O antigo deão da faculdade, Eldon Strachan, morava num sítio
simples e despretensioso de pouco mais de quatro hectares a uma hora de
distância de Ashton. Ele não cultivava o lugar, apenas o usava, e quando o
carro atingiu a longa entrada de pedriscos, Marshall e Berenice viram que seus
interesses não se estendiam além das imediações da casa branca. O gramado era
pequeno e cuidado, as árvores frutíferas, podadas, produziam, a terra dos
canteiros de flores havia sido recentemente revirada e os canteiros desmatados.
Algumas galinhas ciscavam o chão. Um collie saudou os recém-chegados com
latidos furiosos.
—
Um ser humano normal para entrevistar desta vez — disse Marshall.
—
É por isso que ele se mudou de Ashton — disse Berenice. Strachan saiu à
varanda, o cão correndo e latindo ao seu lado.
—
Alô! — gritou ele para Marshall e Berenice quando eles desceram do carro. — Quieta, Lady — acrescentou ele, dirigindo-se à collie. Lady jamais
obedecia essas ordens.
Strachan era um sujeito saudável, de cabelos brancos,
que conseguia bastante exercício desse lugar, e o demonstrava. Trajava roupas
de trabalho e ainda trazia na mão um par de luvas de jardinagem.
Marshall estendeu a mão para um bom e firme aperto. Berenice fez o mesmo.
Trocaram apresentações, e a seguir Strachan convidou-os a darem a volta em
torno de Lady, que ainda latia, e entrarem na casa.
—
Doris — chamou Strachan — o Sr. Hogan e a Srta. Krueger estão aqui.
Dentro de minutos, Doris, uma doce, rechonchuda e
pequena senhora com aparência de avó, havia enchido a mesinha de centro com chá,
café, pãezinhos e doces, e eles discorriam agradavelmente sobre o sítio, a
região, o tempo, a vaca do vizinho. Todos estavam cientes de que essa parte era
obrigatória e, além disso, os Strachans eram pessoas muito agradáveis e de boa
prosa.
Afinal Eldon Strachan introduziu a sentença de transição:
—
Sim, suponho que as coisas em Ashton não estejam tão boas quanto aqui.
Berenice tirou o bloco de anotações, enquanto Marshall
dizia:
—
É, e detesto trazer tudo aquilo para cá conosco. Strachan sorriu e disse,
filosoficamente:
—
A gente pode fugir mas não pode se esconder.
Ele olhou pela janela as árvores recortadas contra o céu azul infinito e disse:
—
Sempre indaguei se fiz a coisa certa ao abandonar tudo. Mas o que mais eu podia
fazer?
Marshall conferiu novamente as suas anotações.
—
Vejamos. Você me disse no telefone quando partiu...
—
No fim de junho, há quase um ano.
—
E Ralph Kuklinski tomou o seu lugar.
—
E pelo que sei, ainda está.
—
Sim, ainda está. Ele participava de alguma forma desse... desse negócio do
"Círculo íntimo"? Não sei que outro nome dar.
Strachan pensou por um momento.
—
Não tenho certeza, mas não me surpreenderia se participasse. Era preciso que
ele fizesse parte do grupo para receber o cargo de deão.
—
Então realmente existe um tipo de "panelinha", por assim dizer?
—
Com toda a certeza. Esse fato tornou-se óbvio depois de algum tempo. Todos os
diretores estavam-se tornando muito parecidos, como clones uns dos outros.
Todos agiam da mesma forma, falavam da mesma forma...
—
Exceto você? Strachan riu.
—
Acho que não me adaptei muito bem ao clube. Para falar a verdade, tornei-me definitivamente
um intruso, inimigo mesmo, e acho que foi por isso que me demitiram.
—
Suponho que esteja falando da confusão relacionada às finanças da faculdade?
