domingo, 20 de junho de 2021

A isca de satanás 09 - A rocha da ofensa


Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros portanto, os que credes, é  a preciosidade;  mas,  para os  descrentes,  a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço  e  rocha de  ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos (1 Pe 2:6-8).

Hoje o significado da palavra acreditar  perdeu  a  força. Para muitos ela se tornou um mero reconhecimento  de  um certo fato. Para outros, não tem nada a  ver  com  obediência. Mas, no texto acima, as palavras acreditar e desobediente são apresentadas como opostas.

A Bíblia nos exorta "que todo o que nele  (Jesus Cristo) crê não perecerá, mas terá a vida eterna" (Jo 3:16). Como resultado da forma como vimos a palavra acreditar, muitos acham que basta acreditar que Jesus existiu e morreu no Calvário que estão acertados com Deus. Se esse fosse o único requisito, os demônios também estariam acertados  com Deus. A Bíblia diz também: "Crês, tu, que Deus é um só?


Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem" (Tg 2:19 – Grifo acrescido).

A palavra acreditar possui mais significado na Bíblia do que reconhecer a existência ou simplesmente consentir mentalmente um fato. Se formos fiéis ao contexto do versículo acima, podemos dizer que o elemento principal de acreditar é a obediência. Poderemos lê-lo desta maneira: "Para vós outros, que obedecem, é a preciosidade; mas, para os desobedientes, a pedra que os  construtores  rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra, angular  e:  Pedra de tropeço e rocha de ofensa".

Não é difícil obedecer quando conhecemos o caráter e amamos aquele a quem nos submetemos. O amor é a base do nosso relacionamento com o Senhor  -  não  o  amor  de princípios  ou  ensinamentos,  mas  o  amor  pela  Pessoa  de Jesus Cristo. Se este amor não estiver bem firmado, seremos suscetíveis aos tropeços e às ofensas.

Os israelitas, a quem o Senhor chamou de construtores, rejeitaram a pedra principal: Jesus. Eles amavam seus ensinamentos do Antigo Testamento. Estavam satisfeitos com suas interpretações porque podiam usá-las para seu próprio benefício e para controlar os outros. Jesus desafiou o legalismo que lhes era tão precioso. Jesus argumentou com eles: "Examinais as Escrituras, porque  julgais  ter  nelas  a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim" (Jo 5:39). Não eram capazes de compreender que Deus, desde o princípio, desejou filhos e filhas com quem pudesse ter um relacionamento. Eles queriam governar e reinar. A lei falou mais alto do que o relacionamento. Rejeitaram o que foi dado livremente. Talvez preferissem ter conquistado. Dessa forma, a dádiva de Deus, Jesus Cristo, a esperança  de  vida  e salvação eles, tornou-se "pedra de tropeço e rocha de ofensa".

Simeão profetizou quando tomou o bebê Jesus em seus braços no templo: "Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel" (Lc 2:34). Note a ruína e o levantamento. Aquele que foi dado


para trazer paz ao mundo acabou a trazendo a espada da divisão àqueles a quem foi enviado (Mt 10.34) e vida para os vitimados pelos construtores (os ministros daquela época).

 Jesus e as ofensas

Na escola dominical, Jesus é geralmente apresentado como o pastor carregando a ovelha perdida em seus ombros de volta ao aprisco. Ou talvez abraçado com as crianças dizendo: "Eu amo vocês". Verdadeiro, mas não a imagem completa.

Este mesmo Jesus atacou os fariseus por causa de sua justiça própria: “Serpentes, raças de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?"(Mt 23:33) Virou a mesa dos mercadores do templo e os expulsou (Jo 2:13-22). Disse ao homem que queria enterrar seu pai antes segui-lo: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, tu, vai e prega o reino de Deus" (Lc 9:59, 60). A lista não termina por aqui também.

Uma análise mais detalhada do ministério de  Jesus revela um Homem que ofendeu muitos durante seu ministério. Vejamos alguns exemplos.

