terça-feira, 4 de maio de 2021

Lúcifer destronado - Capítulo 04


 O vingador do diabo

Farei aqui uma pausa para esclarecer um pouco acerca da subcultura para a qual estávamos nos dirigindo. Queremos falar a respeito dos satanistas que se constituíram em igrejas legais, com todos os direitos e com a situação privilegiada de ter imunidade de impostos.

Nos Estados Unidos, como em muitos outros países, temos liberdade religiosa. Isto é um fato, e, contanto que os satanistas não transgridam nenhuma lei, têm o direito ao seu rito religioso como queiram. Não estamos negando a ninguém o direito a liberdade religiosa.

Contudo, simplesmente por ser uma atividade legal, isso não diminui em nada o risco spiritual envolvido. Um membro da Igreja de Satanás corre o risco de perder a sua alma tanto quanto o mais determinado satanista. Não nos esqueçamos de que mentir é próprio da natureza de Satanás. Ele é chamado de o pai da mentira (Jo 8.44) e o enganador (2 Jo 1.7). Assim, seria uma ingenuidade total darmos crédito à palavra dos mais dedicados seguidores de Satanás, ao dizerem que não fazem nada que seja ilegal.

Outro problema é que essas igrejas normalmente são portas de entrada para formas mais profundas de satanismo. Como você pôde ver nos capítulos anteriores, esse foi o caso em minha vida, e sei de muitos outros que têm histórias semelhantes. Desse modo, tal como ocorre com muitas outras formas de comportamento que são “inofensivas” e “protegidas pela própria Constituição”, como, por exemplo, o jogo de RPG denominado Dungeons and Dragons [Calabouços e Dragões], esses grupos satânicos são portas de entrada para variedades avançadas e sangrentas do satanismo.

Também a história dessas igrejas satanistas não é aquela maravilha, como logo iremos ver. Já mencionamos a infame Igreja de Satanás, de Anton LaVey. Não há um número muito grande de igrejas satanistas legais nos Estados Unidos, porque a maioria dos satanistas considera o exame minucioso feito pelo governo americano um tanto restritivo. Não obstante, só nesse país há pelo menos 450 grupos identificados como satânicos!

Na sua maioria, são pequenos grupos, mas influentes numa escala muito superior ao seu número de membros. A Igreja de Satanás, pelo que se sabe, alcançou um elevado número de membros no ano de 1973, algo entre cinco e dez mil.2 Em meados de 1980,

esse número cresceu extraordinariamente, segundo LaVey.

Uma Igreja Satânica sem o Diabo?

LaVey deu início às atividades de sua Igreja em 1966, depois de uma vida de múltiplas atividades, pois fora antes domador de leões, organista e fotógrafo policial. Era, além disso, faixa preta em judô. O relato “oficial” da razão pela qual ele concebeu a Igreja de Satanás diz que havia se desiludido com o cristianismo. Via na igreja aos domingos os mesmos homens que, no dia anterior, ele tinha visto em shows de striptease, em boates onde tocava órgão.

Depois de certo tempo atuando como fotógrafo policial, LaVey ficou “farto” de Deus por ver, em função do seu trabalho, tanta brutalidade e tantas mulheres e crianças mortas. Ele não podia compreender como Deus, supostamente o bom Deus dos cristãos, pudesse valer alguma coisa, já que permitia que todo esse mal acontecesse.

Na noite de 1- de maio de 1966, rapou a cabeça, imitando o famoso e genial satanista Aleister Crowley, os homens fortes do circo e os sacerdotes egípcios. Nesse dia, proclamou o início do primeiro ano da Era de Satanás. Até o dia de hoje, a Igreja de Satanás estabelece as datas a partir daquele dia. Assim, 1993 seria XXVII A.S. (ano de Satanás)!

A combinação inicial de um desprezível profissional dos prazeres da carne com sua genialidade incomum e sua condição de alguém que buscava a magia com seriedade é o que veio caracterizar, em grande parte, o desenvolvimento da Igreja de Satanás.

