quinta-feira, 10 de junho de 2021

A isca de satanás 05 - Como nascem os errantes espirituais


 O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor." Com estas palavras, Davi conteve os seus homens e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul (1 Sm 24:6, 7).

 No capítulo anterior, vimos como Davi foi maltratado por aquele ele desejava que fosse seu pai. Davi ainda tentava imaginar qual o erro: o que tinha feito para virar o coração de Saul contra ele, e como Davi o teria de volta? Davi provou sua lealdade poupando a vida de Saul, mesmo que este o estivesse perseguindo.

Davi gritou, inclinando-se e colocando o rosto na terra: "Vê e reconhece que em mim não há nem mal, nem rebeldia, que não pequei contra ti".

Davi sabia que havia demonstrado sua fidelidade a seu líder, então ficou tranqüilo. Depois, soube de uma notícia que o deixou arrasado: Saul ainda pretendia matá-lo. Mas Davi se recusou a levantar suas mãos contra aquele que tramava tirar-lhe a vida, embora Deus houvesse colocado o exército inteiro para dormir e lhe dado um companheiro que implorava para matar Saul. Davi percebeu que o sono do exército tinha outro propósito: testar seu coração.

Deus queria ver se Davi mataria para estabelecer seu reino ou permitira que Ele estabelecesse seu trono na justiça, para sempre.

 Não vingueis a vós mesmos, amados, nem dai lugar a ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que a retribuirei, diz o Senhor (Rm 12:19).

 É correto Deus vingar seus servos. É incorreto os servos de Deus se vingarem. Saul era um homem que queria vingança. Perseguiu Davi, um homem honrado, por quatorze anos e assassinou os sacerdotes e suas famílias.

Quando Davi estava ao lado de Saul, que dormia, enfrentou uma difícil prova. Ela diria se Davi ainda possuía um coração nobre de pastor ou se era inseguro como Saul. Será que permaneceria segundo o coração de Deus? Em princípio, é muito mais fácil resolver os problemas com nossas próprias mãos, em vez de descansarmos no Deus justo.

Deus testa a obediência de seus servos. Deliberadamente, colocando-nos em situações em que os padrões religiosos e sociais aparentemente justificariam nossos atos. Permite que outros, principalmente os que estão mais próximos de nós, incentivem-nos a reagir. Podemos, até, achar que estamos sendo nobres e protetores se nos vingarmos. Mas Deus não é assim. A sabedoria do mundo é carnal.

Quando penso na oportunidade que tive de expor meu líder, lembro-me de que lutei contra o pensamento de que ele poderia magoar alguém se não fosse desmascarado. Eu pensava: "Estarei apenas relatando a verdade. Se não fizer isso, nunca terá fim". Fui incentivado por outras pessoas a desmascará-lo.

Hoje, porém, sei que Deus me deu essas informações por uma razão: para me testar. Tornaria-me como o homem que tentava destruir-me? Ou permitiria que o juízo e a misericórdia de Deus alcançassem este homem caso se arrependesse?

 Como Deus pode usar lideres corruptos?

Muitos perguntam: "Por que Deus coloca pessoas sob a liderança de outros que cometem erros graves e que, até mesmo, são insensatas?"

Veja a infância de Samuel (1 Sm 2 - 5). Deus, não o diabo, foi quem colocou esse homem sob a autoridade de um sacerdote corrupto chamado Eli e de seus dois indignos filhos, Hofni e Finéias, que também eram sacerdotes. Esses homens eram terríveis. Tomavam as ofertas através de manipulação e força, e fornicavam com as mulheres que ficavam na porta do tabernáculo.

Imagine servir a um ministro que leva esse tipo de vida! Um ministro que era tão insensível ao Espírito, que acusava mulheres que estavam em oração de estarem bêbadas! Tão conivente com os erros dos filhos, que chegou até a chamá-los para serem líderes, e eles fornicavam dentro da igreja.

