Hank e Marshall saíram pela
porta do porão do tribunal e se acharam sozinhos. Seus amigos ainda estavam
congregados à porta do departamento de polícia, cantando, conversando,
orando, demonstrando.
— O Senhor seja louvado! —
foi tudo o que Hank pôde dizer.
— Oh, eu acredito, acredito —
respondeu Marshall.
Foi John Coleman quem
primeiro os viu e soltou um viva. Os outros todos volveram as cabeças e ficaram
chocados e exultantes. Saíram correndo na direção de Hank e Marshall, como
galinhas à ração.
Mas abriram caminho para
Mary, chegando mesmo a dar-lhe empurrõezinhos carinhosos quando ela passava por
eles. O Senhor era tão bom! Ali estava a querida Mary de Hank, chorando e
abraçando-o e sussurrando-lhe que o amava, e ele mal podia acreditar que isso
estava realmente acontecendo. Jamais se sentira tão separado dela.
— Você está bem? — perguntava
ela repetidas vezes, e ele respondia:
— Estou bem, muito bem.
— É um milagre — disseram os
outros. — O Senhor respondeu às nossas orações. Ele os tirou da prisão da mesma
forma que a Pedro.
Marshall compreendeu quando
praticamente o ignoraram. Aquela era a hora de Hank.
Mas o que estava acontecendo
ali adiante? Através das cabeças, ombros e corpos, Marshall notou Alf Brummel
escapulindo rapidamente pela porta da frente, entrando no carro e partindo a
toda. Aquele nojento. Se eu fosse ele, faria o mesmo.
E ali vinha... Não! Não, não
podia ser! Marshall pôs-se a abrir lentamente caminho entre a multidão,
espichando o pescoço a fim de certificar-se de que os passageiros no carro que
acabava de chegar eram quem pareciam ser. Sim! Berenice até lhe acenava! E lá
estava Weed, vivo! Aquela outra moça, a que estava dirigindo... não podia ser!
Mas tinha de ser! Nada menos que Susan Jacobson, voltando dentre os mortos!
Marshall conseguiu passar por
entre os admiradores de Hank e caminhou com passos rápidos, o rosto aberto em
largo sorriso, ao local onde Susan estava acabando de estacionar o carro. Minha
nossa! Quando essa gente ora, Deus escuta!
Berenice explodiu do carro e
jogou os braços em torno dele.
— Marshall, você está bem? —
disse ela, quase chorando.
— Você está bem? — revidou
ele. Uma voz atrás deles disse:
— Oh, Sra. Hogan, queria
muito conhecê-la.
Era Hank. Marshall fitou o
homem de Deus, parado ali todo sorrisos, com a esposa do lado e todo o povo de
Deus atrás de si, e sentiu o ímpeto do abraço deixar-lhe os braços.
Berenice deslizou
flacidamente do abraço.
— Hank — disse Marshall com o
tom quebrantado que Berenice jamais o ouvira usar antes — esta não é a minha
esposa. É Berenice
Krueger, minha repórter —.
Então Marshall olhou para Berenice e disse com grande amor e respeito:
— É uma ótima repórter!
Berenice soube imediatamente
que algo havia acontecido a Marshall. Não ficou surpresa; algo tinha
acontecido com ela também, e podia ver no rosto de Marshall e detectar em sua
voz aquele mesmo quebrantamento íntimo que ela própria vinha sentindo. De
alguma forma ela soube que aquele homem em pé ao lado de Marshall tinha algo a
ver com tudo o que acontecera.
— E quem é esse seu colega de
cadeia? — perguntou ela.
— Berenice Krueger, quero
apresentar-lhe Hank Busche, pastor da Igreja da Comunidade de Ashton e meu
muito recente, muito bom amigo.
Ela apertou-lhe a mão,
empurrando de lado todos os pensamentos e emoções. O tempo estava passando.
— Marshall, escute com
cuidado. Temos de lhe dar um curso concentrado em sessenta segundos!
Hank pediu licença e retornou
ao seu excitado rebanho. Quando Berenice apresentou Susan a Marshall, ele
pensou que estendia a mão a nada menos que um milagre.
— Ouvi dizer que você havia
morrido, e Kevin também.
— Estou ansiosa para lhe
contar a história toda — replicou Susan agradavelmente — mas no momento nosso
tempo é muito curto e há muita coisa que você precisa saber.