LaVey começou com um grupo de estudos de magia negra, e desse grupo foi que se desenvolveu o núcleo central do início da Igreja de Satanás. Logo depois, escreveu A Bíblia Satânica, não propriamente como uma “revelação satânica”, mas como uma combinação bem montada de uma filosofia, um psicodrama e um detestável equívoco. Com a publicação dessa “Bíblia”, a sua reputação se e a membresia da sua Igreja decolaram como um rojão.

A certa altura, ele fez o circuito das boates com uma apresentação intitulada “Anton LaVey e suas bruxas topless”. Comprou uma casa na Rua Califórnia, em San Francisco, e a pintou de preto. Sua decoração foi feita com o que no mínimo seria considerado de tenebroso mau gosto. Mesas para café na forma de túmulos, múmias pelos cantos, e um leão da Núbia, negro, vivo, adulto, que vivia no porão.

LaVey promoveu o primeiro batismo satânico do mundo aberto ao público, o de sua filha Zeena, que então tinha três anos de idade, diante de um altar com uma figura de nu feminino. Dirigiu também o primeiro funeral satânico, com todas as honras militares, no cemitério de Arlington. Serviu ainda como assessor técnico do filme O Bebê de Rosemary, e chegou mesmo a aparecer no filme, fazendo o papel do diabo na cena em que Satanás violenta a heroína.

Ele se deu muito bem com os manda-chuvas de Hollywood, o que em nada nos deve surpreender.

Talvez surpreenda os cristãos o fato de a linha “oficial” da Igreja de Satanás não acreditar na existência de Satanás! Para LaVey, Satanás seria apenas o que o psicólogo ocultista Carl Jung chamou de “arquétipo”, um símbolo do desejo de Prometeu, da humanidade, de roubar fogo dos deuses e reinarem, os seres humanos, como deuses e deusas

sobre a terra. O diabo não teria existência a não ser como uma metáfora para os livres desejos e potencialidades da humanidade. O valor de Satanás para LaVey foi que, invocando o nome dele, com todo o simbolismo e tudo o que o diabo lembra, ele podia causar um enorme impacto, psicológico e emocional. Antes de mais nada, podia amedrontar os “ingênuos”, mas também podia usar Satanás como uma alavanca para afrouxar as “restrições de ordem moral” e as “prisões” daqueles que viessem até ele.

LaVey percebeu que aqueles que o procuravam poderiam ser mais bem ajudados por meio da realização de um psicodrama ritual, em que fossem forçados a fazer coisas que consideravam repugnantes. Por exemplo, sua “prescrição” psíquica poderia incluir, de imediato, levar um católico a se envolver com a magia negra, ou um judeu, num ritual de preconceitos nazistas.

A destruição de qualquer coisa que pudesse ser considerada sagrada foi o que ele considerou como sendo essencial. Certa vez, gracejou dizendo que a “magia negra” perfeita para a década de 1960, cheia de filosofia hippie, seria ter a foto de Maharisha Mahesh Yogi (que fundou a MT — Meditação Transcendental) de cabeça para baixo, fazer derreter um disco dos Beatles e jogar um quilo de maconha na privada dando a descarga.

LaVey viu a si mesmo não tanto como um verdadeiro adorador do diabo, mas como o “Vingador do Diabo” (título de sua biografia oficial, escrita por Burton Wolfe). Ele defende não o diabo, mas o que o diabo representa. Fala contra as injustas “difamações” em relação ao diabo, ao longo dos séculos. Assim, uma análise mais criteriosa pode revelar que o sistema de crenças da Igreja de Satanás é constituído de conceitos bastante diversos:

1. Ateísmo:

A negação de qualquer tipo de divindade.

2. Ética Objetiva:

Baseada nos ensinos do filósofo ateu Ayn Rand de que o egoísmo é o maior bem.

