domingo, 2 de maio de 2021

Por esta cruz te matarei - Capítulo 03


 CONFLITO

Na manhã seguinte, ainda sentia aquela paz.

Eu preciso compartilhar isso, pensei. Mudarei a minha família completamente. E os meus amigos lá na igreja. Eles também precisam conhecer a Jesus.

Aos domingos à tarde a mocidade luterana reunia-se no porão da igreja. Cheguei cedo. Apenas alguns dos jovens estavam ali conversando, espalhados pelos vários cantos da sala.

Aproximei-me de um grupo de três, os quais eu conhecia, e comecei a explicar-lhes o que me sucedera. Eu estava sorrindo com muito gosto, e esperava que eles reagissem da mesma forma. Pelo contrário, nos seus rostos estampava-se uma expressão cuidadosa e de certa reserva.

Alguma coisa estava errada, mas não sabia o que era. Mais alguns rapazes se aproximaram e prestaram atenção, e todos eles, solenemente. Quando terminei, não havia um som sequer.

E então um dos jovens olhou para cima, para o velho forro de madeira e disse: — Então, Bruce, você encontrou uma porta especial para entrar no céu?

— Sim, você se tornou super espiritual repentinamente, Olson.

Eles não compreenderam! Talvez eu não tivesse explicado a coisa muito bem.

— Não, não é isso, de jeito algum — eu disse —. Está ali para qualquer pessoa e não só para mim. Não estou tentando dizer a vocês que sou algo especial.

Olhei de um lado para outro ao redor daquele pequeno círculo de faces frias e reservadas. Esses eram membros de meu grupo! Eu desejava que compreendessem. Porém, eles olhavam para mim como se eu fosse um animal do jardim zoológico.

O Reverendo Peterson aproximou-se e me voltei para ele. Ali estava alguém que compreenderia. Poderia explicar muito melhor do que eu.

— O que é que há meninos? — perguntou ele —. O que está acontecendo aqui? — Ele se voltou para mim: — O que é que está acontecendo, Bruce?

Era um homem alto, com um rosto fino e vermelho. Tinha um enorme pomo-de-adão que subia e descia e que chamava a atenção quando falava.

Expliquei o que havia dito até então. Ele ouviu com todo carinho, sacudindo a cabeça enquanto eu falava. Eu me sentia aliviado.

— Bem, isso é maravilhoso, isso é extraordinário, Bruce. Estou tão contente por ouvir que você teve uma experiência tão satisfatória. Mas não se esqueça que você foi confirmado na igreja luterana, justamente aqui, neste edifício e que na ocasião da confirmação você dedicou a si mesmo a Cristo. No entanto a vida cristã começou para você, mesmo antes disso, quando foi batizado e recebeu o seu nome.

— Porém, quando tomei a santa ceia e fui confirmado, não havia nada de real para mim — eu disse —. Eu ainda era a mesma pessoa — Lembrei-me de como havia voltado para casa, com minha beca branca de confirmação, esforçando-me por sentir um tanto diferente, mas dizendo a mim mesmo: Isso é tudo que há? Eu esperava que houvesse mais alguma coisa.

O rosto do Pastor Peterson, que até se mostrara amigo e cordial, transformou-se na mesma indiferença como o rosto dos jovens.

— Olson — disse ele — eu orei em favor de cada um de vocês, meninos, quando foram confirmados. Você quer dizer que as minhas orações não significaram coisa alguma? Você precisa acreditar nos votos que fez, de que são verdadeiros e significativos —. O seu rosto enrubesceu um pouco mais ainda. Como eu gostaria de nunca ter trazido aquele assunto à baila. Mas precisava continuar.

— Bem, acredito neles agora — disse —. Jesus agora é uma realidade para mim. Eu fui mudado. Agora sinto algo pelas pessoas o que nunca havia sentido —. As palavras jorravam de minha boca. Eu queria pará-las, mas não conseguia. — Jesus é a minha vida agora. Se ele o era antes, eu nunca o soube.

