Um dos primeiros textos da Bíblia para os quais Deus me
alertou assim que comecei a viver como filho do Rei foi 1 Tessalonicenses
5:16-18, que diz: “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”
Se quisermos permanecer no centro da vontade de Deus o tempo
todo, não podemos deixar de regozijarmos, não podemos deixar de orar, não
podemos parar de louvar a Deus, dando-lhe graças.
Quando encontrei este texto, ele me soava bem, e ao mesmo
tempo impossível. Antes mesmo que eu tentasse regozijar-me sempre e em tudo dar
graças, sabia que não poderia orar sem cessar. Eu podia orar durante uns dois segundos,
e então minha mente vagava. Eu tinha de pensar em outras coisas. Tentava trazer
minha mente de volta à oração, porém eu caía no sono. “Bem”, dizia a mim mesmo,
“posso orar amanhã cedo em vez de fazê-lo agora à noite.” Mas pela manhã o sono
me dominava de novo. Por mais que me esforçasse, eu simplesmente não conseguia
orar sem cessar.
Queixei-me ao Senhor por causa desse problema.
“Senhor”, disse eu, “por certo existe alguma coisa aqui que
não vem a tona. Tu dizes que devo orar sem cessar, e me disponho a fazê-lo,
porém não o consigo. Há de haver alguma dimensão de oração que não me é
familiar, uma dimensão sobre a qual nada sei. Senhor, podes tu mostrar-me como
orar sem cessar, de modo que eu seja obediente à tua palavra?”
Antes mesmo que eu dissesse “Amém”, subitamente' eu estava
fazendo um novo tipo de oração, o tipo mencionado em Marcos 16:17: “Estes
sinais hão de acompanhar aqueles que creem: . . . falarão novas línguas.” Era
uma coisa que simplesmente emanava de meu interior. Não tinha de ficar pensando
no que dizer, sobre o que orar, porque eu orava numa língua que nunca havia
aprendido. E era tão fácil orar. A oração continuava sem cessar. Muito embora
eu não soubesse o que dizia, sabia que estava certo, pela forma como me sentia
em meu íntimo — tão perto de Deus, tão cônscio de seu poder e de seu amor, em
comunhão tão estreita com ele. Acho que orei durante meia hora sem parar, a mais
longa e a mais espontânea de minhas orações até aquele momento de minha vida.
Jesus disse: Continua a louvar-me. Jamais cesses e eu mesmo
farei que a corrente de oração continue em teu interior, que é o templo do
Espírito Santo.
Ele tem sido fiel à sua palavra. Há sempre rios de água viva
fluindo de meu interior. Estou sempre louvando a Jesus, unindo-me em uma oração
do Espírito que flui todo o tempo, intercedendo de maneira perfeita quando nem
mesmo sei sobre o que orar, porque o Espírito Santo ora por meu intermédio.
Esse tipo de oração foge ao alcance da mente, e deixa Satanás
ardendo em fúria, porque ele não pode interferir. Ele não é capaz de dizer o
que se passa com você. E você também não pode criar confusão com seu intelecto.
É Deus Espírito Santo criando poder proveniente de nossos
espíritos humanos diretamente para Deus no trono da graça. Você não precisa
dizer: “Se for da tua vontade”, porque qualquer oração em línguas, qualquer oração
no Espírito, tem garantia automática de estar bem no centro da perfeita vontade
de Deus.
Antes de eu começar a orar no Espírito, um de meus insistentes
pecados era uma língua verdadeiramente cáustica. Sendo eu um indivíduo tão
superior, era mestre em detratar a todos. Não importava onde me encontrasse, eu
tinha algo feio para dizer acerca de alguém.
Quanto mais feio fosse, tanto mais provável era que eu o dissesse.
Não havia dúvida de que eu possuía a língua mais horrorosa em
toda a comunidade cristã. Era mesquinha.
Quando pagão, eu a treinara para ser mesquinha.
Deleitava-me em cortar a casaca das pessoas. Nunca usei linguagem
irreverente, porque tive uma mãe cristã, e ela me ensinou que somente as
pessoas estúpidas usam o nome de Deus em vão.
“Pode ser que um dia você tenha necessidade de invocá-lo
sinceramente”, dizia ela, “e se você desperdiça o tempo do Senhor invocando-o
em vão, pode ele pensar que você está brincando quando na realidade você fala
sério.” Acho que eu tinha uns cinco anos de idade quando ela me deu essa lição,
e nunca a esqueci.
Eu tinha uma língua afiada no sarcasmo, e em poucos segundos
eu podia localizar seu ponto fraco e deixar você em petição de miséria.
