Elaine:
Como uma sacerdotisa
superior, tive muitos privilégios e tirei proveito deles no meu dia-a-dia. No
entanto, ansiava pelo poder absoluto. Alguns anos mais tarde, como sacerdotisa,
alcancei um de meus objetivos. Tornei-me a noiva regional de Satã. Muitas
sacerdotisas superiores denominam a si mesmas “Noivas de Satã”. E, de algum
modo, isso é verdade. O número delas pode variar de cinco a dez, normalmente
cinco, ao mesmo tempo por todo os Estados Unidos. Este é o título mais “honrado”
que uma mulher pode obter no satanismo. No entanto, entre todas, apenas uma é
escolhida por Satã. Esta passa a ser a mais poderosa, respeitada e amada. Estas
mulheres, também, reúnem-se no Conselho Nacional que envolve todos os
satanistas do país, além de exercerem grande influência no exterior devido à
riqueza que possuem nos Estados Unidos.
Ele mesmo veio dizer que me
escolhera para esta grande honra. Apresentou-se na mesma forma física.
Exatamente na imagem do que eu considerava como um homem “perfeito”. Disse que
me escolhera porque me amava mais do que as outras e que respeitava minha
coragem e habilidades. Comportou-se de uma maneira romântica, falando do seu
amor e dos momentos maravilhosos em que passaríamos juntos. Prometeu-me muito
mais poder e privilégios.
Sentia-me honrada e eufórica.
Eufórica porque acreditava que era verdadeiramente amada. Pensava ser a mais
poderosa de todas as mulheres. Pensei que ele me escolhera devido às minhas
capacidades e assim o meu amor por ele aumentava ano após ano. Não pensei, na
ocasião, que ele apenas usava esse amor para proveito próprio. Usou-me para que
eu conseguisse das outras o que ele queria e também o meu amor para a minha
própria destruição. Todas aquelas declarações eram mentiras!
A cerimônia foi realizada em
uma grande cidade das redondezas. Uma das maiores e mais belas igrejas fora
alugada pela seita. Tenho certeza de que os proprietários não tinham a menor
idéia do que aconteceria por lá. Consegui três dias de folga do trabalho. A
sexta-feira, a primeira de lua cheia, foi a ocasião adequada para o ritual.
Guardaram-me cuidadosamente e atenderam a todos os meus desejos. Estava
completamente excitada e exultante.
Enquanto nos aproximávamos da
igreja, senti como se a escuridão pairasse sobre ela, mas sufoquei o
sentimento, voltando os pensamentos para o amor e a admiração que conseguira de
Satã.
Fui colocada em uma sala,
fora do santuário, cuidadosamente vestida e preparada para a ocasião. Puseram
flores no meu cabelo longo, louro e cacheado. Havia na toga que me deram, uma
trança xadrês-dourado no peito. Puseram-me uma coroa de ouro puro na cabeça.
Havia, também, uma mancha vermelha na cabeça e na região púbica. Meu buquê era
de ramos, cardos e frutinhas venenosas, tudo preso com uma borracha preta.
Fiquei parada perto do
santuário, examinando o recinto. Sentia-me grandemente honrada e surpresa,
porque nele não só haviam pessoas dos estados vizinhos e da Califórnia, como do
mundo oriental. Esta era realmente uma grande honra. O ar enchera-se de uma
música lúgubre do órgão. O trono de Satanás fora transportado e colocado sobre
a plataforma. O surgimento de Satã na forma física seria o sinal para o início
do casamento.
Todo vestido de branco, lá
estava ele novamente, usando uma coroa de ouro e enfeites. Toda a congregação
estarreceu com um grito e prestava adoração a ele. Após um sinal dele, todos
voltaram-se para trás e eu comecei a andar pelo corredor. Ao meu lado ia a
sacerdotisa superior seguida pelas Irmãs da Luz. Quando cheguei ao fim do
corredor, parei diante dele, curvei-me e prestei minha homenagem. A seguir,
mandou que eu me levantasse. Assim que o fiz, ele saiu do trono e ficou ao meu
lado. A sacerdotisa superior celebrou o casamento e, durante toda a cerimônia,
se ouviam cantos, rezas e louvores a ele. As Irmãs da luz formaram um
semicírculo atrás de nós e durante todo o tempo cantaram e murmuraram baixinho.
A cerimônia durou quase duas
horas e eu fiquei em pé o tempo todo. Assinei um novo pacto com meu sangue.
Deram-me, depois, um líquido do copo-de-pé dourado. Não sei o que estava nele
mas, penso que fossem drogas porque senti-me tonta depois de bebê-lo. Disseram
que o pacto estava consolidado. Não havia mais, absolutamente, qualquer
possibilidade de fuga. Satanás não acredita em divórcio!
Ele não dera do próprio
sangue nem bebera do líquido, disse-me que não o podia porque deveria manter-se
“puro” para mim. No entanto, se eu o tomasse “purificaria a mim mesma” para
ele. Estava tão bonito como nunca o vira. Usava um smoking claríssimo enfeitado
com ouro. O cabelo louro brilhava e a pele estava lindamente bronzeada. Porém,
o amor que me declarava não parecia estar refletido nos belos olhos negros. Mas
eu queria acreditar que ele me amava e que era realmente o meu marido.
