sábado, 24 de abril de 2021

Ele veio pra libertar os cativos - 06 - O casamento




Elaine:
Como uma sacerdotisa superior, tive muitos privilégios e tirei proveito deles no meu dia-a-dia. No entanto, ansiava pelo poder absoluto. Alguns anos mais tarde, como sacerdotisa, alcancei um de meus objetivos. Tornei-me a noiva regional de Satã. Muitas sacerdotisas superiores denominam a si mesmas “Noivas de Satã”. E, de algum modo, isso é verdade. O número delas pode variar de cinco a dez, normalmente cinco, ao mesmo tempo por todo os Estados Unidos. Este é o título mais “honrado” que uma mulher pode obter no satanismo. No entanto, entre todas, apenas uma é escolhida por Satã. Esta passa a ser a mais poderosa, respeitada e amada. Estas mulheres, também, reúnem-se no Conselho Nacional que envolve todos os satanistas do país, além de exercerem grande influência no exterior devido à riqueza que possuem nos Estados Unidos.
Ele mesmo veio dizer que me escolhera para esta grande honra. Apresentou-se na mesma forma física. Exatamente na imagem do que eu considerava como um homem “perfeito”. Disse que me escolhera porque me amava mais do que as outras e que respeitava minha coragem e habilidades. Comportou-se de uma maneira romântica, falando do seu amor e dos momentos maravilhosos em que passaríamos juntos. Prometeu-me muito mais poder e privilégios.
Sentia-me honrada e eufórica. Eufórica porque acreditava que era verdadeiramente amada. Pensava ser a mais poderosa de todas as mulheres. Pensei que ele me escolhera devido às minhas capacidades e assim o meu amor por ele aumentava ano após ano. Não pensei, na ocasião, que ele apenas usava esse amor para proveito próprio. Usou-me para que eu conseguisse das outras o que ele queria e também o meu amor para a minha própria destruição. Todas aquelas declarações eram mentiras!
A cerimônia foi realizada em uma grande cidade das redondezas. Uma das maiores e mais belas igrejas fora alugada pela seita. Tenho certeza de que os proprietários não tinham a menor idéia do que aconteceria por lá. Consegui três dias de folga do trabalho. A sexta-feira, a primeira de lua cheia, foi a ocasião adequada para o ritual. Guardaram-me cuidadosamente e atenderam a todos os meus desejos. Estava completamente excitada e exultante.
Enquanto nos aproximávamos da igreja, senti como se a escuridão pairasse sobre ela, mas sufoquei o sentimento, voltando os pensamentos para o amor e a admiração que conseguira de Satã.
Fui colocada em uma sala, fora do santuário, cuidadosamente vestida e preparada para a ocasião. Puseram flores no meu cabelo longo, louro e cacheado. Havia na toga que me deram, uma trança xadrês-dourado no peito. Puseram-me uma coroa de ouro puro na cabeça. Havia, também, uma mancha vermelha na cabeça e na região púbica. Meu buquê era de ramos, cardos e frutinhas venenosas, tudo preso com uma borracha preta.
Fiquei parada perto do santuário, examinando o recinto. Sentia-me grandemente honrada e surpresa, porque nele não só haviam pessoas dos estados vizinhos e da Califórnia, como do mundo oriental. Esta era realmente uma grande honra. O ar enchera-se de uma música lúgubre do órgão. O trono de Satanás fora transportado e colocado sobre a plataforma. O surgimento de Satã na forma física seria o sinal para o início do casamento.
Todo vestido de branco, lá estava ele novamente, usando uma coroa de ouro e enfeites. Toda a congregação estarreceu com um grito e prestava adoração a ele. Após um sinal dele, todos voltaram-se para trás e eu comecei a andar pelo corredor. Ao meu lado ia a sacerdotisa superior seguida pelas Irmãs da Luz. Quando cheguei ao fim do corredor, parei diante dele, curvei-me e prestei minha homenagem. A seguir, mandou que eu me levantasse. Assim que o fiz, ele saiu do trono e ficou ao meu lado. A sacerdotisa superior celebrou o casamento e, durante toda a cerimônia, se ouviam cantos, rezas e louvores a ele. As Irmãs da luz formaram um semicírculo atrás de nós e durante todo o tempo cantaram e murmuraram baixinho.
A cerimônia durou quase duas horas e eu fiquei em pé o tempo todo. Assinei um novo pacto com meu sangue. Deram-me, depois, um líquido do copo-de-pé dourado. Não sei o que estava nele mas, penso que fossem drogas porque senti-me tonta depois de bebê-lo. Disseram que o pacto estava consolidado. Não havia mais, absolutamente, qualquer possibilidade de fuga. Satanás não acredita em divórcio!