Mais tarde o Pastor Peterson conversou comigo em particular. Estava bem firme. — Olson, você adquiriu algumas idéias pentecostais em algum lugar. Mas não entregue a sua vida ao fanatismo. Retire a máscara. Você não é diferente de qualquer outra pessoa.

Fiquei ali sentado, silenciosamente, cansado de tentar explicar a mim mesmo. Como é que algo tão bom, tão basicamente simples, podia deixar as pessoas tão perturbadas?

Ele se recostou na cadeira. — Bruce, quando você chega no âmago da coisa, cristianismo é uma moral imperativa, que nos obriga a fazer o que é correto. Amar o nosso próximo. Essa é a essência de tudo.

Depois disso, realmente prestei atenção aos seus sermões. Ele pregava a respeito de reforma e sobre ética cristã, mas em nenhum deles falava a respeito do poder para essas coisas. Falava acerca de transformação e de um exemplo belíssimo do que deveríamos ser, porém não nos dizia como poderíamos começar a igualar-nos àquele modelo.

Eu, tampouco, podia igualar-me ao modelo. Sabia disso. Ainda não, porém, apesar de tudo, a minha vida havia mudado, e estava-se transformando cada vez mais. Eu tinha paz com Deus. Ele era algo real e eu o conhecia. O meu gênio sempre fora um problema terrível. Mas depois que conheci a Jesus, parece que se desfizera. Até mesmo os meus amigos no grupo da mocidade, com todas as suas zombarias, parece que não me perturbavam mais. Eu estava frustrado e ferido, pois a única coisa que desejava é que eles também tivessem um encontro pessoal com Jesus.

A minha atitude em relação à escola também mudara. Comecei a interessar-me pelo que eu estava estudando, porque podia ver como tudo aquilo se relacionava com Jesus. Minha mãe começou a apreciar as reuniões de pais e mestres a fim de ver o melhoramento de minhas notas.

Eu sempre gostara de estudar línguas, e estudava latim, grego e hebraico. Agora eu tinha uma razão para estudá-las. Eu podia ler a Bíblia nas suas línguas originais, grego e hebraico, e podia ler em latim os escritos dos primeiros cristãos.

Mas, à medida que a escola se tornava mais e mais significativa, a igreja se tornava cada vez mais penosa. Eu ficava suando durante os cultos, com um desejo imenso de gritar para o Pastor Peterson de que ele não entendia Jesus. Deixei de participar da comunhão, porque eu fora ensinado que para tomá-la precisava estar em plena comunhão com os outros membros e com Deus — e eu não sentia muita comunhão com o pastor nem com a congregação.

Eu não havia contado a Kent Lange a respeito de minha experiência; realmente, eu não o havia visto muitas vezes, desde que mudara de colégio. Cerca de duas semanas depois de meu encontro com Jesus, no entanto, ele veio à minha casa num sábado à tarde. Ele havia corrido até à casa e estava praticamente sem fôlego, quase não podendo falar.

— Bruce, a coisa mais incrível aconteceu comigo — finalmente ele pode balbuciar —. Ontem à noite, lá na igreja, eu pedi a Jesus que entrasse em meu coração, como eles nos dizem para fazer o tempo todo, e Bruce, ele veio. Perdi a noção de tudo que estava acontecendo no culto, Bruce. Ele estava lá, na igreja, e no meu coração, e eu o sabia.

Fechei os olhos enquanto uma onda de alívio e de alegria passou por mim.

— Oh, Kent, isso é maravilhoso — eu disse. E então lhe contei a respeito de minha própria experiência. Ficamos ali conversando ambos ao mesmo tempo. E então Kent saltou sobre mim, e rolamos pelo quarto, numa luta, empurrando-nos mutuamente, enquanto comparávamos as nossas experiências.

— Kent, eu quase não posso acreditar. Acontecer isso para nós dois ... —.Eu estava de pé, olhando para ele. — Mas, Kent, o que você quer dizer — que lá na igreja lhe dizem para pedir a Jesus que entre em seu coração? Eles não dizem isso na minha igreja. Ninguém jamais ouviu isso.

Kent me contou a respeito de sua igreja. Na realidade, ela era completamente diferente da monótona igreja luterana, que toda a minha vida eu frequentara. Kent disse que praticamente todas as pessoas reconhecem a Jesus como seu Senhor e Salvador.

