Pouco depois que Jesus me batizou no Espírito, tive oportunidade
de ver como o sobrenatural opera no mundo científico. Fui chamado para
verificar um caso em Baltimore que envolvia uma subestação de força. Havíamos fornecido
o equipamento pesado de força, e parte de nosso contrato se relacionava com a
revisão prévia para entregá-lo à cidade.
Certa manhã recebi um chamado telefônico urgente com estas
palavras:
— Estamos em dificuldades, porque à uma hora da tarde de
hoje esta subestação deve ser entregue ao prefeito e à câmara municipal, e ela
não funciona.
— Bem — disse eu — esta é uma boa ocasião para chamar-me,
cerca de quatro horas antes do prazo para funcionar perfeitamente.
Eles se desculparam, dizendo:
— Pensamos que poderíamos localizar a falha. Tivemos os
técnicos da General Electric e nossos próprios técnicos trabalhando por duas
semanas, mas estamos perdidos. Que pode o senhor fazer quanto a isso?
Bem, louvado seja o Senhor, eu tinha um engenheiro consultor,
o melhor na empresa, o próprio Jesus. Estava certo de que ele podia prover,
pelos dons sobrenaturais do Espírito, uma palavra de conhecimento, uma palavra de
sabedoria e discernimento — os três primeiros dons de 1 Coríntios 12. Uma
palavra de sabedoria é saber o que fazer em seguida. Uma palavra de
conhecimento é saber como fazê-lo. E o discernimento de espíritos ou o discernimento
da situação é uma visão clara. Eu confiaria no Espírito Santo para dar-me os
dons de que eu precisava. Assim, disse ao homem por telefone:
— Estarei aí agora mesmo e localizarei a falha.
— Não — disse ele, — não se mexa; fique aí mesmo e eu irei
buscá-lo.
Ele temia que eu saísse do escritório. Não queria que eu
desaparecesse porque centenas de' milhares de dólares dependiam de que essa
coisa estivesse funcionando dentro de quatro horas.
Comecei a orar, e imediatamente, enquanto orava, fiquei
sabendo exatamente o que estava errado. Vi a falha com toda clareza, como numa
imagem de TV. Esta era minha primeira experiência no diagnóstico de um problema
eletrônico sério e complicado, estritamente por meio do Espírito Santo; e
Satanás disse: “Você é louco varrido. Está imaginando isso. E ridículo demais.”
Mas eu era surdo demais para duvidar da Palavra de Deus.
Entrei na subestação de força dirigido inteiramente pelo
Espírito Santo. Eu havia usado os dons de programação:
línguas, interpretação de línguas e profecia, a fim de
capacitar-me a receber um programa de Deus e saber o que devia fazer. E assim
foi que me dirigi ao próprio local que eu tinha visto no Espírito como a fonte
do problema e dei as instruções aos técnicos sobre o que deviam fazer para
consertar.
Eles disseram:
— Senhor Hill, já revisamos tudo isso, sem deixar passar
nada.
— Os senhores me chamaram aqui como consultor.
Vão seguir minhas instruções? Se não vão, volto ao meu escritório
— disse-lhes eu.
— Sim, senhor — disse um deles.
Embora o que eu tinha sugerido lhes parecesse absurdo, não
tinham outra alternativa. De sorte que fizeram o que eu lhes disse,
pressionaram o botão, ligaram os interruptores, e a máquina funcionou como se esperava
que funcionasse, para minha surpresa tanto quanto a deles. Respirei aliviado, e
meus joelhos tremeram um pouco ao pensar no que teria acontecido se nada ocorresse.
Não me apercebi, senão depois, de quão ridículo deve ter parecido eu me
encaminhar com cerca de vinte engenheiros e técnicos altamente especializados que,
durante semanas andavam frustrados, e haver posto o dedo na dificuldade
imediatamente. Em geral, isto provocaria alguma pergunta da parte de alguém.
Tinha de acontecer. E aconteceu.
Enquanto nos dirigíamos para a porta de saída, um dos
técnicos da General Electric disse:
— Perdoe-me, senhor; mas poderia fazer-lhe uma pergunta?
— Claro —: respondi. — Terei prazer em tentar respondê-la.
— Como pôde o senhor entrar aqui e descobrir este problema
quando estávamos frustrados com ele? O senhor nunca esteve aqui antes, e nós
lutamos noite e dia.“
Se você disser que orou a esse respeito, eles vão pensar que
você está sofrendo da bola” , disse Satanás.
De modo que simplesmente dei ares de muito sábio e fui tratando
de sair, recebendo todo o crédito pela sabedoria que Deus me deu.