 JESUS OFENDEU OS FARISEUS

Em várias ocasiões Jesus confrontou e ofendeu esses líderes. Porque foram ofendidos, eles o mandaram para  a cruz. Eles o odiavam. Mas Jesus os amava o suficiente para falar a verdade: "Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mt 15:7, 8). Essa afirmação os ofendeu. Note o que os discípulos de Jesus lhe perguntaram imediatamente após a afirmação:


Então, aproximando-se dele os discípulos, disseram: Sabes que os fariseus, ouvindo a tua palavra, se escandalizaram? (Mt 15:12 - Destaque acrescido)

 Analise a resposta:

 Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Deixai-os;  são  cegos,  guias   de   cegos.  Ora, se um cego guiar o rego, cairão ambos no barranco (Mt 15:13, 14).

 Jesus mostrou que as ofensas iam, na realidade, eliminar aqueles que não são realmente  plantados por seu Pai. Algumas pessoas podem fazer parte de uma igreja ou ministério e não serem enviadas por Deus ou não serem de Deus. A ofensa que vem quando a verdade é pregada, revela seus reais motivos e causam a eliminação deles.

Quando visito outras igrejas,  testemunho muitos casos de pastores que sofrem com a perda de pessoas que foram embora, tanto funcionários como membros. Na maior parte dos casos, as pessoas ficaram chateadas por causa da verdade que foi pregada e que confrontaram com o estilo de vida delas. Então, tornam-se críticos de todos os aspectos da igreja e vão embora.

Para que os pastores agradem a todos, têm  de comprometer a  verdade.  Eu  lhes  digo:  se  pregamos  a verdade, ofenderemos as pessoas e elas irão embora. Não lamente pelas  que  foram,  mas  continue  alimentar  as  que Deus enviou.

Alguns líderes evitam o confronto, por medo de perder as pessoas. Alguns são especialmente hesitantes porque aqueles a quem precisam confrontar dão grandes ofertas ou são de grande influência na igreja ou comunidade. Outros temem magoar os sentimentos de alguém que os acompanha muito tempo. Como resultado disso, o pastor perde a


autoridade dada por Deus  para  proteger  e  alimentar  o rebanho confiado a ele.

Quando iniciei o pastorado, um homem sábio me alertou: "Agarre a sua autoridade, ou alguém vai tirá-la e usá-la contra você".

Samuel era um homem de Deus que não comprometia a verdade por ninguém, nem mesmo pelo rei. Quando Saul desobedeceu a Deus, o Senhor disse  a  Samuel  para confrontá-lo. Assim ele fez. Infelizmente Saul não reagiu à palavra do Senhor com arrependimento genuíno. Estava mais preocupado com o que os outros iam achar  dele.  Quando Samuel ia saindo, se agarrou ao seu manto, rasgando uma beirada dele. Samuel acabou com ele com estas palavras: "O Senhor rasgou, hoje de ti o reino de Israel" (1 Sm 15:28).

Não era isso que Samuel queria para Saul. Ele  se entristeceu por Saul. Havia ungido Saul como  rei.  Treinou-o para governar e presidiu  sua  coroação.  Era  amigo  pessoal dele. Mas ouça como Deus reagiu à tristeza de Samuel: "Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei” (1ª Sm 16:1 - Grifo acrescido).

Deus estava dizendo que, para  Samuel  continuar  a andar na unção, teria de  perceber que o amor e julgamento de Deus eram perfeitos. Se Samuel voltasse a Saul após Deus tê-lo rejeitado, não teria mais azeite. Se continuasse de luto, não iria a lugar algum.

Os pastores que têm pena e choram a saída de algumas pessoas da igreja ou se recusam a confrontar os membros porque são seus amigos acabam ficando sem azeite em sua vida. Alguns ministérios perecem, enquanto outros simplesmente fingem estar vivos. Sem saber, optam pelo relacionamento com os homens, em detrimento do relacionamento com Deus.


A Bíblia não registra que Jesus reagiu aos homens que o abandonaram. Seu maior prazer era fazer a vontade do seu Pai. Fazendo isso, beneficiaria um número maior de pessoas.

Nunca me esquecerei  de  quando  estava  pregando  em uma denominação cheia do Espírito. Estávamos juntos havia quase um ano. O primeiro domingo pela manhã preguei uma mensagem bastante simples de arrependimento e volta ao primeiro amor.  Senti  uma  certa  oposição,  mas  sabia  que  era a mensagem que deveria pregar.

