Farei aqui uma pausa para esclarecer um pouco acerca da
subcultura para a qual estávamos nos dirigindo. Queremos falar a respeito dos
satanistas que se constituíram em igrejas legais, com todos os direitos e com a
situação privilegiada de ter imunidade de impostos.
Nos Estados Unidos, como em muitos outros países, temos
liberdade religiosa. Isto é um fato, e, contanto que os satanistas não
transgridam nenhuma lei, têm o direito ao seu rito religioso como queiram. Não
estamos negando a ninguém o direito a liberdade religiosa.
Contudo, simplesmente por ser uma atividade legal, isso não diminui
em nada o risco spiritual envolvido. Um membro da Igreja de Satanás corre o
risco de perder a sua alma tanto quanto o mais determinado satanista. Não nos
esqueçamos de que mentir é próprio da natureza de Satanás. Ele é chamado de o
pai da mentira (Jo 8.44) e o enganador (2 Jo 1.7). Assim, seria uma ingenuidade
total darmos crédito à palavra dos mais dedicados seguidores de Satanás, ao
dizerem que não fazem nada que seja ilegal.
Outro problema é que essas igrejas normalmente são portas de
entrada para formas mais profundas de satanismo. Como você pôde ver nos
capítulos anteriores, esse foi o caso em minha vida, e sei de muitos outros que
têm histórias semelhantes. Desse modo, tal como ocorre com muitas outras formas
de comportamento que são “inofensivas” e “protegidas pela própria
Constituição”, como, por exemplo, o jogo de RPG denominado Dungeons and Dragons
[Calabouços e Dragões], esses grupos satânicos são portas de entrada para
variedades avançadas e sangrentas do satanismo.
Também a história dessas igrejas satanistas não é aquela
maravilha, como logo iremos ver. Já mencionamos a infame Igreja de Satanás, de
Anton LaVey. Não há um número muito grande de igrejas satanistas legais nos
Estados Unidos, porque a maioria dos satanistas considera o exame minucioso
feito pelo governo americano um tanto restritivo. Não obstante, só nesse país
há pelo menos 450 grupos identificados como satânicos!
Na sua maioria, são pequenos grupos, mas influentes numa
escala muito superior ao seu número de membros. A Igreja de Satanás, pelo que
se sabe, alcançou um elevado número de membros no ano de 1973, algo entre cinco
e dez mil.2 Em meados de 1980,
esse número cresceu extraordinariamente, segundo LaVey.
Uma Igreja Satânica sem o Diabo?
LaVey deu início às atividades de sua Igreja em 1966, depois
de uma vida de múltiplas atividades, pois fora antes domador de leões,
organista e fotógrafo policial. Era, além disso, faixa preta em judô. O relato
“oficial” da razão pela qual ele concebeu a Igreja de Satanás diz que havia se
desiludido com o cristianismo. Via na igreja aos domingos os mesmos homens que,
no dia anterior, ele tinha visto em shows de striptease, em boates onde tocava
órgão.
Depois de certo tempo atuando como fotógrafo policial, LaVey
ficou “farto” de Deus por ver, em função do seu trabalho, tanta brutalidade e
tantas mulheres e crianças mortas. Ele não podia compreender como Deus,
supostamente o bom Deus dos cristãos, pudesse valer alguma coisa, já que
permitia que todo esse mal acontecesse.
Na noite de 1- de maio de 1966, rapou a cabeça, imitando o
famoso e genial satanista Aleister Crowley, os homens fortes do circo e os
sacerdotes egípcios. Nesse dia, proclamou o início do primeiro ano da Era de
Satanás. Até o dia de hoje, a Igreja de Satanás estabelece as datas a partir
daquele dia. Assim, 1993 seria XXVII A.S. (ano de Satanás)!
A combinação inicial de um desprezível profissional dos
prazeres da carne com sua genialidade incomum e sua condição de alguém que
buscava a magia com seriedade é o que veio caracterizar, em grande parte, o
desenvolvimento da Igreja de Satanás.
