Jesus havia entrado na região de Cesaréia de Filipe e
perguntou aos discípulos: "Quem diz o povo ser o Filho do Homem? (Mt
16:13) Vários discípulos discutiram, entusiasticamente, a opinião do povo sobre
Jesus. Jesus esperou até que tivessem terminado e, então, olhou para eles sem
rodeios e perguntou: "Quem dizeis que eu sou?
Tenho certeza de que houve olhares confusos e temerosos dos
discípulos que ponderavam, de queixo caído e sem fala. Subitamente, esses
homens, que estavam tão ansiosos para falar, silenciaram. Talvez nunca tivessem
feito essa pergunta para si mesmos de forma tão séria. Qualquer que fosse o
caso, perceberam que, não tinham resposta.
Jesus fez o que é sua especialidade: Ele os levou a perceber
a realidade do que sabiam e do que não sabiam. Eles viviam a partir da
especulação dos outros, em vez de cravar em seu coração quem Jesus realmente
era. Não se haviam confrontado ainda.
Simão, que recebeu de Jesus o nome de Pedro, foi o único
discípulos que pôde responder. Ele falou sem pensar: "Tu és o Cristo,
Filho do Deus vivo" (Mt 16:16). Jesus, então, respondeu dizendo:
"Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to
revelaram, mas o Pai, que está nos céus" (veja 17).
Jesus explicou a Simão Pedro qual a fonte dessa revelação.
Simão Pedro não recebeu esse conhecimento porque ouviu a opinião dos outros ou
porque foi ensinado, mas Deus a revelou a ele.
Simão Pedro estava sedento pelas coisas de Deus. Ele fazia a
maior parte das perguntas e andou sobre as águas, enquanto os outros onze o
observavam. Não era do tipo que se conformava com a opinião dos outros. Queria
ouvir diretamente da boca de Deus.
Essa revelação de Jesus não veio conscientemente, mas era um
dom, iluminado em seu coração em resposta a sua sede. Muitos viram e
testemunharam o que Simão Pedro viu e testemunhou, mas o coração deles não
estava tão sedento para conhecer a vontade de Deus como o de Pedro.
Em 1 João 2:27 está escrito:
Deus, então, disse a Simão Pedro e ao restante dos
discípulos: “sobre esta pedra [o conhecimento revelado por Deus] edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt
16:18). Veremos, claramente, que há uma pedra solidamente assentada na Palavra
de Deus que é revelada; neste caso, foi o entendimento de Pedro de que Jesus
era o filho de Deus.
Quando prego, tenho sempre dito às congregações e pessoas que
ouçam a voz de Deus por intermédio de minha voz. Algumas vezes, estamos
tão ocupados fazendo anotações que só registramos tudo o que é dito. Isto leva
a um entendimento mental das Escrituras e suas interpretações: conhecimento
intelectual.
Quando apenas possuímos conhecimento intelectual, duas coisas
podem acontecer: a) ficamos facilmente suscetíveis ao emocionalismo, b)
ficamos limitados ao nosso intelecto. Mas essa não é a pedra firmemente
assentada onde Jesus construiu sua igreja. Ele disse que ela seria fundamentada
na Palavra revelada, não em versículos memorizados.
Quando ouvimos um ministro ungido falar ou lemos um livro,
devemos procurar palavras ou expressões que explodam em nosso espírito. Esta é
a Palavra que Deus está revelando a nós. Ela transmite luz e entendimento
espiritual. Como diz o salmista, "A revelação das tuas palavras esclarece
e dá entendimento aos simples" (Sl 119:130). A sua palavra é que
entra em nosso coração, e não em nossa mente, que nos ilumina e esclarece.
Freqüentemente, o pastor pode estar falando sobre um assunto,
mas Deus está iluminando outra coisa totalmente diferente ao nosso coração. Por
outro lado, Deus pode ungir exatamente as palavras do pastor, e elas explodem
dentro de nós. De qualquer modo, ela é a revelação da Palavra de Deus para nós.
Isso é o que nos transforma de simples (sem entendimento) em pessoas maduras
(cheias de entendimento). Essa Palavra iluminada em nosso coração é o fundamento
no qual Jesus se baseou para dizer que a sua igreja seria plantada.
Jesus compara a Palavra de Deus revelada a uma rocha. A rocha
significa estabilidade e força. Lembramos a parábola das duas casas, onde uma
foi construída na rocha e a outra na areia. Quando a adversidade - perseguição,
tribulação e aflição - atacou violentamente as casas, a que estava sobre a
areia foi destruída, enquanto a que estava construída sobre a rocha permaneceu
em pé.