Ele não dera do próprio sangue nem bebera do líquido, disse-me que não o podia porque deveria manter-se “puro” para mim. No entanto, se eu o tomasse “purificaria a mim mesma” para ele. Estava tão bonito como nunca o vira. Usava um smoking claríssimo enfeitado com ouro. O cabelo louro brilhava e a pele estava lindamente bronzeada. Porém, o amor que me declarava não parecia estar refletido nos belos olhos negros. Mas eu queria acreditar que ele me amava e que era realmente o meu marido. Tratava-me com respeito. Acariciava meu queixo, cabelos e braços. Disse o tanto que eu significava para ele: beleza, poder e a mulher que poderia tornar-se a mãe de seu filho “O Cristo”, o redentor do mundo. Fui completamente tomada pelo engano.
Satã deu-me uma bandeja de casamento linda e dourada com a seguinte inscrição: “Vejam a Noiva do Príncipe do Mundo”.
Embora não demonstrasse hostilidade para comigo, ele agia de modo diferente para com os outros. Quem quer que fosse que se aproximasse dele era maltratado e rejeitado.
As Irmãs da Luz, imediatamente após a cerimônia, levaram-me, e puseram um vestido esquisito em mim e também um manto de veludo enfeitado com ouro puro. Fomos de Limusine até o aeroporto onde embarcamos em um luxuoso jato particular acompanhados de vários sacerdotes e sacerdotisas superiores com destino à Califórnia. A ceia do casamento foi servida a bordo.
Satã não comeu nada durante a viagem. Mas, entretanto, experimentou muitos dos vinhos caros e champanhes disponíveis. Falava muito pouco. Nos instantes em que chegamos à mansão nas montanhas da Califórnia eu estava ainda um pouco confusa pelas drogas que ingerira. Fomos conduzidos com todas as pompas até a uma grande suíte. Na câmara havia uma cama enorme e dourada. Apesar do luxo, eu estava feliz pelas drogas que tomara. A beleza dele desaparecera e a relação que tivemos foi brutal. Na manhã seguinte, ele se fora quando acordei. Eu agonizava pelas muitas feridas da noite e fiquei grata porque ele não reapareceu no fim de semana. Voltei para casa no domingo. Enquanto estive lá fui tratada como rainha. Davam-me tudo o que desejava.
Na nova posição, tive muitas vantagens. Era meu todo o poder sobre as bruxas, bruxos e até mesmo sobre a sacerdotisa superior. Era intocável. Ganhava cada vez mais novos demônios e mais poderes. Apenas uma feiticeira foi tola o bastante para desafiar-me. Com apenas um olhar eu a coloquei dentro da parede, literalmente dentro da parede. Para tirá-la de lá, tiveram que quebrar a parede, e como resultado, ela teve vários ossos quebrados e muitos outros ferimentos. Nunca mais tentou me fazer mau, não só ela, como nenhum outro ser humano.
Foi assim que alcancei rapidamente a cobiçada posição de primeira-dama, esposa número um de Satanás e, com isso, minhas responsabilidades também aumentaram.
Passei a ser então um dos representantes do diabo a nível mundial. Comecei a empreender maiores e mais longas viagens nacionais e internacionais. Saí muitas vezes da Califórnia para falar com os funcionários do Governo Federal dos Estados Unidos e de outros países também. Vários representantes de governos estrangeiros nos visitavam na mansão da Califórnia solicitando dinheiro para a compra de armas e outras coisas. A maioria deles sabia que estava fazendo negócios com Satanás, outros não!
Grandes somas de dinheiro passavam de mãos em mãos. Na maioria das ocasiões, possessa, Mann-Chan falava através de mim, e sempre na língua pátria do interlocutor, sem nenhum sotaque. De vez em quando, só às vezes, Mann-Chan me punha a par, traduzindo o que aquelas pessoas diziam. Eu não tinha habilidades para falar nem alguns poucos daqueles vários idiomas, mas Mann-Chan conversava fluentemente em todas as línguas.
Por este período, viajei a vários países. Estive em Meca, Israel, Egito e também fui ao Vaticano, em Roma, onde inclusive, tive uma entrevista pessoal com o Papa. O propósito de minhas viagens era coordenar os programas de Satanás com os outros satanistas desses países e para isso, tive que entrevistar-me muitas vezes com vários funcionários de diferentes governos, sempre discutindo sobre ajuda financeira a seus países.
É verdade que alguns nem imaginavam que eu era uma satanista. Pensavam que se tratava de alguém associado a algum tipo de instituição filantrópica tremendamente rica. As pessoas, quando procuram por ajuda financeira, quando querem dinheiro, não perguntam muito... mas o Papa sabia muito bem quem eu era. Trabalhávamos em parceria íntima com os católicos (principalmente os jesuítas), bem como os maçons de altos graus.
Foi durante este tempo que eu acabei conhecendo as estrelas mais famosas do rock e todas elas assinavam pactos com Satanás em troca de fama e fortuna. Um cuidadoso plano para a popularização do rock nos Estados Unidos foi concebido pelo próprio diabo e executado ao pé da letra pelos seus servos músicos e cantores.
Apesar da minha alta posição e grande poder, eu vivia sempre com medo. Não tinha paz e me sentia como que amarrada. A minha maior preocupação era com a terrível brutalidade com que desenvolviam os trabalhos dentro da seita, os castigos que se aplicavam eram de extrema maldade, e sobretudo, os sacrifícios humanos, estes é que me corroíam por dentro.