segunda-feira, 26 de abril de 2021

Ele veio pra libertar os cativos - 11 - Entrando na Batalha Espiritual


Rebecca:
Após ter dado alta a Elaine, continuei a vê-la como paciente, durante um mês. Foi quando Satanás “soltou a bomba”. Elaine me chamou uma noite e pude notar que ela estava completamente desolada. Assim como eu, recebera uma carta da Irmandade.
A carta destinada a mim, descrevia detalhadamente todas as minhas atividades nas duas últimas semanas, inclusive cada item comprado na mercearia. Sabiam o meu nome e endereço. Diziam que seu eu visitasse ou falasse com Elaine eles iriam me raptar e sacrificar. E, na carta enviada para Elaine, diziam que ela estava proibida de ver ou falar comigo. No mais, deveria arrepender-se e voltar a servir a Satanás. Se não o fizesse, ela iria ser sacrificada no próximo “Black Sabbath”. Em ambas as cartas, havia um lembrete semelhante ao que o mensageiro do rei da Assíria levara ao rei Ezequias. Este dizia: “Vocês duas são tolas se pensam que o seu Deus pode protegê-las do nosso príncipe das trevas.” (Veja Isaías capítulos 36 e 37).
“O que vamos fazer?”, foi a pergunta de Elaine. Ela queria romper qualquer contato comigo na esperança de evitar que a Irmandade me prejudicasse. Mesmo assim, eu estava convencida de que não era essa a vontade de Deus. Ainda assustada, disse-lhe que levaria a situação ao Senhor, em oração, buscando orientação. Sabia que não podíamos fugir. Você não pode se esconder de Satã. Do mesmo modo que Elaine, eu já sabia como os satanistas se empenham em cumprir suas ameaças. Lembrara-me do jovem pastor que tinha sido torturado até quase a morte, estava certa do que aconteceria, se colocassem as mãos em nós. O Senhor, já de antemão, havia me mostrado em uma visão, de como uma virgem é sacrificada na seita. Lá a morte é considerada uma agradável remissão para a vítima.
Levei o problema ao Senhor, em oração, ele disse que queria que eu levasse Elaine para morar comigo, já que ela não possuía fé o suficiente para suportar tudo sozinha. Além disso, estava divorciada há muitos anos e não possuía amigos íntimos. A filha, ficara aos cuidados da meio-irmã por causa do tempo prolongado de sua hospitalização, isso significava, que estava completamente sozinha. Ele disse, também, que ela iria preferir cometer suicídio do que cair nas garras da seita sabendo do que a aguardava. Em suma, a atitude de trazê-la para morar comigo, era o mesmo que direcionar todos os ataques para a minha própria casa.
Enfrentei o medo durante dois dias para tomar a decisão. No fundo, não me considero uma mártir! Não poderia suportar a tortura física empregada pela Irmandade e nem ver Elaine ser torturada também. Mas lembrei que pedira ao Senhor, diariamente, durante dois anos para estar na brecha. Isso, poderia significar a Ele permitir a Satanás tirar a minha vida como já o fizera através dos tempos, desde o primeiro mártir cristão Estêvão.
Seria inútil pedir ajuda à polícia, porque muitos satanistas estavam infiltrados nela. Estávamos desamparados diante do enorme e bem treinado exército de Satanás. Ao mesmo tempo, sabia que recusar fazer a vontade do Pai era o mesmo que negar a Jesus. Na segunda noite, deitada de bruços e em prantos, usei de toda a sinceridade para com Deus: “Meu Pai, meu Pai! Estou terrivelmente assustada. Não posso enfrentar tamanha tortura e nem mesmo ver Elaine ser torturada também. Do mesmo modo que não posso negar-te e nem mesmo a Jesus! Farei a Tua vontade, mas por favor, me ajude! Estou com tanto medo!”
A partir daquele instante, o Senhor começou a ministrar a mim. Apesar de não estar menos temerosa, consegui força suficiente para levantar-me e fazer o que tinha de fazer.
