domingo, 2 de maio de 2021

Aprenda a viver como um filho do rei - Capítulo 18


 COMO IMPEDIR A CURA

A vontade de Deus quanto à saúde dos filhos do Rei está claramente demonstrada em 3 João 2: “Amado, acima de tudo faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.”

Mas nem sempre prosperamos, nem sempre estamos em bom estado de saúde. Por quê? Há obstáculos que nós mesmos criamos?

Anteriormente eu pensava que Deus queria curar a todos e que todos queriam ser curados. Mas eu estava apenas metade certo. Descobri este fato da primeira vez que estive no acampamento CFO.

Blair Reed e eu tínhamos ido juntos para lá. Ambos havíamos sido recentemente curados, salvos e batizados no Espírito, e estávamos prontos para ministrar cura a toda gente. De longe podíamos visualizar os necessitados.

Outro carro chegou quase ao mesmo tempo que rios, e um homem saiu dele, abriu o porta-malas tirou de lá uma cadeira de rodas dobrável, desdobrou-a, dirigiu-se para o outro lado do carro, abriu a porta, trouxe a esposa para fora e a colocou na cadeira de rodas. Meu amigo Blair e eu mal podíamos esperar a oportunidade de aproximar-nos da senhora. Lembramo-nos de que Jesus pedia permissão à pessoa antes de curá-la, e assim não corremos para a senhora e começamos a orar imediatamente.

Primeiro, pedimos-lhe permissão.

— Irmã, Jesus deseja curá-la. A senhora quer ser curada?

Levei o maior choque de minha vida quando, indignada, ela respondeu:

— Certamente que não.

A expressão de nossos rostos devia ter demonstrado que não tínhamos' entendido, porque ela passou a explicar:

— Durante trinta anos servi a meu marido quase como escrava. Agora é a vez de ele servir-me enquanto eu viver. Gosto da vida assim. E não venham vocês impor as mãos sobre mim!

Comecei, pois, a aprender que nem todos desejam ser curados. Muitas pessoas não gozam de boa saúde. Um método que muitos adotam é provocar a simpatia dos outros para que se compadeçam deles pelo que sofrem, se é que estão bastante enfermos por tempo suficiente.

Deste modo mostram que estão carregando sua cruz.

A pergunta de Jesus, “Queres ser curado?” é a chave da situação. O estado de saúde perfeita envolve muito mais do que mera cura física. Relaciona-se com a pessoa toda.

Certo dia uma mulher compareceu a uma reunião na qual eu participava. Ela compareceu na segunda-feira à noite para que orássemos por ela, e assim sucessivamente até quinta-feira à noite, porém seu estado não apresentava melhora alguma. Ela sofria de artrite como eu nunca tinha visto antes. Todas as juntas de seu corpo estavam como que travadas. A gente sentia dor só de olhar para ela.

Na noite de quinta-feira eu disse: “Senhor, devemos apresenta melhora alguma. Como se explica?”

O Senhor mostrou-me que algumas vezes sou mais estúpido do que outras. De quando em quando, tenho uma leve impressão de que sei orar. Mas Deus diz em Romanos 8: Não sabemos orar como convém, e ele me coloca em meu devido lugar. Então eu disse: “Senhor, perdoa-me”, e orei em línguas e pedi uma palavra de conhecimento. E essa palavra veio nestes termos: Este é um caso de relacionamento interrompido, e não um mal físico. Apenas parece doença.

Deus sempre tem maiores informações acerca de uma pessoa do que aquelas que se podem obter por meios naturais. Assim, quando seus amigos a conduziram ao altar novamente na noite de sexta-feira, todos nos reunimos ao seu redor. “Senhor, vamos deixar- que tu ores esta noite. Vamos orar em línguas e pedir que tu dês a interpretação sobre o procedimento de cura de nossa irmã.”

Ao orar, foi-nos revelado que o problema desta mulher era o ressentimento. As relações entre ela e a irmã estavam abaladas.