Algumas coisas que precisamos ouvir de Deus não são encontradas
na Bíblia. Por exemplo: quando devemos casar-nos? Onde deve trabalhar? A que
igreja devemos pertencer? A lista é longa. Precisamos ter a Palavra de Deus
revelada para que tomemos essas decisões também. Sem ela, nossas decisões
estarão assentadas em solo instável.
Aquilo que Deus revela por intermédio de seu Espírito Santo
não pode ser tirado de nós. Esse deve ser o fundamento de tudo o que fazemos.
Sem isso, seremos facilmente escandalizados pelas provações e tribulações que
nos afligem.
Mais uma vez, lembramos o que Jesus disse sobre a Palavra ser
ouvida e recebida com alegria e, mesmo assim, não ter raiz em nosso coração.
Foi recebida com alegria em nossa mente e emoção:
Quantos são como os discípulos com quem Jesus se confrontou!
Vivem baseados naquilo que os outros dizem ou pregam. As opiniões e as
afirmações dos outros são recebidas como verdade sem que o Espírito testemunhe.
Só podemos viver ou proclamar o que nos é revelado por Deus. Jesus constrói sua
igreja sobre essa verdade.
Eu tinha uma secretária que estava feliz com seu namoro com
um jovem que também trabalhava para a igreja. Eles ficavam cada vez mais
próximos. Todos viam que o relacionamento ia dar em casamento. Aliás, eles já
conversavam sobre. Um domingo à noite, o pastor titular chamou-os à frente
e disse: “Assim diz o Senhor: vocês dois se casarão".
Na manhã seguinte, minha secretária chegou andando nas
nuvens. Ela estava muito animada. Pediu-me para fazer o casamento deles e eu
disse que me sentiria honrado. Marquei um horário para aconselhá-los
Eu, porém, sentia-me incomodado. Quando chegaram ao meu
gabinete, meu espírito ficou atormentado. Eu a olhei e perguntei se ela sabia
que aquele jovem era o que Deus havia escolhido para ela. Ela respondeu com
grande entusiasmo que sim. Então, olhei para ele e perguntei: "Você crê
que é da vontade de Deus que você se case com esta moça?" Ele olhou para
mim e, de boca aberta, sacudiu a cabeça como se "Não, não tenho
certeza".
Olhei para os dois e me dirigi ao rapaz: "Não farei o
casamento Não me importo quem profetizou sobre os dois ou o que foi dito. Não
me importo quantas pessoas disseram que formam um lindo casal. Deus não revelou
sua vontade ao coração de vocês, não faz sentido continuar com esta história de
casamento.
“Se vocês se casarem sem que haja revelação de Deus sobre sua
vontade perfeita", continuei, "quando vierem as tormentas - e elas
virão - perguntará: `E se eu tivesse me casado com outra garota? Teria esses problemas?
Deveria ter tido certeza de se era a vontade de Deus. Caí numa armadilha!'.
Dessa forma, seu coração fica enfraquecido e você não terá forças para lutar
contra as adversidades que acontecerão no seu casamento. Você será um homem
inseguro em toda a sua a sua caminhada.
Eu me despedi deles e disse que não haveria motivo para nos
encontrarmos novamente. Ele estava aliviado. Ela, arrasada. As semanas foram
muito difíceis no escritório. Mas eu sabia que havia falado a verdade. Essa foi
uma provação bastante longa para ela. Se Deus realmente lhe havia falado que
aquele era seu marido, ela teria de confiar que o Senhor revelaria ao rapaz.
Ficaria livre da ofensa que sentia por mim e por Deus. Eu a aconselhei a dar um
tempo para que ele ouvisse a voz de Deus. Assim fez ela.
Três semanas se passaram e eles marcaram outro encontro
comigo. Imediatamente, senti-me contente. Desta vez, quando entraram no
gabinete, ele tinha um brilho no olhar e disse: "Sei, sem sombra de
dúvida, que esta é a mulher que Deus tem para mim!" Eles se casaram sete
meses depois.
Quando temos certeza de que Deus nos colocou num
relacionamento ou igreja, o inimigo terá muita dificuldade em nos tirar de lá.
Estamos assentados na Palavra de Deus revelada e passaremos pelos conflitos por
mais que pareçam impossíveis.
Os meus primeiros cinco anos de casamento foram muito
difíceis para mim e para minha esposa. Nós nos magoamos tanto que parecia
impossível salvar o relacionamento amoroso que tínhamos no passado. Uma única coisa
apenas nos fez ficar juntos: ambos sabíamos que Deus havia feito nosso
casamento. Dessa forma, não permitimos que o divórcio fosse uma opção. Nossa
única opção foi acreditar que Ele nos curaria e mudaria. Nós dois nos
comprometemos em seguir esse processo; sem nos importarmos com a dor que
teríamos de sofrer. Quando pensava em desistir, lembrava-me das promessas Deus
havia feito sobre o nosso casamento.