Susan abriu o porta-malas do
carro e mostrou a Marshall o conteúdo de sua mala arrebentada. Marshall
regalou-se com cada minuto da revelação. Estava tudo ali, tudo o que ele achou
haver perdido para os dedos grudentos de Carmem e para aqueles nojentos da
"Sociedade".
— Kaseph está vindo a Ashton
a fim de fechar o negócio com o conselho diretor da faculdade. Às 14:00 horas
os papéis serão assinados e o campus da Faculdade Whitmore será vendido em
surdina à Omni S.A.
— A Sociedade, você quer
dizer — respondeu Marshall.
— Claro. É uma jogada-chave.
Quando a faculdade cair, a cidade acabará caindo junto.
Berenice interrompeu de
chofre com as novidades a respeito de Mattily, Parker e Lemley, quanto mais o
fato de Harvey Cole ter decifrado os livros de Baylor.
— E então, quando eles
chegam? — perguntou Marshall.
— Esperamos que a tempo para
a reunião do conselho. Eu lhes disse que nos encontrassem lá.
— Pode até ser que eu me
convide para a reunião. Sei que ficarão todos muito contentes em me ver.
Susan tocou o braço de Marshall
e disse:
— Mas precisa ser avisado de
que eles têm trabalhado sua filha Sandy.
— E não sei disso?!
— Eles podem tê-la sob sua
influência neste instante; é o estilo de Kaseph, acredite. Se você tentar
alguma coisa contra ele, pode colocar a vida de Sandy em perigo.
Berenice contou a Marshall
acerca de Pat, acerca do diário, acerca do misterioso amigo chamado Thomas, e
acerca daquele fingido advogado do diabo, Shawn Ormsby.
Marshall fitou-os por um
instante, depois chamou:
— Hank, é aqui que você e a
sua gente entram!
Mas esse ensolarado domingo
de verão não corria bem para ninguém: um fazendeiro estava com uma vaca
inchada nas mãos enquanto outro estava com um magneto do trator queimado que
ninguém parecia ter em estoque; e embora nenhum deles fosse responsável pelos
problemas do outro, acabaram brigando. Os balconistas que trabalhavam naquele
dia estavam tendo dificuldade em contar o troco, e metendo-se em discussões
muito desagradáveis com os fregueses cujo troco tentavam contar. Cada
comerciante nada mais desejava do que deixar seu negócio porque não importava
qual fosse o seu ramo, estava condenado a fracassar mais cedo ou mais tarde.
Muitas esposas estavam nervosas e queriam ir a algum lugar, qualquer lugar,
não sabiam aonde; seus maridos faziam a criançada entrar nas peruas, em seguida
as esposas não mais queriam ir, então a criançada começava a brigar dentro dos
veículos, então seus pais começavam a brigar, e as famílias não iam a parte
alguma enquanto as peruas permaneciam estacionadas nas entradas de carro com
berros saindo-lhes pelas janelas e as buzinas tocando. As cadeiras preguiçosas
nos jardins rasgavam-se debaixo dos traseiros dos donos ou simplesmente não
podiam ser encontradas; as ruas estavam congestionadas com motoristas
frenéticos dirigindo sem destino; os cães, aqueles sempre vigilantes cães de
Ashton, latiam e uivavam e ganiam, desta feita com os pêlos em pé, as caudas
erguidas e as caras voltadas para o leste.
Caras voltadas para o leste?
Havia muitas. Aqui um administrador da faculdade, ali um empregado do Correio,
acolá uma família de oleiros e tecelões, lá adiante um vendedor de seguros. Por
toda a cidade, certas pessoas que conheciam um certo destino e uma certa
vibração espiritual de empatia, postavam-se caladas, como que em adoração, os
rostos voltados para o leste.
E nada se movia em torno da
grande árvore morta. Rafar ergueu-se do grande galho, seu trono de poder como
mestre do jogo, e, em pé sobre a colina, dirigiu os maldosos olhos amarelos à
cidadezinha de Ashton, ao mesmo tempo em que o séquito de suas hordas de
espíritos se reunia em torno dele. Seus braços musculosos se ondularam, as
amplas asas negras erguer-se às suas costas como um manto real, suas jóias
brilharam e refulgiram ao sol.
Ele também voltou-se para o
leste.
