segunda-feira, 10 de maio de 2021

O discipulo - Capítulo 11

  Segunda Parte 

Os Odres Novos 

Tenho uma forte impressão de que tudo o que foi dito até aqui não  passará de mero palavreado, a menos que encaremos a verdadeira raiz do  problema. Chamo a tal problema de "infância permanente" do crente. 

Que adianta falarmos em reconhecer a Cristo como Senhor, ou em  servi-lo como escravos, ou em derramar nosso amor e louvor em atos  concretos para o seu novo Reino — se não somos capazes de mudar, crescer,  avançar, passar desse estágio infantil que prolongamos tanto? 

Ê disto que trata a segunda parte deste volume.

Capítulo 11

Eternas Crianças? 

A esse respeito temos muitas cousas que dizer, e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado  tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes  novamente necessidade de alguém que vos ensine de novo quais são os princípios elementares dos oráculos de  Deus; assim vos tornastes como necessitados de leite, e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se  alimenta de leite, é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para og  adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o  bem, mas também o mal. Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo nos levar para o que é perfeito, não lançando de novo a base do arrependimento de obras mortas, e da fé em  Deus, e o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno. Isso  faremos se Deus o permitir. (Hb 6.3.) 

Recebi um grande choque na primeira vez que Deus me revelou como eu e minha igreja  éramos infantis. 

Quando iniciei meu ministério naquela igreja de Buenos Aires, ela contava com 184  membros. Começamos a trabalhar imediatamente, e após dois anos de muita organização e  trabalho de expansão chegamos à cifra de 600 membros. Havíamos triplicado nosso número. 

Eu assistira a muitos congressos de evangelismo, e pusera em prática, na igreja, tudo o  que aprendera de novo. Estávamos orgulhosos de ter, como nosso ministro de educação  religiosa, um pastor graduado por uma escola superior dos Estados Unidos. Nossa escola  dominical era das melhores. A união de jovens estava muito bem, como também os grupos de  adolescentes — rapazes e moças — a união de homens, e todos os outros departamentos da  igreja. 

Nosso sistema de assistência aos recém-converti-dos também era muito bom. Tínhamos  formulários de números 1, 2, 3 e 4 — um para cada categoria — homens, mulheres, crianças,  judeus, árabes — qualquer tipo imaginável. Mantínhamos um registro de todas as nossas  chamadas telefônicas e todas as visitas realizadas, e estávamos fazendo campanhas de  assinaturas de várias publicações cristãs. Os cartões de decisão eram uma ficha que nos  fornecia exatamente o nível em que cada pessoa se achava — se já havia sido batizada, e^c.,  etc. 

A liderança ida denominação ficou tão impressionada com tudo isso, que fui convidado  a ser o orador oficial de dois congressos, para divulgar nosso sistema de assistência aos  convertidos e distribuir amostras de nossos formulários entre os pastores. 

Entretanto, bem no fundo, eu sentia que alguma coisa não estava certa. Tudo parecia  correr bem, desde que eu trabalhasse dezesseis horas por dia. Mas quando eu relaxava o  ritmo, os resultados diminuíam. Isto começou a perturbar-me. 

Por fim, resolvi parar. Reuni a junta diretora da igreja e disse-lhes: "Tenho que me  afastar duas semanas para orar." 

Parti para o interior e entreguei-me à meditação e oração. 

O Espírito Santo começou a quebrantar-me. A primeira coisa que ele me disse foi:  "Juan, aquilo que você tem nas mãos não é uma igreja, é um negócio." 

Não entendi o que ele queria dizer. 

"Você está promovendo o evangelho do mesmo modo que a Companhia Coca-Cola  vende seu produto", disse ele. Está fazendo o mesmo que o Readers Digest faz para vender  seus livros e revistas. Está empregando todas as técnicas aprendidas na escola. Mas, onde está  minha mão em tudo isso?"

Fiquei sem saber o que responder. Tinha que reconhecer que minha igreja funcionava  mais como uma empresa do que como um corpo espiritual. 

Depois o Senhor me revelou outra coisa. 

"Vocês não estão crescendo", disse ele. "Vocês pensam que estão, porque subiram de  200 para 600 membros. Mas não estão crescendo realmente — estão apenas engordando."  O que quereria aquilo dizer?  

"Tudo que você conseguiu foi agrupar mais pessoas da mesma qualidade das que já  havia. Ninguém está amadurecendo em Cristo. O nível permanece o mesmo. Antes vocês  contavam com duzentos bebês espirituais. Agora contam com 600." 

Era verdade. Não podia refutar nem uma sequer daquelas palavras. 

