No começo de minha vida como novo cristão parecia-me que eu
podia continuar fazendo o que bem entendesse, sem ser punido. Deus me dava
ampla liberdade.
Mas depois veio um processo de limitação, e as coisas do mundo
se tornaram cada vez menos desejáveis para mim. Não me propus deixá-las; elas é
que me deixavam à medida que o tempo avançava.
Desde que me lembro, eu havia sido um fanático jogador de
pôquer. Por mais que buscasse, não conseguia deixar o vício de jogar.
Finalmente, parei de lutar contra ele e simplesmente disse: “Senhor, se
verdadeiramente te pertenço por completo, este hábito é teu e não meu.” Eu não
lhe pedia que me ajudasse a ganhar no jogo, mas o convidava para ir comigo,
para sentar-se à mesa comigo. Eu dizia: “Senhor, se gostas de ver alguém jogar
partidas de pôquer, o privilégio é teu, porque quando me assento? mesa, tu te
assentas. E se isso é de teu agrado, ótimo. Vou esquecer tudo o que se passa
por aí.” Em outras palavras, parei de lutar contra meu hábito de jogar, e
comecei a entregá-lo a Deus.
Uma ou duas semanas depois, fui pescar num fim de semana com
outros amigos, e jogamos várias partidas de pôquer. Ganhei todas. Não perdia
nenhuma partida.
Não importava o que fizesse, eu os batia em cada rodada.
Normalmente, eu teria ficado contentíssimo. Mas à medida que
o montão de notas crescia diante de mim, eu me sentia cada vez mais triste.
Sabia que aqueles homens que estavam jogando comigo não podiam dar-se ao luxo de
perder. Eu estava tomando posse do dinheiro de seus aluguéis, o dinheiro de
suas compras de armazém, o dinheiro de tratamento dentário dos filhos. Mas
quando o indivíduo está jogando pôquer, não desiste por motivos dessa índole.
Tem de persistir nisso. Essa é a regra do jogo.
Quando esse fim de semana chegou ao seu termo, sentia-me tão
doente pelo que havia feito, que eu disse:
“Senhor, por favor, Senhor, não quero mais jogar pôquer.” O
desejo de jogar abandonou-me. Não tive de deixá-lo. Não tive de lutar. Ele
simplesmente se foi para sempre.
Deus sempre sabe o que faz, e ele faz tudo para o bem quando
confiamos nele.