuel
continuar a andar na unção, teria de perceber que o amor e julgamento de Deus eram perfeitos. Se Samuel voltasse
a Saul após Deus tê-lo rejeitado, não
teria mais azeite. Se continuasse de luto, não iria a lugar algum.
Os pastores que têm pena e choram a saída de algumas pessoas da igreja ou se recusam a
confrontar os membros porque são seus
amigos acabam ficando sem azeite em sua vida. Alguns ministérios perecem,
enquanto outros simplesmente fingem estar vivos. Sem saber, optam pelo relacionamento com os homens,
em detrimento do relacionamento com Deus.
A Bíblia não registra que Jesus reagiu aos homens que o abandonaram. Seu maior prazer era fazer a
vontade do seu Pai. Fazendo
isso, beneficiaria um número maior de pessoas.
Nunca me esquecerei de quando
estava pregando em uma denominação cheia do Espírito.
Estávamos juntos havia quase
um ano. O primeiro domingo pela manhã preguei uma mensagem bastante simples
de arrependimento e volta ao primeiro amor.
Senti uma certa
oposição, mas sabia
que era a mensagem que deveria pregar.
Após o culto, o pastor me disse: "Deus me revelou o que você pregou esta manhã, mas acho que
meu rebanho não estava
pronto para isso". Minha esposa sentiu que o Espírito Santo a
incomodava a perguntar: "Quem é o pastor da igreja: você ou Jesus?"
O pastor abaixou
a cabeça: "O
Senhor me disse exatamente
isso um mês atrás. Ele me falou que sabia o que essas pessoas podiam agüentar”. Ele nos falou que, pelo menos
um terço de sua igreja era composta de pessoas da "velha guarda", que não queriam
mudanças na ordem do culto, música ou pregação. Nós o
encorajamos a ser forte e a obedecer ao Senhor.
Pregamos mais quatro vezes naquela igreja; cada uma era mais difícil que a outra. Quando fomos
embora da cidade, sentia como se
tivesse um saco de areia no estômago. Não conseguia
compreender. Sentia-me cada vez mais pesado e
desconfortável. Geralmente, quando saio de uma igreja a alegria toma conta do meu coração. Não
sabia o que estava errado.
Quando, finalmente, fiquei a sós com o Senhor, perguntei-lhe “Pai, o que fiz de errado? Por
que tenho este fardo pesado no meu espírito? Será que usurpei a autoridade do pastor?" Ele simplesmente me disse: "Sacudi o
pó dos vossos pés" (Veja Lc 9:5).
Fiquei chocado ao ouvi-lo dizer isso. Continuei orando e questionando, e ouvi as mesmas palavras:
"Sacode o pó de vossos pés."
Finalmente, obedeci. Quando minhas mãos acabaram de limpar a sola do segundo
sapato, o peso saiu e a alegria entrou
no meu coração. Disse maravilhado: "Senhor, eles não me atacaram ou nem chutaram fora da cidade. Por quê?"
Ele me mostrou
que a liderança e muitas pessoas haviam rejeitado sua Palavra.
"Dê-lhes mais tempo", pedi.
"Se
desse mais cinqüenta
anos, eles não mudariam. Já estão decididos
em seu coração."
Eu sabia que o líder resolveu optar por manter a paz, comprometendo a obediência a Deus. Ele tinha a forma e não a substância. Em outras palavras:
ele tinha a
aparência de estar cheio do espírito e, mesmo assim, faltava-lhe poder ou presença
de Deus. Mais tarde ouvi que ele havia
pedido demissão
do cargo de pastor e que a igreja se diluiu.
Jesus não era controlado pelas pessoas. Ele falava a verdade,
mesmo que isso significasse um confronto e uma
grande ofensa. Se queremos a aprovação dos
homens, a unção de Deus não nos pode encher. Devemos ter o propósito em nosso coração de falar a Palavra de
Deus e desempenhar sua vontade,
até mesmo correndo
o risco de ofender os outros.
JESUS OFENDEU AS PESSOAS DE SUA TERRA
Jesus foi a sua terra
para ministrar. Mas não foi capaz de levar a libertação e cura que havia trazido
a muitos outros. Veja o que aconteceu:
“E diziam: Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos,
Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua
terra e na sua casa” (Mt 13:55-57 - Destaque acrescido).
Será que você consegue ouvir os homens e as mulheres de Nazaré dizendo: "Quem Ele pensa que é nos ensinando com autoridade? Sabemos quem Ele é. Ele cresceu aqui. Nós somos mais importantes aqui. Ele é apenas o filho de um carpinteiro. Não teve nenhum treinamento formal".