Na manhã seguinte, chamei Elaine e disse-lhe que depois do trabalho, à tarde, ela iria morar comigo. Ela ficou surpresa com a notícia e disse que eu ficara louca, e não queria fazê-lo. Entretanto, eu a convenci dizendo que era a vontade de Deus e que ela não teria escolha se quisesse seguir e servir a Jesus. Assim, desde daquele dia, ela mudou para a minha casa e, desde então, moramos e servimos juntas a Jesus.
Teríamos que esperar ainda, duas semanas antes do próximo “Black Sabbath” na Irmandade. Eles estavam furiosos com a mudança de Elaine e fizeram-nos saber disso, através de todos os tipos de ameaças. Recebíamos chamadas telefônicas altas horas da noite, batiam fortemente nas paredes e nas portas nas madrugadas, atiravam pedras contra as nossas vidraças e balas contra as paredes da casa.
Enquanto esperávamos, senti que aquela batalha seria totalmente no campo espiritual, e, apenas Deus, poderia vencê-la. Sabendo disso, li e compartilhei com Elaine a estória do rei Josafá em II Crônicas 20, quando um exército enorme marchara contra ele. Não tendo esperanças de vencer o inimigo, o rei Josafá convocou o povo a orar e pedir socorro do Senhor. A resposta de Deus foi que a batalha era d’Ele e que Ele, o Senhor, iria protegê-los. Falei que a nossa única esperança era sustentar nossa fé n’Ele e confiar que Ele lutaria por nós. E se essa não fosse a Sua vontade, Ele nos fortaleceria o bastante para enfrentarmos o que já escolhera para nós. A minha oração era para que no caso de sermos torturadas não chegássemos a negar Jesus. Não importava o que fizessem, eu queria forças para suportarmos o que estava por vir. Sabia que teria de ajudar Elaine e amparar-lhe a fé até que tudo terminasse.
Temendo que a Irmandade prejudicasse os meus pais, não disse nada a eles. Na verdade, a única ajuda à nossa disposição, era o socorro divino. Fui obrigada a contar o que estava acontecendo para a minha, companheira de quarto. Ela ficou tão assustada que ficou fora de casa durante aquelas duas semanas.
Na medida que as semanas se passavam e as perseguições aumentavam, assentávamos e líamos a passagem de II Crônicas 20. Um dia antes do “Black Sabbath” na Irmandade, eu estava assentada na biblioteca do hospital quando uma médica cristã veio e colocou um cartão no meu colo. Havia versículos bíblicos nele. Disse-me que o Senhor a incomodara nos últimos três dias para escrevê-los para mim. Nem mesmo sabia o porquê daquela atitude, contudo, obedecera. Eu ainda guardo o cartão. Eis o que ele diz:
“... Não temais; nem vos assusteis..., pois a peleja não é vossa, mas de Deus... não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o Senhor vos dará...” (II Crônicas 20.15 e 17).

Eram estes versos que eu e Elaine estivéramos lendo todo o tempo! Nunca serei capaz de expressar o que senti naquele instante. Pela primeira vez, eu soube, sem sombra de dúvida, o que significava Deus enfrentar a batalha por nós e estava certa de que estaríamos seguras.
Na noite especificada pela Irmandade, ficamos acordadas até depois da meia-noite. Ouvimos alguns discos e cantamos louvores ao Senhor. Quando o relógio bateu a meia-noite em ponto, a música que estávamos ouvindo era “It Is Finished” (Está terminado) cantada por Bill e Glória Gaither. Então paramos e louvamos a Deus, porque estava realmente terminado. Ele cumprira a sua Palavra. Lutara a batalha por nós. Não tínhamos um só arranhão. Assim, fomos para a cama, e dormimos em paz o resto da noite.
No dia seguinte ao “Black Sabbath”, a batalha recomeçou séria. Os demônios em Elaine tentavam matá-la a qualquer custo, e, até aquele momento, ela persistia em negar que tivesse demônios, porém, quando a vi ser atirada ao chão com dores no peito como se estivesse tendo um ataque cardíaco, tive certeza de que mentia. Não sabendo o que fazer, clamei ao Senhor e Ele interviu fazendo a dor desaparecer.
“Elaine, só pode ter sido um demônio! Porque você se recusa a admiti-lo? “Sim é Mann-Chan. Ele está tentando me provocar um ataque cardíaco.” “Quem é Mann-Chan?”