Ele esperou até ver. Então,
seu fôlego foi sugado através das presas como um arquejar de surpresa, mas não
era surpresa. Era o mais alto tipo de excitação, uma vibração demoníaca que ele
apenas raramente sentia, um fruto precioso e muito maduro a ser saboreado
somente após muito trabalho e preparo.
A mão coberta de pêlos pretos
agarrou o cabo dourado da espada e tirou a lâmina da bainha, fazendo-a cantar e
zumbir e tremeluzir com luz vermelho-sangue. Todo o séquito dos demônios
arquejou e aplaudiu quando Rafar elevou bem alto a espada, banhando todo o
ajuntamento em sua sinistra luz vermelha. As asas enormes desapareceram
repentinamente em um borrão e com um jato de vento e uma explosão de poder elas
o elevaram ao ar, acima do vasto vale, acima da cidadezinha, a descoberto, onde
podia ser visto de qualquer parte da cidade ou de qualquer esconderijo perto
dela.
Ele ascendeu a grandes
alturas e em seguida começou a pairar, a espada ainda na mão. A cabeça se
voltava nesta e naquela direção, o corpo girava lentamente, os olhos corriam em
redor.
— Capitão dos Exércitos
Celestiais! — bradou ele, e os ecos de sua voz estrondosa atravessaram o vale
de um lado a outro como trovão. — Capitão Tal, escute-me!
Tal podia ouvir Rafar
perfeitamente. Ele sabia que Rafar estava prestes a fazer um discurso, e sabia
o que o guerreiro demoníaco iria dizer. Também vigiava o horizonte leste
enquanto se mantinha escondido na floresta, seus principais guerreiros ao seu
lado.
Rafar continuou a olhar por
toda a parte, procurando algum sinal de seu adversário.
— Eu, que ainda não vi seu
rosto nesta nossa aventura, agora lhe mostro o meu! Fitem-no, você e seus
guerreiros! Pois hoje coloco este rosto para sempre na sua lembrança como o
rosto daquele que o derrotou!
Tal, Guilo, Triskal, Krioni,
Mota, Chimon, Natã, Armote, Signa, estavam todos juntos, reunidos para esse
momento, reunidos para ouvir esse longamente esperado discurso. Rafar
continuou:
— Hoje coloco o nome de
Rafar, Príncipe da Babilônia, para sempre em sua lembrança como o nome daquele
que permanece ousado e continua invicto! — Rafar deu mais algumas voltas
rápidas, procurando à sua volta algum sinal de seu inimigo mortal. — Tal,
Capitão dos Exércitos Celestiais, ousará mostrar-me seu rosto? Acho que não! E
ousará mesmo atacar-me! Acho que não! E você e seu reles ban-dinho de
assaltantes se atreverão a colocar-se no caminho dos po-deres do ar? — Rafar
irrompeu num riso debochado. — Acho que não!
Fazendo uma pausa de efeito,
ele se permitiu um riso zombeteiro.
— Tem minha permissão, caro
Capitão Tal, para retirar-se, a fim de se poupar a angústia que o espera às
minhas mãos! Concedo agora a você e a seus guerreiros a oportunidade de
partirem, pois meu pronunciamento é o de que a decisão da batalha realmente já
foi feita!
Então Rafar apontou a espada
na direção do horizonte leste e disse:
— Olhe para o leste, capitão.
Lá se encontra o resultado claramente escrito!
Tal e seus chefes já estavam
olhando na direção do horizonte leste, a atenção arrebatada e inabalável, mesmo
quando um mensageiro chegou voando com as novidades:
— Hank e Busche estão livres!
Eles... — ele se deteve no meio da sentença. Seus olhos acompanharam todos os
outros olhares ao leste, e ele viu o que tanto lhes prendia a atenção.
— Oh, não! — disse ele num
sussurro. — Não, não!
A princípio a nuvem tinha
sido apenas um ponto distante de trevas emergindo acima do horizonte; poderia
ter sido uma nuvem de chuva, ou a chaminé de uma fábrica, ou uma montanha
distante escurecida pela neblina que surgia subitamente. Mas então, à medida
que se aproximava, seus limites expandiram-se para fora como a lateral da ponta
rombuda de uma flecha que emergia lentamente e se estendia devagar e com
segurança de um lado a outro do horizonte qual dossel escuro, como constante
maré de trevas a bloquear o céu. A princípio um olhar direto podia contê-la; em
apenas alguns minutos, os olhos tinham de espraiar-se de um lado a outro, de
uma ponta do horizonte a outra.
