segunda-feira, 26 de abril de 2021

Ele veio pra libertar os cativos - 10 - O encontro


Elaine:
Fiquei extremamente doente nas duas semanas após o dia em que fizera de Jesus meu Senhor e Mestre. Fui levada para outra cidade onde estava localizado o hospital Memorial. Cheguei de ambulância para a sala de emergência, e como não conhecia nenhum dos médicos, ficaria aos cuidados do médico de plantão naquela noite. Estava desesperadamente doente, sentia dores fortíssimas, além da solidão e do medo. Foi nessas circunstâncias, deitada de modo desconfortável na sala de emergência, que Rebecca entrou na minha vida.
Estava surpresa, primeiro, porque nunca tinha visto uma médica e, segundo, porque além de muito bonita, era jovem. Mas, muito mais do que isso, ela irradiava algo, que mesmo não podendo tocar, eu sabia que era bastante forte. Os demônios no meu corpo sentiram também, e não gostaram. Podia ouvi-los resmungar e contorcer para que eu não me envolvesse com ela.
Fraca como estava, enquanto Rebecca parou para conversar comigo, fiquei observando o broche dourado que ela usava na gola do casaco branco com a seguinte inscrição: “Jesus é Vida”. Finalmente, a curiosidade superou a timidez e, aproximando-me o suficiente para tocá-lo, perguntei: “Você é cristã?”
“Sim.” Respondeu sorrindo. “E você?”
Balançando a cabeça respondi. “Tornei-me uma há duas semanas.”
“Isso é bom para você!” Disse amavelmente, “É a decisão mais importante que alguém possa tomar.”
Pela segunda vez, aquela voz amável e cálida soou ao meu ouvido: “Ouça tudo o que ela te ensinar pois é minha serva. Você aprenderá muito mais. Tudo o que necessita saber.” Reconheci a voz como sendo do Senhor mas estava muito machucada e confusa para confiar nela totalmente. Isso, foi muito antes de vir a confiar n’Ele ou em Rebecca.
Naquela noite, fui internada por ela no hospital, e, na manhã seguinte, para o meu desapontamento, conclui que ela não seria minha médica titular. Fui designada aos cuidados de um médico que estava sob a autoridade dela e não gostei nada dele. E, do mesmo modo, ele não gostou de mim. Não acreditava que eu estivesse doente e sentindo dores. Passei muitas noites em lágrimas e sofrimento devido ao descaso dele para comigo.
No segundo dia, após minha internação, Rebecca veio falar-me. Trouxera consigo uma Bíblia para mim. Fiquei surpresa, os médicos não andam por aí distribuindo Bíblias a seus pacientes! Pelo menos, não no meu conceito. Ela não apenas deu-me a Bíblia, como também, a tarefa de lê-la, depois, orou por mim!
O primeiro livro indicado para eu ler, era o de Tiago, e, à medida em que o lia, ficava cada vez mais furiosa. Era como se a minha consciência estivesse sendo alfinetada a cada leitura. Os demônios, também, não gostavam. Estávamos de péssimo humor quando ela chegou no dia seguinte. De fato, tão furiosos, que atirei a Bíblia nela. Tão-somente ela se esquivou, e, sorrindo, apanhou-a dizendo: “Qual é o problema? Por acaso a Palavra de Deus tocou em alguma ferida? Bem, eis aqui a sua próxima tarefa...”
Estávamos furiosos (eu e os demônios) porque a nossa raiva não parecia afetar-lhe em absoluto. Aquela foi uma das muitas sessões com Rebecca folheando as Escrituras.
De maneira lenta, comecei a crescer espiritualmente. Os demônios estavam aborrecidos com a situação e, com freqüência, usavam a minha boca para mandá-la ir embora. A cada dia estava certa de que não a veria mais. Contudo, ela continuou vindo e vindo.

