domingo, 2 de maio de 2021

Aprenda a viver como um filho do rei - Capítulo 14


 COMO ORAR SEM SESSAR - COMO DOMAR SUA LINGUA

Um dos primeiros textos da Bíblia para os quais Deus me alertou assim que comecei a viver como filho do Rei foi 1 Tessalonicenses 5:16-18, que diz: “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”

Se quisermos permanecer no centro da vontade de Deus o tempo todo, não podemos deixar de regozijarmos, não podemos deixar de orar, não podemos parar de louvar a Deus, dando-lhe graças.

Quando encontrei este texto, ele me soava bem, e ao mesmo tempo impossível. Antes mesmo que eu tentasse regozijar-me sempre e em tudo dar graças, sabia que não poderia orar sem cessar. Eu podia orar durante uns dois segundos, e então minha mente vagava. Eu tinha de pensar em outras coisas. Tentava trazer minha mente de volta à oração, porém eu caía no sono. “Bem”, dizia a mim mesmo, “posso orar amanhã cedo em vez de fazê-lo agora à noite.” Mas pela manhã o sono me dominava de novo. Por mais que me esforçasse, eu simplesmente não conseguia orar sem cessar.

Queixei-me ao Senhor por causa desse problema.

“Senhor”, disse eu, “por certo existe alguma coisa aqui que não vem a tona. Tu dizes que devo orar sem cessar, e me disponho a fazê-lo, porém não o consigo. Há de haver alguma dimensão de oração que não me é familiar, uma dimensão sobre a qual nada sei. Senhor, podes tu mostrar-me como orar sem cessar, de modo que eu seja obediente à tua palavra?”

Antes mesmo que eu dissesse “Amém”, subitamente' eu estava fazendo um novo tipo de oração, o tipo mencionado em Marcos 16:17: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: . . . falarão novas línguas.” Era uma coisa que simplesmente emanava de meu interior. Não tinha de ficar pensando no que dizer, sobre o que orar, porque eu orava numa língua que nunca havia aprendido. E era tão fácil orar. A oração continuava sem cessar. Muito embora eu não soubesse o que dizia, sabia que estava certo, pela forma como me sentia em meu íntimo — tão perto de Deus, tão cônscio de seu poder e de seu amor, em comunhão tão estreita com ele. Acho que orei durante meia hora sem parar, a mais longa e a mais espontânea de minhas orações até aquele momento de minha vida.

Jesus disse: Continua a louvar-me. Jamais cesses e eu mesmo farei que a corrente de oração continue em teu interior, que é o templo do Espírito Santo.

Ele tem sido fiel à sua palavra. Há sempre rios de água viva fluindo de meu interior. Estou sempre louvando a Jesus, unindo-me em uma oração do Espírito que flui todo o tempo, intercedendo de maneira perfeita quando nem mesmo sei sobre o que orar, porque o Espírito Santo ora por meu intermédio.

Esse tipo de oração foge ao alcance da mente, e deixa Satanás ardendo em fúria, porque ele não pode interferir. Ele não é capaz de dizer o que se passa com você. E você também não pode criar confusão com seu intelecto.

É Deus Espírito Santo criando poder proveniente de nossos espíritos humanos diretamente para Deus no trono da graça. Você não precisa dizer: “Se for da tua vontade”, porque qualquer oração em línguas, qualquer oração no Espírito, tem garantia automática de estar bem no centro da perfeita vontade de Deus.

Antes de eu começar a orar no Espírito, um de meus insistentes pecados era uma língua verdadeiramente cáustica. Sendo eu um indivíduo tão superior, era mestre em detratar a todos. Não importava onde me encontrasse, eu tinha algo feio para dizer acerca de alguém.

Quanto mais feio fosse, tanto mais provável era que eu o dissesse.

Não havia dúvida de que eu possuía a língua mais horrorosa em toda a comunidade cristã. Era mesquinha.

Quando pagão, eu a treinara para ser mesquinha.

Deleitava-me em cortar a casaca das pessoas. Nunca usei linguagem irreverente, porque tive uma mãe cristã, e ela me ensinou que somente as pessoas estúpidas usam o nome de Deus em vão.

“Pode ser que um dia você tenha necessidade de invocá-lo sinceramente”, dizia ela, “e se você desperdiça o tempo do Senhor invocando-o em vão, pode ele pensar que você está brincando quando na realidade você fala sério.” Acho que eu tinha uns cinco anos de idade quando ela me deu essa lição, e nunca a esqueci.

Eu tinha uma língua afiada no sarcasmo, e em poucos segundos eu podia localizar seu ponto fraco e deixar você em petição de miséria.