3. Salvação por Si Mesmo:

O homem não necessita de ninguém mais, a não ser de si mesmo, para salvar-se; e a necessidade de salvação no sentido cristão é negada: “Eu sou meu próprio redentor!”3

4. Psicoterapia de Reich:

A forma de freudianismo um tanto bizarra de Wilhelm Reich é baseada na crença do “orgônio”, ou unidade de energia orgásmica e na idéia de que toda enfermidade é causada pela repressão da energia sexual. Envolve ainda o uso de “caixas orgônio” especiais e a liberação de toda inibição sexual. As idéias de Reich estão no cerne de grande parte dos ensinos e da metodologia de LaVey.

5. Psicodrama Ritual:

A idéia é a de que rituais blasfemos podem ser usados para fazer com que as pessoas percam as suas inibições e fiquem “libertas”, ao escarnecerem, justamente, de tudo o que creiam ser sagrado. Este era o princípio de LaVey quanto a Satanás ser “adversário”.

Um folheto da Igreja de Satanás, publicado em 1966, ensina conceitos de Reich:

O homem tem de aprender a fazer a própria vontade por quaisquer meios que ache necessário (...) somente deste modo é que podemos nos aliviar de frustrações prejudiciais, que, se não forem aliviadas poderão crescer e causar muitas doenças reais.

Em seguida ao tremendo sucesso do seu primeiro livro, LaVey escreveu The Compleat Witch — or What to Do When Virtue Fails [A Bruxa Completa — ou O Que Fazer Quando a Virtude Falha], uma espécie de guia do tipo “faça você mesmo”

para a mulher interessada em se tornar uma fatal satanista, e The Satanic Rituais [Os Rituais Satânicos], um livro que apresenta, entre outras coisas, uma versão francesa original da Missa Negra, rituais nazistas, rituais dos Cavaleiros Templários, e até mesmo rituais baseados nos escritos de horror de H. P. Lovecraft.

Contudo, nenhum desses livros chegou perto do sucesso ou impacto da sua Bíblia Satânica.

Muito embora LaVey defenda a liberdade sexual e tenha feito da blasfêmia um ritual, tanto ele como sua filha Zeena não são coerentes, negando as acusações de que promovem o ódio, a violência e a crueldade a animais e a seres humanos. Negam ainda qualquer envolvimento ou promoção ao uso ilegal de drogas.

Apesar de suas tentativas de garantir uma “boa imagem”, o maior sucesso de LaVey deixa transparecer alguns de seus mais tenebrosos segredos. Que a própria Bíblia Satânica, sua obra-prima, fale por si mesma. Esse livro é bastante popular, chegando até a ganhar em vendas, durante certo tempo, da própria Bíblia Sagrada, em vários campi universitários, por todos os Estados Unidos. A “bíblia de Lavey” tem sido encontrada nas mãos de inúmeros “delinquentes satanistas” adolescentes e marginais satanistas logo após haverem cometido crimes hediondos, inclusive assassinatos em massa. O livro é provavelmente o que mais se aproxima de um pronunciamento oficial do que é o satanismo, feito por um

satanista contemporâneo. Veja a seguir algumas citações extraídas de suas “Nove Declarações Satânicas”: uma espécie de “Manifesto Satanista” :7

• Satanás representa permissividade, em vez de abstinência...

• Satanás representa “bondade para aqueles que a merecem”,

em vez de “amor desperdiçado com pessoas ingratas”.

• Satanás representa vingança, em vez de dar a outra face...

• Satanás representa o homem como sendo apenas outro animal,

às vezes melhor, mas muito mais vezes pior em relação aos

que andam com quatro patas, tendo se tornado o mais pernicioso de todos os animais, por causa de seu “divino desenvolvimento espiritual e intelectual”.

• Satanás representa tudo o que se diz ser pecado, pois todos os pecados levam a uma satisfação, seja física, emocional ou mental...

