Elaine:
O primeiro momento crucial em
minha vida foi a cerca de um ano antes de ser escolhida a noiva regional de
Satanás. O meu maior sonho de acreditar que era realmente amada por ele, foi
cruelmente desmoronado.
Devia ter cometido uma
pequena transgressão contra Satã, e de fato, era tão pequena que eu não estava
consciente de tê-la cometido. Um dia, estando sozinha em casa, quatro demônios
enormes apareceram em uma manifestação física. Os quatro eram idênticos, com
altura aproximada dos dois metros e meio, eram escuros e cobertos com escamas
pretas semelhantes a Ri-Chan. Os rostos eram ferozes, as presas enormes e as
unhas afiadas como navalha. Agrediram-me sem qualquer aviso, arranharam-me com
suas unhas longas retalhando minha carne, e bateram em mim, atiravam-me uns aos
outros igual a uma bola de borracha. Eu berrava, chorava e implorava para que
parassem de me machucar. Implorava-os para que me dissessem o porquê de estarem
fazendo aquilo, porém eles não me responderam uma só palavra. Tão-somente
rosnavam e soltavam gargalhadas horrendas. Os meus guardiões, Mann-Chan e
Ri-Chan, não faziam um só movimento para me ajudar ou para explicar o que
estava acontecendo, e somente depois de uma hora e meia os quatro se foram da
mesma forma como chegaram. Fui largada no chão exausta e agonizante. As minhas
costas estavam retalhadas e eu tinha enormes ferimentos da cabeça aos pés. A
mobília fora toda revirada e o meu sangue estava por toda parte. Enquanto eu
estava deitada, soluçando e ofegante, tentando recuperar-me, Satanás entrou
pela porta fechada e, como sempre, ele estava em seu disfarce predileto de um
homem jovem e elegante. Ficou alguns instantes olhando para mim, depois, virou
a cabeça para trás e soltou uma gargalhada e continuou rindo enquanto eu,
deitada, perguntava o porquê dos demônios me atormentarem de forma tão cruel. A
única resposta que ouvi era que estava sendo disciplinada, no mais, acrescentou
que os demônios haviam feito um bom trabalho e sem fazer qualquer movimento para
me ajudar, desapareceu.
Só havia uma resposta para
mim: Satã me odiava e era um mentiroso. Essa constatação era uma ferida tão
profunda no meu coração, que era maior do que qualquer outra no meu corpo.
Estando sozinha, fiz o melhor que pude para limpar e arrumar o apartamento e
para cuidar dos meus ferimentos. Na época, era enfermeira, e usei de meus
conhecimentos para curar-me, não poderia pedir ajuda a ninguém e nem mesmo
contar o ocorrido. De qualquer modo os outros não se preocupavam o bastante
comigo para aproximar e questionar o que estava errado. Quando meus ferimentos
sararam, não ficou uma cicatriz sequer no meu corpo. Satanás não deixara
qualquer evidência que pudesse ser usada contra ele no futuro.
Foi assim, que eu tive
consciência, sem sombra de dúvida, de que ele me odiava e me menosprezava e que
não me amava do modo como dissera. Da mesma maneira, constatei que os demônios
também haviam me traído. Puniram-me por algo insignificante, e também usavam em
benefício próprio. Em várias ocasiões, para protegê-los da ira de Satanás, eu
encobria certas atitudes tomadas por eles.
Foi nessas circunstâncias que
decidi, se possível, sair da -seita. Faltavam ainda dois anos para Deus
mostrar-me o caminho. Sentia-me completamente desgraçada, os demônios estavam
ao redor e dentro de mim e na época, pensava que eles podiam ler a minha mente.
Assim, dificilmente eu pensava sobre o assunto e nunca o mencionava. Não sabia
onde buscar ajuda. Supondo que sobrevivesse o suficiente para tentar, me
perguntava, onde no mundo encontraria poder superior ao de Satanás e seus
demônios? Continuamente eu precisava fingir que queria estar na seita, mesmo
sabendo que finalmente eles já haviam planejado a minha morte. E, se Mann-Chan,
ou qualquer um outro descobrisse o que se passava em minha mente, isso
significaria morte certa e agonizante.
Passados os dois anos do
episódio da disciplina, uma senhora, com quem eu trabalhava, convidou-me para
ir com ela na igreja em que freqüentava. Eu recusava constantemente, e já tinha
problemas suficientes para querer ir com a “fanática”. Novamente, jovem e
elegante Satanás apareceu, colocou os braços ao meu redor e de forma amável
disse que ele, meu marido, havia sido insultado e que somente eu poderia
vingá-lo. Disse, também, que conhecia os convites que Esther me fizera e queria
que eu fosse com ela. Desse modo, eu poderia destruir a Igreja onde as pessoas
ousaram dizer que ele, além de estar vivo, era mau e deveria e podia ser
combatido. Eu deveria ir, infiltrar-me nela, dividi-la e, assim, destruí-la.
Queria que eu usasse a oitava parte do plano que ele e seus servos (incluindo a
mim mesma) usaram e até hoje usam com sucesso por todo o mundo para destruir as
igrejas de Cristo. (Essa estratégia será estudada com detalhes no capítulo 17).