Quando fui salvo e me filiei à igreja, eu constituía uma ameaça à congregação. Podia dizer-lhe o que havia de errado em todas as pessoas, e nem o pastor escapava. Eu difamava todos os cristãos com meu sarcasmo. Quanto mais me esforçava por limpar minha conversa, tanto pior eu ficava, e tanto mais alto a carta de Tiago me pregava:

“A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar.” Devo ter lido esse versículo uma centena de vezes, mas não o devo ter entendido nem mesmo uma vez, porque eu simplesmente dizia: “Senhor, prometo esforçar-me mais.” Devia ter sido claro, inclusive para mim, que o esforçar não era a resposta.

Certa noite, num grupo de oração, espalhei um boato acerca de um dos irmãos. Tão logo o boato me saiu da boca eu percebi que era errado, mas era tarde demais para evitar que se espalhasse. Todos olharam para mim com olhos arregalados, horrorizados, e meu desejo era arrastar-me para baixo do tapete. Sentia-me inteiramente condenado e como se isso não bastasse, uma das irmãs levou-me para um lado e disse:

— Irmão, você já pensou alguma vez no que sua língua está causando à comunidade?

Falar sobre miséria, e aí estava o resultado.

— Por certo que sim, irmã Bessie, e vou esforçar-me para evitar esses males — disse-lhe eu.

Ela olhou bem para mim, e se foi, meneando a cabeça.

Provavelmente ela sabia que me vinha esforçando por solucionar esse problema já havia uns três ou quatro meses, e quanto mais me esforçava, tanto mais veneno me saía da boca. Eu podia sentir uma queimação em meu íntimo, como úlceras que cresciam.

A Bíblia diz: “A boca dos insensatos derrama a estultícia”, e eu sabia a veracidade dessas palavras pela maneira como meu estômago se retorcia toda vez que eu cuspia veneno contra alguém. Eu experimentava em meu próprio corpo que a morte e a vida estão no poder da língua.

Sabia que minha língua matava aos outros e a mim; mas como podia eu domá-la? Essa foi uma pergunta real que me veio à mente naquela noite ao voltar para casa, enfarado de mim mesmo e de minha língua maldosa.

Haviam-me dito toda sorte de coisas sobre os métodos de como eu mesmo podia domar minha língua, muitas das quais resultaram em triturá-la, sem benefício algum.

Eu havia lido: “Se a tua mão direita te faz tropeçar, corta- a. Se o teu olho direito de faz tropeçar, arranca-o.” Mas eu podia ter retalhado meu corpo sem curar-me da tendência para difamar outras pessoas.

De repente vi quão fúteis, quão imprestáveis tinham sido todos os meus esforços, e sempre o seriam. Conscientizei- me da verdade de que “a língua, nenhum dos homens é capaz de domar”. Deus mostrou-me que eu podia mastigar minha língua até que nada mais restasse dela, e ainda não seria domada, porque as raízes da língua indomável se encontram no coração.

Finalmente, Deus pôde dizer-me: Hill, enquanto você não me confiar a tarefa de domá-la, continuará desperdiçando seu tempo.

Mais que depressa, eu disse: “Senhor, então doma-me a língua de acordo com as tuas condições.” De imediato me vi orando em línguas. E de lá para cá minha boca foi purificada ao ponto em que oro sem cessar, ao ponto em que oro em línguas todo o tempo. A língua que louva a Deus não pode andar criticando ninguém.

Alguns cristãos dizem:

— Tenho de falar em línguas?

— Não — respondo-lhes —, não é preciso fazê-lo.

Você pode viver matando enquanto agüentar. Não tem de fazer coisa alguma à maneira de Deus. Pode fazê-lo a seu próprio modo, como sempre o tem feito. Pode ser mesquinho, feio, em vez de ser um cristão amável, alegre, pacificador. Você tem liberdade de escolher. Qual será sua escolha?

Descobri que a maneira como uso a língua diz-me se vivo uma vida vitoriosa como cristão ou se vivo outro tipo de vida. Entregar o domínio de minha língua a Jesus foi um passo importante em meu aprendizado sobre a maneira de viver como filho do Rei.

“Por quê?” perguntará você. “A língua é um membro tão pequeno.” Sim, é pequeno, mas como o leme de um navio, ela é que dirige as operações de todo o seu corpo, o mecanismo todo, a personalidade toda. E sua tendência natural no estado indomado é destruir, porque, como diz Tiago, “a língua . . . é mal incontido, carregado de veneno mortífero”. Deus diz que o homem perfeito é aquele que não tropeça em palavras, aquele que tem a língua sob controle. Só Deus, porém, pode controlá-la. E a palavra divina garante que quando nos regozijamos, quando louvamos a Deus e lhe damos graças, somos perfeitos aos seus olhos, somos, certamente, filhos do Rei. “Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão” (Tiago 3:2).

