domingo, 2 de maio de 2021

Por esta cruz te matarei - Capítulo 01


Bobby e eu encontramos Ayaboquina, um chefe índio dos motilones, sozinho lá na clareira nas selvas, no topo do pe­nhasco. Brotos verdes de bananeiras e vergônteas de man­dioca já estavam surgindo através do solo, e havia espaço suficiente para o gado pastar naquela área de cinqüenta e cinco acres. Enquanto conversávamos com Ayaboquina a respeito do progresso que os índios estavam fazendo, ouvimos o barulho de um barco a motor no rio, logo abaixo. Estava muito junto à margem para que pudéssemos vê-lo, mas pu­demos ouvir quando ancorou. Usualmente são necessários diversos minutos para que alguém chegue à clareira, porém, muito antes do que esperávamos, um homem moreno surgiu ali.

— Boa tarde — disse asperamente em espanhol. Estava sem fôlego e esperou impacientemente enquanto eu continuava conversando com Ayaboquina. Vi, pelo rabo dos olhos, que era Humberto Abril, um dos foragidos que se haviam estabelecido naquela área. Eu sabia que ele tinha um mau gênio e que havia ameaçado os motilones. Agora, obvia­mente, estava enfurecido.

Quando terminei a minha conversa com Ayaboquina, res­pondi: — Boa tarde, Humberto.

Ele suava profusamente, e gotas enormes de suor caíam de seu rosto encovado, o qual estava contorcido de tal forma que me deixava apreensivo.

— Eu vim aqui para dizer-lhes que saiam dessa terra — disse ele —. Esta terra é minha. Eu sou um colono colombiano. Tenho o direito de exigir terra para colonizar, e estou exigindo estas terras. Vocês podem sair! Falava comigo, mas Bobby o interrompeu.

— E eu tenho algo a dizer —. Ele falava lenta e"calma­mente, porém com grande ênfase. — Esta terra é nossa. Sempre foi nossa terra. E sempre será a nossa terra. Nós já cedemos bastante terra a você. Há seis meses cedemos uma parte de nossas terras a você, de acordo com a sua exigência, e o que foi que você fêz? Você as vendeu, e agora está exigindo mais ainda. Mas nós não daremos mais nada. Nós protegere­mos aquilo que é nosso.

A discussão não durou muito tempo. Humberto começou a tremer. Os músculos de seu pescoço se distenderam como se fossem cordas de aço; seu rosto enrubesceu intensamente. Pegou Bobby pelos ombros e gritou:

— Estas são minhas terras. Elas são minhas. Todo mundo pode sair delas —. Depois, então, soltou Bobby e ficou ali tremendo.

O medo começou a percorrer-me a espinha, como gelo. Mas Bobby estava seguro de si mesmo.

— Você se engana. Estas terras não lhe pertencem. Elas não lhe pertencerão — disse ele calmamente.

— Cale a boca! — gritou Humberto. — Cale a boca, índio sujo. Cale a boca!

A saliva lhe saía dos cantos da boca e deixava pequenas marcas no seu rosto congestionado. E então colocou o dedo indicador sobre o polegar de sua mão direita, de modo a formar uma cruz. Ele a apontou para nós. Os seus olhos saltaram e a sua mão tremia tanto que quase não podia mantê-la firme. Beijou os dedos.

— Por Deus — disse ele, beijando os dedos novamente, e cuspindo no chão. — Por todos os santos — e cuspiu nova­mente, balançando a cabeça tão violentamente, que mais pa­recia um espasmo do que um movimento consciente. — Em nome da Virgem Mãe —. Pela terceira vez ele cuspiu. — E por essa cruz —. Ele tornou a cuspir, e então, olhando dire­tamente para nós, levou o seu polegar e indicador à boca e os beijou. A sua voz se tornou gutural: — Eu te matarei!

E então ele gritou: — "Juro por esta cruz que eu te mata­rei!"