Embora LaVey negue que seus satanistas pratiquem sacrifícios de animais e humanos, a “bíblia” que ele escreveu pinta um quadro totalmente diferente. Ali são ensinados ataques por meios espirituais —- assassinatos por meio de maldições. No Ritual de Destruição,8 as palavras não deixam dúvida quanto às suas intenções:

Peço aos mensageiros da destruição que golpeiem com prazerosa severidade sua vítima que eu haja escolhido. Silencioso seja o pássaro mudo que se alimenta da massa encefálica daquele que me atormentou... arranque aquela língua palradora e feche a sua garganta. Ó Káli! Perfura os pulmões dessa pessoa com ferrões de escorpião. O

Sekhmet! Derrama tua substância no sinistro vazio! Ó poderoso Dagom! Eu lanço para o ar o aguilhão de duas pontas do Inferno, nas quais, resplendentemente empalado, meu sacrifício de vingança há de ficar!

Essas ordens têm, evidentemente, a finalidade de ser executadas, levar a pessoa amaldiçoada a uma morte terrível. LaVey até mesmo recomenda:

“Não se preocupe se a almejada vítima vai viver ou morrer, ao lançar a sua maldição. E, se conseguir que seja destruída, festeje, em vez de sentir remorso. Preste bastante atenção a estas regras, pois, do contrário, você terá o reverso dos seus desejos, causando-lhe dano, em vez de o favorecer.”

Embora LaVey se mostre, oficialmente, contra a mutilação intencional de pessoas, sua Bíblia Satânica promove a violência. Para a maioria de nós, fica um tanto difícil separar eticamente a intenção de matar alguém do ato de amaldiçoá-lo para que morra. Se se acredita que o feitiço que se está fazendo de fato funciona, não deixa de ser uma tentativa de assassinato, tal como se se usasse uma arma de brinquedo pensando estar usando uma arma de verdade.

Isso se vê com mais clareza no relato do que aconteceu quando um “sumo sacerdote da Igreja de Satanás” pessoalmente amaldiçoou alguém com terríveis resultados.

Estamos agora falando do caso de uma discípula de LaVey, a famosa “deusa do sexo” Jayne Mansfield. Essa conhecida atriz de cinema, tornou-se membro da Igreja de Satanás em 1965. Ela pregava as idéias do satanismo, proclamando que a castidade é “realmente uma perversão que causa doenças, um verdadeiro mal”. Apareceu em fotos de propaganda bebendo do enorme cálice cerimonial de LaVey, junto com ele, vestido de todos os seus aparatos satânicos: um terno preto, um manto acetinado preto e um boné preto

com chifres do diabo. O envolvimento de Jayne Mansfield com LaVey alarmou um amigo dela de nome Sam Brody, que a advertiu de que esse relacionamento poderia tornar-se para ela um enorme desastre em sua imagem pública como atriz.

Brody ameaçou LaVey de expô-lo como charlatão e vigarista.

LaVey, em resposta, amaldiçoou ritualmente Brody e advertiu Jayne que se mantivesse bem longe dele, para que a maldição lançada sobre ele não a atingisse também. Jayne achou melhor ignorar a advertência de LaVey. Em cerca de apenas um ano, a 29 de junho de 1 967, Brody sofreu uma violenta batida de frente com seu carro, na qual Jayne estava também, ao lado dele. Nesse terrível acidente, ambos foram instantaneamente decapitados!

Problemática é também a glorificação do ódio e do terrorismo no livro de LaVey:

Odeie seus inimigos de todo o coração, e se alguém lhe bater no rosto, quebre a cara dele! Bata nele sem dó nem piedade, pois a lei maior é a da autopreservação. Quem oferece a outra face é um cão covarde. Revide golpe por golpe, desprezo por desprezo, destruição por destruição — com uma desforra bem aumentada, formada pelos seus interesses. Olho

por olho, dente por dente, sempre quadruplicado, e até multiplicado por cem! Torne-se um terror para o seu adversário, que, quando cair fora, terá muito no que refletir.

E como poderíamos deixar de lado as “Bem-aventuranças Satânicas”? Observe a glorificação da violência e do assassinato a quem não tiver escape:

• Bem-aventurados são os fortes, pois possuirão a terra — amaldiçoados são os fracos, pois herdarão o jugo.

• Bem-aventurados são os poderosos, pois serão reverenciados entre os homens — maldiçoados são os frágeis, pois serão arrasados.