Mais uma vez, Jesus não comprometeu a verdade para evitar que eles se ofendessem. O povo da cidade ficou com tanta raiva que tentou matá-lo
empurrando-o até um barranco
(Lc 4:28-30). Mesmo quando sua vida estava em
perigo, continuou a falar a verdade. Como
precisamos de mais homens e mulheres como Ele atualmente!
JESUS OFENDEU SEUS PRÓPRIOS FAMILIARES
Até mesmo os de sua própria casa foram ofendidos por Jesus. Não gostavam
nada da pressão
que estava sobre
eles por causa das coisas que Jesus fazia. Era difícil para eles acreditar
que Ele estava se comportando dessa forma. Veja:
E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender,porque diziam: Está fora de si. [...] Nisto, chegaram sua mãe seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua procura. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, correndo com o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã (Mc 3:21; 31-35).
Sua própria família achava que Ele estava fora de si. Note que a Bíblia diz que a família de Jesus saiu para prendê-lo. Marcos identifica esses parentes como a própria mãe de Jesus e seus irmãos, que tarde o encontraram pregando na casa de alguém. Até mesmo o Evangelho de João diz: "Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele" (Jo 7:5)
Muitos não percebem que Jesus foi rejeitado por aqueles que eram íntimos. Mas não buscava a aceitação de sua família. Não deixaria se controlar pelo
desejo
deles. Cumpriria
o plano de seu Pai, sem se importar se aprovariam ou não.
Vi muitas pessoas,
principalmente casais, que não seguem a Jesus por medo de ofender
seus parceiros ou familiares.
Como resultado, desistem ou nunca alcançam o
completo potencial de seu chamado.
Quando nasci de novo, todos os meus familiares eram católicos
e não se alegraram com a minha nova fé.
Minha mãe, principalmente ficou muito chateada
com minha decisão
de largar a igreja onde ela me havia criado.
Certamente, há muitos católicos preciosos que amam a Deus, mas eu sabia que Deus estava me chamando.
Um outro golpe aconteceu quando tomei a decisão de seguir ministério. Tinha acabado de me formar em Engenharia Mecânica na Universidade
Purdue, e meus pais tinham grandes
sonhos para mim. Conhecia o desejo do Senhor para minha vida e sabia que ofenderia aqueles que me eram mais íntimos. Passei anos
difíceis por causa disso. Houve muito
mal-entendido. Mas decidi que não importava o
quanto estavam chateados: eu seguiria Jesus.
No início, tentava atropelá-los com o Evangelho. Eu lhes disse que não podiam ser salvos só porque
freqüentavam a missa. Não me estavam
agüentando mais. Eu não fui sábio. Então, Deus me instruiu
a levar uma vida cristã digna e deixá-los ver minhas boas obras. Mesmo assim, não fui comprometido para agradar-lhes.
Hoje, meus pais me apóiam,
e meu avô, que mais lutou contra mim, se converteu
nos seus gloriosos
oitenta e nove anos, dois dias antes
de sua morte.
A mãe e os irmãos
de Jesus talvez
tenham achado que Ele estava
fora de si. Mas, por causa da sua obediência ao Pai, todos foram
salvos no dia de Pentecostes. Tiago, meio irmão
de Jesus, tornou-se um dos apóstolos líderes da igreja em Jerusalém.
Se comprometemos o que Deus nos ordena para agradar aos nossos familiares, perdemos o azeite de nossa vida e os impedimos de serem libertos.
JESUS OFENDEU OS PRÓPRIOS COMPANHEIROS DE TRABALHO
No capítulo anterior, discutimos em detalhes o ponto de vista dos discípulos quando Jesus os
ofendeu. Vamos fazer uma breve revisão e através da perspectiva de Jesus.
Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou- os: Isto vos escandaliza?[...] À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. (Jo 6:60, 61, 66 - Destaque acrescido).
As coisas já estavam difíceis. Os líderes religiosos tramavam sua morte. Sua própria terra o rejeitou. Sua família achava que Ele estava fora de si. Seus próprios companheiros saíram ofendidos. Mesmo assim, Jesus não foi conivente. Apenas lhes disse que, se quisessem, poderiam ir a embora.
A única coisa que importava
para Jesus era seguir o plano
do Pai. Se tivesse sido totalmente abandonado naquele dia, ainda assim, não teria mudado seu coração. Estava determinado a obedecer ao seu Pai.