LaVey começou com um grupo de estudos de magia negra, e
desse grupo foi que se desenvolveu o núcleo central do início da Igreja de
Satanás. Logo depois, escreveu A Bíblia Satânica, não propriamente como uma
“revelação satânica”, mas como uma combinação bem montada de uma filosofia, um
psicodrama e um detestável equívoco. Com a publicação dessa “Bíblia”, a sua
reputação se e a membresia da sua Igreja decolaram como um rojão.
A certa altura, ele fez o circuito das boates com uma
apresentação intitulada “Anton LaVey e suas bruxas topless”. Comprou uma casa
na Rua Califórnia, em San Francisco, e a pintou de preto. Sua decoração foi
feita com o que no mínimo seria considerado de tenebroso mau gosto. Mesas para
café na forma de túmulos, múmias pelos cantos, e um leão da Núbia, negro, vivo,
adulto, que vivia no porão.
LaVey promoveu o primeiro batismo satânico do mundo aberto
ao público, o de sua filha Zeena, que então tinha três anos de idade, diante de
um altar com uma figura de nu feminino. Dirigiu também o primeiro funeral
satânico, com todas as honras militares, no cemitério de Arlington. Serviu
ainda como assessor técnico do filme O Bebê de Rosemary, e chegou mesmo a
aparecer no filme, fazendo o papel do diabo na cena em que Satanás violenta a
heroína.
Ele se deu muito bem com os manda-chuvas de Hollywood, o que
em nada nos deve surpreender.
Talvez surpreenda os cristãos o fato de a linha “oficial” da
Igreja de Satanás não acreditar na existência de Satanás! Para LaVey, Satanás
seria apenas o que o psicólogo ocultista Carl Jung chamou de “arquétipo”, um
símbolo do desejo de Prometeu, da humanidade, de roubar fogo dos deuses e reinarem,
os seres humanos, como deuses e deusas
sobre a terra. O diabo não teria existência a não ser como
uma metáfora para os livres desejos e potencialidades da humanidade. O valor de
Satanás para LaVey foi que, invocando o nome dele, com todo o simbolismo e tudo
o que o diabo lembra, ele podia causar um enorme impacto, psicológico e
emocional. Antes de mais nada, podia amedrontar os “ingênuos”, mas também podia
usar Satanás como uma alavanca para afrouxar as “restrições de ordem moral” e
as “prisões” daqueles que viessem até ele.
LaVey percebeu que aqueles que o procuravam poderiam ser
mais bem ajudados por meio da realização de um psicodrama ritual, em que fossem
forçados a fazer coisas que consideravam repugnantes. Por exemplo, sua
“prescrição” psíquica poderia incluir, de imediato, levar um católico a se
envolver com a magia negra, ou um judeu, num ritual de preconceitos nazistas.
A destruição de qualquer coisa que pudesse ser considerada
sagrada foi o que ele considerou como sendo essencial. Certa vez, gracejou
dizendo que a “magia negra” perfeita para a década de 1960, cheia de filosofia
hippie, seria ter a foto de Maharisha Mahesh Yogi (que fundou a MT — Meditação
Transcendental) de cabeça para baixo, fazer derreter um disco dos Beatles e
jogar um quilo de maconha na privada dando a descarga.
LaVey viu a si mesmo não tanto como um verdadeiro adorador
do diabo, mas como o “Vingador do Diabo” (título de sua biografia oficial,
escrita por Burton Wolfe). Ele defende não o diabo, mas o que o diabo representa.
Fala contra as injustas “difamações” em relação ao diabo, ao longo dos séculos.
Assim, uma análise mais criteriosa pode revelar que o sistema de crenças da
Igreja de Satanás é constituído de conceitos bastante diversos:
1. Ateísmo:
A negação de qualquer tipo de divindade.
2. Ética Objetiva:
Baseada nos ensinos do filósofo ateu Ayn Rand de que o
egoísmo é o maior bem.
