Jesus estava sentado
com seus doze apóstolos, dando graças e servindo a ceia, quando fez uma
afirmação surpreendente: "Todavia, a mão do traidor está comigo à
mesa. Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio
de quem ele está sendo traído!" (Lc 22:21, 22) Que declaração! Poderíamos
dizer hoje que Jesus "jogou uma bomba" com essas palavras.
Embora Jesus
soubesse, desde o início, que seria traído, era a primeira vez que seus
discípulos sabiam disso. Você pode imaginar que sentimento horrível pairou
naquela sala quando disse que um dos presentes que estava com Ele desde o
início, um companheiro próximo, iria traí-lo?
Em resposta,
"começaram a indagar entre si quem seria, d eles, o que estava para fazer
isto" (Lc 22:23). Ficaram chocados que um deles pudesse ser capaz de coisa
tão horrível. Mas a razão deles para essa investigação não era pura. Sabemos
disso pelo final da sua conversa. A razão do interesse deles era egoísta e
cheia de orgulho. Observe o próximo versículo:
Os discípulos
perguntaram quem seria e começaram a discutir quem dentre eles seria o maior.
Isto era uma desonra - quase como discussão de filhos sobre uma herança. Não
estavam preocupados com Jesus, mas com poder e posição. Que egoísmo
inimaginável!
Se eu fosse Jesus
naquele momento, teria perguntado se tinham ouvido o que dissera ou se até
mesmo se importavam com isso. Vimos nesse incidente um exemplo do amor e da
paciência do Mestre. Muitos de nós diríamos, se estivéssemos no lugar de Jesus:
"Todos vocês, saiam já! Estou vivendo o meu momento de maior necessidade e
só pensam em si mesmos!" Que oportunidade para se sentir ofendido!
Poderíamos quase
adivinhar quem iniciou a discussão entre os discípulos: Simão Pedro, que tinha
a personalidade mais dominante do grupo e que geralmente era o primeiro a
falar. Ele provavelmente apressou-se em lembrá-los de que foi o único que andou
sobre as águas. Ou talvez refrescou-lhes a memória dizendo como foi o primeiro
revelação de quem Jesus realmente era. Deve também ter compartilhado novamente
sua experiência no monte da transfiguração com Moisés e Elias.
Estava bem confiante de que era o maior dos doze. Mas, sua
confiança não era plantada no amor: ao contrário, era ancorada no orgulho.
Jesus olhou para todos eles e disse que estavam agindo como homens e não como filhos do reino:
Embora Simão Pedro
tenha recebido grande revelação de quem Jesus era, ainda não andava no caráter
e na humildade de Cristo. Ele estava construindo sua vida e seu ministério em
vitórias passadas e orgulho. Paulo nos exorta a sermos prudentes na
edificação do fundamento em Cristo (1 Co 3:10).
Simão Pedro não estava edificando com os materiais
necessários ao reino de Deus, mas com
determinação e autoconfiança. Embora não tivesse consciência, ainda esperava a
transformação do seu caráter. Sua referência advinha da "soberba da
vida" (1 Jo 2:16). O orgulho nunca seria forte o suficiente para
capacitá-lo a cumprir seu destino em Cristo. Se não fosse removido, poderia destruí-lo.
O orgulho era a mesma falha de caráter encontrada em Lúcifer, o querubim ungido
de Deus, causando sua queda (Ez 28:11-19).
Note que Jesus diz a
Simão Pedro: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos
peneirar como trigo!" (Lc 22:31)
O orgulho abriu as portas para o inimigo entrar e peneirar
Simão? A palavra peneirar é traduzida do grego siniazo. Significa
“peneirar, passar por uma peneira (fig.). Testar a fé através da agitação
interior ao ponto de ser destruído".
Agora, se Jesus tivesse a mesma mentalidade da maioria das
igrejas, Ele teria dito: "Vamos orar e amarrar o ataque do diabo. Não
deixaremos Satanás fazer isso com nosso querido Simão!" Mas veja o que Ele
diz:
Satanás tinha
requerido permissão para abalar Simão Pedro tão severamente que perderia sua
fé. A intenção do inimigo era destruir esse homem de grande potencial, que
tinha recebido tão grande revelação. Mas Deus tinha um propósito diferente com
esse abalo e, como sempre, está muito à frente do diabo. Permitiu ao inimigo
fazer isso para abalar o que em Simão Pedro precisava ser abalado.
Deus mostrou a minha
esposa, Lisa, cinco propósitos para abalar um objeto:
remover o que está morto;
colher o que está maduro;
despertar;
unir ou misturar para que não mais fique separado.
