domingo, 2 de maio de 2021

Aprenda a viver como um filho do rei - Capítulo 12


 COMO TESTEMUNHAR COM EFICÁCIA

Poucos dias depois de meu batismo no Espírito Santo Deus enviou-me o pior pagão que já conheci. Fazia anos que eu o conhecia, e ele costumava revoltar-se quando se mencionava o nome de Jesus. Naquele dia ele me olhou de alto a baixo e disse:

— Você está diferente.

— Estou? — perguntei-lhe. Eu sabia que estava diferente, mas não sabia em que medida essa diferença se refletia em meu exterior.

— Está. Que foi que lhe aconteceu? — perguntou.

Em meu íntimo o Espírito me disse: Fale-lhe acerca de Jesus.

O velho capeta sussurrava-me ao ouvido: “Sim, fale-lhe, e ele lhe arrebentará o nariz tão depressa . . .” Em realidade pensei que ele o faria, mas o Espírito Santo me havia dotado de poder, e não havia como não falar-lhe a respeito de Jesus. Comecei com palavras simples, contando exatamente o que me havia acontecido, e ali estava o homem, absorvendo o que eu dizia, arregalando cada vez mais os olhos. Ele estava literalmente pasmado pelo poder de Deus.

Depois de havermos conversado durante uns cinco ou dez minutos, ele disse:

— Que tenho de fazer para salvar-me? — e quase desmaiei.

Em resumo: ele foi salvo. Seu nome é Blair Reed. Ele abandonou seu negócio de empreiteiro e se foi para a Carolina do Norte onde durante quinze anos, mais ou menos, dirige um lar para alcoólatras, a Casa de Oração.

Ele é um grande discípulo de Jesus Cristo, e tem levado milhares ao Senhor. Blair foi salvo quando o poder do Espírito me transformou em testemunha.

Antes de conhecer a Jesus como meu Batizador no Espírito Santo, meu testemunho não dava ao Senhor a oportunidade de interferir a meu favor, de selecionar e preparar o coração daqueles aos quais eu devia falar sobre ele. Não é de admirar que eu fosse um fracasso tão grande, navegando com o emprego de minhas fracas forças, pensando que eu conquistaria alguém para ele. A única coisa que eu conseguia era afastá-los, vez após vez.

Contudo, depois de meu batismo entendi que eu não podia salvar ninguém, que a salvação é obra de Jesus, e que ele abriria as portas onde quisesse meu testemunho.

Aprendi a aguardar uma pergunta, a esperar que a porta se abrisse. E então sabia que ele me apoiava. O texto bíblico que ele me deu foi: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” Logo descobri que isso funcionava, na medida em que eu dependesse dele para realizar seu propósito, não tentando fazê-lo por mim mesmo.

Certa noite eu cruzava o oceano em direção da Inglaterra para uma viagem de negócios, e próximos de mim estavam um homem e sua esposa. Ela estava no centro e ele na poltrona do corredor, um tanto alto depois de haver ingerido uns oito ou dez drinques.

Eu estava ali assentado aguardando a pergunta; uma hora, duas horas, e devíamos chegar a Londres às cinco horas da manhã. Por volta das três horas da madrugada, a mulher virou-se para mim e disse:

— O senhor não bebe nem fuma, pois não?

Respondi-lhe que não.

— Por quê?

O tempo- era curto para explicar tudo, mas comecei a falar-lhe acerca de Jesus.

— Gostaria de conhecer a Jesus tão bem quanto o senhor — disse ela.

— A senhora o pode agora mesmo — respondi-lhe.

Nesse instante passou um garçom e quase despejou uma bandeja de bebida sobre nós. Tivemos de limpar e enxugar nossas roupas, e com isso nossa conversa foi interrompida. A mulher disse:

— Bem, realmente o momento não é propício, mas quando chegar ao hotel vou pedir a Jesus que assuma o comando de minha vida.

Aconteceu que nos hospedamos no mesmo hotel, e quando a vi no dia seguinte, ela estava radiante com a glória de Deus.

Certo dia bateu à minha porta um Testemunha de Jeová, e sob o poder do Espírito Santo dei-lhe as boas-vindas e convidei-o a entrar. Se fosse por mim, eu não queria saber de conversa alguma com ele. Minha mente humana dizia: “Esse sujeito é um maluco.”

Mas o Espírito dizia: Peça-lhe que entre. Será que não posso salvá-lo?

Então eu disse: “Senhor, acho que podes. Tu me salvaste.”

Em realidade eu não havia considerado que os Testemunhas de Jeová fossem candidatos à salvação.

Em minha cabeça eu havia elaborado uma espécie de doutrina segundo a qual esse grupo estava fora dos limites.

— Entre — disse-lhe. — Alegro-me de conhecê-lo.

Era Jesus que se alegrava de conhecê-lo, não eu. Ele entrou, assentou-se, e eu lhe disse:

' — Você é um dos muitos que têm batido à minha porta recentemente.