3. Salvação por Si Mesmo:
O homem não necessita de ninguém mais, a não ser de si
mesmo, para salvar-se; e a necessidade de salvação no sentido cristão é negada:
“Eu sou meu próprio redentor!”3
4. Psicoterapia de Reich:
A forma de freudianismo um tanto bizarra de Wilhelm Reich é
baseada na crença do “orgônio”, ou unidade de energia orgásmica e na idéia de
que toda enfermidade é causada pela repressão da energia sexual. Envolve ainda
o uso de “caixas orgônio” especiais e a liberação de toda inibição sexual. As
idéias de Reich estão no cerne de grande parte dos ensinos e da metodologia de
LaVey.
5. Psicodrama Ritual:
A idéia é a de que rituais blasfemos podem ser usados para
fazer com que as pessoas percam as suas inibições e fiquem “libertas”, ao
escarnecerem, justamente, de tudo o que creiam ser sagrado. Este era o
princípio de LaVey quanto a Satanás ser “adversário”.
Um folheto da Igreja de Satanás, publicado em 1966, ensina
conceitos de Reich:
O homem tem de aprender a fazer a própria vontade por
quaisquer meios que ache necessário (...) somente deste modo é que podemos nos
aliviar de frustrações prejudiciais, que, se não forem aliviadas poderão
crescer e causar muitas doenças reais.
Em seguida ao tremendo sucesso do seu primeiro livro, LaVey
escreveu The Compleat Witch — or What to Do When Virtue Fails [A Bruxa Completa
— ou O Que Fazer Quando a Virtude Falha], uma espécie de guia do tipo “faça
você mesmo”
para a mulher interessada em se tornar uma fatal satanista,
e The Satanic Rituais [Os Rituais Satânicos], um livro que apresenta, entre
outras coisas, uma versão francesa original da Missa Negra, rituais nazistas,
rituais dos Cavaleiros Templários, e até mesmo rituais baseados nos escritos de
horror de H. P. Lovecraft.
Contudo, nenhum desses livros chegou perto do sucesso ou
impacto da sua Bíblia Satânica.
Muito embora LaVey defenda a liberdade sexual e tenha feito
da blasfêmia um ritual, tanto ele como sua filha Zeena não são coerentes,
negando as acusações de que promovem o ódio, a violência e a crueldade a
animais e a seres humanos. Negam ainda qualquer envolvimento ou promoção ao uso
ilegal de drogas.
Apesar de suas tentativas de garantir uma “boa imagem”, o
maior sucesso de LaVey deixa transparecer alguns de seus mais tenebrosos
segredos. Que a própria Bíblia Satânica, sua obra-prima, fale por si mesma.
Esse livro é bastante popular, chegando até a ganhar em vendas, durante certo
tempo, da própria Bíblia Sagrada, em vários campi universitários, por todos os
Estados Unidos. A “bíblia de Lavey” tem sido encontrada nas mãos de inúmeros “delinquentes
satanistas” adolescentes e marginais satanistas logo após haverem cometido
crimes hediondos, inclusive assassinatos em massa. O livro é provavelmente o
que mais se aproxima de um pronunciamento oficial do que é o satanismo, feito
por um
satanista contemporâneo. Veja a seguir algumas citações
extraídas de suas “Nove Declarações Satânicas”: uma espécie de “Manifesto
Satanista” :7
• Satanás representa permissividade, em vez de
abstinência...
• Satanás representa “bondade para aqueles que a merecem”,
em vez de “amor desperdiçado com pessoas ingratas”.
• Satanás representa vingança, em vez de dar a outra face...
• Satanás representa o homem como sendo apenas outro animal,
às vezes melhor, mas muito mais vezes pior em relação aos
que andam com quatro patas, tendo se tornado o mais
pernicioso de todos os animais, por causa de seu “divino desenvolvimento
espiritual e intelectual”.
• Satanás representa tudo o que se diz ser pecado, pois
todos os pecados levam a uma satisfação, seja física, emocional ou mental...
