Elaine:
Agora, eu era um membro da
Irmandade, com um novo nome, e me tornara, como é conhecido, uma bruxa. Passado
um mês, após a assinatura do pacto com Satã, e tive meu primeiro encontro com a
sacerdotisa local. A assembléia que se reunia em minha cidade era enorme, quase
mil pessoas. A sacerdotisa superior entrou em contato comigo, dizendo que
queria que fosse até a sua residência. Fiquei surpresa ao ser chamada por tão
importante autoridade. Pouquíssimas garotas são chamadas por uma sacerdotisa
superior a menos que tenham uma tarefa importante a fazer ou que estejam para
serem disciplinadas. A casa era muito bem decorada e ela a governava com mão de
ferro. Disse-me: “Você foi escolhida por Satanás para ser treinada e tornar-se
uma sacerdotisa superior, isto é, se for qualificada.”
No satanismo isto é uma grande
honra. Você deve estar altamente qualificado para este tipo de treinamento. A
sacerdotisa era uma senhora idosa e ocupara a posição durante muitos e muitos
anos. Era muito bonita, apesar da idade. A sua personalidade era amistosa,
embora houvesse algo de indiferença nela. Sabia que eu fora destinada para
substituí-la, e uma sacerdotisa é sempre destruída quando substituída por
outra. Comandada por Satã e seus demônios, deve treinar outra bruxa para a
substituição. Não há escolha, apenas obediência.
Achei estranho ser convocada para o
treinamento, porque além de ser jovem, era novo membro. O que não sabia na
época, era que os demônios que já estavam comigo eram mais fortes do que os
dela e que Satanás ordenara-lhe que me mostrasse exatamente quem eram, como
usá-los e, finalmente, como destruí-la.
No fundo do coração, eu não era e
nunca seria alguém para destruição. Gostava da vida e não queria machucá-la,
porém, sabia que se não o fizesse, ela me mataria.
Recebi treinamento em muitas áreas
nos vinte meses que se seguiram. Encontrávamos na casa dela ou em qualquer
outra sala longe dos outros membros da seita. Nos encontrávamos, pelo menos,
uma vez por semana.
O treinamento consistia
basicamente de encantamentos. Aprendi como evocar os espíritos para fazerem
minha vontade, ensinou-me a projetar e usar o poder que me acompanhava por
tanto tempo, e que este poder era dos demônios que habitavam dentro de mim, e
aprendi também, a convocar e conduzir uma reunião como uma sacerdotisa
superior.
No meu treinamento participavam,
também, As Irmãs da Luz. Eram as principais na aprendizagem de como eu poderia
aprimorar meu poder o mais rapidamente. Assimilei muito mais segredos do que
quaisquer outras sacerdotisas. Pediram que me unisse à sociedade, mas recusei.
No íntimo eu as considerava esquisitas.
Prepararam-me para aprender arte
marcial. Eu já sabia o Karatê e o Judô, mas nada a respeito do Kung-Fu.
Destinaram-me aos cuidados de um chinês de estatura mediana que lecionava os
três. Era também um conhecido advogado na minha cidade. Era simpático para
comigo, mas um mestre severo. Aprendi muito com ele, treinava as pessoas cultas
da redondeza, e disse-me que eu tinha potencial e queira que participasse de
torneios. Eu nunca participara e não o quis fazer.
Sabendo que a arte marcial era um
treinamento rigoroso e atormentador, invoquei certos demônios para que me
dessem habilidade necessária. O corpo e a mente deveriam ser treinados para
movimentarem-se como um só. Assim conseguia saltar várias vezes no ar, depois
de vários saltos mortais, apoiava-me nos pés ou nas mãos para destruir o
adversário. Tornei-me uma “expert” no manuseio de facas, tchacos, espadas,
revólveres, arcos e flechas, estrelas e muitas outras armas orientais que não
são muito bem conhecidas nos EUA. Todos os membros recebiam esse mesmo treinamento
tanto os de posição superior, como os de inferior. Esses últimos eram usados
como seguranças, assassinos, etc.