Após o culto, o pastor me disse: "Deus me revelou o que você pregou esta manhã, mas acho que  meu  rebanho  não estava pronto para isso". Minha esposa sentiu que o Espírito Santo a incomodava a perguntar: "Quem é o pastor da igreja: você ou Jesus?"

O pastor abaixou a cabeça: "O Senhor me disse exatamente isso um mês atrás. Ele me falou que sabia o que essas pessoas podiam agüentar”. Ele nos falou que, pelo menos um terço de sua igreja era composta de pessoas da "velha guarda", que não queriam mudanças na ordem do culto, música ou pregação. Nós o encorajamos a ser forte e a obedecer ao Senhor.

Pregamos mais quatro vezes naquela igreja; cada uma era mais difícil que a outra. Quando fomos embora da cidade, sentia como se tivesse um saco de areia no estômago. Não conseguia compreender. Sentia-me cada vez mais pesado e desconfortável. Geralmente, quando saio de uma igreja a alegria toma conta do meu coração. Não sabia o que estava errado.

Quando, finalmente, fiquei a sós com o Senhor, perguntei-lhe “Pai, o que fiz de errado? Por  que  tenho  este fardo pesado no meu espírito?  Será que usurpei  a  autoridade do pastor?" Ele simplesmente me disse: "Sacudi  o  pó  dos vossos pés" (Veja Lc 9:5).


Fiquei chocado ao ouvi-lo dizer isso. Continuei orando e questionando, e ouvi as mesmas palavras: "Sacode o pó de vossos pés."

Finalmente, obedeci. Quando minhas mãos acabaram de limpar a sola do segundo sapato, o peso saiu e a  alegria entrou no meu coração. Disse maravilhado: "Senhor, eles não me atacaram ou nem chutaram fora da cidade. Por quê?"

Ele me mostrou que a liderança e muitas pessoas haviam rejeitado sua Palavra.

"Dê-lhes mais tempo", pedi.

"Se desse mais cinqüenta anos, eles não mudariam. estão decididos em seu coração."

Eu sabia que o líder resolveu optar por manter a paz, comprometendo a obediência a Deus. Ele tinha a forma e não a substância. Em outras palavras:  ele  tinha  a  aparência  de estar cheio do espírito e, mesmo assim, faltava-lhe poder ou presença de Deus. Mais tarde ouvi que ele havia  pedido demissão do cargo de pastor e que a igreja se diluiu.

Jesus não era controlado pelas pessoas. Ele falava a verdade, mesmo que isso significasse um confronto e uma grande ofensa. Se queremos a aprovação dos  homens,  a unção de Deus não nos pode encher. Devemos ter o propósito em nosso coração de falar a Palavra de Deus e desempenhar sua vontade, até mesmo correndo o risco de ofender os outros.

 JESUS OFENDEU AS PESSOAS DE SUA TERRA

Jesus foi a sua terra para ministrar. Mas não foi capaz de levar a libertação e cura que havia trazido  a  muitos outros. Veja o que aconteceu:


“E diziam: Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos,  Tiago,  José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa” (Mt 13:55-57 - Destaque acrescido).

 Será que você consegue ouvir os homens e as mulheres de Nazaré dizendo: "Quem Ele pensa que é nos ensinando com autoridade? Sabemos quem Ele é. Ele cresceu aqui. Nós somos mais importantes aqui. Ele é apenas o filho de um carpinteiro. Não teve nenhum treinamento formal".

Mais uma vez, Jesus não comprometeu a verdade para evitar que eles se ofendessem. O povo da cidade ficou com tanta raiva que tentou matá-lo empurrando-o até um barranco (Lc 4:28-30). Mesmo quando sua vida estava em perigo, continuou a falar a verdade. Como  precisamos  de mais homens e mulheres como Ele atualmente!

 JESUS OFENDEU SEUS PRÓPRIOS FAMILIARES

Até mesmo os de sua própria casa foram ofendidos por Jesus. Não gostavam nada da  pressão  que  estava  sobre  eles por causa das coisas que Jesus fazia. Era difícil para eles acreditar que Ele estava se comportando dessa forma. Veja:

 E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender,porque diziam: Está fora de  si.  [...] Nisto, chegaram sua mãe seus irmãos e,  tendo  ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Muita gente estava assentada ao redor  dele e lhe disseram:  Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão fora à tua procura. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, correndo com o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã (Mc 3:21; 31-35).

