Depois que fui curado, comecei a ver o poder curador de Deus
atuando na vida de outras pessoas.
Certa noite eu e Jimmy, um homem que fiquei conhecendo na
reunião dos Alcoólicos Anônimos, fomos guiados pelo Senhor para ir à casa de
outro membro de nosso grupo dos A. A. Ela havia voltado para casa depois de
haver estado no Hospital de Mulheres de Baltimore, após sua terceira operação
de câncer em dois anos. Os médicos haviam decidido que não lhe restava muita
coisa para cortar sem cortar-lhe a própria vida, de modo que a enviaram para
casa a fim de morrer.
Sua mãe foi receber-nos à porta, e lhe dissemos:
— Ouvimos dizer que Noemi estava muito doente, e paramos
aqui para vê-la e talvez conversar uns instantes com ela.
Em realidade, não sabíamos por que estávamos ali.
Esta era nossa primeira responsabilidade de cura, e não éramos
mais do que dois bêbados estúpidos que Jesus havia libertado e enchido com seu
Espírito. Estávamos desempenhando nosso papel pela fé.
A mãe não queria abrir-nos a porta.
— Pouco resta à minha filha para que a visita lhe seja agradável.
Noemi está em pobres condições. Seu corpo está reduzido a quase nada: está
pesando menos de quarenta quilos, e acho que seria melhor que não a vissem. Os
médicos não lhe dão mais que uma semana de vida.
Explicamos-lhe que éramos membros do mesmo grupo dos A. A ao
qual Noemi pertencia, e por certo não lhe poderíamos causar dano algum se ela
estava tão mal assim. Prometemos-lhe não demorar-nos muito, e finalmente a mãe
abriu-nos a porta e conduziu-nos ao quarto de Noemi. O que restava dela parecia
uma casca de laranja estendida sobre o leito. Tão magra e acabada estava ela;
sua pele havia-se tornado da cor de quem morre de câncer. Noemi estava morrendo
e ela o sabia.
Quanto a isso não havia dúvida. A morte estava a poucas horas
de distância.
Cumprimentamos Noemi e ela nos cumprimentou; depois de
havermos conversado um pouco, o Senhor começou a dar-nos algumas idéias.
— Já faz alguns anos que Deus nos tem conservado sóbrios no
grupo dos A. A, não é mesmo? — lembramos-lhe.
— E verdade — disse ela.
Então Jimmy contou-lhe como Deus o acabara de curar de uma
alergia clinicamente incurável. Era como se Deus lhe houvesse dado uma nova
pele, impenetrável a substâncias químicas. E eu lhe contei como Deus me havia
substituído um disco da coluna espinhal desintegrado por um completamente novo.
Ela ouviu nosso testemunho e disse:
— É maravilhoso!
Então acrescentei:
— Se Deus fez isso por nós, não acha que ele poderia curar
você?
Eu estava surpreso com as palavras que me saíam da boca,
porque não me havia ocorrido que Deus pudesse curar alguém tão doente quanto
ela. Em realidade, as palavras não eram minhas. Eram palavras de conhecimento que
me saíam da boca por obra do Espírito Santo.
— Bem —, disse ela, — acho que talvez ele possa.
Nunca pensei nisso.
— Gostaria que pedíssemos a ele que a curasse?
— Sim, isso seria ótimo.
Noemi não tinha forças suficientes para revelar nenhuma espécie
de entusiasmo.
Segurei-lhe uma das mãos e Jimmy segurou a outra; a mãe
estava ali completamente incrédula. Nossa descrença nesse momento emparelhava
com a dela. Pareceu-me que íamos pedir a Jesus que curasse uma confusão impossível.
. .
Finalmente a oração saiu; os lábios mal pronunciavam as
palavras. Não era uma oração muito elaborada.
“Senhor, algo está criando uma verdadeira confusão neste
corpo. Sabemos, porém, que tu podes curar e fazer novo aquilo que Satanás
destruiu. Jesus, por favor, cura a Noemi.” Então oramos em línguas por uns
momentos e dissemos “Amém”. Noemi também disse “amém” e encerramos o assunto.
Contudo, enquanto orávamos senti surgir dentro de mim o dom
da fé, e de repente soube que Deus iria curá-la! Não era uma questão de esperar
que algo acontecesse.
Era inimaginável que não acontecesse. Tinha de ocorrer um
milagre, porque o dom da fé repentinamente saltou dentro de mim. Não havia
música de órgão, os sinos não tocaram, não havia vestimentas eclesiásticas, apenas
dois ex-bêbados orando por uma colega, com Jesus encarregado de tudo. Aleluia!
Então voltamos para casa.
Cerca de três meses depois eu estava numa reunião à noite e
vi que no outro lado do salão havia uma mulher que me parecia conhecida.
“Parece a Noemi”, pensei, “porém Noemi morreu e foi sepultada já faz alguns meses.”
A mulher viu que eu olhava firme para ela, e sabia o que eu
estava pensando. Veio até onde eu estava e disse:
— Sim, sou Noemi. Deus me curou.
Foi aquela fé em Jesus que eu havia sentido brotar dentro de
mim quando oramos. Seu dom e sua fé. Era uma prova do que Paulo escreveu em
Gálatas 1:20: “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a
si mesmo se entregou por mim.”
Qualquer filho do Rei pode ministrar cura a outras pessoas
quando conhece seus direitos e privilégios.