Ele virou nos calcanhares e desceu pela rampa abaixo. Observamos a parte de trás de seu pescoço até desaparecer. Ela ainda estava sangüínea, e os seus músculos e veias continuavam salientes como cordões. Ficamos em silêncio até que o ouvimos dar partida ao seu barco, e depois desaparecer ao longe.

Eu estava tremendo. — Bobby, ele o fará. Ele vai matar você. Eu sinto que ele está falando a verdade.

— Você está certo, Bruchko.

— E o que é que poderemos fazer a esse respeito? Ayaboquina, Bobby e eu pensamos em algumas precauções

de segurança.

Mas, Bruchko — disse Bobby —, não há nenhuma segu­rança perfeita nessas medidas. Somente Deus é que nos pode ajudar.

E então, nós três curvamos as nossas cabeças e juntos falamos com Deus. Enquanto o fazíamos, o meu temor foi substituído pela alegria — que me invadira quando pela pri­meira vez vira Bobby naquela manhã. Ela se espalhara pela minha alma, indo até ao meu estômago. No entanto, não era a mesma alegria. Era muito mais profunda, como se a dor e o perigo e o temor tivessem sido injetados nela, tornando-a muito mais profunda e mais sensível.

Quanta coisa havia acontecido naquelas poucas horas desde que meu avião sobrevoara a cidade de Rio de Ouro, para poder aterrizar. Embaixo do avião podia ver a selva estendendo-se pelo horizonte, como um tapete denso, pesado e verde. À direita, podia-se vislumbrar uma tira escura, como se fosse um fio marrom mal colocado sobre aquele tapete verde. Era o Rio Catatumbo. Voamos sobre ele até à balsa, e vi um aglo­merado de casas, todas novas, que compunham a cidade. Davam a impressão de estarem perdidas no meio daquela vasta selva.

Mas está crescendo, pensei.

Lembrei-me, então, que justamente dez anos antes, não havia casa alguma, senão árvores frondosas, bloqueando o sol, e a folhagem densa sob elas. Talvez um papagaio tivesse gritado comigo. Agora, no mesmo lugar, havia uma pequena cidade.

Um jato de alegria se apoderou de mim, não por causa da cidade, mas porque estava voltando dos Estados Unidos e logo estaria junto com Bobby, o meu irmão de pacto. Grudei os olhos à janela, tentando ver adiante do avião, e as minhas emoções cresciam de meu estômago para as minhas costas, num arrepio.

À medida que o velho e gasto DC-3 perdia altura, as árvores estavam tão perto do corpo do avião que davam a impressão de que certamente as rodas as tocariam, e o avião viraria e nos jogaria nas selvas. Mas, repentinamente houve uma abertura na folhagem, e estávamos sobre uma clareira — uma longa pista estreita, cortada nas selvas. Tocamos o chão com umas batidas, e uma sacudidela, os breques rangeram, tentando conservar o grande avião na pequena pista.

Enquanto éramos levados até ao fim da pista, os meus olhos buscaram a Bobby entre as pessoas que estavam ali. Não podia vê-lo. Mas, ao descer a rampa, eu o vi, um pouco afastado; o seu tronco pequeno, forte, parecia muito ágil e poderoso, até mesmo sob a sua camisa xadrez, folgada, e suas calças escuras. O seu rosto era mais escuro do que o das outras pessoas que estavam aguardando a chegada do avião, mas mesmo assim, lá da rampa, podia ver os seus dentes brancos cintilando. Era um sorriso que dizia: "Você voltou nova­mente, Bruchko, e como isso é bom." Ele nunca usava o meu nome americano, Bruce.

Desandei a correr. Quando cheguei perto dele, eu o agarrei e lhe dei uma saudação verdadeiramente Motilone. Creio que apresentávamos um quadro bem exótico: um índio, de pele escura, baixo, abraçando um americano loiro e alto. Mas aquilo não fazia diferença alguma para nós.