“Mann-Chan é o demônio que guia o meu espírito a anos. Ele recebeu ordens de Satã para matar-me.”
Sabia muito pouco sobre como enfrentar os demônios. Provavelmente, eles deveriam ser enfrentados da mesma maneira que Deus me ensinara a resistir a Satanás. Isto é, em voz alta e no nome de Jesus. Voltei-me para Elaine e disse-lhe que ela deveria resistir a Mann-Chan e ordená-lo a sair no nome de Jesus. Mas, ela achou o conselho constrangedor e recusava-se a fazê-lo. Nos dois dias que se seguiram, vez após vez, ele a atirava ao chão tentando matá-la, e como ela teimava em não repreendê-lo, era eu que o ordenava a parar e ele obedecia.
Sabia que Elaine deveria aprender a lutar e que o Senhor não me permitiria fazê-lo por ela indefinidamente. A teimosia que a tinha capacitado para sobreviver todos aqueles anos, estava agora, conduzindo-a na direção errada. Assim, já no terceiro dia em que Mann-Chan continuava a atacá-la, eu, em total desespero, finalmente levei-a até a porta, disse: “Se você não se humilhar, se não enfrentar Mann-Chan e ordená-lo a sair, como o Senhor deseja, ele irá matá-la. Agora, vá a algum canto onde ninguém poderá ouvi-la e não volte aqui até que tudo esteja terminado! Mas, se você deixar que ele a mate, eu não vou permitir que isso aconteça debaixo do meu teto!”
No instante em que ela saiu, fui envolvida pelo terror. Perguntava a mim mesma o que fizera, e se ele a matasse? De todo o coração não queria que isso acontecesse. Teria sido tão ríspida com ela? Pensando nisso, ajoelhei-me e orei intensamente por ela. Passados dois minutos enquanto eu orava, Elaine, de modo encabulado, entrou em casa. Fiquei totalmente aliviada quando vi que ela estava sã e salva.
“Bem, o que aconteceu?”
“Fiz exatamente o que você me disse. Mandei-o sair, e ele se foi.” Contudo, a batalha intensificou-se. Ri-Chan e os outros começaram a afligir Elaine, eu sabia que se não fossem expulsos, iriam matá-la. Na verdade, eu nunca expelira um demônio e não estava segura de fazê-lo. Assim, numa quarta-feira pela manhã, chamei o pastor Pat e contei-lhe a situação (eu não contara para o outro pastor da igreja, que estava freqüentando perto do hospital, porque não estava certa de que pudesse me ajudar. E, as atitudes tomadas por ele mais tarde, provariam que o discernimento dado pelo Senhor a mim, fora preciso) . Eu disse ao pastor Pat que se Elaine não fosse liberta naquele dia, ela poderia ser morta. Então ele pediu-me que a levasse à reunião de oração à noite e, posteriormente, ele lidaria com os demônios da maneira que o Senhor orientasse.
A batalha para levar Elaine à igreja foi tremenda porque eles tentavam de lodo jeito impedir-me de fazê-lo. Praticamente, eu a carreguei para dentro do carro e atei-lhe o cinto de segurança. Ninguém será capaz de saber, exceto o Senhor, o que eu sentia ao vê-la sofrer tanto. Os demônios dentro dela machucavam-na tentando matá-la antes que pudessem ser expulsos. Profundamente, admirava a coragem e a determinação dela para ser liberta. Nem uma só vez ela reclamou da agonia que estava enfrentando.
Após a reunião de oração, o pastor Pat pediu-nos que o acompanhasse, listavam conosco, dois anciãos, e eu não estava certa de que eles já tivessem participado de reuniões de libertação antes, mas mesmo assim, o pastor Pat já participara. Ele deu abertura com oração, pedindo ao Senhor que nada pudesse entrar e que nós não pudéssemos sair até que o trabalho que estávamos para fazer tivesse terminado. Elaine e eu olhamos uma para outra. Sabia que ela estava pensando o mesmo que eu: “Nossa! E agora?”