Pedro, audaciosamente, contrariou as palavras de Jesus:
"Senhor estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão quanto para a
morte". Essa afirmação não nasceu do Espírito, mas de sua autoconfiança.
Ele não conseguia enxergar que estava sendo abalado.
Para alguns, Pedro
foi um covarde que falava demais. Mas no jardim, quando o soldado do templo
veio prender Jesus, ele tomou sua espada e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita (Jo 18:10). Os covardes não atacam quando
os soldados inimigos estão em maior número. Concluímos, então, que ele era
forte, mas a sua força estava na sua própria personalidade, e não na humildade
de Deus, porque o processo de ser peneirado não tinha ainda começado.
Aconteceu justamente
o que Jesus predisse. O mesmo Simão Pedro ousado e forte, pronto para morrer
por Jesus, tomando a espada no jardim cheio de soldados, foi confrontado por uma
insignificante serva. Ele foi intimidado por ela e negou que conhecia Jesus.
Alguns acham que são as grandes coisas que fazem com que os
homens tropecem. Geralmente, são as
menores que mais os abalam. Isso mostra a futilidade da autoconfiança.
Pedro negou Jesus
por mais duas vezes. Imediatamente, o galo cantou e Pedro se retirou e
chorou amargamente. Ele foi abalado pela sua autoconfiança e acreditou que nunca mais se levantaria.
Tudo o que restou, embora não estivesse consciente disso, foi o que
Espírito Santo lhe revelara.
Ambos, Pedro e
Judas, entristeceram-se pelo que haviam feito. Mas Judas não tinha o mesmo
fundamento que Pedro. Porque ele nunca teve sede de conhecer Jesus; Jesus não
lhe foi revelado. Se Judas tivesse revelação de Jesus, nunca poderia tê-lo
traído. Quando uma forte tormenta atacou sua vida, tudo foi abalado e levado
pelo vento! Veja o que aconteceu:
"Deus nunca fez nada para mim!", eu os ouço dizer.
"Tentei o cristianismo, mas minha vida ficou muito pior." Ou:
"Eu orei e pedi a Deus isso e Ele não me respondeu!" Nunca renderam a
vida a Jesus, mas tentaram aliar-se a Ele para seu próprio benefício.
Serviam-no por aquilo que Jesus lhes podia dar. Eram facilmente ofendidos. Aqui
está a descrição de Jesus sobre eles:
Jesus, disse: "Ninguém tem maior amor do que este: de
dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos" (Jo 15:13). Não podemos
dar nossa vida a alguém em quem não confiamos. Não podemos dar nossa vida a
Deus a menos que o conheçamos suficientemente para termos confiança nEle. Precisamos conhecer e entender a
natureza do caráter de Deus. Precisamos ter a certeza de que Ele nunca fará
algo para nos machucar.
Ele sempre tem em
vista o que sabe que é melhor para nós. Talvez, o que para nós parece uma
decepção, será para nosso bem, se não perdermos a fé. Deus é amor; não há
nenhum egoísmo ou maldade nele. Satanás é aquele que deseja nos destruir.
Geralmente, vemos as
situações em nossa vida através de lentes de curto alcance. Isso distorce a
imagem real. Deus enxerga o aspecto eterno daquilo por que passamos. Se
enxergarmos as situações só de nossa perspectiva limitada, duas coisas podem
acontecer: primeiro, no meio do processo purificador de Deus,
seremos presa fácil à ofensa, seja ela de Deus ou de seus servos; segundo, podemos ser facilmente enganados
pelo inimigo. Satanás usará algo que pareça correto no momento, seu
grande plano é usar aquilo para a nossa destruição ou morte. Quando confiamos
em Deus, não somos tirados do cuidado do Pai. Não sucumbiremos à tentação de
cuidar de nós mesmos.
Uma forma que
Satanás usa para tentar tirar a confiança em é distorcendo nossa percepção do
seu caráter. Ele fez isso com Eva no jardim quando lhe perguntou: "É assim
que Deus disse: Não comam de toda árvore do jardim?" (Gn 3:1 -
Grifo acrescido) Ele distorceu o mandamento de Deus para atacar o seu caráter.
Deus havia dito:
"De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore
do conhecimento do bem e do mal não comerás; pois no dia em que dela comeres,
certamente morrerás" (Gn 2:16,17 - acrescidos).