Rebecca:
Quando vi Elaine pela primeira vez, não fazia idéia de quem era e nem mesmo do envolvimento dela com o satanismo. Comprei uma Bíblia para ela porque o Senhor me ordenara. Não compreendi, na ocasião, que conversava mais com os demônios do que com ela própria. Ela era detestável! Ou melhor, eles é que eram, me deixava furiosa e, foi por esta razão, que eu indicara-lhe o livro de Tiago porque ele diz muito sobre refrear a língua.
A primeira internação de Elaine foi cerca de seis semanas. Realizamos todos os testes possíveis e, mesmo assim, não conseguimos descobrir o que estava de errado. Eu, ainda, não havia aprendido nada sobre doenças demoníacas e apesar de todas as orações não obtive resposta. Os outros médicos concluíram que ela não estava doente, mas mesmo assim, eu não fiquei em paz com o diagnóstico. Apesar de tudo, ela, finalmente, recebeu alta.
Dois dias depois estava de volta. Sendo o meu plantão fiquei responsável por ela até que o meu residente voltasse na segunda. Elaine reclamava das mesmas dores, e a situação era complicada. Tinha certeza de que falava a verdade, mas não conseguia identificar a doença. Suas perguntas soavam como um desafio:
“Doutora Brown por que eu ainda estou doente? Os anciões ungiram-me com óleo e oraram pedindo a Deus a cura! Porque Ele não responde? Será que estou fazendo algo errado?” Era realmente um desafio. Não conseguia identificar o que estava errado no corpo dela e nem recebia respostas de Deus, apesar de todas as orações. Disse-lhe que não sabia o porquê do Senhor escolher não curá-la, mas que estava certa de que Ele tinha algum propósito na situação. Fiz o pedido de internação, decidida a passar o caso para o meu residente e um outro especialista, assim, eu não teria que me preocupar mais em cuidar dela. Contudo, ela e o Senhor tinham planos diferentes!

Elaine:
Até esta segunda admissão no plantão de Rebecca, eu estivera, relativamente segura no hospital. Satanás e seus demônios não são onipresentes como Deus e as notícias no reino das trevas não circulam tão rápido. Na primeira admissão, ninguém soubera, da minha conversão. Agora, no entanto, as coisas estavam diferentes, muitos médicos e enfermeiras eram satanistas e a informação já se havia espalhado. Estava destinada à morte por ser uma traidora de Satã. Passava o tempo todo lutando pela própria vida, e, sendo mais forte do que eles eu vencia facilmente.
Não sabia, entretanto, que os demônios queriam que eu usasse os meus poderes pois sabiam que, agindo assim, eu não cresceria espiritualmente. Naturalmente que não contei nada para Rebecca. Não confiava nela totalmente. Porém, ela era tão diferente de qualquer outro médico que eu determinei que ela seria a minha médica.
No dia seguinte, quando o especialista veio me ver, imediatamente eu o reconheci. Ele era um poderoso satanista das redondezas. Eu nunca gostara dele. Deliberadamente comecei a lutar contra ele e os meus demônios passaram a atacá-lo. De fato, ele ficou tão ferido fisicamente que não conseguiu trabalhar durante três dias. Foi necessário apenas uma semana para fazê-lo me odiar e temer a ponto de não querer mais me ver. Era precisamente o que eu queria. Já o residente, era uma outra questão, não era satanista e nem cristão. No primeiro contato não gostara de mim, contudo, pelas regras do programa de treinamento, eu tinha sido destinada aos cuidados dele.
Tornei a vida dele um inferno da mesma forma que ele a minha. Projetava-me espiritualmente para o apartamento dele, e, com uma caneta de tinta preta marcante, escrevia mensagens obscenas na parede. Depois, assinava em baixo. Atirava pratos nele quando estava em casa e por várias vezes sacudi a geladeira fazendo estragar toda a comida. A cada vez que ele tentava chamar alguém para ver as mensagens, um dos demônios me avisava e eu o enviava para limpá-las antes que o convidado pudesse vê-las. Rapidamente ele aprendeu que não poderia dizer a ninguém o que acontecia porque poderiam falar que estava ficando louco. Ficou tão temeroso a meu respeito que, em duas semanas, desistiu do meu caso. Ficara, então, com Rebecca. Ela irradiava um amor que, mesmo eu não entendendo, me atraía. A minha afeição por ela aumentava e, no fundo, eu sabia que era a única a ter as respostas para a minha libertação.