Perdi uma excelente oportunidade de dar testemunho do poder
atual de Jesus, e durante quatro ou cinco dias vivi realmente atormentado.
Satanás continuava a acusar-me: “Está vendo? Você nunca será uma testemunha.
E melhor que desista. Já vê, você fracassou por completo em
sua atribuição. Pode estar certo de que Deus vai abandoná-lo agora. Ele nunca
mais vai confiar a você coisa alguma.” E acreditei no que Satanás me disse e me
sentia cheio de remorso e tormento.
Mas um dia aconteceu que li Romanos 8:1: “Agora, pois, já
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” E perguntei a mim
mesmo: “De onde vem essa condenação se não vem do Senhor?” E compreendi a
mensagem. Do capeta, o pai das mentiras. Não era Deus que condenava. Ele faz
provisões para minhas bobagens. Então eu disse: “Senhor, dou-te graças.
Realmente eu te louvo porque és um Deus perdoador, e não um
Deus que condena.” E acrescentei: “Senhor, dá-me outra oportunidade, e por tua
graça não a porei a perder.”
A próxima oportunidade veio-me de uma forma fora do comum.
Realizamos uma boa dose de trabalho de manutenção relacionado com os sistemas
de comunicação do exército, instalações de micro-ondas, ondas curtas, e tudo
isso é muito complicado. Um dia recebemos um chamado de emergência para uma
inspeção e correção às suas instalações, o que significava uma viagem à
Virgínia. Fixamos uma data para que nosso chefe do departamento de eletrônica
fosse, mas no dia anterior à sua viagem ele sofreu um acidente que o impossibilitou
de desincumbir-se da missão. Assim, tive de chamar o escritório do Corpo de Engenheiros
na Virgínia para cancelar a data e determinar outra. Enquanto eu esperava que a
ligação se completasse, parecia-me que o Senhor dizia: Por que não vai você, Hill?
“Senhor” , eu disse, “bem . . . bom . . . isto é . . .” tratando
de tirar o corpo.
“É isso isso mesmo”, eu disse.
Bem, por que você não vai até lã a verifica se eu realmente
posso fazê-lo?
Ora, isso é aproximar-se bastante do alvo, não é verdade?
Mas então comecei a sentir-me entusiasmado com a perspectiva. Assim, quando a
ligação se completou, eu disse:
— Estou chamando para solicitar uma mudança de pessoal nos
passes que emitiram para a viagem amanhã.
Mudem o nome de fulano de tal para o meu nome, porque nosso
técnico não poderá estar aí.
— Quem é o senhor? — perguntou ele
— Bem, sou o presidente —. Isso abre todas as portas, quer
você saiba alguma coisa, quer não.
— Oh, muito bem — disse ele. Não parecia muito entusiasmado,
porque a maioria dos presidentes pode não conhecer muitos pormenores técnicos,
e eu sou um deles. Sei muito pouco acerca das coisas intrincadas da micro-onda.
Mas eu iria representando o Chefe Técnico do universo, aquele que é
todo-sabedoria e conhecimento.
Seria algo realmente grandioso ver como Jesus ia livrar-me
dessa.
Cheguei a Alexandria, na Virgínia, no posto do Corpo de
Engenheiros, e me deram três técnicos.
— Provavelmente este será um processo demorado e complexo.
Providenciaremos para que o senhor volte às oito da noite — disseram eles.
Calcularam um dia todo para a viagem, mais o tempo de trabalho para localizar e
corrigir a falha.
Isto era razoável, segundo os padrões humanos.
Porém não sabiam que eu estava sintonizado com o Chefe do
universo. E a caminho do posto, enquanto eu orava em línguas, vi no espírito o
que estava errado no equipamento. Isto supera a tentativa de diagnosticar uma falha
de funcionamento por processos normais.
Deus sempre tem ao seu alcance imediato informações que
nunca podemos obter por meios comuns. Ele sempre conhece um fato mais acerca
das coisas que jamais saberemos. Eu tinha orado em línguas. A interpretação me
veio por intermédio de uma palavra de conhecimento e de um quadro claro —
discernimento do problema.
— Já que estamos preparados para passar aqui várias horas,
não seria bom a gente almoçar primeiro e depois vamos verificar o que há? —
disseram eles.
— Bem — disse eu — se para os senhores não faz diferença,
vamos entrar no ar imediatamente e voltamos para Alexandria. Não gostariam de
voltar cedo?
— Sim, mas como o senhor vai fazer isso? Primeiro é preciso
localizar o defeito— disseram.
— Oh, já sei onde está o defeito. Levará cinco minutos para
consertá-lo — disse-lhes eu.