Quando fui salvo e me filiei à igreja, eu constituía uma ameaça
à congregação. Podia dizer-lhe o que havia de errado em todas as pessoas, e nem
o pastor escapava. Eu difamava todos os cristãos com meu sarcasmo. Quanto mais
me esforçava por limpar minha conversa, tanto pior eu ficava, e tanto mais alto
a carta de Tiago me pregava:
“A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar.” Devo
ter lido esse versículo uma centena de vezes, mas não o devo ter entendido nem
mesmo uma vez, porque eu simplesmente dizia: “Senhor, prometo esforçar-me
mais.” Devia ter sido claro, inclusive para mim, que o esforçar não era a
resposta.
Certa noite, num grupo de oração, espalhei um boato acerca
de um dos irmãos. Tão logo o boato me saiu da boca eu percebi que era errado,
mas era tarde demais para evitar que se espalhasse. Todos olharam para mim com
olhos arregalados, horrorizados, e meu desejo era arrastar-me para baixo do
tapete. Sentia-me inteiramente condenado e como se isso não bastasse, uma das
irmãs levou-me para um lado e disse:
— Irmão, você já pensou alguma vez no que sua língua está
causando à comunidade?
Falar sobre miséria, e aí estava o resultado.
— Por certo que sim, irmã Bessie, e vou esforçar-me para
evitar esses males — disse-lhe eu.
Ela olhou bem para mim, e se foi, meneando a cabeça.
Provavelmente ela sabia que me vinha esforçando por solucionar
esse problema já havia uns três ou quatro meses, e quanto mais me esforçava,
tanto mais veneno me saía da boca. Eu podia sentir uma queimação em meu íntimo,
como úlceras que cresciam.
A Bíblia diz: “A boca dos insensatos derrama a estultícia”,
e eu sabia a veracidade dessas palavras pela maneira como meu estômago se
retorcia toda vez que eu cuspia veneno contra alguém. Eu experimentava em meu
próprio corpo que a morte e a vida estão no poder da língua.
Sabia que minha língua matava aos outros e a mim; mas como
podia eu domá-la? Essa foi uma pergunta real que me veio à mente naquela noite
ao voltar para casa, enfarado de mim mesmo e de minha língua maldosa.
Haviam-me dito toda sorte de coisas sobre os métodos de como
eu mesmo podia domar minha língua, muitas das quais resultaram em triturá-la,
sem benefício algum.
Eu havia lido: “Se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-
a. Se o teu olho direito de faz tropeçar, arranca-o.” Mas eu podia ter
retalhado meu corpo sem curar-me da tendência para difamar outras pessoas.
De repente vi quão fúteis, quão imprestáveis tinham sido
todos os meus esforços, e sempre o seriam. Conscientizei- me da verdade de que
“a língua, nenhum dos homens é capaz de domar”. Deus mostrou-me que eu podia
mastigar minha língua até que nada mais restasse dela, e ainda não seria
domada, porque as raízes da língua indomável se encontram no coração.
Finalmente, Deus pôde dizer-me: Hill, enquanto você não me
confiar a tarefa de domá-la, continuará desperdiçando seu tempo.
Mais que depressa, eu disse: “Senhor, então doma-me a língua
de acordo com as tuas condições.” De imediato me vi orando em línguas. E de lá
para cá minha boca foi purificada ao ponto em que oro sem cessar, ao ponto em que
oro em línguas todo o tempo. A língua que louva a Deus não pode andar
criticando ninguém.
Alguns cristãos dizem:
— Tenho de falar em línguas?
— Não — respondo-lhes —, não é preciso fazê-lo.
Você pode viver matando enquanto agüentar. Não tem de fazer
coisa alguma à maneira de Deus. Pode fazê-lo a seu próprio modo, como sempre o
tem feito. Pode ser mesquinho, feio, em vez de ser um cristão amável, alegre,
pacificador. Você tem liberdade de escolher. Qual será sua escolha?
Descobri que a maneira como uso a língua diz-me se vivo uma
vida vitoriosa como cristão ou se vivo outro tipo de vida. Entregar o domínio
de minha língua a Jesus foi um passo importante em meu aprendizado sobre a maneira
de viver como filho do Rei.
“Por quê?” perguntará você. “A língua é um membro tão
pequeno.” Sim, é pequeno, mas como o leme de um navio, ela é que dirige as
operações de todo o seu corpo, o mecanismo todo, a personalidade toda. E sua
tendência natural no estado indomado é destruir, porque, como diz Tiago, “a
língua . . . é mal incontido, carregado de veneno mortífero”. Deus diz que o
homem perfeito é aquele que não tropeça em palavras, aquele que tem a língua
sob controle. Só Deus, porém, pode controlá-la. E a palavra divina garante que
quando nos regozijamos, quando louvamos a Deus e lhe damos graças, somos perfeitos
aos seus olhos, somos, certamente, filhos do Rei. “Se alguém não tropeça no
falar é perfeito varão” (Tiago 3:2).