Rebecca:
O meu descanso concernente a Elaine durou muito pouco tempo, e, em menos de duas semanas após sua admissão, o residente veio dizer-me que não se importava com as conseqüências, mas que não iria mais cuidar dela. Também, o especialista, no fim da primeira semana, disse que não se importava com o que eu fizesse com ela por que ele estava lavando as mãos sobre o caso, e acrescentou que não a veria mais. Fiquei paralisada! Não sabia o que fazer com ela.
Vendo Elaine diariamente, cheguei à conclusão de que estávamos esbarrando em algum ponto no seu crescimento espiritual, era como se algo o estivesse bloqueando. Na maior parte do tempo ela era insuportável. Eu não sabia, ainda, que ela possuía demônios. Vez após vez, a minha vontade era de dar-lhe alta e dizer que não podia fazer mais nada por ela. Quando chegava até esse ponto, em que Deus permitia a Satanás tentar-me, a ponto de ficar totalmente desanimada e enterrar o rosto no chão. a única atitude era pedir perdão ao Senhor. Ele sempre me dizia: “Veja a paciência que tive com você! Não pode usar da mesma para com minha filha Elaine?” Naturalmente que eu sempre cedia, e novamente pedia a Ele que colocasse Seu amor no meu coração por ela e voltava a vê-la no dia seguinte.
Finalmente, depois de três semanas, fiquei um fim de semana inteiro em oração e jejum pedindo a Deus uma resposta para o caso de Elaine, e no final do domingo, Ele falou-me claramente: “Você ainda não conversou com Elaine sobre o profundo envolvimento dela no ocultismo.” Tudo, então, se esclareceu. Havia reconhecido as manifestações, mas Satanás bloqueara minha mente.
Na segunda-feira pela manhã, fui conversar com ela sobre a área ainda não discutida.
“O que é?”
“É sobre o seu total envolvimento no ocultismo.”
Pasmada, ela ficou imóvel me olhando durante todo um minuto.
“Como você sabe sobre isso?”
“Passei todo o fim de semana orando e jejuando pedindo a Deus que me desse a resposta, e Ele me falou.”
Disse-lhe que deveria confessar, todo e qualquer envolvimento no ocultismo para o Senhor e pedir-lhE perdão. Deveria pedir, também, que Ele apagasse tudo e fechasse as portas com o precioso sangue de Jesus, porém, ela se recusava a fazê-lo. Em total desespero, disse: “Elaine não posso mais lidar com você. Contudo, sei que o Senhor pode. Assim, orarei entregando-a nas mãos d’Ele e pedirei que Ele se entenda com você.” Depois de fazê-lo, saí.

Elaine:
Eu nunca ficara tão deslocada em toda a minha vida, como quando Rebecca aproximou-se perguntando pelo meu total envolvimento no ocultismo. Sabia que só havia dois modos pelos quais ela obtivera a informação: um era Satã, e o outro Deus. Era um momento decisivo na minha vida. Quando ela orou pedindo a Deus para lidar comigo, Ele certamente o fez. Na verdade, ela passou a fazer aquela oração diariamente, e como a odiei por fazer aquilo! Entretanto, nos dias que se seguiram, o Senhor quebrou toda a interferência demoníaca e, lentamente, comecei a entender que, como cristã, eu deveria fazer de Jesus o meu Mestre em todos os sentidos, assim como Salvador.
A minha confiança e amor para com Rebecca aumentava mais e mais a cada dia. Passei a observar o compromisso total dela com o Senhor e tentava imitá-la. Ensinou-me que o pacto que eu fizera com o sangue havia sido totalmente cancelado pelo sangue de Jesus, e que a batalha não seria fácil nem para mim e nem para ela. Através da graça de Deus, crescia um pouco a cada dia. Com o crescimento espiritual os problemas físicos começaram a ser solucionados. Chegou, então, o último dia em que Rebecca disse-me ter recebido do Senhor a orientação de que já chegara o tempo em que eu deveria aprender a lutar contra Satanás fora do hospital. Assim, pela ultima vez, recebi alta.