 Sua própria família achava que Ele estava fora  de  si. Note que a Bíblia diz que a família de Jesus saiu para prendê-lo. Marcos identifica esses parentes como a própria mãe de Jesus e seus irmãos, que tarde o encontraram pregando na casa de alguém. Até mesmo  o  Evangelho  de João diz: "Pois nem mesmo os seus irmãos criam  nele" (Jo 7:5)

Muitos não percebem que Jesus foi rejeitado por aqueles que eram íntimos.  Mas  não  buscava  a  aceitação  de  sua família.  Não  deixaria  se  controlar  pelo  desejo  deles. Cumpriria o plano de seu Pai, sem se importar se aprovariam ou não.

Vi muitas pessoas, principalmente casais, que não seguem a Jesus por medo de ofender seus parceiros ou familiares. Como resultado, desistem ou nunca alcançam o completo potencial de seu chamado.

Quando nasci de novo, todos os meus familiares eram católicos e não se alegraram com a minha nova  fé.  Minha mãe, principalmente ficou muito chateada com minha decisão de largar a igreja onde ela me havia criado. Certamente, há muitos católicos preciosos que amam a Deus, mas eu sabia que Deus estava me chamando.

Um outro golpe aconteceu quando tomei a decisão de seguir ministério. Tinha acabado de me formar em Engenharia Mecânica na Universidade Purdue, e meus pais tinham grandes sonhos para mim. Conhecia o desejo do Senhor para minha vida e sabia que ofenderia aqueles que me eram mais íntimos. Passei anos difíceis por causa disso. Houve muito mal-entendido. Mas decidi que não importava o quanto estavam chateados: eu seguiria Jesus.


No início, tentava atropelá-los com o Evangelho. Eu lhes disse que não podiam ser salvos só porque freqüentavam a missa. Não me estavam agüentando mais. Eu não fui sábio. Então, Deus me instruiu a levar uma vida cristã digna e deixá-los ver minhas boas obras. Mesmo assim, não fui comprometido para agradar-lhes.

Hoje, meus pais me apóiam, e meu avô, que mais lutou contra mim, se converteu nos seus gloriosos oitenta  e  nove anos, dois dias antes de sua morte.

A mãe e os irmãos de Jesus talvez tenham achado que Ele estava fora de si. Mas, por causa da sua obediência ao Pai, todos foram salvos no dia de Pentecostes. Tiago, meio irmão de Jesus, tornou-se um dos apóstolos líderes da igreja em Jerusalém.

Se comprometemos o que Deus nos ordena para agradar aos nossos familiares, perdemos o azeite de nossa vida e os impedimos de serem libertos.

 JESUS OFENDEU OS PRÓPRIOS COMPANHEIROS DE TRABALHO

No capítulo anterior, discutimos em detalhes o ponto de vista dos discípulos quando  Jesus  os  ofendeu.  Vamos  fazer uma breve revisão e através da perspectiva de Jesus.

 Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou- os: Isto  vos  escandaliza?[...]  À  vista  disso,  muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com  ele.  (Jo  6:60, 61, 66  -  Destaque  acrescido).

As coisas estavam difíceis. Os líderes religiosos tramavam sua morte. Sua própria terra o rejeitou. Sua família achava que Ele estava fora de si. Seus próprios companheiros saíram ofendidos. Mesmo assim, Jesus não foi conivente. Apenas lhes disse que, se quisessem, poderiam ir a embora.

A única coisa que importava para Jesus era seguir  o plano do Pai. Se tivesse sido totalmente abandonado naquele dia, ainda assim, não teria mudado seu coração. Estava determinado a obedecer ao seu Pai.

 JESUS OFENDEU ALGUNS DE SEUS AMIGOS MAIS CHEGADOS

Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia  de Maria e de sua irmã Marta. Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo, era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor e lhe enxugou os pés com os seus cabelos. Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus:  Senhor,  está  enfermo  aquele  a  quem  amas.  (Jo 11:1-3).

 Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Eram bem chegados, Jesus passava muito tempo com eles. Note sua resposta quando chega a notícia que Lázaro estava muito doente:

 Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se  demorou  dois  dias  no lugar  onde  estava (Jo  11:6).