Terminada a oração, ele pediu à Elaine que confirmasse a entregara de sua vida a Jesus para que Ele fosse o seu Salvador, Senhor e Mestre, e que, também, ela rejeitara a Satanás e tudo o que se dizia respeito a ele e, no mais, desejava que os demônios saíssem. Assim, ela o fez. Daí em diante a batalha estava declarada. Eles começaram e emergir e a falar através dela. Sinceramente, eu nunca vira algo semelhante. Tudo nela transformou: os olhos, a voz e o rosto. Nunca esquecerei quando o primeiro manifestou-se. Através de uma voz máscula e gutural ele disse: “Sou Yaagogg, o demônio da morte. Vocês são tolos. Não podem vencer. Mataremos esta traidora idiota. Ela pertence a Satanás e ele não permitirá que ela viva.”
Pastor Pat nem sequer piscou.
“Seu mentiroso! Espírito tolo! Elaine é agora propriedade santa, ela pertence ao Senhor e você sabe disso. Ordeno-lhe que saia dela no nome de Jesus!”
A batalha desenrolou-se por oito horas. Inúmeros e inúmeros demônios após manifestarem-se eram obrigados a se identificarem e depois expelidos. Foi uma experiência maravilhosa. O Espírito Santo estava no controle, e de maneira suave Ele nos coordenava, usando um após o outro. Sentíamos a presença do Senhor por toda a sala. Expulsávamos os demônios de Elaine, líamos as Escrituras em voz alta, cantávamos e louvávamos ao Senhor Jesus pela total vitória sobre
Satanás. Particularmente, eles perdiam as forças atormentados pelos nossos louvores e saíam rapidamente. A maioria, depois de uma violenta crise de tosse.
Que alegria e regozijo sentimos quando tudo terminou. Chorávamos, aplaudíamos e louvávamos ao Senhor em completa e maravilhosa unidade. Exaustas, mas jubilantes, eu e Elaine adoramos ao Senhor durante todo o trajeto para casa. As semanas posteriores à libertação dela seriam intensas devido as decisões que afetariam o resto de nossas vidas. Na primeira semana, o Senhor me perguntou se estaria disposta a comprometer minha vida a Ele de um modo novo que Ele já escolhera, para diretamente lutar contra Satã e ficasse “na brecha”. Assim, muitas almas poderiam ser salvas, especialmente entre os membros da Irmandade. Mas que deveria esperar sofrimento e perseguição. No mais, acrescentou que os meus planos de carreira seriam alterados. Mostrou-me que eu enfrentaria solidão e rejeição e, eventualmente, teria de ausentar-me do exercício da medicina, e, que perderia a família. Porém, em meio a tantas coisas Ele estaria sempre comigo.
Era uma decisão seriíssima, amava o campo da oncologia. No mês anterior havia sido aceita em um Programa da Associação de uma das mais prestigiadas instituições nos E.U.A. para habilitar-me em oncologia. Essa é uma área da medicina especializada no tratamento do câncer e era considerada uma grande honra ser aceita para o programa. Eu queria muito especializar-me na área. O Senhor disse-me que Ele não dá a seus filhos uma opção inferior à outra, e que se eu não comprometesse a minha vida na luta contra Satanás, Ele iria abençoar-me grandemente de qualquer jeito.
Que decisão difícil! Ele queria que eu continuasse na medicina interna e que abrisse uma clínica particular para que eu tivesse uma clientela numerosa. Isso se fazia necessário, para que Ele pudesse trazer as pessoas para que eu ministrasse sobre elas e, de modo especial, os membros da seita. Pensando sobre isso, constatei que amava muito ao Senhor para recusar-me a fazer o que Ele já escolhera. Comentei com alguns dos meus colegas “cristãos”, no hospital, que recusaria ingressar-me no treinamento do programa da associação. Todos disseram-me que estava louca de recusar uma posição como aquela.
Muitos dos meus amigos, para piorar a situação, começaram a me pressionar para tirar Elaine da minha casa. Já, os que não sabiam que eu a levara para morar comigo, também, sem qualquer explicação razoável, voltaram-se contra mim. Satanás trabalhou de um jeito que, no fim da semana, eu não tinha mais nenhum amigo. Tanto a minha família, como a minha colega de quarto, pressionaram para que eu tirasse Elaine lá de casa. Pensavam que eu estivesse equivocada quanto à direção dada por Deus, inclusive o ministro da igreja que estávamos freqüentando, próxima ao hospital, chamou-me e aconselhou-me para que a mandasse embora. Ele disse que se eu “...ficasse me envolvendo com aquelas pessoas e em especial, Elaine, ele iria me chamar e dizer que eu não mais seria bem-vinda à sua igreja”. E, assim, ele procedeu.