Aprendi muito sobre Satanás e
quase tudo sobre suas mentiras. Ensinaram-me a respeito do poder dele, como me
amava e que eu fora rejeitada por Deus, e dentre tantas mulheres, a escolhida
para ser a sacerdotisa superior. As Irmãs da Luz falaram-me muito sobre a
oportunidade de tornar-me a Noiva Regional de Satã.
Em qualquer época existem de cinco
a dez Noivas Regionais de Satã nos Estados Unidos. É uma posição de grande
honra e poder. As Irmãs da Luz disseram que estavam convencidas de que eu tinha
condições para chegar a essa posição. Falavam, constantemente, dos benefícios
que receberia ao atingi-la. Então, determinei que a conseguiria.
O primeiro demônio que vira, foi
na primeira cerimônia em que assinara o pacto, já o segundo, foi o primeiro que
eu invoquei. Logo que executei o encantamento necessário, ele apareceu em uma
nuvem de fumaça que cheirava a enxofre. Todo o ritual fora rigorosamente
elaborado, passo a passo, e novamente, lá estava ele numa forma física. Era
enorme, quase três metros de altura. O seu corpo parecia com o de um homem, só
que um pouco diferente, era todo preto. Já sabíamos que era da classe dos
“Guerreiros Negros”. Seus olhos eram vermelhos como fogo, as mãos enormes e a
armadura que possuía era a própria pele, que parecia um tipo de casco de
tartaruga, e era negra e cheia de escamas duras. Cada uma com aproximadamente
dezesseis centímetros quadrados. Sabia que era um demônio poderoso e o invocara
só para certificar-me que podia fazê-lo.
Estando ele parado e olhando-me
fixamente, disse-lhe que eu era “a escolhida”. A resposta veio pronta: “Sei
quem é você e também que estou aqui para protegê-la por todo o tempo em que
você servir ao todo-poderoso, Satanás, nosso deus e senhor.” O nome dele era
Ri-Chan. Lutou muito por mim. No entanto, quando desobedecia a Satã, era punida
por ele.
Depois disso, passei a ver e
conversar com muitos demônios. Minha habilidade cresceu para ver o mundo
espiritual. Era capaz de conversar com os demônios mesmo que não se
manifestassem fisicamente. Raramente, pedia-os para aparecerem, exceto quando
queria impressionar ou atemorizar alguém na seita.
Mann-Chan foi o outro demônio
poderoso que convoquei durante uma das sessões do meu treinamento na casa da
sacerdotisa superior. Ela disse que eu chegara ao ponto em que deveria aprender
a fazer um encantamento especial, não fiquei sabendo o propósito, e, também,
não perguntei, já que aquele era um dia solene, devido aos preparativos. Minha
primeira ação foi desenhar a giz no chão um grande pentagrama e depois um
círculo ao redor do mesmo (o propósito do círculo é manter o demônio convocado
dentro do mesmo, a não ser que lhe seja dada a permissão para sair. Supõe-se
que o círculo protege a bruxa quando o demônio chega. Na realidade, eles fazem
muito mais do que é pedido. Por isso, rapidamente aprendi a convocar somente os
demônios mais fracos do que os que me protegiam). Coloquei, cuidadosamente, as velas
pretas nas pontas da estrela e a seguir uma bem maior no centro. Ao todo, seis.
Uma mesa com um prato quente fora colocado próximo ao pentagrama. Do mesmo
modo, uma chaleira preparada anteriormente pela sacerdotisa superior, estava
cheia de uma água benta e profanada. É benta para os católicos, porque o
sacerdote urinara dentro dela. Levaram, também, um cachorro e o mataram.
Puseram o sangue em uma jarra especial que depois foi dada a mim, para levar à
casa da sacerdotisa superior. Ela deu-me, então, pó e ervas. A água na chaleira
chegara a ferver no prato quente pouco antes que eu começasse o encantamento.