Muitos crentes dos nossos dias ficariam ofendidos e buscariam outras igrejas contando a todos como se livraram do modo de vida corrupto de seus ex-pastores e líderes. No meio de tanta corrupção, acho fantástico o que o jovem Samuel fez: "O jovem Samuel servia ao Senhor, perante Eli" (1 Sm 3:1). Deus parecia muito distante de toda a comunidade hebraica. A lâmpada de Deus estava prestes a se apagar no templo do Senhor. Será que Samuel foi a outro lugar de adoração? Foi aos lideres desmascarar Eli e seus filhos? Formou um comitê para destituí-los do pastorado? Não, ele servia ao Senhor! Deus colocou Samuel ali, e ele não era o responsável pelo comportamento de deles. Foi posto sob a autoridade daqueles homens não para julgá-los, mas para servir-lhes. Sabia que Eli era servo de Deus, e não seu. Estava ciente que Deus era capaz de lidar com seu próprio servo.

Filhos não corrigem pais. Mas é obrigação dos pais treinar e corrigir seus filhos. Devemos confrontar e lidar com aqueles a quem Deus nos deu para treinar. Esta é a nossa responsabilidade. Os que estão no mesmo nível que nós devem ser encorajados e exortados como irmãos. Mas neste capítulo, assim como no último, discutirei como devemos reagir à autoridade.

Samuel serviu ao ministro escolhido de Deus da melhor maneira possível, sem ser pressionado a corrigi-lo ou a julgá-lo. A única vez que Samuel proferiu palavras de correção foi quando Eli veio a Samuel e perguntou-lhe que profecia Deus havia lhe dado na noite anterior. Mesmo assim, a palavra de correção não veio de Samuel, mas de Deus. Se mais pessoas entendessem essa verdade, nossas igrejas seriam bem diferentes.

 Igrejas não são lanchonetes

Atualmente, homens e mulheres deixam suas igrejas assim que acham algo de errado na liderança. Talvez seja a forma que o pastor usa para recolher as ofertas. Talvez seja como o dinheiro é empregado. Se não gostam da pregação do pastor, vão embora da igreja. Ou ele não é muito acessível ou é muito íntimo de todos. A lista de reclamações não termina. Em vez de enfrentarem as dificuldade e ter esperança, essas pessoas correm para onde parece não haver conflito.

Vamos encarar a realidade: Jesus é o único pastor perfeito. Então, por que nós não enfrentamos as dificuldades em vez de correr delas? Quando não enfrentamos esses conflitos diretamente, há uma grande oportunidade de sairmos de lá ofendidos. Algumas vezes dizemos que nosso ministério profético não foi bem recebido. Então, vamos de igreja em igreja, procurando uma liderança impecável.

Enquanto escrevo este livro, posso dizer que só fiz parte de duas igrejas em dois diferentes Estados nos últimos quatorze anos. Já tive inúmeras oportunidades de me sentir ofendido com minha liderança (a maior parte delas, devo acrescentar, por minha própria imaturidade). Tinha chance de me tornar crítico em relação à liderança; mas sair da igreja não era a saída. Em meio a uma circunstância bem difícil, o Senhor falou comigo através de um versículo: "Esta é a forma que se deve sair da igreja":

 Saireis com alegria e em paz sereis guiados (Is 55:12 - Destaque acrescido).

 Muitos não saem dessa maneira. Acham que igrejas são como lanchonetes: podem escolher e pegar o que mais gostarem! Sentem-se livres para ficar enquanto não houver problemas. Mas isso está em total desacordo com o que a Bíblia ensina. Não é você que escolhe a qual ir. Deus é quem escolhe! A Bíblia não diz: "Deus dispôs os membros colocando cada um deles no corpo, como aprouve a cada um". Ao contrário, a Bíblia diz: "Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo como lhe aprouve" (1 Co 12:18 - Grifos acrescidos).

Lembre-se de que se você está onde Deus quer que esteja o diabo vai tentar escandalizá-lo para que saia de lá. Ele quer tirar as raízes de onde Deus nos plantou. Se puder tirá-lo de lá, isso será uma vitória para você resistir, mesmo em meio a um grande conflito, acabará com os planos do diabo.

 O perigoso engano

Freqüentei uma igreja vários anos. O pastor era um dos maiores pregadores dos Estados Unidos. Quando fui àquela igreja pela primeira fiquei de boca aberta, maravilhado com os ensinamentos bíblicos vindos daquele homem.

O tempo foi passando e, porque eu servia diretamente àquele pastor, pude ver bem de perto suas falhas. Questionei algumas de suas decisões pastorais. Comecei a criticá-lo e a julgá-lo, e dei lugar à ofensa. Quando ele pregava, não sentia inspiração ou unção. Seus ensinamentos não eram mais uma bênção para mim.