Foram duas as vezes em que
tentei ir. Na primeira, não consegui sequer sair do carro por causa do tremendo
poder de Deus naquele lugar. Nunca experimentara algo tão extraordinário. Na
segunda, consegui chegar até à porta, mas literalmente, não pude pegar na maçaneta
porque o poder de Deus, novamente, era estrondoso. Os demônios no meu corpo o
sentiram e eu decididamente me recusei a entrar. Se Esther não tivesse
aproximado de mim, novamente, no trabalho, não sei se eu teria conseguido
voltar. Ela me desafiou a ir. Conhecia-me o suficiente para saber que eu não
tentaria de novo.
Lutando contra a vontade de
ficar, decidi ir. Esther me esperava, e quando me viu, acenou para que eu fosse
assentar-me perto dela na frente, mas recusei. Então, ela veio, assentou-se
comigo e falou: “Tudo bem, Deus está aqui atrás da mesma forma que está lá na
frente!” Naturalmente que eu não gostei da observação.
E, aconteceu que o jovem que
pregara aquela noite, estava se candidatando ao cargo de pastor. E, o que eu e
os demônios conseguimos fazer foi ouvir aquele discurso do começo ao fim. O
pior, foi, quando imediatamente após o culto, ele veio na direção em que Esther
e eu estávamos assentadas. Conversou comigo e tentou fazer-me entregar a minha
vida a Jesus. Com termos vagos disse-lhe que não queria e que não precisava de
Jesus. Ele apenas sorriu e disse: “Estou certo de que você não se incomodará
que eu ore por você.” Imediatamente, lembrei-me de que eu deveria infiltrar-me
na igreja. Assim, tentando reprimir a resposta, murmurei: “Não eu não me
importo”.
Para o meu espanto, ele
colocou a mão sobre o meu ombro e começou a orar por mim ali mesmo, e em voz
alta. Não suportava ser tocada por ninguém, principalmente por ele, e nem mesmo
os demônios o suportaram. Apesar de contorcer-me, ele continuou a orar, não
parecia impressionar-se com o fato, e saí o mais rápido que pude, assim que ele
terminou a oração. Porém, algo havia me tocado. No trajeto para casa, falei com
o Senhor que se Ele existisse e quisesse que eu fosse d’Ele, Ele deveria fazer
com que o jovem fosse o pastor daquela igreja. No domingo seguinte, a igreja o
nomeou para o cargo. Ainda se passaria um ano até eu cumprir a minha parte no
trato.
No mesmo ano, um outro
incidente seria determinante para mostrar-me como Satanás estava mentindo e que
existia um poder superior ao dele. Comecei a pensar que talvez Jesus fosse a
resposta e, pouco tempo depois, de já estar freqüentando a pequena igreja,
Satanás veio, obviamente, muito furioso, dizendo que no seu hospital “especial”
havia uma médica que se julgava muito esperta. Ela não só se atrevera a “pregar
e a orar”, como também a intervir no trabalho das bruxas naquela instituição.
Ele ordenou-me a organizar um esforço nacional, com todas as bruxas mais
poderosas, na intenção de destruí-la. Não se importava como o fizéssemos, mas
ela deveria ser morta o mais rápido possível. Só fiquei sabendo dois anos mais
tarde, que Rebecca tinha sido o alvo escolhido para receber os ataques de
bruxaria. Não me atrevo a pensar o que teria acontecido se tivéssemos sido bem
sucedidos. Louvo a Deus que não o fomos!
Depois de ter recebido a
ordem, liguei para Helen, a bruxa líder, naquele hospital particular e
passei-lhe a ordem de Satã e dei-lhe a incumbência de organizar o resto.
Durante vários meses, pensei muito pouco sobre a tarefa, exceto, quando tinha
que fazer, periodicamente, os encantamentos necessários. Pouco depois de seis
meses, constatei que nas vezes em que fazia encantamentos direcionados à
médica, os demônios voltavam incapazes de completar o trabalho. Ficávamos todos
aborrecidos com a situação. Eu nunca experimentara algo semelhante e por isso
estava confusa. Não contei a ninguém sobre o problema, porque admitir que o meu
poder estava falhando poderia ser fatal.
Recebi um telefonema da Helen
três semanas antes de entregar-me a Jesus, a médica que deixara o hospital
quatro meses antes, quase morta, acabara de retornar para trabalhar. E o pior,
é que estava completamente curada! Estremeci. Como poderia isso ter acontecido?
Percebi que um poder muito superior a qualquer outro havia barrado o nosso,
logo, lembrei-me dos “anjos-elos” na Califórnia. Quem sabe, a médica possuísse
o mesmo poder daquela família? No mesmo instante, certifiquei-me de que ele era
Jesus Cristo.
