Elaine:
Fiquei extremamente doente
nas duas semanas após o dia em que fizera de Jesus meu Senhor e Mestre. Fui
levada para outra cidade onde estava localizado o hospital Memorial. Cheguei de
ambulância para a sala de emergência, e como não conhecia nenhum dos médicos,
ficaria aos cuidados do médico de plantão naquela noite. Estava
desesperadamente doente, sentia dores fortíssimas, além da solidão e do medo.
Foi nessas circunstâncias, deitada de modo desconfortável na sala de
emergência, que Rebecca entrou na minha vida.
Estava surpresa, primeiro,
porque nunca tinha visto uma médica e, segundo, porque além de muito bonita,
era jovem. Mas, muito mais do que isso, ela irradiava algo, que mesmo não
podendo tocar, eu sabia que era bastante forte. Os demônios no meu corpo
sentiram também, e não gostaram. Podia ouvi-los resmungar e contorcer para que
eu não me envolvesse com ela.
Fraca como estava, enquanto
Rebecca parou para conversar comigo, fiquei observando o broche dourado que ela
usava na gola do casaco branco com a seguinte inscrição: “Jesus é Vida”.
Finalmente, a curiosidade superou a timidez e, aproximando-me o suficiente para
tocá-lo, perguntei: “Você é cristã?”
“Sim.” Respondeu sorrindo. “E
você?”
Balançando a cabeça respondi.
“Tornei-me uma há duas semanas.”
“Isso é bom para você!” Disse
amavelmente, “É a decisão mais importante que alguém possa tomar.”
Pela segunda vez, aquela voz
amável e cálida soou ao meu ouvido: “Ouça tudo o que ela te ensinar pois é
minha serva. Você aprenderá muito mais. Tudo o que necessita saber.” Reconheci
a voz como sendo do Senhor mas estava muito machucada e confusa para confiar
nela totalmente. Isso, foi muito antes de vir a confiar n’Ele ou em Rebecca.
Naquela noite, fui internada
por ela no hospital, e, na manhã seguinte, para o meu desapontamento, conclui
que ela não seria minha médica titular. Fui designada aos cuidados de um médico
que estava sob a autoridade dela e não gostei nada dele. E, do mesmo modo, ele
não gostou de mim. Não acreditava que eu estivesse doente e sentindo dores.
Passei muitas noites em lágrimas e sofrimento devido ao descaso dele para
comigo.
No segundo dia, após minha
internação, Rebecca veio falar-me. Trouxera consigo uma Bíblia para mim. Fiquei
surpresa, os médicos não andam por aí distribuindo Bíblias a seus pacientes!
Pelo menos, não no meu conceito. Ela não apenas deu-me a Bíblia, como também, a
tarefa de lê-la, depois, orou por mim!
O primeiro livro indicado
para eu ler, era o de Tiago, e, à medida em que o lia, ficava cada vez mais
furiosa. Era como se a minha consciência estivesse sendo alfinetada a cada
leitura. Os demônios, também, não gostavam. Estávamos de péssimo humor quando
ela chegou no dia seguinte. De fato, tão furiosos, que atirei a Bíblia nela.
Tão-somente ela se esquivou, e, sorrindo, apanhou-a dizendo: “Qual é o
problema? Por acaso a Palavra de Deus tocou em alguma ferida? Bem, eis aqui a
sua próxima tarefa...”
Estávamos furiosos (eu e os
demônios) porque a nossa raiva não parecia afetar-lhe em absoluto. Aquela foi uma
das muitas sessões com Rebecca folheando as Escrituras.
De maneira lenta, comecei a
crescer espiritualmente. Os demônios estavam aborrecidos com a situação e, com
freqüência, usavam a minha boca para mandá-la ir embora. A cada dia estava
certa de que não a veria mais. Contudo, ela continuou vindo e vindo.
Rebecca:
Quando vi Elaine pela
primeira vez, não fazia idéia de quem era e nem mesmo do envolvimento dela com
o satanismo. Comprei uma Bíblia para ela porque o Senhor me ordenara. Não
compreendi, na ocasião, que conversava mais com os demônios do que com ela
própria. Ela era detestável! Ou melhor, eles é que eram, me deixava furiosa e,
foi por esta razão, que eu indicara-lhe o livro de Tiago porque ele diz muito
sobre refrear a língua.