O “Manual do Fabricante” diz que o orar em línguas é um sinal para os incrédulos. Vi uma demonstração perfeita desta afirmativa certo dia em que me encontrava num grupo de menonitas em Pittsburgh, no estado de Pensilvânia; haviam-me convidado para passar um fim de semana com eles. Na manhã de sábado estavam lá cerca de oitenta homens da localidade, e depois de minha palestra, separei uma cadeira destinada a quem quisesse oração. Um dos homens que ali estavam era o tipo do escarnecedor. Estava presente para garantir que eu não contaminaria os irmãos.

Quando outro irmão veio e assentou-se na cadeira de oração, impus as mãos sobre ele e orei por ele no Espírito, orando em línguas. Terminada a oração, o escarnecedor chorava como criança, chorava convulsivamente e babava por todo o seu terno de saia azul.

— Que é que o aflige? — perguntei-lhe.

— Bem — disse ele — , não sei se o homem que está na cadeira recebeu alguma coisa, porém Deus me falou enquanto o senhor orava por ele, porque o senhor estava orando em alto alemão. Estudo o alto alemão, e duvido que o senhor mesmo o conheça, porque se trata de um idioma raro.

— Não conheço o idioma alemão, seja alto, baixo ou médio — respondi.

— Bem — continuou — Deus falou-me em perfeito alto alemão e disse: Quem é você para zombar de qualquer dos meus dons? E aquele corpulento homem em prantos foi salvo, e no dia seguinte ouvi que ele orava a favor de alguém em uma nova língua. Estava realmente feliz.

O Espírito sempre dará testemunho de Jesus.

Meu amigo Starr Dailey, o ex-condenado que escreveu Love Can Open Prison Doors (O Amor Pode Abrir as Portas da Prisão) foi solicitado a dar seu testemunho numa igreja cristã em Tóquio. Seu intérprete foi bem até que Starr abriu a Bíblia. A esta altura Starr descobriu que o intérprete era capaz de traduzir para o japonês somente as palavras do inglês secular. Não era capaz de traduzir as Escrituras. Por um momento estavam num impasse.

Então Starr disse: “Senhor, sei que não me trouxeste de uma distância de milhares de quilômetros para uma apresentação de cinco minutos. Se não puderes fazer nada a este respeito, somos dois. Mas se tu podes, Senhor, faze alguma coisa.”

O Senhor veio a ele com uma palavra das Escrituras: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito. Abre bem a tua boca, e ta encherei.”

Starr abriu a boca, e dela saíram trinta ou quarenta minutos dignos da mensagem — e ele não sabia uma só das palavras que proferiu. Era o idioma japonês, para sua congregação japonesa. Starr disse: “Eu nunca havia percebido que Deus podia usar outro idioma estrangeiro.

Pensei que as línguas fossem apenas algo secreto.” A Bíblia chama-as de “línguas dos homens e dos anjos”. Aquilo que for necessário na ocasião — alto alemão ou japonês moderno — Deus pode provê-lo.

Por que Deus faz assim? Não sei. Isso não é da minha conta. Deus quer abençoar, e ele pode abençoar-me do modo que quiser.

Perdoa-nos, Senhor, por pensar que nosso Deus nos daria qualquer coisa, exceto o que o céu tem de melhor.

Perdoa-nos por dar ouvidos aos Idiotas Instruídos que efetuaram lavagem cerebral em nós para pensarmos que teu maravilhoso dom de línguas vem de Satanás. E, Senhor, tem misericórdia dos pregadores e das pessoas desinformadas e dos ignorantes. Ilumina-os e convence-os por teu Espírito, como o fizeste conosco, de que nosso Deus realiza somente o melhor para seu povo.

Senhor Jesus, damos-te graças por aumentares nossa confiança e nossa fé em ti.

Desejamos tudo o que recomendas que devemos ter como teu povo. Não desejamos deixar nada de fora, a despeito do que nos tenham dito os teólogos, que não é para hoje ou que não é para nós, mas que era para aquela gente do passado. Senhor, alegramo-nos porque foi para eles também. E alegramo-nos porque as línguas são para teu povo testemunhar hoje com poder, para ver os que não estavam salvos, agora entrando no reino; para ver os escamecedores alquebrados, para ver os intelectuais transformados. Afina nossa língua para a dimensão do louvor e da ação de graças, para que nunca mais sejamos ouvidos a queixar-nos ou a achar faltas, ou espalhando boatos, ou calúnias. Senhor, põe uma sentinela em nossa boca. Amarra nossa língua para que não difame, e solta-a para que dê testemunho.

Derrama teu Espírito sobre nós e manifesta teus dons por nosso intermédio. Como no dia de Pentecoste, quando ouviram o povo glorificando a Deus, permite que vivamos para tua glória. Graças a ti, Jesus.