Fiquei abalada, comecei a perguntar se realmente ouvira a voz do Senhor de forma correta, entretanto, o Espírito Santo sempre me fazia recordar de I Pedro 1.22 “...tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros ardentemente”. Isso, não soava nem um pouco com um envolvimento superficial. Do mesmo modo, ele fazia-me recordar de Gálatas 6.2 “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”. Através desses versículos tive paz no coração e a certeza no espírito de que estava ouvindo a voz do Senhor corretamente.
Apesar de tudo, no fim da semana eu estava tanto desencorajada como deprimida. Na segunda-feira, procurei o pastor Pat novamente e compartilhei com ele, o que estava acontecendo e, também, sobre a minha depressão. Nunca esquecerei a resposta dele. Olhando-me firmemente nos olhos disse: “Rebecca entrar numa guerra espiritual é um envolvimento profundo, inclui rejeição e sofrimento iguais aos que está mencionando. Se você não está segura de que pode suportá-los, será melhor sair da batalha agora!”
Senti como se estivesse encolhendo pouco a pouco, mas era o que precisava ouvir. Assim, no dia seguinte, tomei a decisão. Disse ao Senhor que estava dando a minha vida a Ele para ser guiada nesta nova dimensão. Eu me comprometi totalmente para ser usada da maneira como Ele quisesse para lutar diretamente contra Satanás, a fim de que as almas pudessem ser salvas e Jesus glorificado.
Após ter tomado a decisão, assentei-me e escrevi para o diretor do programa da associação em oncologia e disse-lhe que depois de muita oração, estava segura de que não era da vontade do Senhor que eu tomasse aquela direção na carreira e que eu não participaria. Foi um rebuliço total no hospital. Os diretores do meu programa de treinamento ficaram tão furiosos, e não conseguiam entender a minha decisão. Tentei explicar-lhes que não era da vontade de Deus, que eu me tornasse uma oncologista. Pensavam que eu havia enlouquecido. Afinal de contas, “Deus não fala desse jeito para com o seu povo.”
A maioria dos cristãos, desconhece não só o mundo espiritual, como também o fato de que todas as ações que praticamos no mundo físico, afeta também o mundo espiritual. Charles G. Finney descreve essa relação de causa e efeito entre o mundo físico e o espiritual da seguinte maneira:
“Cada cristão causa uma impressão de uma maneira ou de outra, através de sua conduta. Isto é, os olhares, a maneira de vestir e todo o comportamento causam uma constante impressão de um lado ou, do outro. Não se pode testemunhar contra e a favor. Não se pode estar um pouco com Cristo e outro não. A cada passo vocês fazem vibrar um acorde por toda a eternidade. A cada passo vocês tocam em chaves cujos sons ecoarão por todas as montanhas e vales no céu e em todas as cavernas escuras e galerias do inferno. Em todos os movimentos vocês estão exercendo influências que irão repercutir nos interesses eternos das almas em redor...” (The last call... For Real Revival - A última chamada... Para o avivamento verdadeiro, de J. T.C).

Um acontecimento repentino, tornou essa verdade em realidade para mim. Eu não havia pensado no impacto causado no mundo espiritual pelos acontecimentos em minha própria vida. Primeiro, eu usara o poder de Jesus Cristo para barrar os efeitos da bruxaria em um dos hospitais preferidos de Satã. Depois o Senhor colocou-me em uma batalha que fez Satanás perder uma das suas noivas que ostentava o título máximo - foi uma grande perda para seu reino. Pouco depois disso, ele e seus demônios falharam na tentativa de usar Elaine e eu como sacrifício. Penso, que a gota d’água foi quando decidi comprometer-me totalmente com o Senhor para ser usada na guerra diretamente contra ele.
Consciente do rebuliço que tudo isso estava causando no mundo espiritual, calmamente, um dia, dirigi-me ao meu quintal para almoçar numa mesa de piquenique debaixo das árvores. Enquanto estive lá, desfrutando da luz do dia, Deus permitiu-me um vislumbre entre o mundo físico e o espiritual.
