Um dia saí para um retiro em Whelling, na Virgínia Ocidental,
e enquanto viajava, eu disse: “Senhor, certamente seria ótimo ter uma palavra
de testemunho recente para a reunião desta noite.” Foi aí que cometi meu
primeiro erro. A despeito das muitas vezes que aprendi, não penetrou em minha
mente, nesta oportunidade, que a fim de se obter uma palavra recente de testemunho
devemos ter sido libertados, em data recente, de algum problema, e com o fito
de que assim devemos primeiro haver-nos defrontado com algum problema. Desta
maneira me encaminhava para a dificuldade.
Eu a solicitara.
O dia estava lindo e me encontrava deslizando pela rodovia
da Pensilvânia a mais de cem quilômetros por hora, louvando o Senhor. Eu tinha
certeza de que meu carro, meus pneumáticos e tudo mais se encontravam em
perfeitas condições. Havia posto pneumáticos novos a fim de estar preparado
para qualquer condição de tempo. De repente, sem aviso prévio, um de meus pneumáticos
estourou. Homem, como o senti! — uma repentina inclinação de quarenta
centímetros em uma das rodas traseiras e o veículo completamente desgovernado
derrapando de lado pela rodovia da Pensilvânia, em uma tarde de sexta-feira,
com intenso tráfego de caminhões e automóveis por todos os lados para onde
olhava, tantos que não podia contá-los.
Então, imediatamente, e sem nenhuma explicação, o tráfego
desapareceu de meu caminho. Foi como se uma gigantesca mão tivesse removido
tudo o que estava diante de mim, porque eu necessitava da estrada toda.
Eu derrapava por toda ela, com os pneumáticos rangendo e
assobiando, exatamente como sempre se ouve antes de uma grande colisão.
Que fiz eu? Entrei em pânico? Pus as mãos nos ouvidos e
apertei-as esperando pelo pior? Nada disso.
“Aleluia! Senhor! E dia de formatura! Vou ver-te imediatamente
aí em cima.”
Ao louvá-lo, foi-me lembrado que o dia de formatura era
grandioso, mas eu não tinha de graduar-me segundo as condições impostas pelo maligno.
Não haveria glória para Deus nisso. Então orei: “Senhor, se minha formatura é
hoje, não há maneira de' ir até Wheeling para contar aos irmãos ali quão
maravilhoso és tu! Se hei de estar em um ataúde na funerária, tu me perdeste
como testemunha deste acontecimento, nesta noite. De que maneira desejas tu que
seja, Senhor? Para ti, tanto faz uma coisa como outra. Não existe a mínima
diferença.
Jesus disse que aquilo que desatarmos na terra será desatado
no céu, e eu desatei toda a situação para que ele cuidasse dela. Não a atei por
nenhuma ansiedade, ele estava livre para manipulá-la por seu poder sobrenatural
e libertar-me. Numa fração de segundos, enquanto eu ainda estava derrapando a
cento e dez quilômetros por hora, veio-me a Palavra do Senhor em meu socorro:
No nome de Jesus está todo o poder no céu e na terra.' Ouvi
o estouro e também o senti.
Use meu nome. Eu lhe dei procuração para usar meu nome em
qualquer circunstância.
Imediatamente, comecei a pronunciar seu nome em alta voz:
“Jesus. Jesus.” E pude sentir que os poderes das trevas desapareciam da
situação. O maligno teve de retirar-se às pressas, porque ele não suporta ouvir
o nome de Jesus.
O veículo se endireitou e começou a correr de um lado para
outro. Percebi que o enorme pneumático para neve estava a enrolar-se e a
desenrolar-se na roda. Meu volante não me servia para nada, porque a direção estava
completamente descontrolada, uma vez que as rodas não tocavam o pavimento com
firmeza suficiente.
Mas continuei louvando a Jesus, dizendo-lhe que este problema
era dele. E ele trouxe este automóvel a uma parada perfeitamente segura bem em
frente da saída para Somerset.
Em poucos minutos, troquei o pneumático e me vi de novo na
estrada, louvando ao Senhor pela recente palavra de testemunho com a qual ele
me havia abençoado.
Eu não teria escolhido este método para consegui-la. Mas ali
estava ele. Deus me havia livrado.
Nem todo livramento de dificuldade se efetua tão depressa
como trocar um pneu furado numa rodovia.
Em algum ponto ao longo do caminho temos de aprender a ter
paciência para confiar em Deus quando tudo parece estar fora do controle dele e
do nosso.
Aprendi essa lição a duras penas, no meio de uma situação
doméstica que foi um pesadelo.
Tenho esposa, uma filha e uma neta, e eu sentia muito orgulho
de minha esposa Rute, de minha filha Linda, e de minha neta Lisa a quem
chamávamos de Ervilha.