Não fiz perguntas, apenas obedeci
às instruções da sacerdotisa ao pé da letra. Assentei ao chão e fixei o olhar
na vela preta ao centro do pentagrama e comecei a murmurar: “Oh grande Satã,
poderoso criador do universo, imploro-te, dê-me um demônio para guiar-me e ser
luz na minha vida. Que ele me dê toda a sabedoria e conhecimento. Meu amado
senhor, atenda ao meu pedido!” Naquele instante a sacerdotisa falou o nome
Mann-Chan para mim.
Falei: “Mann-Chan, você é
bem-vindo ao meu corpo, peço que saia do seu esconderijo”. Tomei o pó, as
ervas, o sangue e os coloquei dentro da chaleira. O vapor imediatamente cobriu
a sala e sentimos um odor repugnante. Pequei um copo-de-pé, enchi-o com o
líquido da chaleira, coloquei-o cuidadosamente na mesa e esperei. Pouco depois
de cinco minutos o líquido se transformara em pó. Peguei o copo e atirei o pó
na bandeira da vela enorme no centro do pentagrama.
Instantes depois, uma bandeira
enorme surgiu, e a vela desaparecera em meio a uma luz branca ofuscante. À
medida em que a intensidade da luz diminuía, podia ver a figura inacreditável
de um homem jovem e elegante, seus cabelos eram negros como carvão e seus olhos
negros penetrantes irradiavam inteligência. Ajoelhei-me ao lado do pentagrama e
com um trapo apaguei o desenho para formar um atalho.
O homem que era, na verdade, o
demônio Mann-Chan veio para fora do pentagrama através do atalho que eu fizera.
Falando perfeitamente no meu idioma, de uma maneira educada e o que parecia ser
grande amor, ele disse que habitaria no meu corpo. Disse que ninguém iria me
machucar. Ele me daria todo o conhecimento e sabedoria e seria meu professor e
guia. Denominou-se o “redentor”. Consenti, muito mais enlevada pela beleza da
fisionomia dele. Assim, aproximou-se para entrar. No entanto pouco antes de
fazê-lo transformou-se da forma humana para a demoníaca que era: horrenda!
Estava nu. O rosto mudara da beleza para a crueldade. O brilho negro dos
cabelos transformara-se em um castanho opaco. Os fios ficaram ásperos,
esparsados e curtos, iguais aos de um porco espinho. Os olhos incrivelmente
escuros e maus. A boca aberta exibia as presas longas, afiadas e de um amarelo
encardido. Os braços longos e as mãos curtas com dedos de unhas grandes e
pontiagudas. Ouvi uma gargalhada de triunfo enquanto ele entrava no meu corpo.
Soltei um grito agudo, primeiro pela visão dele e depois por sua entrada. A dor
que senti era totalmente nova. Era como se meu corpo estivesse em chamas. Senti
como se estivesse morrendo, e de todo coração, eu desejei que fosse verdade.
Ri-Chan manifestou-se ao ouvir meu grito.
Pensou que talvez eu estivesse
sendo atacada. No entanto, Mann-Chan falou-lhe que ele não precisava se
preocupar. Quando a dor passou Mann-Chan disse que tudo fora uma pequena
demonstração do que me aconteceria se eu o desobedecesse e que também servia
para lembrar-me de que me possuíra para ficar, e, no mais, nada e nem
ninguém poderia fazê-lo sair!
Ele passara, então, a ser o
principal demônio em mim. Comunicava comigo, colocando pensamentos diretamente
na minha mente. E eu comunicava com ele ora em voz audível, ora com o espírito.
Na verdade, eu não constatara que ele não podia ler meus pensamentos. Ele
controlava-me e abria as portas para os outros irem e virem quando quisessem e
quando eu desejasse. Minha vida estava centrada nele, todos os meus esforços
estavam concentrados em dominá-lo, porém, era o inverso que acontecia. Com
freqüência, me deixava inconsciente e controlava meu corpo por completo,
usando-o e falando através da minha boca. Controlava até o que comia, o tanto
que dormia, a maneira como executava meu trabalho e até as pessoas com quem me
relacionava. Tudo na minha vida.
Ele me ensinou como usar os
demônios na guerra espiritual, e a maneira como poderia aproveitá-los para
fortalecer meu corpo espiritual, o modo de usá-los nos rituais para prejudicar
os outros, as bruxas, as igrejas e até mesmo os ministros do evangelho de Jesus
Cristo. Deu-me habilidade para falar muitas línguas e também para andar e falar
com grande autoridade e poder.