O dia seguinte era domingo, e Kent me convidou a ir com ele à sua igreja. Externamente ela era semelhante a qualquer outra igreja. Porém, eu me sentia excitado. Eu nunca havia ido a outra igreja que não fosse luterana.

Para mim, internamente, ela não me assemelhava a uma igreja. Não havia banco algum, não havia decorações elaboradas no altar. Ela mais se parecia ao auditório de uma escola Havia já uma porção de gente lá dentro, mas não estavam sentados em seus lugares. Estavam conversando. Deu-me a impressão de uma colméia repleta de abelhas grandes e zumbindo ao redor. Na igreja luterana todas as pessoas chegavam em silêncio e imediatamente tomavam os seus lugares e começavam a orar.

Nós nos sentamos nas cadeiras, mais para o fundo. Quando o culto começou, o pai de Kent, que era o ministro, foi à frente.

— Estamos aqui reunidos hoje, para louvar a Deus pelo que ele nos fez em nossas vidas através de seu Filho Jesus Cristo

— disse ele —. Unamo-nos todos cantando o hino número 38. Todas as pessoas apanharam o seu hinário e o abriram. Era

um hino que eu nunca ouvira. Kent achou o hino, o piano começou a tocar, o órgão de tubos ecoou e a congregação cantou. Alguém atrás de nós começou a bater palmas. Todos os outros se juntaram a ele. Eu estava abismado. Que é que estava acontecendo? Onde é que estava a reverência, o respeito?

Depois do hino, o Sr. Lange voltou à plataforma, — Bem, estamos batendo palmas em louvor ao Senhor — disse ele —. É um hino muito lindo, e cheio de verdades a respeito do que o Senhor fez. Estamos hoje, aqui, na casa do Senhor, e se vocês crêem que Deus é verdadeiro, digam "Amém". E todo mundo disse, enchendo aquele local com um som enorme e ensurdecedor ...

— Amém!

Mas, o Sr. Lange colocou a mão ao ouvido e disse: — Todo mundo disse Amém aí? Eu não pude ouvi-lo.

E então eles disseram novamente, mais alto do que nunca. Eu me contorci. Achava que todo mundo devia estar olhando para mim, a única pessoa a não dizer Amém. Lembrei-me de uma vez, na igreja luterana, quando deixei cair o hinário no meio do culto, e minha mãe me segurou e disse: "Psiu. Não o pegue agora. Continue de pé." E aqui estavam essas pessoas dizendo "Amém" bem alto.

Naquela tarde havia uma banda, e ela começou a tocar. Logo mais todo mundo ao meu redor estava acompanhando a música com o bater do pé.

O Sr. Lange convidou alguém a dar um "testemunho."

— Deus tem estado conosco toda essa tarde — disse ele.

— Sabemos disso, porque estamos aqui reunidos lendo sua palavra e cantando seus louvores. Mas precisamos de que alguém dê seu testemunho. Quem é que poderá se levantar e contar o que Deus fez para ele?

Eu não esperava que pessoa alguma estivesse disposta a fazer aquilo. Mas, antes que eu percebesse, um homem se levantou e começou a falar a respeito de alguns problemas que sua família estava passando.

— Mas, dou graças a Deus por esses problemas — disse ele —, porque através deles Deus nos ajudou. Fomos capazes de orar por eles como família, e realmente ele nos está ajudando a solucionar as nossas diferenças com amor, dia após dia, e estamos ficando muito mais unidos como família.

E ele fez com que toda a sua família se levantasse. Havia quatro rapazinhos, e alguns deles se aproximavam de minha idade. O homem abraçou a cada um deles. Depois eles o abraçaram e se abraçaram entre si. E eles até abraçaram algumas das pessoas sentadas perto deles. E todo mundo bateu palmas.

Tudo aquilo era muito estranho. Mas, como eu ansiava por tudo aquilo! Eu desejava poder orar com a minha família toda. Eu desejava ser abraçado e aceito por meu pai!