Então certo dia aconteceu que quase perdemos nossa filha,
ela que era nossa mais prezada possessão. Agora estou encantado de que ela seja
propriedade de Jesus e não minha. Ele pode cuidar dos seus. Vou contar como sucedeu.
Um dia, depois de anos de interferência e tentativas no sentido de que minha
família fosse salva, por meus próprios esforços, deparei-me com Atos 16:31:
“Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa.” Nunca antes eu havia visto
as três últimas palavras. Eu as havia saltado. Tinha meus familiares
completamente agitados, perturbados. Eu lhes pregava, dava-lhes surra de
Bíblia, e era um aborrecimento geral, fazendo o melhor que podia com meus
próprios esforços, ignorando por completo os meios que tem Deus para levar as
pessoas ao seu reino. Mas nesse dia as palavras pareciam saltar para mim: “e
tua casa.”
“Senhor” , disse eu, “quando acrescentaste essas palavras à
minha Bíblia? Isso significa que os familiares de um homem salvo têm garantido
o seu nome no rol de membros da Família Real!”
E pareceu-me que o Senhor dizia: É claro. Sua parte é reivindicar
todas as manhãs. Porém não o faça simplesmente uma vez, se deseja que aconteça
rápido.
E assim, todas as manhãs eu abria a Bíblia em Atos 16:31,
punha o dedo nessa promessa, mostrava-a a Deus para que ele pudesse ver bem e
claro, e dizia:
“Senhor, tu o disseste. Quando se cumprirá?”
E então fechava a Bíblia e prosseguia em meus negócios.
Nunca mais eu disse uma palavra de testemunho à minha esposa
ou à minha filha, e dentro de poucas semanas minha esposa foi salva. E minha
esposa era do tipo mais difícil de converter-se — uma episcopal de cinqüenta
anos de idade, que outrora havia representado toda a espiritualidade que
tínhamos em nossa família.
Depois que minha esposa foi salva, um domingo de manhã nossa
filha quase nos matou de susto. Ela levantou-se e disse:
— Mamãe, creio que vou à igreja hoje de manhã com vocês.
Nunca ela havia feito tal coisa espontaneamente em seus
dezenove anos. Procuramos não demonstrar nosso entusiasmo, porque dessa maneira
se pode pôr a perder tudo.
Nesse mesmo dia, ocorreu um fato muito raro na igreja. Um
jovem, recentemente regressado do campo missionário, e ardoroso servo de Jesus,
foi convidado para ocupar o púlpito. Esse jovem missionário pregou a salvação,
de forma clara e precisa. Minha filha adolescente ouviu-o e ficou para
conversar com ele depois do culto. Após uma breve reunião de aconselhamento com
o missionário, ela começou a mostrar interesse pelas coisas espirituais e
passou a freqüentar nosso grupo de oração conosco. Logo entregou seu coração a
Jesus em uma dessas reuniões. Mais adiante, Tommy Tyson veio a Baltimore, e num
de seus cultos minha filha fez uma consagração completa.
Linda era uma ativa esgrimista, e num campeonato conheceu um
esgrimista que estudava na Academia Naval de Anápolis, em Maryland. Após sua
formatura, eles se casaram. Ele pertencia à equipe olímpica, e naturalmente ela
saiu de Baltimore para viajar com ele.
Era uma grande experiência para um futuro almirante e sua
esposa.
No meio de todo aquele entusiasmo, nossa filha se afastou
por completo de Deus e parecia ter-se esquecido do Senhor totalmente. Mas
quando Deus põe seu dedo sobre nós, quando o Lebréu Celeste está em nosso encalço,
nunca poderemos escapar. Melhor é que nos rendamos. Louvado seja o Senhor.
Porém, naquele tempo não sabíamos a verdade.
Estávamos preocupados, ansiosos por nossa filha. Por causa
de nossa ansiedade, nós a estávamos amarrando.
Não havíamos aprendido a soltá-la, e desse modo chegamos a
constituir-nos em uma grande parte dos problemas que começaram a acumular-se em
sua vida.
Procuramos arranjar as coisas para eles, tratamos de viver a
vida deles. Porém nossas soluções para seus problemas fracassaram, e logo os
jovens se encontravam à beira do divórcio.
Minha filha, à sua maneira Hill, escolheu um frasco de mil
comprimidos de aspirina, como a solução para seus problemas, e começou a
mastigá-los. Quando o descobrimos, ela tinha o suficiente desse produto em seu sistema
para matar toda a vizinhança. Foi levada ao hospital da Academia Naval, e ao
examiná-la, disseram:
— Não chegará a viver até amanhã. Não temos as instalações
nem sequer para ajudá-la.
Depois de uma hora de viagem de ambulância, ela foi internada
no Hospital Naval Bethesda. Ali os médicos
nos disseram:
— Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Ela não tem
condições de viver até amanhã.