Perguntei-lhe:

— A irmã está ressentida com quem?

— Oh —, disse ela — não tenho ressentimento contra ninguém. Amo a todo o mundo.

Estava claro que seu ego não a deixava ser honesta nem mesmo por um minuto. Então o Espírito Santo

reformulou a pergunta para lançar a culpa sobre outra pessoa.

— Quem foi que lhe causou um terrível mal? — perguntei. — Que foi que sua irmã fez que lhe causou mágoa?

Isso deixou-a livre para contar-nos tudo o que se relacionava com a cruz que ela devia suportar. Ela

derramou peçonha como se fosse veneno de uma serpente. Sem os dons do Espírito em ação, poderíamos ter simpatizado com ela, e ela teria simpatizado ainda mais consigo mesma e sua condição teria piorado. Mas Deus fez-nos ver a amargura, o ódio e o ressentimento que a mulher abrigava. E tudo isso veio à tona.

— Essa mesquinha! Ela mudou-se para nossa vizinhança, veio à nossa igreja, e como organista ela não chega a meus pés, mas o pastor lhe deu o cargo.

— Aposto que isso a consumia, não é verdade? — perguntei-lhe.

A mulher se afastara da comunhão no Espírito, do grupo local, e seu organismo reagira fechando-se em si mesmo. Sua mão estava tão fechada que ela não podia mover um só músculo do braço.

— Irmã, a senhora está disposta a perdoar?

— Aquela perversa? Não! Nunca!

Recordamos com ela algumas passagens das Escrituras

relacionadas com o atar físico por meio do atar espiritual.

E falamos acerca do perdão conforme a oração que o Senhor nos ensinou. Depois de alguns momentos, o Espírito Santo começou a convencê-la. Ela viu quão terrível era sua amargura, seu ressentimento, e viu as conseqüências inevitáveis disso tudo sobre seu corpo.

Explicamos-lhe que Jesus desejava que ela prosperasse e gozasse de boa saúde, assim como prosperava a sua alma. Isto significava que a relação desfeita com sua irmã tinha de ser reatada antes que ela pudesse ser curada fisicamente.

Abrandando um pouco, ela disse:

— Sinto muito. Não posso falar com ela. É algo demasiado grande para mim. Já decorreram dezoito anos.

— Não culpo a irmã. Acho que eu também não iria pedir perdão após esses anos todos nutrindo ódio. Sei que por mim mesmo não estaria disposto a fazê-lo. Mas a irmã estaria pronta para ir se Deus lhe desse tal disposição.

Enquanto permanecia ali junto ao altar, apoiada por irmãos e amigos, pude ver a luta que se travava em seu íntimo. A amargura estava profundamente arraigada; a mulher estava segura de que a falta era da outra pessoa.

Mas, afinal ela disse:

— Sim, se Deus me fizesse disposta a tanto, eu estaria disposta. Estou pronta para tal disposição.

E então, naquela hora, sua mão começou a abrir-se. A disposição que Deus lhe dera ao espírito libertou-a. Não vi a cura total. Não permanecemos muito tempo ali, porém sei que ela está completamente livre, porque se dispôs a ir e reconciliar-se com a irmã.

Não importa que a situação pareça clinicamente incurável; se nos dispusermos a deixar que Deus remova todas as pedras de tropeço de nossa alma, seu poder se manifestará. A impaciência pode ser um obstáculo à cura; a falta de perdão é outro; a incredulidade também.

Esses obstáculos são freqüentes.

Não havia obstáculo algum de incredulidade em um dos irmãos lá em Lancaster County, na Pensilvânia, com quem eu havia estado em várias reuniões de testemunho.