Tratava-me com respeito. Acariciava meu queixo, cabelos e braços. Disse o tanto
que eu significava para ele: beleza, poder e a mulher que poderia tornar-se a
mãe de seu filho “O Cristo”, o redentor do mundo. Fui completamente tomada pelo
engano.
Satã deu-me uma bandeja de
casamento linda e dourada com a seguinte inscrição: “Vejam a Noiva do Príncipe
do Mundo”.
Embora não demonstrasse
hostilidade para comigo, ele agia de modo diferente para com os outros. Quem
quer que fosse que se aproximasse dele era maltratado e rejeitado.
As Irmãs da Luz,
imediatamente após a cerimônia, levaram-me, e puseram um vestido esquisito em
mim e também um manto de veludo enfeitado com ouro puro. Fomos de Limusine até
o aeroporto onde embarcamos em um luxuoso jato particular acompanhados de
vários sacerdotes e sacerdotisas superiores com destino à Califórnia. A ceia do
casamento foi servida a bordo.
Satã não comeu nada durante a
viagem. Mas, entretanto, experimentou muitos dos vinhos caros e champanhes
disponíveis. Falava muito pouco. Nos instantes em que chegamos à mansão nas
montanhas da Califórnia eu estava ainda um pouco confusa pelas drogas que
ingerira. Fomos conduzidos com todas as pompas até a uma grande suíte. Na
câmara havia uma cama enorme e dourada. Apesar do luxo, eu estava feliz pelas
drogas que tomara. A beleza dele desaparecera e a relação que tivemos foi
brutal. Na manhã seguinte, ele se fora quando acordei. Eu agonizava pelas
muitas feridas da noite e fiquei grata porque ele não reapareceu no fim de
semana. Voltei para casa no domingo. Enquanto estive lá fui tratada como
rainha. Davam-me tudo o que desejava.
Na nova posição, tive muitas
vantagens. Era meu todo o poder sobre as bruxas, bruxos e até mesmo sobre a
sacerdotisa superior. Era intocável. Ganhava cada vez mais novos demônios e
mais poderes. Apenas uma feiticeira foi tola o bastante para desafiar-me. Com
apenas um olhar eu a coloquei dentro da parede, literalmente dentro da parede.
Para tirá-la de lá, tiveram que quebrar a parede, e como resultado, ela teve
vários ossos quebrados e muitos outros ferimentos. Nunca mais tentou me fazer
mau, não só ela, como nenhum outro ser humano.
Foi assim que alcancei
rapidamente a cobiçada posição de primeira-dama, esposa número um de Satanás e,
com isso, minhas responsabilidades também aumentaram.
Passei a ser então um dos
representantes do diabo a nível mundial. Comecei a empreender maiores e mais
longas viagens nacionais e internacionais. Saí muitas vezes da Califórnia para
falar com os funcionários do Governo Federal dos Estados Unidos e de outros países
também. Vários representantes de governos estrangeiros nos visitavam na mansão
da Califórnia solicitando dinheiro para a compra de armas e outras coisas. A
maioria deles sabia que estava fazendo negócios com Satanás, outros não!
Grandes somas de dinheiro
passavam de mãos em mãos. Na maioria das ocasiões, possessa, Mann-Chan falava
através de mim, e sempre na língua pátria do interlocutor, sem nenhum sotaque.
De vez em quando, só às vezes, Mann-Chan me punha a par, traduzindo o que
aquelas pessoas diziam. Eu não tinha habilidades para falar nem alguns poucos
daqueles vários idiomas, mas Mann-Chan conversava fluentemente em todas as
línguas.
Por este período, viajei a
vários países. Estive em Meca, Israel, Egito e também fui ao Vaticano, em Roma,
onde inclusive, tive uma entrevista pessoal com o Papa. O propósito de minhas
viagens era coordenar os programas de Satanás com os outros satanistas desses
países e para isso, tive que entrevistar-me muitas vezes com vários
funcionários de diferentes governos, sempre discutindo sobre ajuda financeira a
seus países.
É verdade que alguns nem
imaginavam que eu era uma satanista. Pensavam que se tratava de alguém
associado a algum tipo de instituição filantrópica tremendamente rica. As
pessoas, quando procuram por ajuda financeira, quando querem dinheiro, não
perguntam muito... mas o Papa sabia muito bem quem eu era. Trabalhávamos em
parceria íntima com os católicos (principalmente os jesuítas), bem como os
maçons de altos graus.
Foi durante este tempo que eu
acabei conhecendo as estrelas mais famosas do rock e todas elas assinavam
pactos com Satanás em troca de fama e fortuna. Um cuidadoso plano para a
popularização do rock nos Estados Unidos foi concebido pelo próprio diabo e
executado ao pé da letra pelos seus servos músicos e cantores.
Apesar da minha alta posição
e grande poder, eu vivia sempre com medo. Não tinha paz e me sentia como que
amarrada. A minha maior preocupação era com a terrível brutalidade com que
desenvolviam os trabalhos dentro da seita, os castigos que se aplicavam eram de
extrema maldade, e sobretudo, os sacrifícios humanos, estes é que me corroíam
por dentro.