Um casal de amigos que também trabalhava na igreja parecia estar sentindo o mesmo. Deus os tirou do ministério naquela igreja e começaram seu próprio ministério em outro lugar. Nos pediram para os acompanhássemos. Sabiam das nossas lutas e nos incentivaram a seguir o nosso próprio chamado. O casal nos contava tudo o que o pastor, sua esposa e a liderança faziam de errado. Sofríamos juntos; sentíamos que não tínhamos mais esperança, que estávamos encurralados.

Eles pareciam sinceramente preocupados com nosso bem-estar. Mas nossas conversas serviam somente de mais combustível para o fogo do descontentamento e ofensa. Como está muito claro em Provérbios 26:20 "... sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda". Pode ser que o que nos disseram era um erro aos olhos de Deus, porque a situação adicionava lenha na fogueira da ofensa que havia neles e em nós.

"Sabemos que você é um homem de Deus”, disseram-me. Por isso é que está tendo esses problemas naquele lugar”. Parecia um bom argumento.

Minha esposa e eu concordamos: "É isso aí. Estamos numa situação complicada. Precisamos sair da igreja. Este pastor e sua esposa nos amam e vão nos pastorear. Os membros da igreja deles nos receberão e permitirão que continuemos o ministério que Deus nos deu".

Saímos de nossa igreja e começamos a freqüentar a desse casal, por pouco tempo. Embora tivéssemos fugido de nossos problemas, percebemos que ainda estávamos em luta. Nosso espírito não tinha alegria. Estávamos presos ao medo de nos tornarmos exatamente aquilo de que fugimos. Parecia que tudo o que fazíamos era forçado e artificial. Não conseguíamos sentir o Espírito fluir. Até mesmo nosso relacionamento com o novo pastor e sua esposa estava abalado.

Finalmente, decidimos que deveríamos voltara nossa igreja. Quando o fizemos, soubemos, no mesmo instante, que estávamos cumprindo a vontade de Deus, mesmo que parecesse que seríamos mais amados e aceitos em outro lugar.

Então, Deus me sacudiu: "John, nunca lhe disse que era para sair desta igreja. Você saiu porque se sentiu ofendido!"

Não era culpa do pastor e da sua esposa, mas nossa própria. Eles compreenderam nossa frustração e tentavam resolver os mesmos problemas no coração deles. Quando estamos fora da vontade de Deus, nunca seremos bênção ou ajuda em outra igreja. Quando estamos fora da vontade de Deus, até mesmo os bons relacionamentos são abalados. Eu e minha esposa estávamos fora da vontade dele.

As pessoas ofendidas reagem a uma situação e fazem coisas que parecem ser corretas, mesmo que não sejam inspiradas por Deus. Não somos chamados para reagir, mas, sim, para agir.

Se somos obedientes a Deus e Ele não fala conosco, é porque a resposta provavelmente é: "Fique exatamente onde está. Não faça nenhuma mudança".

Geralmente, quando nos sentimos pressionados, buscamos uma resposta de Deus. Mas se Deus nos coloca numa situação difícil é para nos refinar e fortalecer, e não para nos destruir!

Passado um mês, tive a oportunidade de encontrar-me com o pastor da minha igreja. Pedi perdão por ter sido rebelde e crítico. Ele graciosamente me perdoou. Nossa relação foi fortalecida, e a alegria voltou ao meu coração. Comecei a receber a ministração do pastor quando pregava e permaneci naquela igreja por muitos anos.

 Os plantados florescerão

A Bíblia diz no Salmo 92:13: "Plantados na Casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus" (Grifos acrescidos).

Note bem que aqueles que florescem são "plantados" na casa do Senhor. Que acontece com uma planta se a transplantarmos a cada três semanas? Muitos de vocês sabem que as raízes atrofiarão e a planta não crescerá ou prosperará. Se continuarmos transplantando-a, ela morrerá.

Miolos vão de igreja em igreja, de ministério em ministério, na tentativa de se aperfeiçoarem. Se Deus os coloca em um lugar onde não recebem reconhecimento ou encorajamento, sentem-se facilmente ofendidos. Se não concordam com o modo como as coisas são feitas, sentem-se ofendidos e vão embora. Quando saem, culpam a liderança. Não enxergam suas próprias falhas de caráter e não percebem que Deus os quer refinar e fazê-los amadurecer diante das pressões que enfrentam.