Entretanto, ele não era a luz que
prometera e nem possuía o amor e a beleza que vira nele. Era maligno e consumia
a minha alma e o meu corpo. Por não participar e nem apoiar os sacrifícios
humanos, ele me causava enorme dor e sofrimento. A minha vida era um pesadelo
sem fim. Minha existência era dúbia, fira, ao mesmo tempo, membro de uma seita
satânica e freqüentava uma igreja cristã onde ensinava, cantava e participava
de inúmeras atividades. Estava despedaçada e completamente presa.
Comecei a lutar contra muitas
bruxas. A batalha acontece de diversos modos. O mais comum é a bruxa mais forte
chamar os demônios da bruxa fraca, resultando na destruição desta última,
porque ela fica sem defesa. Os demônios não são leais, eles sempre vão para a
pessoa mais forte. O reino maligno é regido pela competição. É o oposto do
reino de Deus onde as pessoas servem umas às outras.
A batalha, raramente acontece no
plano físico, embora as bruxas usem os demônios para destruírem o corpo da
perdedora. Em particular, havia uma bruxa que me atacara, o seu nome era Sarah.
Tentei explicar-lhe que se ela não me deixasse eu a destruiria. Ela não
acreditou e começamos uma batalha ferrenha. O que presenciei foi horrendo: eu a
vi enfraquecer-se, à medida em que invocava os demônios dela para entrarem em
mim. No começo eles revidaram e senti meu corpo atirado contra a parede e minha
garganta estrangulada sem qualquer sinal visível de mãos. Agora, o que ela
presenciou foram muitos demônios, entre eles Mann-Chan e Ri-Chan, atirarem-se
contra ela. Começaram a rasgar-lhe o corpo. Finalmente ela constatou que eu era
a escolhida e logo me tornaria a sacerdotisa superior e que ela perdera a batalha.
Ela queria viver e eu agradeço a Deus por isso.
Como resultado dos ferimentos da
batalha, ela foi parar no hospital. Anos mais tarde, disse-me que fora durante
o período de internação, que ela aceitara a Jesus como Senhor e Salvador e que
passara a viver completamente para Ele. Fora totalmente transformada, e
acredite-me, a mudança foi linda.
O primeiro encontro com Satã
aconteceu pouco antes da cerimônia em que eu me tornaria uma sacerdotisa
superior. Ele veio até a mim num corpo físico, assentou-se e começou a falar.
Disse que eu seria sua sacerdotisa superior e que era muito especial para ele.
De acordo com ele, seria necessário um sacrifício, mais sangue derramado para a
minha “purificação”, só assim eu me tomaria sua sacerdotisa. Odiava aquilo, mas
fiquei aliviada ao saber que o que seria sacrificado era um animal.
O que vi era um homem extremamente
elegante, esplendoroso, alegre e brilhante. Parecia que me amava muito e que
jamais me causaria qualquer dano. Mann-Chan e Ri-Chan não deram qualquer
indicação de perigo. Estava por demais ansiosa por aquele ritual. Queria que
ele voltasse. Tinha dentro de mim uma profunda necessidade dele. Pela primeira
vez sentira-me verdadeiramente amada. Como eu estava errada! Ele me odiava e
sua intenção era apenas usar o meu corpo para proveito próprio e depois
destruir-me.
Freqüentei as reuniões
regularmente durante os dois anos do meu treinamento. Elas aconteciam em
celeiros, igrejas, casas, alojamentos, qualquer lugar. Certa vez, quando
Satanás estava presente, senti-me mais e mais atraída a ele, igual a uma
mariposa por uma lâmpada. Ele sabia o que estava acontecendo e que me fisgara
completamente.
Pouco antes de tornar-me uma
sacerdotisa superior, presenciei, pela primeira vez, um sacrifício humano.