O irmão Herman voltou da igreja certa tarde e chegou a casa com uma forte dor de cabeça. Foi ao armário onde guardava remédios e tomou dois comprimidos de aspirina, depois deitou-se para tirar uma soneca. Cerca de trinta minutos depois acordou com o estômago em fogo. Verificando o armário de remédios, viu que em vez de aspirina havia tomado dois comprimidos de cloreto de mercúrio que sua filha usava no tratamento de pé-de-atleta. Esses comprimidos eram para uso externo, pois o cloreto de mercúrio é veneno mortífero.

Havia duas coisas que ele podia fazer: Entrar em pânico ou louvar a Deus e firmar-se na palavra divina.

O pânico é para pagãos, não para os filhos do Rei.

Sendo assim, o irmão Herman disse: “Senhor, tua palavra diz: ‘Se alguma cousa mortífera beberem não lhes fará mal.’ Nessas condições, o problema é teu e não meu.” Passou a chave na porta do quarto, ajoelhou-se ao lado da cama e deixou o assunto nas mãos de Jesus.

“Jesus”, orou ele, “Se não intercederes, se tua Palavra não for verdadeira, então eles terão de arrombar a porta e levar o cadáver. Eu serei o cadáver. O problema é teu.”

Voltou para a cama e acordou umas duas horas mais tarde, sem dor de cabeça, sem dor no estômago, completamente são.

Estes sinais hão de acompanhar os filhos do Rei: “Se alguma cousa mortífera beberem, não lhes fará mal.”

No começo de minha vida de cristão, tinha a tendência para pensar que agora que estava salvo, agora que eu pertencia ao povo de Deus, eu era invulnerável com relação a problemas. Tinha ouvido muitos sermões que me fizeram crer que quando a pessoa se converte, nunca mais lhe acontece nada de desagradável. Mas Deus

nunca prometeu isentar de problemas os seus filhos. A promessa divina é que ele nos livrará na hora da dificuldade.

É preciso entrar em dificuldade para sair dela. Mas não é preciso que nos metamos em dificuldade. O viver cotidiano se encarregará automaticamente dessa parte, porém o andar no Espírito garante-nos proteção contra os poderes das trevas que sempre procuram tragar tanto os pagãos como os filhos do Rei.

Faz pouco tempo dirigia meu carro por uma rodovia de pista dupla; eu ia a uma reunião. A faixa que dividia as pistas devia ter uns seis metros de largura. De repente, um carro que vinha em sentido contrário, correndo a mais de 100 quilômetros por hora, assim como eu, parece que perdeu a direção e começou a cruzar a faixa divisória. Vinha diretamente contra mim. Era iminente um impacto de mais de duzentos quilômetros por hora e eu seria atingido em cheio. Ficaria esmagado.

Fiquei contente por não ter de esperar para engrenar a marcha do louvor e ação de graças, porque não teria tempo de fazê-lo. Tudo aconteceu tão rápido. O andar na luz está relacionado com todos os circuitos sintonizados com o louvor e a ação de graças todo o tempo, e dando graças a Deus por tudo. Eu andara na luz o dia todo. Estava, portanto, dando graças a Deus e orando no Espírito a favor das pessoas que estavam no outro carro, num só fôlego, reconhecendo que esse podia ser o último de minha vida. Mas eu estava entoando os cânticos de Sião, sabendo que os filhos do Rei não têm de terminar o curso da vida segundo as condições de Satanás.

O veículo que ia atingir-me estava a menos de vinte metros de distância quando, de repente, lá se foi pelos ares e capotou. Era um carro conversível, a capota estava arriada, e voou gente em todas as direções. E o veículo veio espatifar-se bem ao meu lado.

“Senhor, queres que eu pare?” perguntei-lhe.

Não. Não pare. Você intercede, foi a mensagem que recebi. Em meu espelho retrovisor pude ver que outros carros e caminhões estavam parando. Não precisavam de minha presença física naquele ponto. Porém Deus precisava de mim como intercessor. E assim continuei orando, louvando a Deus, orando em línguas. Estava cônscio de que havia um poder novo, havia rios de água viva fluindo de meu íntimo diretamente para o trono da graça enquanto eu intercedia no Espírito.