Na realidade, a
essência do que a serpente estava dizendo à Eva era: "Deus está retendo
tudo o que é bom para vocês". Mas a ênfase de Deus era: "Comerás
livremente, exceto..." Deus lhes tinha dado o jardim inteiro para
aproveitar e todos os frutos para comer, com exceção de um.
A serpente distorceu
a forma como a mulher via Deus, dizendo: "Deus, realmente, não se importa
com você. O que será que ele está retendo que é bom para você? Talvez Ele não a
ame como você pensava. Não deve ser um bom Deus!" Ela foi enganada e
acreditou nas mentiras sobre o caráter de Deus. Sentiu desejo de pecar porque a
Palavra de Deus não era mais vida, e, sim, lei. E "a força do pecado é a
lei" (1 Co 15:56).
O inimigo ainda atua
dessa forma. Ele distorce o caráter do Pai aos olhos de seus filhos. Todos já
tivemos autoridade sobre nós, como pais, professores, chefes e governadores que
agiam de forma egoísta e sem amor. Pelo fato de serem figura de autoridade, é
fácil projetar a imagem dessas pessoas no caráter de Deus, por ser Ele a
autoridade máxima.
O inimigo distorceu, de forma primorosa, o caráter do Pai,
pervertendo nossa visão dos pais terrenos. Deus diz que, antes voltar, os
corações dos pais se converterão aos filhos (Ml 4:6). Seu caráter, ou natureza,
será visto nos lideres, e isso será um catalisador de cura.
Quando sabemos que Deus nunca fará nada para nos prejudicar
ou destruir, e que qualquer coisa que faça ou que não faça em nossa vida é o
melhor para nós, nos renderemos livremente a Ele. Ficaremos felizes de entregar nossa vida ao Mestre.
Se já nos entregamos
totalmente a Jesus e nosso cuidado está em suas mãos, não podemos nos sentir
ofendidos, porque não nos pertencemos. Aqueles que se sentem magoados e
decepcionados são pessoas que se chegaram a Jesus por aquilo que Ele
pode oferecer, não pelo que Ele é.
Quando temos essa atitude, somos facilmente desapontados.
Nosso egocentrismo nos faz ficar
míopes. Somos incapazes de ver nossas circunstâncias imediatas através dos
olhos da fé. Quando nossa vida foi verdadeiramente dada a Jesus, conhecemos seu
caráter e compartilhamos sua alegria. Não podemos ser abalados ou naufragados.
É fácil ficar
ofendido quando julgamos as coisas por meio de nossas circunstâncias naturais.
Não enxergamos através dos olhos do Espírito. Muitas vezes, Deus não me responde da maneira e no tempo que considero
absolutamente necessários. Mas, quando analiso cada caso, compreendo sua
sabedoria.
Vez por outra,
nossos filhos não entendem nossos métodos ou lógica por trás da disciplina.
Tentamos dar explicações a crianças mais velhas para que se beneficiem da sabedoria.
Algumas vezes eles não compreendem ou concordam, por causa da
imaturidade; mais tarde compreenderão.
Ou talvez a razão seja para testar a obediência, o amor e a sua maturidade. O
mesmo acontece com nosso Pai do céu. Nessas situações a fé diz: "Eu
confio no Senhor, mesmo que não compreenda".
Em Hebreus 11:35, 39 vemos o registro daqueles que nunca
viram o cumprimento das promessas de
Deus em sua vida, mas nunca desistiram:
Somos arraigados e alicerçados quando sentimos esse amor e
essa confiança intensos em Deus. Nenhuma tempestade, não importa qual sua
intensidade, jamais poderá mover-nos. Isso não advém de força de vontade ou
personalidade. É a graça que é para todos os que confiam em Deus, rejeitando
sua autoconfiança. Mas, para nos entregarmos sem reservas, precisamos conhecer
aquele que tem a vida.
Simão Pedro não mais
se gabava de ser o maior. Perdeu sua confiança natural. Via, muito claramente,
a futilidade de sua personalidade forte. Foi humilhado. Era agora um candidato
perfeito para a graça de Deus. Deus dá sua graça ao humilde. A humildade é
pré-requisito. Foi uma lição que queimou a consciência de Pedro quando escreveu
sua epístola: "Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos,
contudo, aos humildes concede a sua graça" (1 Pe 5:5).
Pedro foi abalado a
ponto de quase desistir. Sabemos disso através da mensagem que o anjo do Senhor
deu a Maria Madalena na tumba: "Mas ide, dizei a seus discípulos e a
Pedro que ele vai adiante de vós, para a Galiléia; lá o vereis, como ele
vos disse" (Mc 16:7 - Grifo acrescido) O anjo enfatizou seu nome, pois
Pedro estava a ponto de naufragar, Deus ainda tinha assentado um fundamento
nele. Ele não seria removido pelo abalo, e, sim, fortalecido.