Estávamos num celeiro. Éramos cerca de mil. A vítima, era um pequeno bebê. A
mãe o entregara, pensando ser uma grande honra. O desaparecimento dele e de
outros bebês não era investigado pela lei. Filhos ilegítimos, nascidos em casa
não eram registrados e as mães sequer faziam o pré-natal.
O bebê (uma menina), fora amarrado
a um altar de pedras que ficava sobre uma espécie de cruz de cabeça para baixo.
Jamais esquecerei o som terrível de seus gritos quando a sacerdotisa superior
enfiou-lhe a faca no peito arrancando o coração que ainda pulsava. O sangue
dela foi bebido primeiro pelo sacerdote superior e depois pela sacerdotisa. Os
outros membros que desejassem podiam fazê-lo também. Muitos fizeram, não apenas
para receberem novos e fortes demônios, mas também por acreditarem que aqueles
sacrifícios favoreceriam a fertilidade e os filhos que nascessem seriam
inteligentes e poderosos no satanismo.
Não consegui ir embora, estava
presa na multidão. O horror se apoderara de mim assim como o vazio e o
desespero. Perguntava a mim mesma porque Satanás quisera tal sacrifício. Não
era o sangue de Cristo suficiente? Tínhamos aprendido sobre a derrota de Cristo
na cruz e que seu sacrifício fora o último para Satã. Só que eu, ainda,
aprenderia que o desejo dele por sangue e destruição era insaciável.
A minha última batalha com a
sacerdotisa superior foi aprovada diretamente por Satanás. Aconteceu na igreja
onde eu encontrara as Irmãs da Luz pela primeira vez. Ele, com um simples aceno
de cabeça, deu-me permissão para começar. A batalha foi curta, durou apenas
vintes minutos. Ela estava velha e eu não queria matá-la porque a vida é muito
importante para mim. Ela desistiu, assim que constatou que estava fraca demais
para lutar. No ano seguinte suicidou-se.
Chegou o dia da cerimônia em que
me tornaria a sacerdotisa superior. O sacrifício com o sangue já fora feito.
Estava de frente para todos na igreja. Estavam presentes muitas pessoas e o
próprio Satã. Era um ritual importantíssimo, os enfeites da túnica branca que
eu vestia eram dourados e vermelhos. Puseram uma coroa de ouro puro sobre minha
cabeça e, então, assinei um novo pacto declarando ser a sacerdotisa superior de
Satanás. Não se ouvia sequer um som enquanto eu punha meu nome no papel. A
sacerdotisa superior, depois do consentimento dele, levantou-se para declarar
que eu era, agora, a substituta. Declarou também que eu não poderia ser
molestada por demônios, sacerdotes e sacerdotisas, bruxas ou quem quer que
fosse, porque era “A Escolhida”. A multidão parecia extasiada. Gritava, cantava
e dançava. O próprio Satã em sua forma física parecia estar jubilante. Vestido
de um branco esplendoroso, ele emanava grande autoridade.
A congregação curvou-se em louvor
a mim, a grande rainha, a rainha de Satanás “senhor todo-poderoso”. Estava do
lado dele para sempre comunicando-lhes suas ordens e desejos. Senti-me, pela
primeira vez na vida, verdadeiramente aceita. Estava enlevada, orgulhosa e
muito, muito poderosa a ponto de pensar que nem mesmo ele poderia destruir-me.
Estava sobre o altar de pedras.
Minhas roupas foram retiradas e Satanás fez sexo comigo para provar que eu era
a sua sacerdotisa (não só ele, mas também o sacerdote superior e muitos outros
fizeram o mesmo comigo). A congregação enlouqueceu, muitos eram viciados em
drogas e álcool e a reunião tornou-se uma orgia sexual. Satanás soltou uma
gargalhada de triunfo que eu nunca ouvira em toda vida. Meu corpo tornou-se
frio e rígido. Não me recordo de haver sentido tanta culpa, dor e sofrimento. O
vazio e a frieza que senti aquela noite eu nunca esquecerei.
“Como
se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os
filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si
mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram.. Ora naquele tempo havia
gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as
filhas dos homens, as quais lhes deram filhos;...” (Gn 6.1,2 e 4).