Bem, agora, uma coisa é falar de oração em um grupo de
oração, e outra coisa é procurar orar quando sua filha está morrendo. Isso
chega a ser muito pessoal. -Então vem a oração típica de incredulidade,
“Senhor, sara-a se for da tua vontade”. Justamente aí não estamos fazendo a vontade
de Deus, mas a nossa, porque, quando nos está morrendo um filho, não pensamos
na vontade de Deus, pois queremos que nosso filho viva. E assim o fizemos nós.
Minha esposa e eu não procuramos enganar-nos ou enganar a
Deus. Dissemos: “Senhor, temos de ver isto do nosso ponto de vista. Não podemos
fazê-lo de outra maneira. Vai ser necessária uma oração egoísta. Senhor, cura
nossa filha. Livra-a, Senhor, pois ela é nosso único
rebento.”
Isso era o melhor que podíamos fazer. Oramos erroneamente, e
nada aconteceu. Oramos com nosso entendimento, mas não entendemos nada. Por um momento
havíamo-nos esquecido do que Deus diz em Romanos 8:28, que não sabemos como
orar ou o que pedir. Passamos por alto o orar no Espírito, não deixando que o
Espírito Santo intercedesse por nós. Finalmente, porém, provamos isso, e
começamos a orar em línguas, e paramos de pôr tudo a perder ao injetar nossa própria
opinião tendenciosa, nossa própria vontade.
E o Espírito intercedeu por nossa filha, de acordo com a
vontade de Deus, com gemidos inexprimíveis. E enquanto orávamos no Espírito, o
Senhor pareceu falar dentro de nós, perguntando: Pela filha de quem estão vocês
orando?
“Pela nossa, Senhor.”
Então foi como se o Senhor dissesse: Se estão orando por sua
filha, preparem-se para um funeral. Mas se estão orando por minha filha,
preparem-se para um milagre. O que atarem na terra por meio de “meu isto’’,
“meu aquilo”, está atado no céu, e nada posso fazer por vocês.
Mas o que desligarem na terra, o que vocês puserem sobre o
altar e transferirem para mim, aí então eu opero um milagre, porque sou um Deus
operador de milagres.
E tudo o que vocês têm de fazer é dar-me sua filha e reconhecer
que são impotentes para fazer qualquer coisa.
Clinicamente falando, não havia a mínima esperança para nossa
filha. Nenhuma possibilidade de viver vinte e quatro horas.
Sabíamos que éramos impotentes e o confessamos.
“Senhor, nada podemos fazer.” E lhe entregamos nossa filha.
“Senhor, estamos contentes porque ela é tua. Tu no-la emprestaste por alguns
anos, e atrapalhamos toda a vida dela. Se não tivéssemos feito isso, ela não
estaria nesta condição. Como é que vais livrá-la dessa dificuldade?
Aleluia!”
E nesse instante ocorreu um milagre. O registro médico do
Hospital Naval Bethesda contém o gráfico da deterioração inevitável,
irreversível e de repente essa deterioração desapareceu. O nível de acidez
parou de crescer e não subiu mais nem um ponto. Desapareceu, embora coisas
assim não desapareçam.
Após a sua recuperação, Linda nos disse:
— No momento da crise, quando vários médicos trabalhavam
para salvar-me, percebi que tinha uma decisão clara para tomar entre a vida e a
morte. Senti a grande preocupação por mim em todas as pessoas que trabalhavam
com afã para salvar-me a vida que eu já não desejava. E no meio do túnel escuro
em que eu parecia andar, escolhi voltar à vida, muito embora tivesse determinado
morrer.
Hoje Linda louva a Deus porque estivemos dispostos a liberá-la.
Ela sabe que foi isso que capacitou Jesus a agir instantânea e miraculosamente,
ainda que ela constituísse um caso clínico atendido “tarde demais”.
Os médicos estavam tão certos de que haviam lido mal os
instrumentos ou algo assim, que a mantiveram durante sete semanas na ala de psiquiatria,
simplesmente em observação. Chamaram ao caso de “algo que não pode ser
explicado em termos médicos, uma inexplicável reação a um veneno mortal”. Não
sé considerará isto um milagre? Não podia ter acontecido enquanto não a soltamos.
Naquela noite perdemos nossa filha, porém ganhamos uma irmã. Perdi minha esposa naquela noite. Ganhei uma irmã. Ela perdeu o marido naquela noite. Ganhou um irmão. Não se pode crer na diferença de relacionamento em nosso lar quando aprendemos a soltar uns aos outros no altar perante Jesus e dizer: “Senhor, tu ministras a esta tua jovem.” Pensei que ela fosse minha possessão, e isso quase a matou. Fiquei tão contente por descobrir que ela era filha do Rei, e que certamente o Rei pode cuidar daquilo que lhe pertence. Aprendi a deixar que ele o faça. O direito de propriedade exige tudo o que somos . . . A mordomia nos liberta. Aleluia!