quarta-feira, 9 de junho de 2021

A isca de satanás 02 - Um grande escandalo


 Neste tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 24:1a13).

Neste capítulo de Mateus, Jesus dá sinais do final dos tempos. Seus discípulos lhe perguntaram: "Qual será o sinal de tua vinda?".

Muitos concordam que estamos nos aproximando do tempo da Inda de Jesus. É inútil tentar saber o dia exato de sua volta. Apenas o Pai sabe. Mas Jesus diz que saberíamos o tempo, e é exatamente agora. Nunca antes vimos tantas profecias sendo cumpridas na Igreja, em Israel e na natureza. Dessa forma, podemos dizer, com segurança, que estamos vivendo o tempo a que Jesus se refere em Mateus 24.

Note um dos sinais de sua volta: "Muitos serão escandalizados" ao poucos, mas muitos. Primeiro, devemos perguntar: "Quem são estes muitos?” São os crentes ou a sociedade em geral? Encontramos a resposta conforme continuamos a leitura: "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos". A palavra grega para amor neste versículo é ágape. Há várias palavras gregas pana amor no Novo Testamento, mas as duas mais comuns são ágape e phileo.

Phileo define o amor que existe entre amigos. É um amor afetuoso que é condicional. Phileo diz: "Você coça minhas costas e eu as suas" ou: "Você me trata bem e eu a você".

Por outro lado, ágape é o amor que Deus derrama no coração de seus filhos. É o amor que Jesus nos dá livremente. Ele é incondicional. Não é baseado em desempenho e não é dado em troca de algo. É um amor dadivoso, mesmo quando rejeitado.

Sem Deus só podemos amar com amor egoísta - o que não pode ser dado se não for recebido ou retribuído. O amor ágape, porém, independe de resposta. Esse ágape é o amor que Jesus derramou quando perdoou na cruz. Dessa forma, os "muitos" a quem Jesus se refere são os crentes cujo ágape esfriou.

Houve um tempo em que eu fazia de tudo para demonstrar amor por uma certa pessoa. Mas me parecia que, a cada vez que tentava demonstrar, ela retribuía com críticas e aspereza. Por meses essa situação se prolongou. Um dia fiquei saturado.

Reclamei com Deus: "Já basta. Agora o Senhor precisa conversar comigo sobre isso. Toda vez que demonstro seu amor por esta pessoa ela me devolve ódio!"

O Senhor começou a falar comigo. "John, você precisa desenvolver a fé no amor de Deus!" "Que o Senhor quer dizer?" - perguntei. "O que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção". Ele explicou: "Mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos" (veja Gl 6:8, 9).

Você precisa perceber que quando semeia o amor de Deus colherá o amor de Deus. Você tem de desenvolver a fé nesta lei espiritual - mesmo que não colha do solo onde semeou, ou isso não acontece tão rápido quanto gostaria.    

O Senhor continuou: "Quando mais precisei, meu melhor amigo me abandonou. Judas me traiu, Pedro me negou e os outros tentaram salvar a própria pele. Somente João me seguiu a distância. Eu cuidei deles por três anos, alimentando-os e ensinando-os. Mesmo assim, quando morri pelos pecados do mundo lhes perdoei. Eu libero todos eles – desde o meu amigo que me abandonou até o soldado romano que me crucificou. Eles não pediram perdão, mas perdoei livremente. Eu tinha fé no amor do Pai. Eu sei disso porque havia semeado amor e então colheria amor de muitos filhos e filhas do Reino. Por causa do meu sacrifício de amor eles me amariam. Eu disse amai os vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai celestial. Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.

Porque, se amardes os que vos amam, que recompensas tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?"' (Mt 5:44-47)

 Grandes expectativas

Eu percebi que o amor que eu estava dando era semeado do espírito, e eventualmente colheria as suas sementes. Eu não sabia de onde, mas sabia que a colheita viria. Não via mais como fracasso o fato de não ser retribuído com amor. Fui liberto para amar aquela pessoa ainda mais!

Se mais crentes reconhecessem isso, desistiriam de se sentirem ofendidos. Não andamos com muita freqüência nesse tipo de amor. Andamos num amor egoísta que facilmente nos desaponta quando nossas expectativas não são preenchidas.

Se tenho expectativas em relação a certas pessoas, elas podem desapontar-me. O desapontamento será proporcional à expectativa que deposito nelas. Mas, se não tenho expectativas em relação às pessoas, qualquer coisa que eu der será uma bênção e não algo que deva ser retribuído em troca.

Preparamo-nos para ser ofendidos quando esperamos certos comportamentos daqueles com quem temos nos relacionado. Quanto mais esperamos, maior o potencial para a ofensa.

 Muros de proteção?

O irmão ofendido resiste mais que uma fortaleza; suas contendas são ferrolhos de um castelo (Pv 18:19).