— Meu irmão — disse eu — meu irmão Bobarishora —. Chamei-o pelo seu próprio nome, como o fazia sempre nos momentos solenes.

Segurei-o a distância de um braço. — Você está com boa aparência — disse eu —. Como vai a sua esposa? E o seu filho? Eles vão bem?

— Minha esposa está bem — disse Bobby —. Ela é muito sadia e muito alegre.

Ela está sumamente feliz de ser a mãe de um filho sadio e belo.

— Então ele está bem?

— Oh, sim. Ele é gordo. Você precisa vê-lo. E já está andando pela casa como um macaquinho.

— Venha — acrescentou —. É melhor não ficarmos aqui o dia todo. Vamos pegar a sua bagagem.

Enquanto caminhávamos até ao avião, onde toda bagagem era requisitada, Bobby perguntou: — E como foram os seus negócios nos Estados Unidos?

Pensei naquela imensidão de rostos, nos quartos sem fim dos hotéis, todos eles semelhantes. Sacudi a cabeça.

— Não sei, Bobby. Acho que consegui fazer as coisas que deveriam ser feitas. Mas estou imensamente alegre por estar de volta.

Bobby conversou sobre a sua família. Ele estava tão feliz quanto eu podia me lembrar de vê-lo assim. Os seus olhos escuros estavam brilhando. Eu me preocupara com ele depois que sua filha falecera, porque durante algumas semanas fi­cara amuado, não se comunicando. Agora, parecia que não podia parar de sorrir.

Depois de apanharmos a bagagem, decidimos comer algo. Fomos à cidadezinha que fora fundada exatamente ao lado da pista de pouso. As suas ruas estreitas, cobertas de pedras, estavam repletas de casas novas, com suas paredes laterais ainda sem pintura e cheirando a madeira nova, seus tetos de folha', ainda reluzentes, entre as casas velhas, com tetos de palmeira. Eram umas coisas estreitas, vacilantes, que davam a impressão de que não poderiam durar muito mais tempo.

Eu não comera coisa alguma no avião, e Bobby riu da maneira como me fartava das guloseimas colombianas.

— Você terá um estômago bem cheio daqui em diante, Bruchko — disse ele.

Eu sabia o que ele queria dizer ... Porque, para um moti­lone, ter um estômago repleto, quer dizer que não iria querer mais alimento. Significava contentamento, satisfação com a vida, alegria. Ele expressara muito bem a maneira como me sentia.

— Como vai a criação de gado? — perguntei.

— Vai indo muito bem. A semana passada estive um tanto apreensivo a respeito desse programa, porque algumas das vacas que ficam no planalto, adoeceram. Na realidade, uma delas morreu. Julguei ter que fazer sozinho todo o trabalho e cuidar delas até recuperarem a saúde. Porém, tudo deu certo. Os próprios chefes cuidaram do problema, deram o remédio exato e cuidaram das vacas até ficarem completamente cura­das. Agora parece que estão todas boas, dando bastante leite —. Ele se inclinou para a frente com um certo ar zombe­teiro. — Na realidade, Bruchko, lá em Iquiacarora estava sobrando leite e estava-se estragando. Então nós fizemos queijo.

— O quê? Vocês fizeram queijo? Como é que fizeram isso? — Ele fingiu estar surpreso. — Por que não? nós o fizemos simplesmente como uma pessoa sempre faz queijo —. Então ele desandou a rir, e eu devia ter uma expressão de surpresa.

— Nós tínhamos os comprimidos que você deixara conosco. Então lemos as instruções e descobrimos como é que se fazia. Deu tudo muito certo. Você poderá experimentá-lo quando chegarmos a Iquiacarora, se já não terminou.