A primeira internação de
Elaine foi cerca de seis semanas. Realizamos todos os testes possíveis e, mesmo
assim, não conseguimos descobrir o que estava de errado. Eu, ainda, não havia
aprendido nada sobre doenças demoníacas e apesar de todas as orações não obtive
resposta. Os outros médicos concluíram que ela não estava doente, mas mesmo
assim, eu não fiquei em paz com o diagnóstico. Apesar de tudo, ela, finalmente,
recebeu alta.
Dois dias depois estava de
volta. Sendo o meu plantão fiquei responsável por ela até que o meu residente
voltasse na segunda. Elaine reclamava das mesmas dores, e a situação era
complicada. Tinha certeza de que falava a verdade, mas não conseguia
identificar a doença. Suas perguntas soavam como um desafio:
“Doutora Brown por que eu
ainda estou doente? Os anciões ungiram-me com óleo e oraram pedindo a Deus a
cura! Porque Ele não responde? Será que estou fazendo algo errado?” Era
realmente um desafio. Não conseguia identificar o que estava errado no corpo
dela e nem recebia respostas de Deus, apesar de todas as orações. Disse-lhe que
não sabia o porquê do Senhor escolher não curá-la, mas que estava certa de que
Ele tinha algum propósito na situação. Fiz o pedido de internação, decidida a
passar o caso para o meu residente e um outro especialista, assim, eu não teria
que me preocupar mais em cuidar dela. Contudo, ela e o Senhor tinham planos
diferentes!
Elaine:
Até esta segunda admissão no
plantão de Rebecca, eu estivera, relativamente segura no hospital. Satanás e
seus demônios não são onipresentes como Deus e as notícias no reino das trevas
não circulam tão rápido. Na primeira admissão, ninguém soubera, da minha
conversão. Agora, no entanto, as coisas estavam diferentes, muitos médicos e
enfermeiras eram satanistas e a informação já se havia espalhado. Estava
destinada à morte por ser uma traidora de Satã. Passava o tempo todo lutando
pela própria vida, e, sendo mais forte do que eles eu vencia facilmente.
Não sabia, entretanto, que os
demônios queriam que eu usasse os meus poderes pois sabiam que, agindo assim,
eu não cresceria espiritualmente. Naturalmente que não contei nada para
Rebecca. Não confiava nela totalmente. Porém, ela era tão diferente de qualquer
outro médico que eu determinei que ela seria a minha médica.
No dia seguinte, quando o
especialista veio me ver, imediatamente eu o reconheci. Ele era um poderoso
satanista das redondezas. Eu nunca gostara dele. Deliberadamente comecei a
lutar contra ele e os meus demônios passaram a atacá-lo. De fato, ele ficou tão
ferido fisicamente que não conseguiu trabalhar durante três dias. Foi
necessário apenas uma semana para fazê-lo me odiar e temer a ponto de não
querer mais me ver. Era precisamente o que eu queria. Já o residente, era uma
outra questão, não era satanista e nem cristão. No primeiro contato não gostara
de mim, contudo, pelas regras do programa de treinamento, eu tinha sido
destinada aos cuidados dele.
Tornei a vida dele um inferno
da mesma forma que ele a minha. Projetava-me espiritualmente para o apartamento
dele, e, com uma caneta de tinta preta marcante, escrevia mensagens obscenas na
parede. Depois, assinava em baixo. Atirava pratos nele quando estava em casa e
por várias vezes sacudi a geladeira fazendo estragar toda a comida. A cada vez
que ele tentava chamar alguém para ver as mensagens, um dos demônios me avisava
e eu o enviava para limpá-las antes que o convidado pudesse vê-las. Rapidamente
ele aprendeu que não poderia dizer a ninguém o que acontecia porque poderiam
falar que estava ficando louco. Ficou tão temeroso a meu respeito que, em duas
semanas, desistiu do meu caso. Ficara, então, com Rebecca. Ela irradiava um
amor que, mesmo eu não entendendo, me atraía. A minha afeição por ela aumentava
e, no fundo, eu sabia que era a única a ter as respostas para a minha
libertação.