 Jesus sabia, através de revelação, que a  doença  de Lázaro o levaria à morte. Era uma situação crítica. Mas continuou onde estava por dois dias. Quando, finalmente, chegou a Betânia, Lázaro estava morto.

Marta e Maria lhe disseram: "Se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão" (Jo 11:21, 32). Em outras palavras, "Por que não veio imediatamente? Você poderia tê-lo salvado!"


Muito provavelmente,  ambas  ficaram  um  pouco ofendidas, enviaram um mensageiro até Jesus, mas Ele se demorou por mais dois  dias.  Jesus  não  reagiu  como esperavam. Não largou tudo;  em  vez  disso,  seguiu  a  direção do Espírito Santo. Assim era melhor para todos. Naquele momento, porém, parecia que Jesus estava  apático,  como  se não se importasse.

Muito freqüentemente,  os  ministros  são  controlados pelas pessoas. Acham que  devem  fazer  tudo  o  que  lhes pedem.

Um membro do conselho de uma igreja cheia do Espírito que havia perdido seu pastor me disse: "Queremos um pastor que preencha nossas necessidades, um que venha a minha casa às oito horas da manhã para tomar café".

Eu pensei: "Você encontrará um homem social que poderá controlar, mas não um controlado pelo Espírito". Fiquei sabendo, depois, que essa igreja já havia tido quatro pastores num período de um ano meio.

Quando era pastor de jovens, um rapaz veio até mim, quando tinha seis meses de ministério. Ele me perguntou: "Você será meu companheiro? Meu pastor de jovens anterior era meu companheiro".

O pastor de jovens anterior a mim era uma pessoa muito sociável com eles. Tinham várias atividades diferentes. Eu sabia o que ele estava pedindo. Era basicamente o que os membros do conselho queriam de seu pastor.

Citei Mateus 10:41 para ele, onde Jesus disse: "Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo".

    Você tem vários companheiros, não tem? — eu lhe perguntei.

   Sim ele respondeu.

   Mas você tem um pastor de jovens, correto?


   Sim.

   Você quer um galardão de pastor ou de companheiro? Porque a forma como você me receber determinará o que você receberá de Deus.

Ele compreendeu meu argumento: "Eu quero o galardão de pastor".

Muitos pastores temem que se não preencherem as expectativas dos outros ferirão os sentimentos e perderão o apoio. Estão presos pelo medo de ofender as pessoas. São controlados por seu próprio povo, não por Deus. Como resultado, muito pouco dos valores eternos é alcançado nas suas igrejas ou congregações.

 JESUS OFENDEU JOÃO BATISTA

Até mesmo João Batista teve que lidar com a tentação de se sentir ofendido por Jesus.

 Todas estas coisas foram referidas a João pelos seus discípulos. E João, chamando dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar: És  tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? (Lc 7:18-20)

 Espere um instante. Por que João pergunta a Jesus se Ele era o Messias? João foi o que preparou seu caminho: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1:29) Foi ele quem disse: “Esse é o que batiza com  o  Espírito Santo" (1:33). E também: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (3:30). João era o único que sabia naquela época, quem era Jesus (ainda não havia sido revelado a Simão Pedro).

Por que está perguntando: Jesus o Messias, ou havemos de esperar outro?"


Coloque-se no lugar dele. Você era o homem-chave no que estava fazendo. Ministrou para multidões. Tinha o ministério mais falado da nação. Negou sua própria vida. Nem mesmo se casou para maximizar o potencial completo de seu chamado. Você morou no deserto, comeu gafanhotos e mel, e também jejuou bastante. Lutou contra fariseus e foi acusado de estar endemoninhado. Sua vida toda foi para preparar o caminho do Messias. Agora, você está na prisão. ficou encarcerado por várias vezes. Poucos o visitam porque a atenção está voltada para Jesus de Nazaré. Até mesmo seus próprios discípulos se juntaram àquele Homem. Poucos lhe servem agora. Quando vêm visitá-lo, trazem histórias de como esse Homem e seus discípulos vivem uma vida muito diferente da sua. Comem e bebem com coletores de impostos e pecadores. Desobedecem ao Sabbath e não jejuam.

Você se pergunta: "Eu vi o Espírito descer como  uma pomba sobre Ele, mas este é o  comportamento  de  um Messias?"