Reclinei-me na cadeira, bastante surpreendido. Dez anos atrás, Bobby era simplesmente um garoto amigo, com um sorriso maravilhoso. E agora era o líder de um povo. Talvez a fabricação de queijo, em si, não fosse coisa tão importante. Porém, demonstrava que os motilones eram um povo em si.

— Bobby — disse eu —, você agora é o líder de seu povo. É uma grande responsabilidade.

Ele sacudiu os ombros. — Bem, não sou realmente. Há muitos outros homens capazes de tomar o meu lugar. E além disso, Bruchko, Jesus Cristo anda nos nossos caminhos. Ele conhece os nossos caminhos e sabe quais as coisas de que precisamos. Enquanto nós não o enganarmos novamente, ele será o nosso verdadeiro guia.

Concordei, sacudindo a cabeça afirmativamente.

— Bruchko — disse Bobby —, você precisa ver as escolas. Elas estão superlotadas. A maior parte dos alunos já leu os livros que nós traduzimos e estão pedindo mais. Especial­mente mais do Novo Testamento. Conversam sobre as coisas que estão aprendendo como se estivessem discutindo uma caçada. Os mais velhos também. Precisamos nos pôr a trabalhar e traduzir mais para eles, senão não nos deixarão em paz.

Eu ri. — Pois bem, começaremos a trabalhar nisso logo que pudermos. Deverá ser muito mais rápido agora que já temos a maior parte das palavras difíceis traduzidas.

A idéia de ter mais traduções a fazer deixou-me bastante alegre. Uma coisa é certa, eu aprendera muita coisa sobre a Bíblia, fazendo esse trabalho. Lembrei-me da palavra/é em motilone, a palavra que significava "atado a Deus", justa­mente como um motilone atava a sua rede nos caibros mais altos de seu lar coletivo. "Atados a" Jesus, podíamos descan­sar, dormir, e cantar bem acima do solo, sem temor de cair.

Estou tão feliz de estar de volta com você Bobby — disse eu —. Senti muita falta de você todo o tempo que estive fora. Creio que simplesmente estou "atado aos motilones".

— E nós estamos atados a você, Bruchko.

O garçom nos serviu café, espesso e bem fumegante. En­quanto Bobby mexia o seu café, o seu sorriso se transformou numa carranca. — Temos tido muitos problemas com os colonizadores da terra. Eles nos têm enviado várias cartas amea­çadoras.

Os colonizadores já nos haviam perturbado anteriormente. Alguns deles eram fugitivos das prisões que moravam nas fronteiras, para evitar que fossem presos. Estavam interes­sados em tomar as terras dos motilones como suas próprias fazendas, e declarar, então, aquele território como um lugar de refúgio.

— O que é que querem agora? — perguntei.

— Oh, você já sabe. Mais terra. Mais de nossas terras; eles nos tratam como se fôssemos animais, que devem ser jogados em qualquer direção que lhes seja conveniente.

— Então você espera deles problemas verdadeiros ou sim­plesmente ameaças?

Não sei, Bruchko. Talvez os problemas sejam verdadeiros. A maior parte dos colonizadores parece que se reuniram aos proscritos, e isso significa que não irão parar por tão pouco. Acreditam que se os foragidos nos expulsarem de nossas terras, terminarão por se apossarem delas, pois que os fora­gidos nunca terão o direito de possuir terras.

— Então, o que é que você vai fazer, Bobby?

O seu rosto se entristeceu e olhou para baixo. — Bem, posso dizer-lhe isto: nós não vamos entregar nem mais um pouco de nossas terras a eles. Já entregamos muitas e muitas vezes, e não há fim nisso. Desta vez nós mesmos a protegere­mos. Mas, Bruchko — disse ele —, olhando para mim —, espero, e oro para que não cheguemos a esse ponto.