Um irmão ou irmã ofendidos(as) resistem mais que uma fortaleza. As cidades fortificadas possuíam muros ao seu redor. Esses muros eram a segurança de que a cidade estaria protegida. Eles mantinham algumas pessoas e invasores fora. Todos os que entravam eram revistados. Aqueles que deviam impostos não podiam entrar até que pagassem o que deviam. Os que eram considerados uma ameaça à segurança ou saúde da cidade eram mantidos fora.

Construímos muros, quando somos feridos, para salvaguardar nosso coração e prevenir futuras feridas. Tornamo-nos seletivos, barrando a entrada de todos os que nos feriram. Selecionamos todos os que nos devem algo. Negamos-lhes o acesso até que nos paguem tudo o que devem. Abrimos nossa vida só àqueles que acreditamos estarem do nosso lado.

Freqüentemente, essas pessoas que estão "do nosso lado" estão ofendidas também. Dessa forma, em vez de ajudar, colocamos pedras adicionais em nossos muros. Sem sabermos exatamente como aconteceu, esses muros se tornam prisões. A essa altura, não apenas tomamos precaução em relação àqueles que entram, mas também, aterrorizados, não nos aventuramos a sair da fortaleza.

O crente ofendido se concentra no seu próprio interior e se torna introspectivo. Guardamos nossos direitos e relacionamentos pessoais cuidadosamente. Nossa energia é consumida enquanto cuidamos de que nenhuma outra ferida futura ocorra. Se não nos arriscamos ser machucados, não podemos também dar amor incondicional. O amor incondicional dá aos outros o direito de nos machucar.

O amor não procura seu próprio interesse, mas as pessoas machucadas se tornam mais e mais introspectivas e retraídas. Nesse ambiente, o amor de Deus se torna frio. Um exemplo natural é os dois mares na Terra Santa. O mar da Galiléia, liberalmente dá e recebe água. Ele tem abundância de vida, alimentando diferentes espécies de peixes e plantas. A água do mar da Galiléia é levada pelas de um Rio Jordão até o Mar Morto. O Mar Morto apenas recebe água e não a doa. Não há vida vegetal ou animal nele. As águas vivas do mar da Galiléia se tornam mortas quando misturadas às do Mar Morto.

A vida não consegue ser sustentada se for retida: ela deve ser dada livremente. Dessa forma o crente ofendido, escandalizado é aquele que recebe vida e por causa do medo, não consegue liberá-la. Conseqüentemente, sua vida fica estagnada entre muros ou prisões da ofensa. O Novo Testamento descreve esses muros como fortalezas:

 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10:4,5).

 Essas fortalezas criam padrões de raciocínio por meio dos quais toda informação recebida é processada. Embora elas sejam originalmente levantadas por motivo de proteção, tornam-se fonte de tormenta e distorção, porque entram em guerra contra o conhecimento ou a sabedoria de Deus.

Quando filtramos tudo através de feridas passadas, rejeições e experiências ruins, achamos muito difícil acreditar em Deus. Não consegue, acreditar que Ele realmente tenha a intenção de fazer o que disse. Duvidamos de sua bondade e fidelidade, uma vez que o julgamos pelos padrões dos homens em nossa vida. Mas Deus não é um homem! Ele não mente (Nm 23:19). Seus caminhos não são os nossos caminhos, e s pensamentos não são nossos pensamentos (Is 55:8, 9).

Pessoas ofendidas serão capazes de achar trechos bíblicos que apóiem sua posição, mas sem usarem corretamente a Palavra de Deus. O conhecimento da Palavra sem amor é uma força destrutiva porque nos incha de orgulho e legalismo (1 Co 8:193). Isso faz com que nos justifiquemos em vez de nos arrependermos, porque não somos capazes de perdoar.

Cria-se, dessa forma, uma atmosfera na qual podemos ser enganados, porque o conhecimento de Deus sem o amor dele, leva ao engano.

Jesus nos alerta sobre os falsos profetas imediatamente após a declaração de que muitos serão escandalizados: "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos" (Mt 24:10). Quem serão os muitos enganados? Resposta: os escandalizados, ofendidos, que esfriaram seu amor (Mt 24:12).

 Os falsos profetas

Jesus chama de falsos profetas os lobos disfarçados de ovelhas (Mt 7.15) São homens interesseiros que têm a aparência de crente (disfarce de ovelha), mas a natureza interior de lobo. Os lobos gostam de estar perto das ovelhas. Podem ser achados tanto na congregação como no púlpito. São enviados pelo inimigo para se infiltrarem e enganar. Devem ser identificados pelos seus frutos, não pelos ensinamentos e profecias Geralmente, seus ensinamentos parecem bem sólidos, ao contrário dos frutos de sua vida e seu ministério, que não são consistentes. Um ministro ou um crente é o que ele vive, não o que ele prega.

  Os lobos geralmente vão para cima das ovelhas novas ou das feridas, não das saudáveis e fortes. Esses lobos dirão às pessoas o que elas querem ouvir, não o que precisam ouvir. Elas não querem doutrina sólida; querem alguém que lhes agrade os ouvidos. Vejamos o que Paulo diz sobre os últimos dias:

 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão [.. ] implacáveis [...] tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. [... ] Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos (2 Tm 3:1-5 e 4:3, Destaques acrescidos).