E então veio o sermão. Não tinha ido muito longe, quando o homem sentado ao meu lado, recostou-se e disse: "Amém!" Eu quase caí da cadeira, de surpresa, pois foi tão inesperado e tão perto de mim.

Se bem que tudo aquilo fosse tão estranho, tudo aquilo me atraía. Aqui estava uma igreja onde as pessoas pareciam conhecer a realidade de Cristo.

Voltei à igreja na quarta-feira para o culto da noite. E depois fui ao culto de oração, na quinta-feira à noite, e depois a um culto na sexta-feira à tarde. E o dia todo no domingo. Eu não podia receber o suficiente. E estava aprendendo tanta coisa das Escrituras. Naturalmente que eu estivera lendo a Bíblia, mas as mensagens do Sr. Lange abriram-me os olhos para as coisas que eu nunca pensara ou sonhara.

Imaginava que teria problemas com os meus pais. E não demoraram muito a vir. Eles haviam ficado transtornados quando a princípio eu lhes contara a respeito da realidade de Cristo em minha vida. Meu pai, principalmente, estava apreensivo. Se tudo não pudesse ser explicado em termos luteranos, não era compreensível — ou aceitável. Ele havia sido crismado como luterano, e para ele, ser luterano significa respeitabilidade. Ele julgava que eu estivesse tentando ser melhor do que ele quando comecei a contar-lhe como achara a Cristo.

Ele tentou convencer-me de não ir mais à igreja interdeno-minacional. Quando eu voltava para casa, ele levantava os olhos do jornal e dizia: — Bem, aqui está o nosso filho pentecostal de volta do reino de Deus. Qual é a mensagem de Deus, hoje à noite, para nós pobres pecadores?

Ele dizia isso todas as noites — sim, cada noite quando eu voltava da igreja. Foi tão enfadonho que eu não podia suportar mais. Eu passava correndo por ele, ia para meu quarto e enterrava a cabeça sob o travesseiro, tentando abafar o som de sua voz em minha cabeça.

Ele também batia palmas, numa imitação do que acontecia na igreja, (porque inicialmente eu havia tentado descrever aquilo para todos eles) e cantava: "Oh, sim, Jesus! Nós seremos salvos; Oh, sim, Jesus! vem visitar-nos hoje à noite."

A igreja interdenominacional ficava a oito quilômetros distante de minha casa, e eu não tinha outro jeito de chegar lá, senão indo a pé. Eu ia à igreja luterana todos os domingos de manhã para satisfazer minha mãe, e depois então eu começava aminha caminhada para a outra igreja. Era inverno, e o vento suspendia as pernas de minhas calças e as mangas de meu casaco. O frio me penetrava através da sola dos sapatos, subindo das calçadas cobertas de neve, e através de meus pés, subia-me pelas pernas. Havia dias quando cada passo dessa caminhada era uma agonia.

E então eu chegava à igreja. Lá havia calor. Rostos amigos me olhavam e me cumprimentavam. Abríamos as nossas Bíblias e o meu corpo se descontraía e relaxava, como um gato quando se prepara para dormir. Mas a minha mente estava bem alerta. Eu sentia uma alegria imensa quando lia a Palavra de Deus.

Após o término do culto, permanecia por ali tanto quanto era possível. Eu sempre recusava voltar de carro com alguém. Eu era orgulhoso demais — ou muito tímido.

Meu pai fizera tudo que fora possível, menos me proibir de assistir aos cultos. Certa noite eu voltava para casa mais tarde do que o costume. No caminho, eu precisava atravessar uma ponte sobre um lago. O vento soprava ondas de neve em pó sobre a estrada e em meu rosto, sem ter coisa alguma que o impedisse. Eu podia ouvi-lo, também, zunindo lá embaixo, nas águas geladas. Eu queria descansar, mas tinha medo de parar. Lembrava-me de histórias de andarilhos que haviam morrido congelados porque haviam parado para descansar e não puderam levantar-se nunca mais.

Do outro lado da ponte podia ver as luzes das casas, lares tão lindos, como conchas brancas espalhadas pela neve.

"Ó Jesus", eu sussurrei, "ajuda-me."