— Desde a Babilônia — disse
Guilo baixinho a Tal.
— Eles estavam lá — disse Tal
— cada um deles, e agora voltaram. Olhe as fileiras da frente, voando em
múltiplas camadas por cima, por baixo, e no meio.
— Sim — disse Guilo,
observando. — Ainda o mesmo estilo de assalto.
Uma nova voz falou:
— Bem, até aqui, Tal, seu
plano funcionou muito bem. Saíram todos do esconderijo, e em números
incontáveis.
Era o General. Era esperado.
Tal respondeu:
— E nossa esperança é que
estejam planejando uma estrondosa vitória.
— Pelo menos o seu antigo
rival está, pela sua gabolice. Tal apenas sorriu e disse:
— Meu General, Rafar gaba-se
com ou sem razão.
— E o Valente?
— Pelo formato da nuvem, eu
diria que ele a precede por apenas poucos quilômetros.
— Tendo possuído Kaseph?
— Seria esse o meu palpite,
senhor.
O General olhou
cuidadosamente para a nuvem que se aproximava, agora cor do negro profundo do
carvão, e espalhada como um dossel através do céu. O zumbir grave e ressonante
de asas apenas começava a se fazer ouvir.
— Qual é a nossa posição? —
perguntou o general. Tal respondeu:
— Estamos preparados.
Então, quando o som das asas
cresceu e a sombra da nuvem começou a cobrir os campos e fazendas além de
Ashton, um tom avermelhado pôs-se a permear a nuvem como se ela estivesse
queimando por dentro.
— Eles desembainharam as
espadas — disse Guilo.
Cá estava ela, segurando a
mão de Shawn, subindo os degraus da frente do Prédio da Administração, prestes
a ficar conhecendo algumas pessoas que tinham de ser as verdadeiras chaves do
seu destino, os degraus que a levariam à verdadeira satisfação espiritual, à
mais elevada percepção, talvez mesmo à autorealização, e contudo... toda a
conversa não conseguia remover um temor enervante que sentia bem no íntimo.
Algo simplesmente não estava certo. Talvez fosse apenas o nervosismo normal que
alguém sentiria antes do casamento ou de qualquer outro evento muito
significativo, ou talvez fosse aquele último resquício de sua velha e
abandonada herança cristã que ainda a segurava, retendo-a. Fosse lá o que
fosse, ela tentou ignorar, vencer pelo raciocínio, usar mesmo as técnicas de
descontração que havia aprendido na aula de ioga oferecida pela faculdade.
Vamos, Sandy... respiração
estável agora... concentre, concentre. .. realinhe suas energias.
Pronto, estava melhor. Não
quero que Shawn ou a professora Langstrat ou qualquer outro pense que não estou
pronta para fazer parte do grupo.
Enquanto o elevador subia ela
falou e tagarelou e tentou rir, e Shawn ria junto, e quanto chegaram ao
terceiro andar e à porta que trazia o número 326, ela achou que estava pronta.
Shawn abriu a porta, dizendo:
— Você gostará muito disto —
e entraram.
Ela não os viu. Aos olhos de
Sandy, essa era apenas a sala de descanso do pessoal da faculdade, um cômodo
muito agradável recoberto por macio tapete, com sofás de couro e mesinhas de
centro pesadas, em estilo rústico.
Mas a sala encontrava-se
lotada, muito densa e hediondamente povoada, e os olhos amarelos fitavam-na de
maneira penetrante e fixa de todos os lados, de cada canto e cadeira e parede. Esperavam
por ela.
Um deles sibilou
asmaticamente:
— Alô, minha filha.
Sandy estendeu a mão a Oliver
Young.
— Pastor Young, que surpresa
agradável — disse ela. Outro emitiu uma risadinha longa e babosa e disse:
— Que bom você ter vindo.
Sandy deu um abraço na
Professora Juleen Langstrat.
Ela correu os olhos pelo
aposento e reconheceu muitos dos professores da faculdade, alguns dos seus
próprios professores, e mesmo alguns homens de negócios e operários da cidade.