JESUS OFENDEU ALGUNS DE SEUS AMIGOS MAIS CHEGADOS
Estava enfermo Lázaro,
de Betânia, da aldeia de Maria e de sua irmã Marta. Esta Maria, cujo irmão Lázaro
estava enfermo, era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor
e lhe enxugou os pés com os seus cabelos. Mandaram, pois, as irmãs de
Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas. (Jo 11:1-3).
Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Eram bem chegados, Jesus passava muito tempo com eles. Note sua resposta quando chega a notícia que Lázaro estava muito doente:
Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava (Jo 11:6).
Jesus sabia, através de revelação, que a doença de Lázaro o levaria à morte. Era uma situação crítica. Mas continuou onde estava por dois dias. Quando, finalmente, chegou a Betânia, Lázaro já estava morto.
Marta e Maria lhe disseram: "Se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão" (Jo 11:21, 32). Em
outras palavras, "Por que não
veio imediatamente? Você poderia
tê-lo salvado!"
Muito provavelmente, ambas
ficaram
um
pouco ofendidas, enviaram um mensageiro até Jesus, mas Ele se demorou por mais dois dias. Jesus não reagiu como esperavam. Não largou tudo;
em vez disso,
seguiu a direção do Espírito
Santo. Assim era melhor para todos. Naquele
momento, porém, parecia
que Jesus estava
apático, como se não se importasse.
Muito freqüentemente, os ministros
são
controlados pelas pessoas. Acham que
devem
fazer
tudo
o
que
lhes pedem.
Um membro do conselho de uma igreja cheia do Espírito que havia perdido seu pastor me disse:
"Queremos um pastor que
preencha nossas necessidades, um que venha a minha casa às oito horas da manhã para tomar café".
Eu pensei: "Você encontrará um homem social que poderá controlar, mas não um controlado pelo Espírito". Fiquei sabendo, depois, que essa igreja já
havia tido quatro pastores num período de um ano meio.
Quando era pastor de jovens, um rapaz veio até mim, quando tinha seis meses de ministério. Ele
me perguntou: "Você será meu
companheiro? Meu pastor de jovens anterior era meu companheiro".
O pastor de jovens anterior a mim era uma pessoa muito sociável
com eles. Tinham várias atividades diferentes. Eu sabia o que ele estava pedindo. Era
basicamente o que os membros do conselho queriam de seu pastor.
Citei Mateus 10:41 para ele, onde Jesus disse: "Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá
o galardão de justo".
— Você
tem vários companheiros, não tem? — eu lhe perguntei.
— Sim — ele respondeu.
— Mas você só tem um pastor
de jovens, correto?
— Sim.
— Você
quer um galardão de pastor ou de companheiro?
Porque a forma como você me receber determinará o que você
receberá de Deus.
Ele compreendeu meu argumento: "Eu
quero o galardão
de pastor".
Muitos pastores temem que se não preencherem as expectativas dos
outros ferirão os sentimentos e perderão o apoio.
Estão presos pelo medo de ofender as
pessoas. São controlados por seu próprio
povo, não por Deus. Como resultado,
muito pouco dos valores eternos é alcançado nas suas igrejas ou congregações.
JESUS OFENDEU JOÃO BATISTA
Até mesmo João Batista teve que lidar com a tentação de se sentir ofendido por Jesus.
Todas estas coisas foram referidas a João pelos seus discípulos. E João, chamando dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? (Lc 7:18-20)
Espere um instante. Por que João pergunta a Jesus se Ele era o Messias? João foi o que preparou seu caminho: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1:29) Foi ele quem disse: “Esse é o que batiza com o Espírito Santo" (1:33). E também: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (3:30). João era o único que sabia naquela época, quem era Jesus (ainda não havia sido revelado a Simão Pedro).
Por que está perguntando: "É
Jesus o Messias,
ou havemos de esperar outro?"
Coloque-se no lugar dele. Você era o homem-chave no que estava fazendo.
Ministrou para multidões. Tinha o ministério mais falado da nação. Negou sua
própria vida. Nem mesmo se casou para maximizar o potencial completo
de seu chamado. Você morou no deserto, comeu gafanhotos e mel, e também jejuou bastante. Lutou contra fariseus e foi acusado de estar endemoninhado. Sua vida
toda foi para preparar o caminho do Messias. Agora, você está na prisão. Já ficou encarcerado por várias vezes. Poucos o visitam porque a atenção está voltada para Jesus
de Nazaré. Até mesmo seus próprios discípulos se juntaram àquele
Homem. Poucos lhe servem agora. Quando vêm visitá-lo, trazem histórias de como esse Homem e seus
discípulos vivem uma vida muito
diferente da sua. Comem e bebem com coletores
de impostos e
pecadores. Desobedecem ao Sabbath e não jejuam.