Vamos fazer uma comparação com o exemplo que Deus nos dá plantas e árvores. Quando um árvore frutífera é plantada, ela enfrentará o sol quente, as tempestades e o vento. Se uma jovem árvore pudesse falar, provavelmente diria: "Por favor, tire-me daqui! Ponha-me num lugar onde não haja calor insuportável ou tempestades!"

Se o jardineiro acatasse o pedido da árvore, ele a prejudicaria. As árvores resistem às tempestades e ao sol forte, espalhando suas raízes mais profundamente. A adversidade que sofrem são a fonte de sua grande estabilidade. A severidade dos elementos da natureza faz com que elas procurem por outra fonte de vida. Chegará o dia em que a árvore poderá enfrentar as maiores tormentas sem que sua habilidade de produzir frutos seja afetada.

Moro na Flórida, a capital cítrica. A maioria dos moradores da Flórida sabe que, quanto mais frio o inverno mais doces as laranjas se tornam. Se não fugíssemos tão prontamente das barreiras espirituais, nossas raízes teriam a chance de ficar mais profundas e fortes, e nossos frutos seriam muitos e dulcíssimos aos olhos de Deus e ao paladar de seu povo! Seríamos árvores maduras que alegrariam ao Senhor, em vez de árvores arrancadas por falta de frutos (Lc 13:6-9) Não devemos evitar aquilo que Deus envia para que amadureçamos.

O salmista Davi, inspirado pelo Espírito Santo, faz uma tremenda relação entre a ofensa, a lei de Deus e nosso crescimento espiritual. Ele escreveu no Salmo 1:1,2:

 Bem-aventurado o homem... [cujo] prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.

 No Salmo 119:165, ele fala mais sobre as pessoas que amam leis de Deus:

 Grande paz têm os que amam [ou têm prazer] a tua lei; para eles não há tropeço (Destaque acrescido).

 O versículo 3 do Salmo 1, finalmente, descreve o destino de tal pessoa:

 Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido (Destaque acrescido).

 Em outras palavras, o crente que decide ter prazer na Palavra de Deus em meio à adversidade evitará se sentir ofendido. Ele será como uma árvore cujas raízes ficam mais profundas, às quais o Espírito providencia força e alimento. O seu espírito será profundamente irrigado diretamente do poço de Deus. Isso fará com que ela amadureça, a ponto de a adversidade se tornar um catalisador de frutos. Aleluia!

Agora, podemos compreender melhor a interpretação de Jesus sobre a parábola do semeador.

 Semelhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam (Mc 4:16,17 -Destaques acrescidos).

 Quando você sai do lugar escolhido por Deus, suas raízes atrofiam. Na próxima vez, será mais fácil fugir da adversidade porque você impediu que as raízes se aprofundassem. Chegará o momento em que você não terá forças para enfrentar a adversidade ou a perseguição.

Você se torna, então, um errante espiritual, perambulando de um lugar para outro, desconfiado e temeroso de que outros irão maltratá-lo. Impedido de produzir verdadeiros frutos espirituais, você vive uma vida egocêntrica, comendo os restos dos frutos dos outros.

Veja Caim e Abel, os primeiros filhos de Adão. Caim trouxe uma oferta ao Senhor do trabalho de suas mãos, o fruto de sua videira. Esse fruto foi conseguido com seu suor. Ele teve de limpar os pedregulhos, arar e cultivar o solo. Teve de plantar, irrigar, fertilizar e proteger sua plantação. Empenhou-se bastante no seu trabalho para Deus. Foi, porém, seu próprio sacrifício, em vez da obediência aos caminhos de Deus. Isso simbolizava adoração a Deus por intermédio de sua própria habilidade e força, e não através da graça de Deus.

Por outro lado, Abel trouxe uma oferta de obediência, a primícia de seu rebanho. Não trabalhou como Caim para realizar isso, mas seu trabalho era prazeroso. Os dois irmãos devem ter ouvido como seus pais tentaram esconder sua nudez com folhas de figueira, que representavam o esforço para encobrir o pecado. Mas Deus demonstrou que o sacrifício era aceitável, cobrindo Adão e Eva com a pele de um animal inocente. Adão e Eva ignoravam que aquela era uma forma inaceitável de encobrir o seu pecado. Mas, quando Deus lhes mostrou a maneira correta, eles já não eram mais ignorantes e nem seus filhos.