—
Exatamente —. Strachan precisou revirar a memória. — Jamais suspeitei de coisa
alguma até começarem a surgir inexplicáveis atrasos nos pagamentos. Nossas
contas estavam demorando a ser pagas, nossas folhas de pagamentos estavam
atrasadas. Não era minha obrigação sair atrás desse tipo de coisa, mas quando
comecei a receber reclamações indiretas, sabe como é, outros falando a
respeito, perguntei a Baylor qual era o problema. Ele não respondeu
diretamente às minhas perguntas, ou pelo menos não gostei do tom das suas
respostas. Foi nesse ponto que pedi que um contador independente, amigo meu,
desse uma olhada na coisa e talvez fizesse um exame rápido da contabilidade.
Não sei como ele conseguiu acesso à informação, mas era esperto e deu um
jeito.
Berenice tinha uma pergunta na ponta da língua.
—
Pode nos dar o nome dele? Strachan deu de ombros.
—
Johnson. Ernie Johnson.
—
Como podemos entrar em contato com ele?
—
Sinto muito, mas ele morreu.
Essa notícia causou profundo desapontamento. Marshall, porém,
agarrou-se a um fio de esperança.
—
Ele lhe deixou algum registro, alguma coisa por escrito? Strachan apenas meneou
a cabeça.
—
Se deixou, esses papéis se perderam. Por que acha que fiquei sentado aqui tão
quieto? Escute, conheço bem a Norm Mattily, o procurador geral do estado, e
pensei em procurá-lo e contar-lhe o que estava acontecendo. Mas, temos de
convir, essa gente importante lá de cima não nos dá a mínima atenção a não ser
que tenhamos alguma prova realmente substancial. É difícil conseguir que as autoridades
se arrisquem. Isso é algo que não fazem.
—
Está bem... mas afinal o que Ernie Johnson descobriu?
—
Ele ficou horrorizado. De acordo com o seu levantamento, dinheiro de doações e
matrículas estava sendo reinvestido com alarmante velocidade, mas
aparentemente não havia dividendos ou rendimento de espécie alguma provindos de
fossem lá quais fossem os investimentos, como se o dinheiro tivesse sido
despejado num poço sem fundo em algum canto. Os números tinham sido manipulados
de modo que cobrissem o rombo, as contas a pagar estavam sendo escalonadas a fim de se poder recorrer a outras contas a fim de
pagar as vencidas... nada mais era do que uma bagunça colossal.
—
Uma bagunça na casa dos milhões?
—
No mínimo. O dinheiro da faculdade vinha sumindo em grandes quantias, sem
deixar pista, havia anos. Em algum lugar lá fora havia um monstro esfomeado por
dinheiro devorando todo o ativo da faculdade.
—
Foi então que você pediu a auditoria.
—
E Eugene Baylor ficou furioso. A coisa toda num instante passou de profissional
a pessoal e tornamo-nos intensos inimigos. E isso me convenceu mais ainda de
que a faculdade estava em grandes apuros e que grande parte da responsabilidade
da situação era de Baylor. Mas é claro que não há nada que Baylor faça que
todos os outros não saibam. Estou certo de que todos estão cientes do problema,
e sinto que seu voto unânime pedindo a minha demissão foi uma conspiração
geral.
—
Mas com que finalidade? — perguntou Berenice. — Por que desejariam solapar a
base financeira da faculdade?
Strachan pôde apenas menear a cabeça.
—
Não sei o que estão tentando fazer, mas a menos que haja outra coisa escondida
por aí que possa explicar aonde esses fundos estão indo e como essas perdas
serão compensadas, a faculdade está, com toda a certeza, a caminho da
bancarrota. Kuklinski deve estar ciente disso. Pelo que sei, ele concordou com
as praxes financeiras e com a minha demissão.
Marshall virou a página à procura de outras anotações.
—
E então, qual é o papel da nossa bondosa professora Langstrat nisso tudo?
Strachan foi obrigado a rir.