Mas continuei e, de um jeito ou outro, consegui subir o declive, passar pelas casas até chegar à minha. Estava escuro. Senti um grande alívio por ter chegado à minha casa. Tentei pegar na maçaneta, e tive certa dificuldade em segurá-la. A minha luva, coberta de gelo, escorregou no cobre gelado. Lentamente, tentei retirar. Foi preciso, finalmente, retirá-la com os dentes, pois os meus dedos simplesmente estavam duros e hirtos. Coloquei a mão na maçaneta novamente e virei-a.

A porta estava fechada a chave.

Tentei novamente para ter plena certeza. Não havia engano algum. Meus pais haviam-se esquecido que eu ainda estava fora.

Eu não sentia prazer algum em acordá-los, mas precisava entrar em casa; então toquei a campainha. Olhei para a janela do quarto deles, tentando ver a luz acender-se. Ela não se acendeu. Toquei a campainha novamente. Não houve resposta.

Minha mãe podia facilmente dormir com todo aquele barulho, mas meu pai tinha um sono muito leve. Eu sabia que ele estava acordado. Chamei-o.

— Pai, sou eu, Bruce. Desça e abra a porta para mim, por favor. Eu estou gelando.

Não houve resposta alguma. Se bem que não o quisesse, desandei a chorar, e as lágrimas gelavam em meu rosto.

— Pai, por favor. Sou eu, Bruce. Deixe-me entrar. Tomei uma respiração profunda e segurei-a. Então me

senti um pouco mais calmo. Ergui os olhos novamente para a janela escura. Parecia que ela estava me observando, como um olho escuro encoberto. Até que enfim me lembrei dos Lange. Eu sabia que eles me receberiam. Mas eu precisava andar mais três quilômetros até chegar à casa deles, e pelo mesmo caminho que eu já havia andado.

— Por favor, papai —, tornei a chamar e esperei. Não houve resposta alguma. Virei nos calcanhares e comecei a correr. Corri o mais depressa que me foi possível, até não poder mais. Quando parei, já havia atravessado a ponte. O meu hálito estava pesado, e o ar frio me queimava os pulmões a cada respiração.

Finalmente cheguei à casa dos Lange, exausto e tremendo. Eles se levantaram e me deram um lugar aquecido para dormir.

Essa foi a pior ocasião. Mas não foi a última. Eu nunca sabia, ao voltar para casa, se iria encontrar a porta trancada ou não.

Minha mãe estava numa posição um tanto esquerda. Ela tinha receio de meu pai, e havia tão pouco que ela podia fazer para contê-lo. Lembro-me de que uma tarde, ao voltar para casa, encontrei-a na cozinha, debruçada sobre o fogão, com lágrimas manchando o seu rosto impecável, e gotejando sobre os bicos de gás.

Aquilo me assustou.

— Mãe, que é que há? perguntei.

A sua voz ficou embargada. Por duas vezes ela tentou falar, mas não pôde. Finalmente ela disse: — Bruce, que é que poderá manter a nossa família unida?

Eu achava que sabia a resposta. Eu estava tentando dá-la havia muito. Mas agora, quando fui indagado, parecia muito difícil pô-la em palavras.

— Mãe, nós precisamos ser cristãos verdadeiros. Com Jesus em nossas vidas, há esperança para nós — eu disse.

Eu não desejava enraivecê-la. Porém, quando ela olhou para mim, sabia que ela estava zangada e ferida — não era somente comigo, mas com a vida.

— Oh, Bruce — disse ela —. Como é que você pode dizer isso, quando é o seu Jesus a fonte da metade de nossos problemas? Pelo menos, antes dele, podíamos nos tolerar mutuamente. Mas ele atrapalhou tudo.

E era verdade. Mas naquela ocasião eu não sabia que Cristo havia dito que ele traria divisões tanto quanto a união para as pessoas.

Eu estava descobrindo que a cruz de Cristo significava mais do que alegria e paz. Ela significava sofrimento, também. Sofrimento que era necessário para trazer, mais tarde, a esperança.

Mas haveria oportunidades suficientes para eu aprender aquela lição.