Embora LaVey negue que seus satanistas pratiquem sacrifícios
de animais e humanos, a “bíblia” que ele escreveu pinta um quadro totalmente
diferente. Ali são ensinados ataques por meios espirituais —- assassinatos por
meio de maldições. No Ritual de Destruição,8 as palavras não deixam dúvida
quanto às suas intenções:
Peço aos mensageiros da destruição que golpeiem com
prazerosa severidade sua vítima que eu haja escolhido. Silencioso seja o
pássaro mudo que se alimenta da massa encefálica daquele que me atormentou...
arranque aquela língua palradora e feche a sua garganta. Ó Káli! Perfura os
pulmões dessa pessoa com ferrões de escorpião. O
Sekhmet! Derrama tua substância no sinistro vazio! Ó
poderoso Dagom! Eu lanço para o ar o aguilhão de duas pontas do Inferno, nas
quais, resplendentemente empalado, meu sacrifício de vingança há de ficar!
Essas ordens têm, evidentemente, a finalidade de ser
executadas, levar a pessoa amaldiçoada a uma morte terrível. LaVey até mesmo
recomenda:
“Não se preocupe se a almejada vítima vai viver ou morrer,
ao lançar a sua maldição. E, se conseguir que seja destruída, festeje, em vez
de sentir remorso. Preste bastante atenção a estas regras, pois, do contrário,
você terá o reverso dos seus desejos, causando-lhe dano, em vez de o
favorecer.”
Embora LaVey se mostre, oficialmente, contra a mutilação
intencional de pessoas, sua Bíblia Satânica promove a violência. Para a maioria
de nós, fica um tanto difícil separar eticamente a intenção de matar alguém do
ato de amaldiçoá-lo para que morra. Se se acredita que o feitiço que se está
fazendo de fato funciona, não deixa de ser uma tentativa de assassinato, tal
como se se usasse uma arma de brinquedo pensando estar usando uma arma de
verdade.
Isso se vê com mais clareza no relato do que aconteceu
quando um “sumo sacerdote da Igreja de Satanás” pessoalmente amaldiçoou alguém
com terríveis resultados.
Estamos agora falando do caso de uma discípula de LaVey, a
famosa “deusa do sexo” Jayne Mansfield. Essa conhecida atriz de cinema,
tornou-se membro da Igreja de Satanás em 1965. Ela pregava as idéias do
satanismo, proclamando que a castidade é “realmente uma perversão que causa
doenças, um verdadeiro mal”. Apareceu em fotos de propaganda bebendo do enorme
cálice cerimonial de LaVey, junto com ele, vestido de todos os seus aparatos
satânicos: um terno preto, um manto acetinado preto e um boné preto
com chifres do diabo. O envolvimento de Jayne Mansfield com
LaVey alarmou um amigo dela de nome Sam Brody, que a advertiu de que esse
relacionamento poderia tornar-se para ela um enorme desastre em sua imagem
pública como atriz.
Brody ameaçou LaVey de expô-lo como charlatão e vigarista.
LaVey, em resposta, amaldiçoou ritualmente Brody e advertiu
Jayne que se mantivesse bem longe dele, para que a maldição lançada sobre ele
não a atingisse também. Jayne achou melhor ignorar a advertência de LaVey. Em
cerca de apenas um ano, a 29 de junho de 1 967, Brody sofreu uma violenta
batida de frente com seu carro, na qual Jayne estava também, ao lado dele.
Nesse terrível acidente, ambos foram instantaneamente decapitados!
Problemática é também a glorificação do ódio e do terrorismo
no livro de LaVey:
Odeie seus inimigos de todo o coração, e se alguém lhe bater
no rosto, quebre a cara dele! Bata nele sem dó nem piedade, pois a lei maior é
a da autopreservação. Quem oferece a outra face é um cão covarde. Revide golpe
por golpe, desprezo por desprezo, destruição por destruição — com uma desforra
bem aumentada, formada pelos seus interesses. Olho
por olho, dente por dente, sempre quadruplicado, e até
multiplicado por cem! Torne-se um terror para o seu adversário, que, quando
cair fora, terá muito no que refletir.
E como poderíamos deixar de lado as “Bem-aventuranças
Satânicas”? Observe a glorificação da violência e do assassinato a quem não
tiver escape:
• Bem-aventurados são os fortes, pois possuirão a terra —
amaldiçoados são os fracos, pois herdarão o jugo.
• Bem-aventurados são os poderosos, pois serão reverenciados
entre os homens — maldiçoados são os frágeis, pois serão arrasados.