— Sim — disse ele. — Achamos que o tempo é curto, e nos esforçamos o mais que podemos para fazer convertidos.

— Que é isso que você traz na mão? Uma nova Bíblia?

— Não, é um manual de nossa fé — respondeu.

— Posso dar uma olhada nele?

Ele parecia contente de que eu estivesse interessado o bastante para examinar seu manual. O Senhor é que estava orientando; por mim, eu nunca teria feito isso. Eu teria dito: “Livre-se do vagabundo o mais depressa possível. Eu sou superior.” Mas o Senhor me trouxe à lembrança que eu fui trazido da posição de um vagabundo de sarjeta pela graça de Jesus, e se ele pôde tirar-me da sujeira deste mundo, poderia fazer a mesma coisa por este rapaz. Comecei a folhear o livro e verifiquei que Jesus Cristo era um profeta, um bom mestre, e que estava morto como qualquer outra pessoa. Bem, isso estabelecia sua doutrina — ele não tinha um Salvador Vivo. Sendo assim, disse-lhe:

— Onde você vai passar a eternidade?

— Provavelmente no inferno.

— Nesse caso, por que se esforça tanto para levar outros com você?

Realmente ele não havia pensado nisso. Nem eu. Era o Espírito Santo que começava a trabalhar.

— Quantos de seu grupo vão para o céu? — perguntei-lhe.

— Somente cento e quarenta e quatro mil, e a quota já está completa.

Pude dizer-lhe que ele não estava devidamente informado sobre á doutrina da Torre de Vigia, de sorte que fiz valer minha vantagem.

— Sendo assim — perguntei-lhe —, por que deseja arrastar-me para onde você vai?

— Bem, foi assim que nos ensinaram — respondeu.

A seguir abri o manual sob o título da cura. Ali estava, preto no branco, que Deus curava de modo sobrenatural, mas hoje já não o faz, desde que os médicos e os remédios entraram em cena. Então eu disse ao rapaz:

— Jovem, aqui está escrito que Deus já não efetua curas.

— É verdade — disse ele.

— Este livro foi escrito por autoridades de sua denominação? — perguntei-lhe.

— Sim, foi — respondeu.

— Suas autoridades o conferiram, reconferiram, e leram as provas tipográficas?

— Fizeram-no com todo o cuidado — assegurou-me o jovem. — O livro é inteiramente autêntico.

— Nesse caso é melhor que vocês mandem o impressor embora, porque ele colocou uma inverdade neste livro. Ele diz que Jesus já não cura, que ele é um profeta morto, porém eu sei que está vivo, porque ele me curou.

O jovem ficou branco. Ele tinha de chamar-me de mentiroso ou tinha de admitir que sua denominação laborava em erro. E aí ele cometeu um grande engano, ao dizer:

— Oh, é assim? Fale-me a esse respeito.

Contei-lhe como simplesmente li na Bíblia que Deus cura, e que eu acreditava na Bíblia, e que entrei na fila de cura na tenda de Oral Roberts, em 1954, em Baltimore, e recebi cura instantânea de um disco desintegrado da coluna espinal. Radiografias recentes provavam que não havia nenhum disco danificado.

Bem, o rapaz estava visivelmente abalado. Não sabia o que dizer. Ele não podia chamar-me de maluco, porque eu estava obviamente curado. Nem podia ele dizer que seu manual estava errado, por isso disse:

— Vou dizer-lhe uma coisa. Sou meio novato neste negócio. Gostaria que o senhor pudesse conversar com alguns de nossos membros mais idosos. Que tal ir à igreja comigo?

— Quando vamos? — perguntei-lhe.

Isso quase o derrubou, que eu fosse à sua igreja com ele. No domingo seguinte fui ao Salão do Reino. Quando começaram a ensinar o erro, desliguei-me deles e comecei a orar no Espírito. Se damos ouvidos a uma mentira, recebemos o espírito da mentira, e ficamos decepcionados. Sendo cristão cheio do Espírito, eu podia desligar minha audição e ligar-me em Jesus para ouvir bem e forte. Ele fez que as palavras de erro tomassem outro rumo. E assim não fui enganado.

Depois que saímos do Salão do Reino naquele dia, Jimmy me perguntou:

— Que tal achou de tudo isso?

— Louvo seu interesse em pegar-me — disse-lhe eu, e acrescentei: — A propósito, que acha de vir à igreja comigo hoje à noite?

Ele não podia ser indelicado e recusar, porque eu tinha ido com ele. Meio desconcertado, disse:

— É que . . . eu . . . é . . . está bem.

Ele foi comigo à igreja naquela noite, e ouviu a Palavra pregada com poder. Ele já tinha ouvido meu testemunho, e como diz Apocalipse 12:11: “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho.” O jovem Testemunha de Jeová foi salvo.

Existe alguma coisa difícil demais para Deus? Não quando vivemos como filhos do Rei e permitimos que ele nos forneça o equipamento certo para realizar o trabalho.