"Em decorrência disto", continuou o Senhor, "o que vocês têm é um orfanato, e não  uma igreja. Ninguém ali tem pai, espiritualmente falando. Você não é pai deles — é apenas  um atarefado diretor de orfanato. Está conservando as luzes acesas, está pagando as contas e  enchendo as mamadeiras de leite, mas nem você, nem ninguém está atuando como pai  espiritual para aquelas criancinhas." 

Mais uma vez ele tinha razão. 

Quando voltei para casa, comecei a notar inúmeras evidências desta infância  permanente — não somente em minha própria igreja, mas em todo o Corpo de Cristo.  Uma prova disso era que as orações eram sempre as mesmas. É de se supor que, se uma  pessoa está-se desenvolvendo em seu relacionamento com o Senhor, as coisas que ela diz  agora devem ser bem diferentes de quando ela foi salva. Mas isto não acontece.  Suponhamos que eu converse com minha esposa do mesmo modo que fazia quando nos  conhecemos. Lembro-me do primeiro dia. Ela era membro de minha igreja, e finalmente eu  lhe disse: 

"Irmã Marta, gostaria de dizer-lhe algumas palavras em particular." 

"Está bem, pastor", respondeu. "Onde deseja ir?" 

Quando nos achávamos a sós, eu falei: 

"Irmã Marta, não sei se já notou, mas tenho para com você, um sentimento diferente que  não tenho pelas outras irmãs da igreja." 

Suponhamos que, agora, após mais de doze anos de vida conjugal e quatro filhos, eu  chegasse em casa e lhe dissesse: "Irmã Marta, gostaria de dizer-lhe algumas palavras em  particular. Não sei se já notou, mas tenho para com você um sentimento diferente que não  tenho pelas outras irmãs da igreja..." Dificilmente eu faria isto. Nós já evoluímos em nossa  forma de diálogo, e já deixamos para trás este estágio inicial. 

Entretanto, na igreja, o nosso povo faz as mesmas orações de sempre e canta os mesmos  hinos. O diálogo nunca passa daquele estágio inicial. 

Outra evidência desta infância são as divisões que há na igreja. Paulo disse aos crentes  de Corinto que o fato de uns se apegarem a Pedro, a Apolo e a ele próprio era sinal de  imaturidade espiritual. Os coríntios estavam brigando entre si. Eram partidários cada um de  um pregador. Mas pelo menos estavam na mesma igreja. 

Em nossa época, nós não conseguimos nem divergir bem. Pertencemos aos mais  diversos grupos e nos reunimos em templos separados, e falamos mal uns dos outros. Se os  coríntios eram bebês em Cristo, nós nem nascemos ainda. 

E em vez de melhorarmos estamos piorando. A cada ano que passa, existem mais  denominações. O Corpo de Cristo nunca esteve tão repartido. 

Outra prova de imaturidade é que estamos sempre mais interessados em receber do que  em dar. Somos exatamente como criancinhas, constantemente querendo que o Senhor nos  abençoe, que ele faça isto ou aquilo para nós, que nos cure, nos dê felicidade, nos dê  dinheiro... nunca paramos de pedir. "Papai, me dê dinheiro; dê-me isto; dê-me aquilo." 

A pessoa madura sabe dar. Dar é um atributo de um adulto.

Não é interessante observar que os crentes estão sempre mais interessados nos dons do  Espírito do que no seu fruto? Se à igreja chega um pregador com o ministério de curas, ela se  superlota. As crianças adoram espetáculos. Mas a pessoa madura está mais interessada no  amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. 

Como as crianças, não sabemos dar o valor certo às coisas certas. Qualquer hora que  oferecermos a uma criança uma nota de cem dólares ou um chocolate para escolher, ela  preferirá o chocolate. Nós agimos da mesma forma com relação às coisas materiais. Sempre  preferimos uma bela casa, ou um carro novo, uma boa conta no banco, a quaisquer bênçãos  espirituais. Isto porque nosso conceito de valores não é amadurecido. 

Nós chegamos até a buscar em Deus as coisas materiais. Não nos satisfazemos em  buscar nós mesmos a prosperidade; queremos convencer Deus a nos ajudar a obtê-la. Não  passamos de crianças egoístas. 

Outra evidência — a falta de obreiros na igreja, gu não entendo isto, mas há pessoas que  já são crentes há dez, ou vinte anos e ainda não conseguiram levar outros a Cristo. O máximo  que fazem é convidar alguém para assistir ao culto.

"Por que não vem à nossa igreja? Temos um belo templo, todo carpetado, assentos  confortáveis, ar condicionado, e o pastor é uma excelente pessoa. Por que nao vem comigo?"  Se a pessoa aceita o convite, ele pensa que cumpriu seu dever. 

"Pastor, trouxe um amigo ao culto. Daqui para a frente, o resto é com o senhor."  E assim, o pastor tem que pregar o evangelho, ganhar aquela pessoa para Cristo, batizá la, e cuidar dela daí por diante. 