Lá, no canto, encontrava-se o novo dono da antiga mercearia do Joe. Essas
trinta pessoas ofereciam uma perfeita amostra do que Ashton tinha de melhor.
Os espíritos estavam todos
prontos e esperando. Engano exibiu-a como se fosse um troféu. Madeline
encontrava-se presente, sorrindo maldosa, e ao seu lado achava-se outro
cúmplice demoníaco, com volta após volta de pesadas correntes brilhantes
enroladas nas mãos ossudas.
Uma série de guinchos ásperos
saíram das fileiras da frente da nuvem; os generais davam ordens.
Imediatamente, os demônios comandantes nas orlas da nuvem transmitiram as
ordens aos enxames atrás de cada um deles, e à medida que os comandantes
deixavam a nuvem e começavam a voar para baixo, seguidos de seus incontáveis
esquadrões, as laterais da nuvem principiaram a afrouxar e a se estender na
direção do chão.
Os espíritos malignos que
haviam entrado no aposento também estavam-se sentindo nervosos, percebiam que
logo estariam na presença do Valente. Essa seria a primeira vez para eles.
Kaseph, sentado em esplendor
real no banco de trás, carregava a pasta no colo e lançava olhares cobiçosos
através do vidro esfumaçado das janelas à linda cidade que atravessavam. Ele
fazia planos, vislumbrando mudanças, decidindo o que manteria e o que removeria.
O mesmo fazia o Valente,
sentado dentro dele, que riu seu riso grave, gorgolejante. Kaseph riu da mesma
forma. O Valente não conseguia lembrar-se de quando estivera tão contente e
tão orgulhoso.
— Estão abaixando seu
perímetro — disse Guilo.
— Sim — disse Tal, fascinado.
— Como sempre, tencionam conter a cidade por todos os lados antes de chegarem a
descer sobre ela.
Enquanto olhavam, as laterais
da nuvem caíram como negras cortinas que gradualmente envolveram a cidade;
demônios deslizavam a fim de ocupar seus lugares como tijolos numa parede. Cada
espada estava desembainhada, cada olho cauteloso.
— Hogan e Busche? — perguntou
Tal a um mensageiro.
— Eles estão-se dirigindo a
seus lugares, juntamente com o Remanescente — respondeu o mensageiro.
Quando a limusine passou por
uma intersecção, uma viatura policial verde, sem marca identificadora, entrou
na Rua da Faculdade e pôs-se a segui-la. Seu motorista era o Delegado de
Polícia Alf Brummel. Parecia sombrio e muito nervoso. Ele sabia a quem estava
seguindo.
Quando a limusine, e a seguir
a viatura, passaram por outra intersecção, o semáforo mudou e toda uma fila de
carros dobrou à direita, entrando na Rua da Faculdade, seguindo atrás dos
outros dois. O primeiro veículo a fazer a curva foi o marrom.
— Ora, ora! — disse Marshall
quando ele, Hank, Berenice, Susan e Kevin perceberam os dois carros que estavam
seguindo.
— Você reconheceu Kaseph? —
perguntou Susan a Berenice.
— Sim, o bom velhinho em
pessoa. Marshall ficou em dúvida:
— Mas o que está acontecendo
aqui? Parece que a reunião ainda está em pé, apesar de tudo.
Berenice falou:
— Talvez Brummel não me
tivesse acreditado, afinal de contas.
— Oh, acreditou, sim. Ele fez
tudo o que você lhe disse que fizesse.
— Então por que Kaseph não
desmarcou a reunião? Ele está-se dirigindo diretamente para ela.
— Ou Kaseph pensa que é intocável,
ou Brummel nada lhe disse. Hank olhou para trás deles.
— Parece que todos
conseguiram atravessar o semáforo.
Os outros olharam para trás.
Sim, lá estava Andy, dirigindo sua perua Volkswagen lotada de crentes que
confiavam na oração, e lá vinha a caminhonete de Cecil Cooper com a cabina e a
carroceria cheias de gente. A perua de John e Patty Coleman seguia logo atrás,
e nalgum lugar lá adiante vinha o antigo pastor, James Farrel, dirigindo um
furgão de bom tamanho, transportando Mary, e vovó Duster e diversos outros
irmãos.
Marshall olhou para a frente,
e depois para trás, e então concluiu:
— Que vai ser uma reunião e tanto, isso vai.