—
Ah, a querida mestra... — Ele considerou a questão por um momento. — Ela sempre
foi uma influência e mentora, não resta dúvida, mas... não creio que seja o
centro último das coisas. Parece-me que ela exercia grande responsabilidade no
controle do grupo, enquanto alguém acima dela tinha grande responsabilidade
pelo controle dela. Acho... acho que ela tem de prestar contas a alguém,
alguma autoridade oculta.
—
Mas você não tem idéia de quem seja? Strachan meneou a cabeça.
—
E o que mais você sabe a respeito dela? Strachan rebuscou a memória.
—
Diplomada pela Universidade da Califórnia... lecionou em outras faculdades
antes de vir para Whitmore. Faz pelo menos seis anos que pertence ao corpo
docente. Lembro-me bem de que ela sempre teve forte interesse pela filosofia
oriental e pelo ocultismo. Esteve envolvida certa vez com
algum tipo de grupo religioso neo-pagão na Califórnia. Mas, sabe, nunca percebi até talvez
uns três anos atrás que ela estava ensinando abertamente as suas crenças aos
alunos, e surpreendeu-me bastante descobrir que os seus ensinos haviam despertado
muito interesse. As crenças e as práticas da professora estavam-se espalhando
não apenas entre os alunos, mas também entre os professores.
—
Quais dos professores? — perguntou Marshall. Strachan meneou a cabeça, enojado.
—
Começou anos antes de eu tomar conhecimento do caso, no Departamento de
Psicologia, entre os colegas de Langstrat. Margaret Islander, você pode ter
ouvido falar dela...
—
Creio que minha amiga Ruth Williams a conhece — disse Berenice.
—
Acho que ela foi a primeira a ser iniciada no grupo de Langstrat, mas ela
sempre se interessou por médiuns como Edgar Cayce, por isso a atração era
lógica.
—
Alguém mais? — encorajou Marshall.
Strachan tirou uma lista rabiscada às pressas e deixou
Marshall examiná-la.
—
Repassei tudo o que aconteceu vez após vez desde que vim embora. Olhe. Aqui
está uma lista da maioria dos membros do Departamento de Psicologia... — Ele
indicou alguns nomes. — Trevor Corcoran é novo na equipe este ano. Ele estudou
na índia antes de vir lecionar aqui. Juanita Janke substituiu Kevin Ford...
bem, de fato uma porção de gente foi substituída nestes últimos anos.
Marshall observou outra porção da lista.
—
E quem são estas pessoas?
—
O Departamento de Ciências Humanas, e depois o Departamento de Filosofia, e
estas aqui estão nos programas de Biologia e de Ciências Médicas. Muitas delas
também são novas. Fizeram-se muitas substituições.
—
É a segunda vez que você diz isso — observou Berenice. Strachan fitou-a.
—
O que está pensando?
Berenice pegou a lista da mão de Marshall e colocou-a
na frente de Strachan.
—
Bem, diga-nos você. Quantas destas pessoas foram contratadas nos últimos seis
anos, no tempo de Langstrat?
Strachan deu uma segunda e mais crítica repassada na lista.
—
Jones... Conrad... Witherspoon... Epps... — Uma esmagadora porcentagem dos
nomes pertenciam a novos membros do corpo docente, que tinham vindo substituir
membros antigos que haviam pedido demissão ou cujos contratos
simplesmente não tinham sido renovados. — Ora, não é estranho?
—
Que é esquisito, isso é — concordou Berenice. Strachan estava visivelmente
abalado.
—
Todas aquelas substituições... eu estava ficando muito preocupado, mas não
considerei... Isso explicaria uma porção de coisas. Eu sabia que havia certo
interesse comum espalhando-se entre toda essa gente; todos eles pareciam ter
uma afinidade única e indefinível entre si, jargão próprio, segredos íntimos
próprios, idéias próprias acerca da realidade, e parecia que nenhuma dessas
pessoas podia fazer nada sem comunicar às outras. Achei que era um modismo, uma
fase sociológica — Ele ergueu os olhos da lista, cheios de percepção nova. —
Então era mais do que isso. Nosso campus foi invadido e nossos professores
deslocados por uma... uma loucura!