É interessante notar que Paulo não batizou quase ninguém. Ele escreveu o seguinte aos  coríntios: "Dou graças porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e Gaio... também a casa  de Estéfanas; além destes não me lembro se batizei algum outro" (1 Co 1.14-16). 

Como é então que em Atos 18.8, encontramos o seguinte: "Mas Crispo, o principal da  sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; também muitos dos coríntios, ouvindo, criam  a eram batizados"? Alguém estava batizando os novos convertidos; e não era Paulo. Deve ter  sido Crispo ou Gaio e outros pais espirituais, os quais logo depois passavam a cuidar do  desenvolvimento de seus filhos espirituais. 

Todos os domingos nós pregamos o ABC da salvação. As pessoas aceitam e nós as  colocamos na classe de catecúmenos para se instruírem nas doutrinas a respeito da igreja,  batismo e outras doutrinas fundamentais; mas quem cuida delas depois disto? Quando acabam  o curso da classe, já estamos prontos para iniciar o doutrinamento de outro grupo, deixando  aqueles primeiros sem qualquer orientação complementar, para se desenvolverem até alcançar  a maturidade espiritual. 

Não é de se admirar que percamos tantos deles. 

Não podemos nos espantar de os resultados de nossas campanhas parecerem diminuir.  Os novos crentes — permitam-me dizê-lo claramente — aborrecem-se na igreja. Todo  domingo é a mesma coisa, os mesmos hinos do coro, a mesma pregação. Satanás não tem a  mínima dificuldade em atraí-los de volta para o reino das trevas. 

De quem é a culpa? Estas pessoas nos ouvem sempre dizendo que elas precisam crescer.  Mas como, se elas não são alimentadas com outra coisa a não ser leite. O leite é um bom  alimento, mas só serve por pouco tempo; depois, a criancinha precisa de outras substâncias  mais nutritivas. 

Contudo, os pastores não são os únicos culpados, pois os seminários e escolas bíblicas  não os preparam convenientemente. Se tudo que lhes ensinam é aquecer o leite, quem é o  culpado então? 

Todos nós somos vítimas da estrutura denomina-cional em que fomos formados. Não  podemos escapar a isto; ela está gravada em nós. Mas podemos nos forçar a parar e pensar no que estamos fazendo. Se não pararmos nossa interminável ronda de atividades, para perguntar  a Deus se ele está nisso ou não, então seremos realmente culpados. 

Foi-me muito difícil parar. O telefone tocava de manhã até a noite. Eu tinha que estar  constantemente lubrificando o maquinismo de minha igreja — uma máquina que eu próprio  montara — senão ela se desintegraria. Na Argentina, os pastores ainda são mais solicitados  que os de outros lugares, pois estão entre as poucas pessoas que possuem automóveis e assim  nos tornamos no motorista particular de todo o mundo. Temos que levar os doentes para o  hospital, e assim por diante, além de nossos próprios deveres. 

Mas, graças a Deus, um dia eu parei. E isso provocou uma revolução em minha igreja.  Pela primeira vez, eu não estava apresentando meu programa ao Senhor e dizendo:  "Senhor, abençoa meus planos!" Agora eu dizia: "Senhor, o que queres que eu faça?"  Ê incrível o número de planos que um pastor faz e nao realiza. Eu já visitei muitas  igrejas e ouvi pastores dizerem: "No mês que vem, vamos iniciar um novo programa de  atividades. Tudo já está planejado e pronto para começarmos." 

No ano seguinte, encontro aquele pastor e lhe pergunto: "Como foi aquele programa,  irmão?" 

"Ah", replica ele, "não pudemos fazer aquilo. Mas na semana que vem vamos iniciar  uma nova programação." 

Por que nossos projetos acabam sempre se desfazendo? Porque tentamos executá-los  utilizando crianças. E não se pode depender de crianças. Elas fazem grandes promessas ("Eu  farei; eu me comportarei direitinho; prometo que o farei.") Mas elas não as cumprem. 

O Senhor teve que convencer-me de que parte de meu problema estava em que eu  pregava apenas leite. E eu pensara estar-me saindo tão bem! Mas tudo não passara do que o  autor de Hebreus chamou de "princípios elementares". (5.12-6.1.) 

Arrependimento 

Fé 

Batismos 

A imposição de mãos (o batismo do Espírito Santo, que na igreja primitiva geralmente  acontecia logo após o batismo nas águas, quando se impunham as mãos sobre a pessoa, ainda  na água). 

A ressurreição dos mortos 

O juízo eterno 

Foi sobre isto que preguei durante vinte anos. 

Examinei nossos volumes de escola dominical e descobri que eles versavam sobre os  mesmos princípios elementares, repetindo-os sempre.