— Cinco minutos! Senhor Hill, sabe que já tivemos peritos do
Pentágono aqui? Já tivemos técnicos do fabricante. Já examinamos essa coisa de
ponta a ponta, e toda vez que comprimimos o botão, lá se perdem mil e quatrocentos
dólares de válvulas do transmissor de micro-onda de alta potência.
Eles estavam sobremodo nervosos, porque tinham de verificar
as novas válvulas às suas próprias expensas. E o preço daquela estação era mais
elevado do que qualquer outra no mundo todo; um barril de válvulas toda vez que
se queimavam. Não era de admirar que estivessem nervosos.
Não havia como eu pudesse garantir-lhes o que lhes dizia. De
modo que tornei a repetir-lhes:
— Cinco minutos me bastam.
Ficaram a olhar-me como se estivessem duvidando de minha
sanidade mental.
— Tem certeza de que sabe o que está fazendo?
— Os senhores me trouxeram aqui para brincar?
— Não, senhor.
— Se fizerem o que lhes digo, estaremos fora daqui em menos
de quinze minutos, com tudo funcionando.
Bem, isso parecia bom demais para ser verdade, e resolveram
descobrir que tipo de maluco eu era. E assim prosseguiram com a piada. Era a
atitude deles. Entreolharam-se, e um deles disse:
— Está bem, Que devemos fazer?
— Retire a cobertura.do alternador principal.
— Senhor Hill, já examinamos tudo aí. Tudo fo i. . .
— Retirem a cobertura. Os senhores querem brincar ou desejam
ver os resultados?
Eles retiraram a cobertura.
— Agora soltem esse parafuso de ajuste. Girem aquela escova
aí atrás vinte e cinco milímetros para a esquerda.
— Mas Sr. Hill, ela está na posição indicada pelo fabricante.
Pagaremos multa por tocar nisso porque a fábrica . . .
— Girem vinte e cinco milímetros para trás, ou eu o farei.
Querem que eu o faça? — disse-lhes.
Seus pomos-de-adão subiam e desciam enquanto tentavam
engolir suas apreensões.
— Não senhor — disseram em coro. — Nós somos os técnicos.
— Bem, então girem-no para trás.
— Sim, senhor.
— Apertem-no bem.
— Sim, senhor
— Recoloquem a cobertura.
— Sim, senhor.
— Agora apertem o botão.
— Não, senhor!! Não vamos apertar nenhum botão.
Essa coisa estoura em nosso rosto!
— Então fiquem fora da porta — disse-lhes eu.
E ficaram. Estavam contentes com isso. Apertei o botão. A
coisa acendeu. A estação entrou no ar. E eu disse:
— Vamos voltar para Alexandria.
E eles estavam ali em pé, inteiramente perplexos, com a
menina dos olhos a girar freneticamente.
Entramos no carro, e eles tragaram em seco; um deles cutucou
o outro e eu sabia que estavam reunindo coragem para perguntar-me como foi que
fiz o trabalho.
Eu aguardava as perguntas.
Finalmente, um deles disse:
— O senhor se importaria se lhe fizéssemos uma pergunta?
— Não. De maneira nenhuma; não sei se posso responder —. Eu
sabia o que vinha.
— Poderia contar-nos, por favor, conte-nos como pôde o
senhor chegar aqui, pôr o dedo no defeito, corrigi-lo, quando vimos suando com
essa coisa durante semanas? Tínhamos ordens superiores para fazer essa estação
entrar no ar e mantê-la no ar, e simplesmente não o conseguíamos. Estava além
da nossa capacidade.
Como foi que o senhor fez?
Acomodei-me no banco.
— Cavalheiros, estou contente que me hajam feito a pergunta,
porque a caminho daqui eu orei a esse respeito e Deus mostrou-me exatamente o
que fazer.
Durante o trajeto de volta a Alexandria, uma vigem de duas
horas ou mais, falei-lhes acerca de Jesus. Haviam feito uma pergunta e tinham
direito a uma resposta.
Dei-lhes a resposta conforme o Espírito me guiou. E não tive
de preocupar-me ou surpreender-me como a recebiam. Isto era responsabilidade do
Espírito Santo, e não minha.
Algo que os filhos do Rei precisam aprender acerca do
testemunho, acerca de orar pela cura ou por qualquer outra coisa, é que o poder
é de Deus, não nosso. Ele é o responsável pela colheita. Nós não temos de
julgar por nossa conta a sabedoria ou a falta de sabedoria do que dizemos
quando nos estamos movimentando pelo Espírito Santo, porque seus caminhos não
são os nossos, e seus pensamentos estão muito acima dos nossos.