Por um instante, algo acudiu à mente de Marshall, uma
lembrança rápida e passageira de sua filha Sandy dizendo: "As pessoas por
aqui estão começando a agir de modo esquisito. Acho que estamos sendo invadidos
por alienígenas." Essa lembrança foi seguida imediatamente da voz de Kate
no telefone: "Estou preocupada com Sandy... ela simplesmente não é mais a
antiga Sandy... "
Marshall forçou-se a retornar ao presente e começou a folhear o seu
material. Finalmente encontrou a lista que Berenice havia conseguido com
Albert Darr.
—
Muito bem, e que me diz dessas aulas que Langstrat estava dando:
"Introdução ao Deus e à Deusa Consciência e à Arte... A Sagrada Roda
Medicinal... Feitiços e Rituais... Caminhos Que Conduzem à Luz Íntima, Conheça
seus Guias Espirituais"?
Strachan acenou com a cabeça, indicando
reconhecimento.
—
Tudo começou como parte de um programa alternativo de educação, uma coisa
puramente voluntária aos alunos interessados, que para isso pagavam taxa
especial de matrícula. Achei apenas que era um estudo de folclore, mitos, tradições...
—
Mas acho que eles estavam levando o negócio muito a sério.
—
É, parece que sim, e agora grande porcentagem do pessoal e do corpo estudantil
está... enfeitiçada.
—
Inclusive os diretores? Strachan pensou em outra coisa.
—
Veja o que acha disto. Penso que o mesmo tipo de reviravolta se deu na
diretoria também. Existe um total de doze cargos de diretores, e acho que
cinco foram súbita e abruptamente substituídos no último ano e meio. Se não,
como poderia o voto pedindo minha demissão ser unânime? Eu costumava ter amigos
bem leais no conselho.
—
Quais são seus nomes e para onde foram?
Berenice começou a anotar os nomes à medida que Strachan ia-se
lembrando, juntamente com qualquer outra informação que ele pudesse dar a
respeito de cada pessoa. Jake Abernathy havia morrido, Morris James havia
enfrentado bancarrota e procurado outro emprego, Fred Ainsworth, George Olson
e Rita Jacobson haviam deixado Ashton sem dizer para ninguém aonde iam.
—
E esses — disse Strachan — são os nomes de todos. Não sobrou ninguém além dos
iniciados nesse estranho grupo místico.
—
Inclusive Kuklinski, o novo deão — acrescentou Berenice.
—
E Dwight Brandon, o proprietário do terreno.
—
E que diz de Ted Harmel? — perguntou Marshall. Strachan comprimiu os lábios, olhou
para o chão, e suspirou.
—
Sim. Ele bem que tentou escapulir, mas a essa altura eles já lhe tinham
confiado muita informação. Quando descobriram que não podiam controlá-lo, ele
tem a mim e à nossa amizade para culpar por isso, eles deram um jeito de difamá-lo
e expulsá-lo da cidade com aquele escândalo ridículo.
—
Hum.— disse Berenice. — Um conflito de interesses.
—
Claro. Ele insistia comigo em que era uma fascinante ciência nova da mente
humana, e dizia apenas procurando uma história, mas foi-se envolvendo cada vez
mais na coisa, e eles o conquistaram, disso estou certo. Ouvi-o dizer que eles
lhe prometeram grande sucesso com o jornal por ter-se colocado ao lado
deles...
Outra lembrança passageira ocorreu a Marshall: viu Brummel olhando
para ele com aqueles entorpecentes olhos cinzentos, dizendo com doçura:
"Marshall, gostaríamos de saber que está do nosso lado..."
Strachan ainda estava falando.
Marshall acordou e disse:
—
Desculpe, o que foi que disse?