No mesmo dia, mais tarde, Satanás
apareceu-me novamente, desta vez muito infeliz, perguntou porque havíamos
falhado. “Você não sabe?” Retruquei. “Sim.” Ele disse. “Mas eu quero saber se
você sabe”. “Bem, presumo que alguém tenha nos barrado através de orações.” “É
isso mesmo.” Foi a resposta curta que deu. Depois foi-se embora. Freqüentei a
pequena igreja regularmente durante a ocasião. Isso foi muito antes de
constatar que estava fraca demais para destruí-la. Lá, as pessoas estavam
prontas para qualquer um de meus truques, mas assim mesmo, continuaram a me
amar e a orar por mim. Apaixonei-me por elas. Eram genuínos. Amavam tanto ao
Senhor que não se incomodavam com o que eu fosse, nem de onde viera, como me
vestia ou andava. Preocupavam sim, com a minha alma, a ponto de continuarem orando
e orando.
Eles oraram tanto, que um
dia, domingo à noite no altar eu, finalmente, disse. “Jesus, eu quero e preciso
de ti, perdoa-me e entra no meu coração e na minha vida.” Que batalha foi
aquela! Mann-Chan e os outros tentaram fechar minha boca. Na mente, diziam que
eu estava mentindo, que Deus não existia e que Jesus estava realmente morto.
Contudo, eu sabia que eram mentirosos e não iria ouvir-lhes a voz.
Mann-Chan e os outros tinham
muito o que fazer. A primeira atitude deles foi. Ir diretamente a Satã e dizer
o que eu havia feito. Então como dizem, a coisa ficou feia!
Ao chegar em casa, na mesma
noite, ele veio falar comigo. Agora, entretanto, tudo era diferente: antes,
normalmente, ele teria se aproximado, posto as mãos sobre meus ombros ou me abraçado,
mas, ao contrário, ficou a uma certa distância e pude notar que havia muitos
demônios poderosos com ele. Mas, mesmo assim, estes se mantiveram à distância,
Satã parecia louco. Gritou para mim.
“Que diabos você pensa que
está fazendo?”
“Estou te deixando.”
Respondi.
“Você não pode
fazê-lo.”
“Não posso fazê-lo?! Eu já o
fiz !”
“Você é minha noiva. Ganhei
você. Se não fizer o que digo, vou matá-la. Não pode anular aquele pacto!”
“Prefiro morrer por Deus do
que continuar sendo sua noiva. O pacto não vale mais porque está coberto com o
sangue de Jesus, e você só me oferece mentiras e destruição.”
“Você tomou a decisão errada,
e vou provar isso a você.”
“Seu! (censurado). Saia da
minha casa!”
“Veja: você não é crente de
verdade!”
“O que você quer dizer com
isso?”
“Os crentes não xingam.”
Não pensara a respeito. Mas,
também me tornara crente apenas por duas horas e estava usando a linguagem que
gostava fora da igreja.
“Então é isso! Pois sei que
sou porque pedi a Jesus para perdoar meus pecados e entrar no meu coração, e
tenho certeza de que Ele o fez.
“É o que você pensa, mas não
aconteceu de verdade.”
Estava tão furiosa que tentei
dar um passo para socar-lhe o nariz, mas por algum motivo não consegui sair do
lugar. Por sua vez, ele também estava tão irado que gritava ameaças para mim e,
repentinamente, senti uma paz envolver-me por completo. Pela primeira vez a voz
inconfundível de Deus falou ao meu coração e ao meu espírito dizendo: “Não
tenha medo minha filha, estou aqui, ele não poderá prejudicá-la.” Novamente,
disse a Satã para sair, desta vez, no entanto, usei o nome de Jesus e num
instante ele desapareceu.
Nas duas semanas que se
seguiram, suponho que ele tenha me visitado umas vinte vezes. Em algumas, usava
o charme, tentando ser um amante, mas sempre furioso. Tentou persuadir-me
dizendo que Jesus estava morto, fez inúmeras ameaças, mas em nenhuma vez chegou
perto de mim, nem ele e nem os demônios.
Muitas foram as vezes em que
eles se aproximaram de mim, planejando me torturar da mesma maneira que fizeram
os quatro no passado. No entanto, ao chegarem mais perto, ficavam confusos e
aterrorizados. E, sem dizer qualquer palavra, voltavam atônitos. Gradualmente,
comecei a observar que havia uma proteção especial de Deus sobre mim, até mesmo
Mann-Chan que me importunava todo o tempo, não conseguia rasgar-me como fizera
no passado. Eu tinha mais controle sobre ele do que ele sobre mim.
Apesar da proteção especial,
ele foi bem sucedido em fazer-me doente. Tão doente, que em duas semanas, fui
parar em um hospital de uma cidade vizinha. Na época, não entendi que Deus o
havia permitido. A longa estrada rumo à completa libertação dos demônios, e ao
total compromisso com Jesus, estava para iniciar-se naquele hospital. Então,
tornei-me paciente em um estranho hospital, numa estranha cidade. Perdi quase
tudo o que havia ganhado através do satanismo nas duas semanas depois de ter
aceitado a Jesus. Contudo, louvado seja o Senhor, pois Ele estava no controle
de tudo. Comecei minha nova vida com Jesus auxiliada pela mesma pessoa
que tanto tentara matar: Rebecca.