Repentinamente, uma figura brilhante apareceu e assentou-se do outro lado da mesa, de frente para mim. Era um homem. Enquanto eu olhava para ele boquiaberta, o Espírito Santo revelou-me quem ele era. Para ser sincera, ele era a última pessoa que eu pensava conhecer pessoalmente. A pessoa que se apresentava a mim como sendo um “anjo de luz”, era, na realidade, o príncipe das trevas, o príncipe das potestades do ar, rei do reino da maldade - o próprio Satanás! Não posso lembrar-me dos detalhes de sua aparência porque não consegui desviar os meus olhos dos olhos malignos dele. Eles eram como o carvão negro e transmitiam trevas e maldade que pareciam querer me tragar. Por um instante, senti-me como que mergulhando nas profundezas daqueles olhos. Mas algo trouxe-me de volta, restabelecendo-me. Eu tinha certeza de que Satanás estava furioso, muito furioso.
“Satã!” Exclamei. Depois de receber um aceno de afirmação por ter lhe reconhecido, eu perguntei. “O que é que você quer?”
“Mulher, você ousa me enfrentar?”
“Minha vida está comprometida nisso.”
“Eu sei, mas você, realmente, ousa me enfrentar?”
Fiquei surpresa e confusa com a repetição da pergunta. Era óbvio que a raiva dele, no momento, aumentara. Entretanto, o Espírito Santo encheu-me de paz e eu fiquei maravilhada de não sentir medo algum.
“Satanás, não vou contra você na minha própria força, mas na autoridade de Jesus Cristo.”
“Seria melhor você avaliar as conseqüências. Este Jesus a quem você serve aconselha aos seus seguidores” (e, citou palavra por palavra a seguinte passagem:
“Pois, qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombarem dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou, qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:28-33).

“Mulher, seria melhor você avaliar o custo porque eu lhe digo que vou tornar a sua vida numa agonia e angústia que você nunca pensou sequer existir!”
No fundo eu sabia que ele falava sério, e desde que eu entregara ao Senhor (posses, carreira, família, e a própria vida) não tive dúvida de que Satã pediria ao Pai tudo isso como ele fizera com Jó há muitos anos. Pensando assim, finalmente retruquei:
“Eu já avaliei, de todas as maneiras, as conseqüências e estou certa de que aconteça o que acontecer, será sob o controle absoluto de Deus. E, simplesmente, confio que a graça d’Ele será suficiente para mim. Assim, eu ouso a usar da autoridade e do poder que Jesus me deu para enfrentá-lo. Sim, eu me atrevo a ir contra você no nome de Jesus Cristo, meu Senhor.”
Ficamos olho a olho durante um longo momento em silêncio. Novamente, tive aquela sensação de que se algo não me estivesse segurando eu seria consumida pelo olhar horrendo e maligno de Satã. Depois disso, ele meneou a cabeça e disse. “Então, que seja assim.” E desapareceu.
Ainda assentada, analisava a situação. Observava se o sol ainda brilhava, se a brisa espalhava gentilmente as folhas das árvores e se os pássaros ainda continuavam a cantar. Senti que por alguma razão, eu tomara um passo irrevogável. No exato momento em que escrevo estas linhas o “custo” é realmente alto. Perdi toda a minha família, minha carreira e tudo o que se possa chamar de bens materiais e ainda sofro fisicamente. Porém, com tudo isso, o Senhor está comigo e o que Satanás chama de derrota será transformado em vitória.
A estrada tem sido longa e penosa desde o primeiro encontro com Satã. Ele transformou a minha vida em agonia e angústia que eu nunca pensei pudesse existir e eu sei que há mais por vir. Mas apesar de tudo, eu nunca poderia ter conhecido o Senhor da maneira como O tenho conhecido. Sei que é apenas o começo, e conhecê-l0, supera tudo o mais! Agora, entendo o que Jesus disse em Mateus 6:19-21.
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam, mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”

O maior tesouro que alguém pode ter, é conhecer de modo pessoal, Jesus, o Pai e o Espírito Santo!