—
Eu estava apenas dizendo que Ted ficou dividido entre duas obrigações: em
primeiro lugar e acima de tudo, ele sentia obrigação para com a verdade e seus
amigos, e isso me incluía. Sua outra obrigação era para com o grupo de
Langstrat e suas filosofias e práticas. Acho que ele pensou que a verdade era
inviolável e que a imprensa sempre seria livre, mas, por qualquer que fosse o
motivo, começou a publicar histórias acerca dos problemas financeiros. E isso
era definitivamente ir longe demais no que dizia respeito aos diretores.
—
Sim — lembrou-se Berenice. — Agora me recordo de ele dizer que eles o estavam
tentando controlar e ditar o que ele publicava. Ficou realmente furioso.
—
Bem, naturalmente — disse Strachan — quando se tratava de princípios, não
importa por que suposta ciência ou filosofia metafísica ele possa ter-se
interessado, Ted ainda era jornalista e não se deixava intimidar —. Strachan
suspirou e olhou para o chão. — Por isso, temo que ele tenha sido apanhado no
fogo cruzado da minha briga com os diretores. Conseqüentemente, ambos perdemos o
emprego, o prestígio na comunidade, tudo. Creio que se poderia dizer que achei
bom deixar tudo para trás. Era impossível lutar. Marshall não gostava desse
tipo de conversa.
—
Eles são... essa coisa é... realmente tão forte assim? Strachan estava totalmente
sério.
—
Acho que não percebi como era vasta e forte, e creio que ainda estou
descobrindo. Sr. Hogan, não tenho a menor idéia de qual seja o objetivo final
dessa gente, mas estou começando a ver que nada que esteja no seu caminho pode
escapar de ser pisoteado e eliminado. Mesmo quando estamos sentados aqui posso
olhar para trás nesses anos, e mesmo sem considerar as substituições na nossa
faculdade, apavora-me pensar em quantas outras pessoas em Ashton simplesmente
sumiram.
Joe, o dono do supermercado, pensou Marshall. E que
dizer de Edie?
Strachan parecia um tanto pálido agora, e perguntou
com óbvia preocupação na voz:
—
E afinal o que vocês pretendem fazer com essa informação? Marshall teve de ser
honesto.
—
Ainda não sei. Um número grande demais de peças está faltando, premissas
demais. Não tenho nada que possa publicar.
—
Está-se lembrando do que aconteceu com Ted?
Marshall não queria pensar no assunto. Queria descobrir outra
coisa.
—
Ted não quis falar comigo.
—
Ele está com medo.
—
Medo de quê?
— Deles,
do sistema que o destruiu. Ele sabe mais a respeito das suas tramas
esquisitas do que eu; ele sabe o bastante para ter muito mais medo do que eu, e
acredito que seu medo seja justificado. Realmente creio que exista perigo
genuíno nisso.
—
Bem, ele fala com você alguma vez?
—
Claro, fala de tudo menos do que você está querendo saber.
—
Mas vocês dois ainda se vêem?
—
Sim. Pescamos, caçamos, almoçamos juntos. Ele não mora muito longe daqui.
—
Poderia ligar para ele?
—
Quer dizer, ligar para ele e recomendar você?
—
É exatamente isso o que quero dizer. Strachan respondeu cautelosamente:
—
Olhe, ele pode não querer falar, e não posso forçá-lo.
—
Mas pode ligar e ver se ele fala comigo mais uma vez?
—
Eu... pensarei no caso, mas isso é tudo o que lhe prometo.
—
Assim mesmo eu ficaria grato.
—
Mas, Sr. Hogan... — Strachan estendeu a mão e agarrou o braço de Marshall.
Olhando para Marshall e para Berenice, disse baixinho:
—
Vocês dois se cuidem. Não são invencíveis. Nenhum de nós o era, e acredito que
seja possível perder tudo se fizer apenas um movimento errado ou der apenas um
passo errado. Por favor, por favor certifiquem-se a cada momento de
saberem exatamente o que estão fazendo.
—
Alô? — chamou uma doce voz de mulher.
Tom agarrou um pedaço de pano para limpar as mãos, e gritou em resposta:
—
Um momento, já vou.
Ele se apressou pela estreita passagem que levava