Jesus não só perdoou Pedro, como o restaurou. Agora que havia
sido abalado, ele estava pronto para ser uma das figuras centrais da Igreja.
Corajosamente, proclamou a ressurreição de Cristo perante os responsáveis por
sua crucificação. Enfrentou o conselho, não uma serva insignificante. Com
grande autoridade e ousadia, se posicionou diante deles.
A história relata que Pedro foi crucificado de cabeça para
baixo após anos de fidelidade em
servir. Ele insistiu em dizer que era indigno de morrer a mesma morte do
Senhor; então, o penduraram de cabeça para baixo. Não tinha mais medo. Era uma
pedra assentada sobre uma base sólida da Rocha.
As tribulações desta
vida exporão o que está em nosso coração – mesmo que a ofensa seja contra Deus
ou contra outros. As provações nos fazem ficar amargos contra Deus e seus
companheiros ou nos fazem ficar mais fortes. Se formos aprovados, nossas raízes
ficarão mais profundas, estabilizando-nos e ao nosso futuro. Se formos
reprovados, ficamos ofendidos, o que nos leva à corrupção por amargura.
Quando eu era pastor, um jovem de quatorze anos, que era bem
respeitado por seus amigos e líderes, participava da união de jovens. Ele era
bom aluno e um grande atleta. Zeloso pelas coisas de Deus, este jovem serviu
fielmente e era voluntário em todos os projetos. Saímos em uma viagem
missionária na qual ele testemunhava para quase todos que encontrava.
Houve uma época em sua vida que passava quatro horas do dia
em oração. Deus lhe dizia várias
coisas, e ele as partilhava com os outros. O que compartilhava era sempre uma
bênção. Reconhecia o seu chamado para o ministério e queria ser pastor antes de
completar vinte anos. Parecia uma rocha inabalável.
Amava esse rapaz e
reconhecia o chamado em sua vida, e também investia meu tempo nele. Mas tinha
uma única preocupação: parecia que ele tinha muita confiança em si próprio.
Queria dizer-lhe algumas coisas, mas não fui liberado para fazê-lo. Sabia que
haveria uma mudança. Ele passou por algumas tempestades, mas mesmo assim
permaneceu forte. Algumas vezes, eu
questionava meu discernimento quando o via resistir a severas provações.
Alguns anos se passaram. Ele se mudou e eu comecei a viajar
em tempo integral. Mas ainda mantínhamos contato. Eu sabia que ele ainda passaria
por um processo no qual seria moldado. Uma vez que isso aconteceria, não fazia
idéia de que poderia ser, mas percebia que seria necessário para que o seu
futuro se concretizasse. Esse seria um processo semelhante ao da peneira pela
qual Pedro passou.
Quando esse rapaz
tinha dezoito anos, seu pai teve câncer. Ele e sua mãe jejuavam e oravam,
crendo que seu pai seria curado. Outros amigos se uniram a eles. Alguns meses
antes, seu pai tinha entregado a vida a Jesus.
A condição de seu pai piorou. Eu estava ministrando numa
cidade no Alabama quando minha esposa
telefonou, pedindo para que ligasse para esse jovem com urgência. Eu o
localizei e comprovei que precisava de alguém para encorajá-lo. Dirigi a noite
toda após aquele culto, chegando à casa dele às quatro da manhã. A situação de
seu pai era tão crítica que os médicos lhe davam apenas alguns dias de vida.
Ele nem mesmo conseguia comunicar-se.
O jovem tinha
confiança de que seu pai levantaria curado. Eu ministrei àquela família e fui
embora algumas horas mais tarde, manhã seguinte, recebemos um telefonema
dizendo que as coisas pioraram.
Lisa e eu, imediatamente, começamos a orar. Enquanto
orávamos, Deus deu a minha esposa uma visão de Jesus ao lado da cama daquele
homem, pronto para levá-lo para casa. Meia hora mais tarde o jovem telefonou
dizendo que seu pai havia morrido. Parecia que ele era o mesmo jovem forte. Mas
aquilo era só o começo.