• Bem-aventurados são os ousados, pois serão senhores do
mundo — amaldiçoados são os íntegros e humildes, pois serão pisoteados pelas
patas do diabo.
• Bem-aventurados são os vitoriosos, pois a vitória é a base
do direito — amaldiçoados são os derrotados, pois serão vassalos para sempre...
• Bem-aventurados os implacáveis, pois os incompetentes
fugirão diante deles — amaldiçoados são os pobres de espírito, pois serão
menosprezados.
• Bem-aventurados são aqueles que crêem naquilo que é melhor
para si, pois jamais sua mente ficará apavorada — amaldiçoados são os “cordeiros
de Deus”, pois serão totalmente espoliados.
• Três vezes são amaldiçoados os fracos cuja insegurança os
torna desprezíveis, pois servirão e sofrerão.
Isso soa como se fosse uma homilia feita por Hitler! Veja
como há um total contraste com os ensinos do Senhor Jesus Cristo:
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o
reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque serão fartos. (Mt 5.3-6)
Com um ensino satanista como aquele, qual será a norma ética
que impedirá que um de seus seguidores roube, mate ou estupre quem quer que ele
desejar? Embora sua Igreja facialmente não advogue o assassinato, os princípios
da Bíblia Satânica incitam a “lei da selva”. Não é de admirar que não haja
orfanatos ou hospitais mantidos por satanistas.
O livro de LaVey nao é propriamente uma “escritura sagrada”
para os satanistas, mas sua influência não pode ser subestimada!
Suas provocantes declarações também não devem ser ignoradas,
principalmente quando vemos que, na maior parte dos casos de violência
satânica, é sempre encontrado um exemplar desse livro, bastante usado, em meio
aos pertences do envolvido.
Mais trágico ainda é o fato de que fui informado quando me
achava ainda, na fraternidade satânica: que a igreja de LaVey é meramente uma
organização de linha de frente, montada pelos grupos satânicos mais avançados,
como seu instrumento de sustentação. Ela tem de fato servido a esse propósito
muito bem. Embora LaVey já tenha falecido [ele morreu na década de 1990], A
Bíblia Satânica
continua vendendo muito, já faz mais de três décadas!
Não obstante, de quando em quando até as melhores máscaras
caem, como aconteceu em 1989 no programa de entrevistas da televisão americana
Sally Jesse R aphael. Zeena LaVey, que é a filha mais nova dele, estava falando
sobre o lado satânico do teatro com um colega, Nicolas Schreck. Este homem, que
lidera um grupo chamado Werewolf Order [Ordem dos Lobisomens], passou a se
revelar nitidamente hitlerista. Advogou a destruição dos deficientes e dos que não
se desenvolvam de um modo normal. O mesmo programa mostrou que Schreck e Zeena
LaVey haviam participado de um “evento satânico” num teatro em 8 de agosto de 1988
(8-8-88) em comemoração aos infames assassinatos ligados a Charles Manson.14
Eles exibiram, entre outras coisas, cenas completas dos assassinatos, rufaram
tambores e ovacionaram a cena da atriz Sharon Tate sendo esfaqueada até à
morte, grávida.
Esse programa de televisão, com Zeena tendo a seu lado
Schreck, que com tudo concordava, balançando a cabeça, trouxe à luz, de modo
espantoso, o tenebroso niilismo e desespero que estão por trás desse satanismo
metido a burlesco, de LaVey. O resultado foram tremendas vaias do auditório,
que geralmente é bastante liberal.
LaVey e sua Igreja não devem ser, porém, subestimados. Ele é
um homem muito inteligente e, não há dúvida, um dos feiticeiros mais talentosos
da sua geração. Quanto ao fato de se ele crê ou não no diabo, isso não se sabe
ao certo. Mas não é necessário acreditar num deus ou diabo para ser praticante
da magia negra. Basta ter uma firme disposição de abrir a alma às tenebrosas e
gélidas atrações malignas de Lúcifer.
Se LaVey já tem como causar tanto dano a uma geração, sem
nem mesmo professar sua crença em Satanás, imagine quão pior não seria alguém
que realmente adorasse 0 Velho Demônio...