 Note que terão forma de piedade ou de "crentes", mas negarão o poder. Como farão isso? Negarão que o cristianismo pode transformar alguém implacável em alguém perdoador. Eles vão alardear que são seguidores de Jesus e proclamar suas experiências de "novo nascimento”; mas o que falam não penetra em seu coração para imprimir-lhes o caráter de Cristo.

 Geração da informação

Paulo pôde de enxergar profeticamente que esses homens e mulheres enganados possuíam um zelo pelo conhecimento, mas permaneciam imutáveis, uma vez que nunca o aplicavam. Ele os descreveu como pessoas “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade" (2 Tm 3:7).

Se Paulo estivesse vivo hoje, ficaria extremamente triste ao ver acontecendo o o que havia dito que aconteceria. Ele veria muitos homens e mulheres participando de retiros, seminários e cultos, acumulando conhecimentos bíblicos. Saindo à caça por "novas revelações", para que pudessem viver mais egoisticamente e ter uma vida mais bem-sucedida. Ele veria ministros levando outros ao tribunal por "causas justas".

Veria publicações cristãs e programas de rádio atacando nominalmente homens e mulheres de Deus. Carismáticos correndo de igreja em igreja, tentando escapar das ofensas, todos professando o senhorio Jesus e, ao mesmo tempo, não conseguindo perdoar. Paulo clamaria: arrependam-se e libertem-se do engano, geração egoísta e hipócrita!"

Não importa o quanto você tem se atualizado em novas revelações, seminários e escolas bíblicas, não importa quantos livros tem lido ou quantas horas passa orando e estudando. Se você foi ofendido e recusa-se a perdoar e arrepender-se do pecado, ainda não alcançou o conhecimento verdade. Está em engano, e ainda confunde outros com sua vida hipócrita. Não importa qual a revelação: seu fruto terá uma história diferente para contar. Você se tornará uma fonte de águas amargas que levarão ao engano, e não à verdade.

 Traição

Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros

(Mt 24:10 - Destaques acrescidos).

 Analisemos essa sentença. Se observarmos atentamente, veremos uma progressão. A ofensa leva à traição, e a traição leva ao ódio.

Como discutido anteriormente, pessoas ofendidas constroem muros de proteção. O foco se toma a autopreservação. Devemos proteger-nos a qualquer preço. Isso nos toma capazes de traição. Quando traímos, procuramos nossa própria proteção e interesse à custa de outra pessoa – geralmente alguém com quem temos um relacionamento.

Desse modo, uma traição no Reino de Deus acontece quando um crente procura seu próprio interesse e proteção à custa de outro crente. Quanto mais próxima a relação, maior a traição. Trair alguém é o maior exemplo de abandono da aliança. Quando a traição ocorre, o relacionamento não pode ser restaurado se não for seguido de arrependimento genuíno.

A traição leva ao ódio com sérias conseqüências. A Bíblia nos fala claramente que aquele que odeia seu irmão é um assassino e todo assassino não tem vida eterna permanente em si (1 Jo 3:15).

Que tristeza encontrarmos exemplos de ofensa, traição e ódio entre os crentes atualmente! Isso está tão freqüente em nossa casa e nas igrejas que se tomou um comportamento normal. Estamos anestesiados demais para nos entristecermos quando um ministro do Evangelho leva outro ao tribunal. Não nos surpreendemos mais quando casais crentes se divorciam. As divisões na igreja são tão comuns e previsíveis! A política na igreja é exercida constantemente. Ela vem disfarçada, como se fosse de interesse para o Reino ou para a igreja.

Os "crentes" estão protegendo seus direitos, para que não sejam maltratados ou passados para trás por outros crentes. Será que nos esquecemos da exortação da nova aliança?

 Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?

(1 Co 6:7)

 Será que nos esquecemos das palavras de Jesus?

 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem

(Mt 5:44).

 Da ordem de Deus?

 Não façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a   si mesmo

(Fp 2:3).

 Por que não vivemos sob essas leis de amor? Por que somos rápidos em trair em vez de sacrificar nossa vida em favor dos outros, mesmo correndo o risco de sermos traídos? A razão: nosso amor esfriou, o que resulta na autoproteção. Não somos mais capazes de entregar nossos cuidados a Deus quando tentamos cuidar de nós mesmos.

Quando Jesus foi ofendido, Ele não revidou, mas entregou sua alma a Deus, que julgaria retamente. Somos admoestados a seguir os seguintes passos:

 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente (1 Pe 2:21-23).

O capacitador

Devemos confiar em Deus e não na carne. Muitos prestam culto a Deus, como sua fonte, mas vivem como órfãos. Vivem a vida como bem entendem e confessam com a boca: "Ele é meu Senhor e Deus”.

A essa altura você já percebeu como o pecado ofensa é sério. Se não for tratada, a ofensa, eventualmente, levará a morte. Mas, quando você resiste à tentação de ser ofendido, Deus lhe dá grande vitória