Caim tentou conquistar a aprovação de Deus sem seguir seus conselhos. Deus reagiu mostrando que aceitaria todos os que vivessem sob o parâmetro da graça (o sacrifício de Abel) e rejeitaria o que estivesse sob o "conhecimento do bem e do mal" (a religiosidade de Caim). Ele instruiu a Caim que, se procedesse bem, seria aceito; mas, se não optasse pela vida, então o pecado o dominaria.

Caim se sentiu ofendido pelo Senhor. Em vez de se arrepender e fazer o que era correto, permitindo que a situação fortalecesse seu caráter, irou-se contra Abel por causa da ofensa de Deus. Ele assassinou Abel.

Deus disse a Caim:

 És agora, pois, maldito sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força; será fugitivo e errante sobre a terra (Gn 4:11, 12 - Destaques acrescidos).

 O que Caim mais temia, ser rejeitado por Deus, caiu como julgamento sobre ele. O meio pelo qual ele tentou ganhar aprovação de Deus foi amaldiçoado pela sua própria mão. Derramamento de sangue trouxe maldição. O solo não lhe daria a sua força. O fruto só nasceria com grande esforço.

Os crentes que se sentem ofendidos também interrompem a habilidade de produzir frutos. Jesus compara o coração deles com o solo, na parábola do semeador. Assim como os campos de Caim eram infrutíferos, o solo do coração ofendido também é infrutífero, porque foi envenenado pela amargura. Os ofendidos ainda podem experimentar milagres, pregações sólidas e cura na vida deles. Mas esses são dons do Espírito, e não frutos. Seremos julgados pelos nossos frutos, e não pelo dons. O dom é dado, mas o fruto é cultivado.

Perceba que Deus disse que Caim seria um fugitivo e errante como resultado de suas ações. Há inúmeros fugitivos e errantes espirituais em nossas igrejas. Quando seus dons de música, pregação, profecia, e assim por diante não são bem recebidos pela liderança, eles se mudam para outras igrejas. Eles andam errantes, carregando a ofensa, procurando uma igreja perfeita que receba seus dons e cure suas feridas.

Eles se sentem perseguidos e massacrados. Sentem-se como se fossem os Jeremias atuais. Só eles e Deus; e todos lá fora tentando pegá-los. Tornam-se não ensináveis. Sofrem do que eu chamo de complexo de perseguição: "Todos querem pegar-me". Tentam confortar-se dizendo que são santos ou profetas de Deus perseguidos. Desconfiam de todos. Isso é exatamente o que aconteceu com Caim. Veja o que ele diz:

 

Serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar, me matará (Gn 4:14 - Destaques acrescidos).

 Note que Caim sofria de complexo de perseguição: todos queriam pegá-lo! O mesmo acontece hoje em dia. As pessoas ofendidas acreditam que todos querem pegá-las. Com essa atitude, é muito difícil que enxerguem as áreas na vida deles que precisam mudar. Ela se isola e leva sua vida de forma a convidar o abuso.

O solitário busca seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria (Pv 18:1).

Deus não nos criou para vivermos de forma isolada e independente. Ele gosta quando seus filhos cuidam e nutrem uns aos outros. Sentem-se frustrado quando sentimos pena de nós mesmos, achando que a nossa alegria é responsabilidade dos outros. Quer que sejamos membros ativos da família e que busquemos nele a vida. Uma pessoa isolada busca seus próprios desejos, e não os de Deus. Não aceita conselhos, e está pronta para ser enganada.

Não estou falando de períodos em que Deus capacita e treina pessoas individualmente. Estou descrevendo aqueles que se aprisionaram. Perambulam de igreja em igreja, de relacionamento em relacionamento, e se isolam em seu próprio mundo. Pensam que todos que não concordam com eles estão errados e contra eles. Protegem-se em seu isolamento e sentem-se seguros no ambiente controlado que prepararam para si. Não precisam mais confrontar suas falhas de caráter. Em vez de enfrentar as dificuldades, tentam escapar da provação. O desenvolvimento de caráter vem só através de conflitos com outros é perdido, ao mesmo tempo recomeça o ciclo da ofensa.