Não estava preparado para abandonar o que Deus tinha
designado e decretado para nossa união. Uma
promessa que Deus fez era a de que eu e minha esposa teríamos um ministério
juntos. Quando nos deu essa revelação, pensei: Posso facilmente ver isto.
Suas mãos estão sobre nós dois para ministério.
Em meio às tormentas conjugais, não conseguia mais enxergar
esta promessa tão claramente. Mas recusei-me a abandoná-la. A esperança natural
se foi porque as lutas e o orgulho entraram nosso casamento. Mas havia uma
semente sobrenatural de vida em meu coração. Esta promessa foi a âncora ou
fundamento nos tempos de necessidade.
Como não poderia deixar de ser, Deus não só curou nosso
relacionamento, como o fortaleceu. Superamos os conflitos através do perdão e
ainda conseguimos tirar lições deles. Agora temos um ministério conjunto.
Considero minha esposa não só como minha amante e melhor amiga, mas como a
parceira de ministério em quem mais confio. Deposito minha confiança nela mais
do que em qualquer outra pessoa.
Após passar por cinco difíceis anos, percebi que Deus via as
falhas em nossa vida - e nosso relacionamento as trouxe à tona. Fiquei
maravilhado com a sabedoria em nos juntar como marido e mulher. Antes de
conhecer Lisa, orava diligentemente pela mulher com quem iria casar-me. Esta
escolha foi a segunda mais importante de minha vida - após a obediência ao Evangelho.
Achava que, pelo fato de estar esperando em Deus pela escolha de minha
parceira, não teria problemas no casamento como as outras pessoas. Oh, como
estava enganado!
Deus escolheu para mima esposa que era o desejo do meu
coração. Mas também expôs a imaturidade egoísta que estava escondida em mim. E
havia mais ainda: fugir dos conflitos e optar pelo divórcio ou culpá-la apenas
teria soterrado minha imaturidade sob outra camada de falsa proteção chamada
ofensa. O conhecimento da Palavra de Deus para o casamento me impediu de fugir.
Preciso agora me desviar um pouco do assunto principal deste
capítulo. Alguns de vocês devem estar pensando: "Ainda não era convertido
quando me casei".
Tem o seguinte para lhe dizer:
A Palavra de Deus revelada é a rocha firme onde devemos
construir nossa vida e ministério. Inúmeras pessoas me contam que já
pertenceram a várias igrejas ou ministérios em curto espaço de tempo. Meu
coração se entristece quando vejo como são movidas pelas provações e não pela
direção de Deus. Essas pessoas se gabam apontando os erros dos outros ou dizendo
como elas, ou outras pessoas, foram maltratadas. Sentem que estão justificando
sua decisão. Mas seu raciocínio é só uma outra camada de engano que as impede
de ver a ofensa ou suas próprias falhas de caráter.
Elas descrevem o seu relacionamento ou a igreja atual como
'temporário" ou "o lugar onde Deus me quer agora". Já até mesmo
ouvi um homem dizer: "Estou apenas emprestado para esta igreja".
Fazem essa afirmação porque, se algo der errado, têm uma saída de emergência.
Não possuem fundamento para permanecer no lugar onde vão; as tempestades podem
facilmente levá-las a outro porto.
Voltando ao exemplo de Jesus quando pergunta aos discípulos
quem dizem que Ele é, podemos ver a estabilidade que advém quando e conhecemos
a vontade de Deus revelada. Veja Simão Pedro. Após falar o que o Pai revelou ao
seu coração, Jesus lhe disse: "Também eu te digo que és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela" (Mt 16:18).
Jesus mudou o nome de Simão para Pedro. Isso é muito
significativo porque o nome Simão quer dizer "ouvir"'. O nome Pedro
(do grego petros) quer dizer "pedra"'. Como resultado de ouvir
a Palavra de Deus revelada em seu coração, ele se tornou uma rocha. Uma casa
feita de pedra sobre um fundamento sólido de rocha resistirá às tempestades que
a atingem.
A palavra pedra neste versículo vem da palavra grega petra,
que significa “uma pedra grande”. Jesus estava dizendo a Simão Pedro que
agora ele era feito do mesmo material que fundamentou sua casa.
Mais tarde, Pedro escreve em sua epístola: "Também vós
mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual" (1 Pe
2:5). Uma pedra é um pedaço de rocha maior. Força, estabilidade e poder estão
na palavra de Deus revelada e nos frutos de vida da pessoa que a recebe. A
pessoa se torna forte com a força daquele que é a Palavra de Deus viva: Jesus
Cristo.