Rebecca:
O meu descanso concernente a
Elaine durou muito pouco tempo, e, em menos de duas semanas após sua admissão,
o residente veio dizer-me que não se importava com as conseqüências, mas que
não iria mais cuidar dela. Também, o especialista, no fim da primeira semana,
disse que não se importava com o que eu fizesse com ela por que ele estava
lavando as mãos sobre o caso, e acrescentou que não a veria mais. Fiquei
paralisada! Não sabia o que fazer com ela.
Vendo Elaine diariamente,
cheguei à conclusão de que estávamos esbarrando em algum ponto no seu
crescimento espiritual, era como se algo o estivesse bloqueando. Na maior parte
do tempo ela era insuportável. Eu não sabia, ainda, que ela possuía demônios.
Vez após vez, a minha vontade era de dar-lhe alta e dizer que não podia fazer
mais nada por ela. Quando chegava até esse ponto, em que Deus permitia a
Satanás tentar-me, a ponto de ficar totalmente desanimada e enterrar o rosto no
chão. a única atitude era pedir perdão ao Senhor. Ele sempre me dizia: “Veja a
paciência que tive com você! Não pode usar da mesma para com minha filha
Elaine?” Naturalmente que eu sempre cedia, e novamente pedia a Ele que
colocasse Seu amor no meu coração por ela e voltava a vê-la no dia seguinte.
Finalmente, depois de três
semanas, fiquei um fim de semana inteiro em oração e jejum pedindo a Deus uma
resposta para o caso de Elaine, e no final do domingo, Ele falou-me claramente:
“Você ainda não conversou com Elaine sobre o profundo envolvimento dela no
ocultismo.” Tudo, então, se esclareceu. Havia reconhecido as manifestações, mas
Satanás bloqueara minha mente.
Na segunda-feira pela manhã,
fui conversar com ela sobre a área ainda não discutida.
“O que é?”
“É sobre o seu total
envolvimento no ocultismo.”
Pasmada, ela ficou imóvel me
olhando durante todo um minuto.
“Como você sabe sobre isso?”
“Passei todo o fim de semana
orando e jejuando pedindo a Deus que me desse a resposta, e Ele me falou.”
Disse-lhe que deveria
confessar, todo e qualquer envolvimento no ocultismo para o Senhor e pedir-lhE
perdão. Deveria pedir, também, que Ele apagasse tudo e fechasse as portas com o
precioso sangue de Jesus, porém, ela se recusava a fazê-lo. Em total desespero,
disse: “Elaine não posso mais lidar com você. Contudo, sei que o Senhor pode.
Assim, orarei entregando-a nas mãos d’Ele e pedirei que Ele se entenda com
você.” Depois de fazê-lo, saí.
Elaine:
Eu nunca ficara tão deslocada
em toda a minha vida, como quando Rebecca aproximou-se perguntando pelo meu
total envolvimento no ocultismo. Sabia que só havia dois modos pelos quais ela
obtivera a informação: um era Satã, e o outro Deus. Era um momento decisivo na
minha vida. Quando ela orou pedindo a Deus para lidar comigo, Ele certamente o
fez. Na verdade, ela passou a fazer aquela oração diariamente, e como a odiei
por fazer aquilo! Entretanto, nos dias que se seguiram, o Senhor quebrou toda a
interferência demoníaca e, lentamente, comecei a entender que, como cristã, eu
deveria fazer de Jesus o meu Mestre em todos os sentidos, assim como Salvador.
A minha confiança e amor para
com Rebecca aumentava mais e mais a cada dia. Passei a observar o compromisso
total dela com o Senhor e tentava imitá-la. Ensinou-me que o pacto que eu
fizera com o sangue havia sido totalmente cancelado pelo sangue de Jesus, e que
a batalha não seria fácil nem para mim e nem para ela. Através da graça de
Deus, crescia um pouco a cada dia. Com o crescimento espiritual os problemas
físicos começaram a ser solucionados. Chegou, então, o último dia em que
Rebecca disse-me ter recebido do Senhor a orientação de que já chegara o tempo
em que eu deveria aprender a lutar contra Satanás fora do hospital. Assim, pela
ultima vez, recebi alta.