O “Manual do Fabricante” diz que o orar em línguas é um
sinal para os incrédulos. Vi uma demonstração perfeita desta afirmativa certo
dia em que me encontrava num grupo de menonitas em Pittsburgh, no estado de Pensilvânia;
haviam-me convidado para passar um fim de semana com eles. Na manhã de sábado
estavam lá cerca de oitenta homens da localidade, e depois de minha palestra,
separei uma cadeira destinada a quem quisesse oração. Um dos homens que ali
estavam era o tipo do escarnecedor. Estava presente para garantir que eu não
contaminaria os irmãos.
Quando outro irmão veio e assentou-se na cadeira de oração,
impus as mãos sobre ele e orei por ele no Espírito, orando em línguas.
Terminada a oração, o escarnecedor chorava como criança, chorava
convulsivamente e babava por todo o seu terno de saia azul.
— Que é que o aflige? — perguntei-lhe.
— Bem — disse ele — , não sei se o homem que está na cadeira
recebeu alguma coisa, porém Deus me falou enquanto o senhor orava por ele,
porque o senhor estava orando em alto alemão. Estudo o alto alemão, e duvido que
o senhor mesmo o conheça, porque se trata de um idioma raro.
— Não conheço o idioma alemão, seja alto, baixo ou médio — respondi.
— Bem — continuou — Deus falou-me em perfeito alto alemão e
disse: Quem é você para zombar de qualquer dos meus dons? E aquele corpulento homem
em prantos foi salvo, e no dia seguinte ouvi que ele orava a favor de alguém em
uma nova língua. Estava realmente feliz.
O Espírito sempre dará testemunho de Jesus.
Meu amigo Starr Dailey, o ex-condenado que escreveu Love Can
Open Prison Doors (O Amor Pode Abrir as Portas da Prisão) foi solicitado a dar
seu testemunho numa igreja cristã em Tóquio. Seu intérprete foi bem até que
Starr abriu a Bíblia. A esta altura Starr descobriu que o intérprete era capaz
de traduzir para o japonês somente as palavras do inglês secular. Não era capaz
de traduzir as Escrituras. Por um momento estavam num impasse.
Então Starr disse: “Senhor, sei que não me trouxeste de uma
distância de milhares de quilômetros para uma apresentação de cinco minutos. Se
não puderes fazer nada a este respeito, somos dois. Mas se tu podes, Senhor,
faze alguma coisa.”
O Senhor veio a ele com uma palavra das Escrituras: “Eu sou
o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito. Abre bem a tua boca, e ta
encherei.”
Starr abriu a boca, e dela saíram trinta ou quarenta minutos
dignos da mensagem — e ele não sabia uma só das palavras que proferiu. Era o
idioma japonês, para sua congregação japonesa. Starr disse: “Eu nunca havia percebido
que Deus podia usar outro idioma estrangeiro.
Pensei que as línguas fossem apenas algo secreto.” A Bíblia
chama-as de “línguas dos homens e dos anjos”. Aquilo que for necessário na
ocasião — alto alemão ou japonês moderno — Deus pode provê-lo.
Por que Deus faz assim? Não sei. Isso não é da minha conta.
Deus quer abençoar, e ele pode abençoar-me do modo que quiser.
Perdoa-nos, Senhor, por pensar que nosso Deus nos daria
qualquer coisa, exceto o que o céu tem de melhor.
Perdoa-nos por dar ouvidos aos Idiotas Instruídos que efetuaram
lavagem cerebral em nós para pensarmos que teu maravilhoso dom de línguas vem
de Satanás. E, Senhor, tem misericórdia dos pregadores e das pessoas desinformadas
e dos ignorantes. Ilumina-os e convence-os por teu Espírito, como o fizeste
conosco, de que nosso Deus realiza somente o melhor para seu povo.
Senhor Jesus, damos-te graças por aumentares nossa confiança
e nossa fé em ti.
Desejamos tudo o que recomendas que devemos ter como teu
povo. Não desejamos deixar nada de fora, a despeito do que nos tenham dito os
teólogos, que não é para hoje ou que não é para nós, mas que era para aquela
gente do passado. Senhor, alegramo-nos porque foi para eles também. E
alegramo-nos porque as línguas são para teu povo testemunhar hoje com poder,
para ver os que não estavam salvos, agora entrando no reino; para ver os
escamecedores alquebrados, para ver os intelectuais transformados. Afina nossa
língua para a dimensão do louvor e da ação de graças, para que nunca mais
sejamos ouvidos a queixar-nos ou a achar faltas, ou espalhando boatos, ou
calúnias. Senhor, põe uma sentinela em nossa boca. Amarra nossa língua para que
não difame, e solta-a para que dê testemunho.
Derrama teu Espírito sobre nós e manifesta teus dons por
nosso intermédio. Como no dia de Pentecoste, quando ouviram o povo glorificando
a Deus, permite que vivamos para tua glória. Graças a ti, Jesus.