Tive bastante tempo para pensar sobre o assunto, enquanto navegávamos rio acima. Era uma viagem de sete horas, e o motor Briggs e Straton fazia tanto barulho que era impossível conversarmos. Era incrível, inacreditável que os colonizado­res estivessem nos perturbando novamente. Era coisa de gente de duas caras. Mais de três mil colonizadores haviam sido tratados pelos índios motilones nos seus centros de saúde. Eles se sentiam felizes por poderem ir aos nossos centros quando precisavam de auxílio. Os motilones lhe davam as suas drogas e medicamentos. No entanto, quando cobiçavam a terra dos motilones, faziam qualquer coisa para obtê-las.

Olhei novamente para Bobby, que estava pilotando o barco e sorri. Como era estranho que estivesse nesse local, e que sentisse da maneira como me sentia, a respeito desse povo. Fora Deus que me trouxera até ali. Nunca teria chegado por mim mesmo. E mesmo que tivesse desejado, nunca teria alcançado e vencido todos os problemas, agüentado a solidão e os perigos. Realmente, eu mesmo nunca teria deixado o meu lar em Minneapolis, se não tivesse tido sua Presença poderosa e determinante dentro de mim.

Enquanto sentava ali na canoa, agradeci a Deus por Bobby, pelos motilones, pelas selvas que estavam em toda parte ao nosso redor, e até mesmo sobre nós, como se fosse uma tenda. Árvores enormes, com troncos finos, elevavam-se para o alto, buscando a luz do sol, que dificilmente penetrava até ao chão das selvas. Um musgo espesso e verde pendia dos lados de cada árvore, e sob elas havia uma vegetação espessa, trepa­deiras da altura de um homem, folhagens, touceiras, tudo isso de um verde brilhante. Quando o rio se tornou mais estreito, e ficamos sob as árvores, parecia tão escuro quanto a noite. O ar era quente, úmido e asfixiante. Os insetos circulavam ao nosso redor e nos picavam. Mas eu estava imensamente feliz. Esse era o meu lar. Em todos os outros lugares, eu me sentira fora do ambiente.

Navegamos durante cinco horas e meia. Nenhum de nós tentava conversar, no entanto, havia comunicação entre nós. Indicávamos alguma coisa, e nos lembrávamos de alguma experiência que havíamos passado juntos. Não vimos vida alguma no rio. Alguns pássaros de cores brilhantes voaram por uns instantes entre as árvores e depois desapareceram. Quando paramos o motor para reabastecê-lo, podíamos ouvir os chamados dos animais. Porém não havia nenhum sinal de colonização humana.

Repentinamente percebemos, pelas curvas do rio, que nos estávamos aproximando do lar coletivo dos Ayaboquina.

Bobby olhou interrogativamente para mim, e apontou em direção de uma casa que estava no topo de um penhasco. Você quer parar? Ele estava perguntando. Fiz que sim. Dirigiu o barco em direção à margem do rio. Amarramos o barco a uma árvore, depois subimos rapidamente a ribanceira. Lá no topo, a poucos pés da casa, havia uma placa nova e grande, com letras bem nítidas, informando que além daquele ponto era o território dos motilones e que era ilegal estabelecer-se ali.

Indiquei a placa. — Finalmente o governo mandou colocá-la, não é?

— Sim. Há duas semanas atrás.

Lá na casa, perguntamos por Ayaboquina, e uma das mu­lheres nos disse que estava na clareira mais próxima. Estavam construindo uma nova casa ali por perto, e haveria uma escola e um centro de saúde.

Fora ali que encontráramos Ayaboquina e fôramos amea­çados por Humberto Abril.

Mais tarde, pensei naquelas palavras, "Por esta cruz eu te matarei". Elas eram ameaçadoras, geladas. Eram simples­mente uma praga ou uma maldição, uma ameaça, ou elas significavam muito mais? Eram proféticas de algo que a cruz ainda faria por nós?

Fora pela cruz que eu amara os motilones e como recom­pensa era amado por eles. Mas era também pela cruz que eu haveria de morrer? Era também pela cruz que Bobby haveria de morrer?