Naquela noite, ele ligou para alguns de seus amigos mais
chegados para contar que seu pai havia morrido. Quando eles atendiam o
telefone, estavam chorando. Ele ficou imaginando como seus amigos sabiam da
notícia. Mas eles não sabiam. As lágrimas que eles davam eram por um de seus
melhores amigos que morrera num acidente de carro. Em um único dia, ele perdera
o pai e um grande amigo. Ele começou a ser abalado. Ele estava confuso,
frustrado e amortecido. A presença de Deus parecia que se havia esquivado.
Um mês mais tarde, enquanto dirigia para casa, esse jovem
deparou com um acidente que acabara de acontecer. Ele tinha treinamento em
primeiros socorros, por isso parou o carro. Todos os envolvidos no acidente
eram amigos chegados. Dois morreram em seus braços enquanto ele tentava ajudar.
Meu jovem amigo
chegou ao limite. Ele passou três horas no mato orando e clamando a Deus.
"Onde está o Senhor? O Senhor disse que seria o consolador e não tenho
nenhum consolo!" Parecia que Deus lhe havia virado as costas. Mas essa
era, de fato, a primeira vez que sua própria força falhara.
Ele ficou com raiva
de Deus. Por que Ele permitiu isso? Não estava com raiva do pastor, de sua
família ou de mim. Sua ofensa era contra Deus. Estava sendo consumido pela
frustração. Deus não se manifestara na hora de maior necessidade.
“Senhor, sou
seu servo e abandonei muitas coisas para segui-lo", orou, “Agora o Senhor me abandona?" Cria que Deus
lhe devia algumas coisas por tudo que largou para servir-lhe. Muitas pessoas
experimentaram mágoas e desapontamentos que são menos ou mais extremos. Muitos
se sentem ofendidos pelo Senhor. Crêem que Deus deve levar em
consideração tudo o que fizeram por Ele.
Estão servindo a
Deus pelas razões erradas. Não devemos servir ao Senhor por aquilo que Ele pode
fazer, mas por quem Ele é ou pelo que já fez por nós. Aqueles que ficam
ofendidos não entendem completamente a grande dívida que Ele já pagou para nos
libertar. Esqueceram de que tipo de morte foram libertos. Enxergam através de
olhos naturais, e não espirituais.
Esse jovem parou de ir à igreja e começou a andar com a turma
errada, freqüentando bares e festas. Em sua frustração, não queria ter nada a
ver com as coisas do Senhor. Queria evitar qualquer contato Deus.
Não conseguiu manter
esse estilo de vida por mais de duas semanas, porque seu coração estava
completamente convencido. Mas, mesmo assim, recusou a achegar-se ao Senhor
durante seis meses. Naquela época, os céus pareciam de bronze. A presença do
Senhor parecia não ser encontrada em nenhum lugar.
Mais de um ano se passou. Através de vários incidentes, ele
viu que Deus ainda atuava em sua vida. Achegou-se a Deus, mas viu que agora era
diferente. Veio humildemente. Após essa fase de tribulação o Senhor lhe mostrou como nunca o havia abandonado. À
medida que sua vida espiritual ia sendo restaurada, ele aprendia a colocar sua
confiança em Deus e não em sua própria força.
Continuei em contato com ele. Um ano e meio mais tarde,
contou que via coisas nele mesmo que não sabia que estavam lá. "Eu era um
homem sem caráter e superficial em meus relacionamentos. Fui criado pelo meu
pai para ser forte exteriormente, um homem de sucesso. Nunca poderia
desenvolver-me como Deus gostaria. Sou grato ao Senhor por não me ter deixado
nessa condição".
"Mas o que mais
pesava em meu coração não era correr de em bar para beber. Foi o fato de ter
dado as costas ao Espírito Santo. Minha comunhão com Ele está mais doce do que
nunca agora."
Esta vida foi muito
abalada. A autoconfiança foi eliminada. esse jovem tinha o mesmo fundamento que
Simão Pedro, e ele não poderia ser-lhe tirado. Em vez de construir sua vida e
seu ministério no orgulho, ele os está construindo na graça de Deus.
As ofensas revelam as fraquezas e os pontos de tensão em
nossas vidas. Geralmente, o ponto onde achamos que somos fortes é onde se
escondem as nossas fraquezas. Elas permanecerão escondidas até que uma violenta
tormenta sopre a capa para longe. O Apóstolo Paulo escreve. "Porque nós é
que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos
em Cristo Jesus, e não confiamos na carne " (Fp 3:3 - Destaque
acrescido).
Não
podemos fazer nada que seja de valor eterno com nossa própria habilidade. É
fácil dizer isso, mas outra coisa é ter esta verdade profundamente
arraigada em nosso ser.