Um jovem pastor metodista da Carolina do Norte veio ao nosso
Retiro de Vida Espiritual um ou dois anos, e recebeu o batismo no Espírito
Santo. Certa noite, quando estávamos a caminho de Ashville onde eu devia falar
em sua igreja, ele disse:
— Não entendo por que Deus não me deu dons de curar.
Eu falava com o Senhor enquanto Jerry falava comigo, e
perguntei a Jesus: “Por que não deste a Jerry os dons de curar?”
Pareceu-me que o Senhor disse: Pergunte a ele se alguma vez
ele já procedeu como quem os recebeu?
— Irmão Jerry, alguma vez você agiu como se tivesse os dons
de curar?
— Não — disse ele, — nunca pensei em fazê-lo.
E simplesmente deixei que ele pensasse por alguns momentos.
Enquanto estávamos na igreja naquela noite, chegou um recado
de uma das paroquianas de Jerry, internada no hospital de Ashville, necessitada
de assistência pastoral, algo assim como ministrar os últimos sacramentos, porque
ela estava em estado de coma fazia dez dias. A família mandou dizer ao pastor
que seria bom se ele pudesse passar por lá. E assim, ao regressarmos para o Retiro,
paramos no Hospital Geral de Ashville.
— Eu fico aqui no carro orando enquanto você sobe e faz o
que precisa fazer — disse-lhe eu.
Enquanto ele estava lá em cima, eu orava, e uma espécie de
glória começou a perpassar por mim, de modo que eu soube que alguma coisa
estava acontecendo naquele quarto de hospital. Quando o irmão Jerry saiu, ele
estava como quem flutua no ar. Era um pastor transformado, um metodista que
gritava.
— Que aconteceu? — perguntei-lhe. Não lhe perguntei se havia
acontecido alguma coisa, porque era evidente que havia acontecido.
— Bem — disse ele, — entrei no quarto, e aquela senhora
idosa, já entrada nos oitenta anos, estava para morrer. Todos sabiam que ela morreria.
A família já havia escolhido o caixão e feito todos os preparativos. Eu simplesmente
me encaminhei para o leito, pus minhas mãos sobre ela e disse: “Irmã, em nome
de Jesus Cristo, sara!” Ela sentou-se na cama, com olhos arregalados, e disse:
“Aleluia!” Havia dez dias que estava em coma.
Ele meneou a cabeça, ainda estupefato:
— Tudo o que fiz foi agir como agi, e verifiquei que os dons
de curar estavam à minha disposição.
Nós impedimos o poder de Deus, os dons de Deus.
Tudo o que temos de fazer é agir como filhos do Rei e pô-los
em ação.
Inclusive nós? Sim. Deus usa inclusive nós.
Se você ora por alguém e essa pessoa cai morta no dia seguinte,
ore pelo próximo. Louve a Deus. Proceda como filho do Rei e você começará a
sentir-se como filho do Rei. E quanto mais você sentir-se assim, tanto mais agirá
de acordo com esse sentir. É um sentimento regenerador; é cumulativo; aumenta
todo o tempo, e finalmente recebe a mensagem, alto e bom som: Você é filho do
Rei. O reino de Deus está dentro de nós, e vamos manifestá-lo exteriormente.
Se você tem tendências religiosas, você pode encontrar sua
CII puxando para o aspecto em que sua teologia está sendo sovada. Em realidade,
se você estiver quieto, pode ouvir estas palavras em ebulição em seu tanque de pensar:
“Mas não são todas as pessoas que possuem
todos os dons do Espírito Santo. A uma é dado
blá-blá-glu-glu ... não é assim que diz em 1 Coríntios 12?” Não há dúvida que
você esteve ouvindo o Dr. Bronze que Tine, esse grande teólogo oriundo do
Cemitério da Clavícula do Sul, que ensina extensamente sobre os dons do
Espírito — mas o faz por ignorância total, porque ele próprio nunca
experimentou os circuitos de força que os tornam disponíveis.
Eu, também, cometi o engano de dar-lhe ouvidos por alguns
momentos, certo dia, quando era cristão novo demais para conhecer melhor. Eu
acabara de ser curado na tenda de Oral Roberts, e o Dr. Bronze gastou quase vinte
minutos provando que a cura divina não é para nossos dias.
Depois que ele estrangulou a verdade ao ponto de quase
desmoronar a mais robusta fé, comecei a orar por seminaristas de toda parte.
Então eu disse: “Senhor Jesus, tu me disseste que os dons do
Espírito têm destinatário.”
Para os necessitados, replicou ele, disponíveis a quem quer
que os empregue, seja individualmente ou em grupos, para trazer perfeição onde
houver falta.
“Então, por que toda essa hesitação dos filhos do Rei em
utilizá-los?” perguntei.
Por um motivo — O-R-G-U-L-H-O — foi a resposta.
E essa é a resposta completa, o método mais sutil do inimigo
— o orgulho da vida.
“Suponha que eles morram” , sussurra Satanás no momento de
necessidade, quando talvez você seja a única pessoa disponível para ministrar
os dons de curar.
“Sua bela imagem cristã irá por água abaixo. Vá com cuidado.
Deixe que fulano de tal faça isso ...”
Mas eu lhe digo: simplesmente ouse deixar que o Rei assuma o
comando com todo o poder de ressurreição e glória. Então, se alguém morrer,
diga: “Obrigado, Jesus.
Aconteceu que tua resposta foi ‘não’ desta vez. Passemos para
o próximo.
Jesus mais um filho do Rei são maioria em qualquer parte, a
qualquer hora.