O apóstolo Paulo escreve em 1 Coríntios 3:11: "Porque
ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo”. Quando buscamos Jesus Cristo, que é a Palavra de Deus viva, Ele
será revelado a nós, e seremos firmados.
Durante os últimos dias em que Jesus andou na Terra, sua vida
e a de sua equipe de ministério se tornaram mais difíceis. Os líderes
religiosos e os judeus perseguiam Jesus, querendo matá-lo (Jo 5:16). Quando as
coisas começaram a melhorar, e o povo queria arrebatá-lo e proclamá-lo rei, Ele
se recusou e foi embora (Jo 6:15).
“Porque Ele fez isso?" Os discípulos pensaram:
"Essa era a sua grande oportunidade e a nossa também". Eles estavam
ficando incomodados. A tempestade era forte. "Nós deixamos nossa família e
emprego para seguir esse homem. Existem muitas coisas em jogo. Cremos que Ele é
o enviado. Afinal, João Batista assim o declarou e ouvimos Simão Pedro dizê-lo
em Cesaréia de Filipe. São duas testemunhas. Mas por que Ele continua irritando
os nossos líderes? Por que está cavando a própria sepultura? Por que fica
falando frases como 'Oh geração perversa e adúltera, quanto tempo mais estarei
com vocês' para nós, seus próprios discípulos?"
Esses homens estavam começando a guardar uma ofensa, pois
haviam largado tudo para segui-lo. Então, o principal aconteceu: Jesus pregou
algo que lhe parecia uma grande heresia: "Em verdade em verdade vos digo:
se não comerdes a carne do Filho do Homem beberdes o seu sangue, não tendes
vida em vós mesmos" (Jo 6:53)
"O que Ele está pregando agora?", perguntaram a si
mesmos, "Isto aí já é demais para mim!" Como se não bastasse,
Ele disse estas coisas na frente dos líderes na Sinagoga em Cafarnaum. Para seus
discípulos isto era a gota d'água!
Chegaram a um grau de ofensa tão grande que fizeram o que
muitos atualmente fazem: foram embora. Eles achavam que haviam sido enganados e
maltratados, mas não foram. Não viram a verdade, porque seus olhos estavam
fixos em seus próprios desejos.
Veja agora o que acontece com Simão Pedro quando Jesus
confronta os doze:
O que ouviu deve tê-lo confundido; mas possuía um
conhecimento que os outros não possuíam. Em Cesaréia de Filipe, Pedro teve uma revelação
de quem Jesus realmente era: "o Filho do Deus vivo" (Mt.16.16 ) Em
meio a sua luta, ele falou o que estava plantado em seu coração: “Cremos e
sabemos que Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Estas são as
palavras exatas que pronunciou em Cesaréia de Filipe. Ele era uma pedra,
firmada na rocha, que é a Palavra viva de Deus. Ele não sairia dali ofendido.
Freqüentemente, digo que lutas e tribulações localizam a
pessoa.. Em outras palavras: elas determinam onde nos encontramos espiritualmente. Elas revelam a
verdadeira condição do nosso coração. A forma como reagimos sob pressão mostra
como o verdadeiro eu reage.
Podemos ter uma
linda casa de cinco andares construída sobre a areia, decorada com as peças de
arte mais bem elaboradas. Enquanto o sol brilhar, ela se parecerá como um
exemplo de segurança e beleza.
Próximo àquela casa
poderemos ter uma casinha simples, nunca é notada, possivelmente porque não tem
atrativos comparada à linda construção. Mas está edificada sobre algo que não
podemos ver, uma rocha.
Contanto que as
tormentas não venham, a casa de cinco andares parece bem melhor. Mas, quando se
depara com uma grande tempestade, ela desaba e é destruída. Ela pode até
sobreviver a algumas chuvas, mas não a um furacão. A simples, com apenas um
andar, sobreviverá. Quanto maior a casa, pior a queda.
Algumas pessoas na
igreja são como os discípulos que se apressaram em falar em Cesaréia de Filipe,
mas só mais tarde é que serão desmascarados. Podem assemelhar-se à casa de
cinco andares, modelo de força, estabilidade e beleza. Podem passar por
tempestades de pequena e média intensidade, mas, quando passam por uma grande
tormenta, são deslocados.
Tenha certeza de que
construiu sua vida na Palavra revelada de Deus e não no que os outros dizem.
Continue buscando ao Senhor e ouvindo o seu próprio coração. Não faça ou diga
coisas só porque outros fizeram. Busque-o e firme-se naquilo que Ele iluminou
no seu coração.