Recordei o que aprendera na escola bíblica — a mesma coisa. (Não acreditam? Leiam o  índice de qualquer compêndio de teologia. Haverá um capítulo sobre a Bíblia, outro sobre  Deus, outro sobre o homem, depois sobre a salvação, depois o Espírito Santo, depois a  segunda vinda de Cristo, e finalmente escatologia. E isto é tudo. Nada além dos "princípios  elementares dos oráculos de Deus", como diz nossa versão.) 

Eu pertencia a uma denominação que se orgulhava de pregar sobre quatro temas:  salvação, batismo do Espírito Santo, cura e a segunda vinda de Cristo. Chamávamos a isto  "evangelho completo". Outros substituem o item n.° 2, batismo do Espírito Santo, por  santificação. 

Como é que isto pode ser chamado de evangelho completo, se o autor de Hebreus diz  que é elementar? 

Não quero ter a pretensão de criticar ninguém. Eu também cometi estes erros. Fiquei  perplexo quando descobri que, na igreja primitiva, todas estas coisas — arrependimento, fé,  batismo nas águas, batismo do Espírito Santo e preparação para o tempo do fim — eram incorporadas à vida do crente no dia em que se convertia. Isto se constituía no ponto inicial do  qual ele partia em direção à maturidade espiritual.

Há pouco tempo um pastor de outra denominação me disse: 

"Ah, Pastor Ortiz, eu agora estou penetrando águas bem profundas. Estou penetrando  em uma nova dimensão do evangelho que nunca pensei existir." 

"O que aconteceu, irmão?" indaguei. "Ê que agora estou falando em línguas",  respondeu. 

Isto não é nada", repliquei, "na igreja primitiva eles falavam em línguas no dia em que  eram salvos. Você pensa que atingiu o ponto máximo de sua carreira espiritual. Ainda está  nos primeiros passos, como a maioria dos crentes." 

Fiquei muito chocado, certo dia, quando um rapaz de minha igreja me disse:  "Irmão Juan", disse ele, "sabe de uma coisa? Eu observei que depois que me converti,  há um ano atrás, aprendi muito nos primeiros seis meses. Mas de lá para cá, parece que sei  tudo que todos os outros sabem. Estou apenas me mantendo no mesmo nível; não estou-me  desenvolvendo, como naqueles primeiros meses." 

Por que o seu pastor não lhe dava nada além de leite? 

Comecei procurando descobrir o que poderia ser este alimento sólido. Vi que Paulo  disse aos coríntios que não podia dar-lhes alimentos sólidos, porque ainda eram bebês, e,  logicamente, seu regime alimentar era constituído apenas de leite. Sobre que fala ele em 1  Coríntios? Imoralidade na igreja, contendas entre irmãos, problemas conjugais, carne  sacrificada a ídolos, insubordinação, vestuário das mulheres, observação errada da Ceia do  Senhor, dons espirituais, a ressurreição dos mortos, e sobre como se levantar ofertas. 

Nada a não ser leite, disse Paulo. 

Mas ele nos deu uma pequena amostra de alimento sólido no capítulo 2.  "Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste  século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de  Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa  glória; mas como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou  em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo  revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as  profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem senão o seu próprio  espírito que nele está? assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito  de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim o Espírito que vem de  Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também  falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito,  conferindo cousas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as cousas do  espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem  espiritualmente. Porém, o homem espiritual julga todas as cousas, mas ele mesmo não é  julgado por ninguém. Pois, quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós,  porém, temos a mente de Cristo." (1 Co 2.6-16.) 

Mas no verso que se segue (3.1), ele volta a dirigir-se a "crianças em Cristo". A que é  que Paulo se refere neste capítulo 2? 

Mais adiante ele discorre acerca de sua jornada aos comandos centrais do universo onde  "ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir" (2 Co 12.4). Que será que  Deus revelou a Paulo nesta ocasião? Ele não o incluiu em seus escritos do Novo Testamento. 

Devemos lembrar que as epístolas foram escritas com o propósito de corrigir erros nas  igrejas. Elas não apresentam o veio principal do ensino apostólico, mas somente as  corrigendas. Nós não sabemos tudo que Paulo ensinou quando estava em Corinto, Antioquia,  Troas, Tessalônica e em outras cidades.

Sobre o que versa o livro de Romanos? Sobre arrependimento. Hebreus — como está  claro pela passagem que citamos no início deste capítulo — foi formulado de modo bem  simples para que os "bebês" não se engasgassem. (Em nossos seminários, Romanos e Hebreus  são epístolas muito profundas, cujo estudo só é feito no terceiro ano.) 

Não é muito animador constatar que nós ainda nem bebemos uma parte do leite que está  ao nosso dispor, nem digerimos o que já bebemos. O que faremos com a sabedoria que não  pertence a "este século"?