• Bem-aventurados são os ousados, pois serão senhores do mundo — amaldiçoados são os íntegros e humildes, pois serão pisoteados pelas patas do diabo.

• Bem-aventurados são os vitoriosos, pois a vitória é a base do direito — amaldiçoados são os derrotados, pois serão vassalos para sempre...

• Bem-aventurados os implacáveis, pois os incompetentes fugirão diante deles — amaldiçoados são os pobres de espírito, pois serão menosprezados.

• Bem-aventurados são aqueles que crêem naquilo que é melhor para si, pois jamais sua mente ficará apavorada — amaldiçoados são os “cordeiros de Deus”, pois serão totalmente espoliados.

• Três vezes são amaldiçoados os fracos cuja insegurança os torna desprezíveis, pois servirão e sofrerão.

Isso soa como se fosse uma homilia feita por Hitler! Veja como há um total contraste com os ensinos do Senhor Jesus Cristo:

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. (Mt 5.3-6)

Com um ensino satanista como aquele, qual será a norma ética que impedirá que um de seus seguidores roube, mate ou estupre quem quer que ele desejar? Embora sua Igreja facialmente não advogue o assassinato, os princípios da Bíblia Satânica incitam a “lei da selva”. Não é de admirar que não haja orfanatos ou hospitais mantidos por satanistas.

O livro de LaVey nao é propriamente uma “escritura sagrada” para os satanistas, mas sua influência não pode ser subestimada!

Suas provocantes declarações também não devem ser ignoradas, principalmente quando vemos que, na maior parte dos casos de violência satânica, é sempre encontrado um exemplar desse livro, bastante usado, em meio aos pertences do envolvido.

Mais trágico ainda é o fato de que fui informado quando me achava ainda, na fraternidade satânica: que a igreja de LaVey é meramente uma organização de linha de frente, montada pelos grupos satânicos mais avançados, como seu instrumento de sustentação. Ela tem de fato servido a esse propósito muito bem. Embora LaVey já tenha falecido [ele morreu na década de 1990], A Bíblia Satânica

continua vendendo muito, já faz mais de três décadas!

Não obstante, de quando em quando até as melhores máscaras caem, como aconteceu em 1989 no programa de entrevistas da televisão americana Sally Jesse R aphael. Zeena LaVey, que é a filha mais nova dele, estava falando sobre o lado satânico do teatro com um colega, Nicolas Schreck. Este homem, que lidera um grupo chamado Werewolf Order [Ordem dos Lobisomens], passou a se revelar nitidamente hitlerista. Advogou a destruição dos deficientes e dos que não se desenvolvam de um modo normal. O mesmo programa mostrou que Schreck e Zeena LaVey haviam participado de um “evento satânico” num teatro em 8 de agosto de 1988 (8-8-88) em comemoração aos infames assassinatos ligados a Charles Manson.14 Eles exibiram, entre outras coisas, cenas completas dos assassinatos, rufaram tambores e ovacionaram a cena da atriz Sharon Tate sendo esfaqueada até à morte, grávida.

Esse programa de televisão, com Zeena tendo a seu lado Schreck, que com tudo concordava, balançando a cabeça, trouxe à luz, de modo espantoso, o tenebroso niilismo e desespero que estão por trás desse satanismo metido a burlesco, de LaVey. O resultado foram tremendas vaias do auditório, que geralmente é bastante liberal.

LaVey e sua Igreja não devem ser, porém, subestimados. Ele é um homem muito inteligente e, não há dúvida, um dos feiticeiros mais talentosos da sua geração. Quanto ao fato de se ele crê ou não no diabo, isso não se sabe ao certo. Mas não é necessário acreditar num deus ou diabo para ser praticante da magia negra. Basta ter uma firme disposição de abrir a alma às tenebrosas e gélidas atrações malignas de Lúcifer.

Se LaVey já tem como causar tanto dano a uma geração, sem nem mesmo professar sua crença em Satanás, imagine quão pior não seria alguém que realmente adorasse 0 Velho Demônio...