A tentação de se sentir  ofendido  cresce  à  medida  que você fica mais tempo na  prisão.  "Esse  homem,  por  quem passei a vida preparando o caminho, nem se  dignou  a  me visitar na prisão! Como pode uma coisa dessa? Se Ele é  o Messias, por que não me tira da prisão? Não  fiz  nada  de errado."

Então, você envia dois de seus fiéis discípulos para questionar Jesus: "Tu és aquele que estava para vir, ou havemos de esperar outro?”

Vejamos a resposta de Jesus a João:

 Naquela mesma hora, curou Jesus muitos de moléstias, e de flagelos, e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos. Então, Jesus respondeu: Ide e anunciai  a João o que vistes e ouvistes: os cegos  vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anunciasse-lhes o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim tropeço (Lc 7:21-23 - Destaque acrescido).

A resposta de Jesus era profética. Ele cita  Isaías,  um livro conhecido por João. As passagens de Isaías 29:18, 35:4-

6 e 61:1 se aplicam a tudo o que os  discípulos  de  João tinham observado enquanto esperavam para questionar Jesus. Eles eram testemunhas dele como Messias.  Mas  ele não termina por aqui. Acrescenta: "E bem- aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço".

Estava dizendo: "João, eu sei que você não compreende tudo o que está acontecendo com você e com muitos de meus métodos, mas não se sinta ofendido por mim porque não faço o que você espera". Ele  clamava  que  João  não  julgasse  com seu próprio entendimento sobre os  métodos  de  Deus  usados no passado e sua própria vida e ministério. João não tinha a imagem completa ou o plano de Deus, assim como nós não conhecemos a sua imagem completa hoje. Jesus o estava encorajando dizendo: "Você fez o que lhe foi ordenado. Seu galardão será grande. Não se ofenda por minha causa!"

 Ofensa sem desculpa

Mesmo quando somos treinados nos métodos de Deus, como João o  foi,  ainda  temos  a  possibilidade  de  nos sentirmos  ofendidos  por  Jesus.  Se  verdadeiramente  o amamos e cremos nele lutaremos para ficar livres da ofensa, percebendo que seus caminhos são superiores aos nossos.

Da mesma forma, se vamos obedecer ao Espírito Santo, algumas pessoas ficarão ofendidas conosco. Jesus disse em João 3:8: "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, assim é todo o que é nascido do Espírito".


Alguns não entendem quando somos movidos  pelo Espírito. Não permita que essa resposta negativa o impeça de fazer o que sabe no seu coração que  é  verdadeiro.  Não estanque o  fluir  do  Espírito  por  causa  de  desejos  dos homens. Pedro resume muito bem:

 Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado,  para  que,  no  tempo  que  vos resta na  carne  não  vivais  de  acordo  com  as  paixões dos  homens,  mas  segundo  a  vontade  de  Deus  (1  Pe 4:1, 2).

 

Quando vivemos para a vontade de Deus, não correspondemos aos desejos dos homens. Como resultado, sofreremos na carne. Jesus sofreu sua maior oposição  dos líderes religiosos. Os religiosos crêem que Deus  opera  apenas de acordo com seus parâmetros. Acreditam que são os únicos que estão "ligados" a Deus. Se o Mestre ofendeu os religiosos conforme era guiado pelo Espírito há  dois  mil  anos,  aqueles que o seguem obviamente os ofenderão.

A perseguição do apóstolo Paulo é um bom exemplo. Algumas  pessoas  da  Galácia  erroneamente  ouviram   que Paulo havia comprometido o Evangelho da cruz por se aproximar de líderes  religiosos  que  disseram  que  a circuncisão era necessária para a salvação.  Mas  Paulo colocou-os em seu devido lugar.

"Olhem para mim", ele disse. "Estou sendo perseguido de todos os lados pelos líderes religiosos. Será que fariam isso se eu estivesse pregando a circuncisão? O fato de a cruz ser o único meio de salvação ofende as pessoas, mas é verdade, e não adianta que não prego coisa!" (Veja Gl 5:11)

Se alguém desafia a verdade do Evangelho, é hora de sermos ofensivos sem pedir  desculpas.  Devemos  determinar em nosso coração que iremos obedecer ao Espírito de Deus


sem nos importarmos com o preço. Dessa forma, não teremos de fazer uma opção sob pressão, porque teremos escolhido.