Você se pergunta: "Eu vi o Espírito
descer como uma pomba sobre Ele, mas este é o
comportamento
de
um Messias?"
A tentação de se sentir
ofendido cresce à
medida que você fica mais tempo na
prisão. "Esse homem,
por quem passei a vida preparando o caminho, nem se dignou
a me visitar na prisão!
Como pode uma coisa dessa? Se Ele é o Messias, por que não me tira da prisão?
Não fiz nada
de errado."
Então, você envia dois de seus fiéis discípulos para questionar Jesus: "Tu és aquele que estava para vir, ou havemos de esperar outro?”
Vejamos a resposta
de Jesus a João:
Naquela mesma hora, curou Jesus muitos de moléstias, e de flagelos, e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos. Então, Jesus respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anunciasse-lhes o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim tropeço (Lc 7:21-23 - Destaque acrescido).
A resposta de Jesus era profética. Ele cita Isaías, um livro conhecido por João. As passagens de Isaías 29:18, 35:4-
6 e 61:1 se aplicam
a tudo o que os
discípulos de João tinham observado enquanto esperavam para questionar Jesus.
Eles eram testemunhas dele como Messias.
Mas ele não termina por aqui. Acrescenta: "E bem- aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço".
Estava dizendo: "João, eu sei que você não compreende tudo o que está acontecendo com você e
com muitos de meus métodos, mas não se sinta ofendido
por mim porque não faço o que você espera". Ele clamava que
João não julgasse
com seu próprio entendimento sobre os métodos
de Deus usados no
passado e sua própria vida e ministério. João não tinha a imagem completa ou o plano de Deus, assim como nós não conhecemos a sua imagem completa hoje. Jesus o estava encorajando dizendo: "Você fez o que lhe foi ordenado. Seu galardão será grande. Não se ofenda por minha causa!"
Ofensa sem desculpa
Mesmo quando somos treinados nos métodos de Deus, como João o foi, ainda temos a possibilidade de nos sentirmos ofendidos por Jesus.
Se
verdadeiramente
o amamos e cremos nele lutaremos para ficar
livres da ofensa, percebendo que seus caminhos
são superiores aos nossos.
Da mesma forma, se vamos obedecer ao Espírito Santo, algumas pessoas ficarão ofendidas conosco.
Jesus disse em João 3:8: "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, assim é todo o que é nascido do Espírito".
Alguns não entendem
quando somos movidos pelo
Espírito. Não permita que essa resposta negativa o impeça de fazer o que sabe no seu coração
que é verdadeiro. Não estanque o fluir
do
Espírito
por
causa
de
desejos
dos homens.
Pedro resume muito bem:
Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus (1 Pe 4:1, 2).
Quando vivemos para a vontade
de Deus, não correspondemos aos desejos dos homens. Como resultado, sofreremos na carne. Jesus sofreu sua maior oposição
dos líderes religiosos. Os religiosos crêem que Deus
opera apenas de acordo com seus parâmetros. Acreditam
que são os únicos que estão
"ligados" a Deus. Se o Mestre ofendeu os religiosos conforme
era guiado pelo Espírito há
dois mil anos,
aqueles que o seguem obviamente os ofenderão.
A perseguição do apóstolo Paulo é um bom exemplo.
Algumas pessoas da Galácia erroneamente
ouviram que Paulo havia comprometido o Evangelho da cruz por se aproximar
de líderes religiosos
que
disseram
que
a circuncisão era necessária para a salvação. Mas Paulo colocou-os em seu devido lugar.
"Olhem para mim", ele disse. "Estou sendo perseguido de todos os lados pelos líderes religiosos. Será que fariam
isso se eu estivesse pregando a circuncisão? O fato de a cruz ser o único meio de salvação ofende as pessoas,
mas é verdade, e não adianta que não prego coisa!" (Veja Gl 5:11)
Se alguém desafia
a verdade do Evangelho, é hora de sermos ofensivos
sem pedir desculpas.
Devemos determinar em nosso coração
que iremos obedecer
ao Espírito de Deus
sem nos importarmos com o preço. Dessa forma,
não teremos de fazer uma opção sob pressão, porque
já teremos escolhido.