sábado, 24 de abril de 2021

Ele veio pra libertar os cativos - 03 - A irmandade


Elaine:
Sandy tornara-se minha amiga. A propósito, a única que eu tinha. Eu a conheci no grupo de jovens que mencionei anteriormente. Quando íamos à igreja não era para ouvir sobre o Senhor, era para nos envolvermos com os garotos de lá. Trabalhávamos em várias programações da mocidade e, também, estávamos juntos para estudar e sair.
Ela era muito bonita, possuidora de uma situação financeira melhor que a minha, vestia-se muito bem e era muito popular. Não parecia se preocupar com a diferença entre nós. Eu pensava que ela era minha amiga, mais por pena do que qualquer outro sentimento. Na ocasião, eu não sabia que ela era uma “recruta” da Irmandade. Sandy disse-me, pouco tempo depois do incidente com o capitão do time de futebol, que notara uma força especial em mim. Foi então que falou-me do lugar onde eu poderia aprimorá-la. “Olha”, ela disse, “sei que você é triste e solitária e acho que sei onde conseguiria ajuda. A igreja que freqüentamos não se importa de verdade com você, e para ser franca, nem mesmo Deus. Se Ele quisesse não teria permitido que você nascesse assim.” Então, ofereceu-me a chance de ir a um “acampamento de jovens” do grupo a que ela e a família pertenciam. Ela o chamava de “acampamento da igreja”. Este ficava à poucas milhas de distância e aconteceria no verão. Pensei a respeito e, como estávamos de férias escolares, não tendo mais o que fazer, decidi ir.
Falei aos meus pais que iria a um acampamento de uma determinada igreja. Na realidade eles nem se preocupavam com o que eu fizesse. Estava ao mesmo tempo receosa e eufórica, pensava, que finalmente, encontrara uma amiga e que talvez ir com ela seria a resposta para a minha solidão e questionamentos concernentes à estranha força dentro de mim. Ela falara sobre o acampamento vários dias antes, descrevera-o como o lugar onde eu poderia ser aceita, reconhecida e amada. Lá, os meus poderes poderiam ser usados e aperfeiçoados. Iria tornar-me importante e famosa ou quem sabe, rica, além de poder ter tudo o que desejasse. Na medida em que falava, eu sentia o estranho poder dentro de mim revolver-se e intensificar.
O que Sandy não fizera fora mencionar a palavra “seita” e dizer a verdade sobre o grupo. Vou parar aqui para dar a você um resumo sobre o mesmo.
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O grupo, que secretamente denomina-se “A Irmandade”, é constituído por pessoas que adoram a Satanás e são diretamente controladas por ele. É uma seita que, além de prejudicial, está crescendo rapidamente. Os dois maiores centros ficam nos EUA. Um na costa oeste, mais precisamente em Los Angeles, São Francisco, e o outro na parte ocidental onde moro. Eles se dividem em grupos locais chamados de “Assembléias”. Estas variam de cinco a dez pessoas podendo chegar a milhares. É a mesma seita que Hal Lindsey descreve em seu livro “Satanás está vivo e ativo no planeta Terra” e Mike Warnke em “Satã o vendedor”. Não esquecendo de que Doreen Irvine, na Inglaterra, escreveu sobre a mesma no livro “Livre da Feitiçaria”.
Esta seita, é extremamente secreta, e não se guarda nada que seja escrito. Até mesmo os contratos com Satã, assinados com sangue pelos membros, são queimados pelo sacerdote superior e pela sacerdotisa superior. (Isto não é nem do conhecimento dos membros que estão em uma posição inferior). Os satanistas se infiltram em qualquer nível da sociedade, rica ou pobre. Estão entre os de educação superior, a polícia, oficiais do governo, homens e mulheres de negócio, e até entre os chamados ministros cristãos. Muitos freqüentam a igreja e são considerados “cidadãos de respeito”, devido ao envolvimento nas atividades civis locais. Tudo funciona como disfarce, vivem vidas duplas e são experientes mestres do engano.
“E não é de admirar; porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.” (II Coríntios 11.14-15)
Nas reuniões, eles usam nomes falsos, para que ao se encontrarem nas ruas, não reconheçam uns aos outros pelo nome verdadeiro. Eles são rigidamente disciplinados por Satanás e seus demônios e praticam sacrifícios humanos várias vezes ao ano e sacrifício animal mensalmente. Os sacrifícios humanos, em sua maioria, são de bebês nascidos de casais membros da seita. Todos os cuidados e até o parto são realizados por médicos e enfermeiras dentro da Irmandade. Assim, a mãe nunca é vista, o bebê não é registrado e nem mesmo sua morte. Entre os sacrifícios estão: os que são raptados, um determinado membro quando está sob disciplina ou os voluntários. Os últimos, penso eu, é por não suportarem mais a si mesmos.
Muitos são assassinos frios e sanguinários, extremamente habilidosos.
Cada Assembléia é liderada por um sacerdote superior e por uma sacerdotisa superior. Eles chegam à essa posição, quando acham “graça” diante de Satã, por meio da execução de determinadas tarefas e pela obtenção de altos poderes de bruxaria. São muitas as disputas entre os membros dentro da própria seita. Existe também uma sociedade elitizada de bruxas que se denominam As Irmãs da Luz. Não deixando de mencionar outros grupos nos EUA que se denominam “Os Iluminados”. A maioria não faz parte da Irmandade. Os que são ligados a ela são os Iluminados que descendem diretamente dos “Druidas” (sacerdotes dos antigos Celtas) na Inglaterra. Eles são perigosos e extremamente poderosos. Praticam com freqüência sacrifícios humanos.
As Irmãs da luz vieram da Europa para os Estados Unidos em meados do século XVIII, época sombria no continente europeu. Não obstante, suas raízes fundamentam-se nas feiticeiras do Egito antigo e da Babilônia que possuíam poderes o suficiente para reproduzir três entre as dez pragas enviadas sobre o Egito no tempo de Moisés (veja Êxodo capítulo 7). Elas são incrivelmente poderosas. Capazes de produzir doenças e até mesmo morte sem ter o mínimo contato físico com a vítima. Para tanto, contam com a cumplicidade dos demônios. Infelizmente, são iludidas a pensar que estão no controle, quando, na verdade, elas é que são controladas e usadas para os desígnios do diabo e seus demônios.
Incríveis atrocidades são cometidos na seita por pessoas controladas pelos demônios. Elas chegam ao extremo de perder todas as emoções de amor e compaixão e tornam-se tão cruéis que dificilmente parecem humanas. Abordarei sobre esse assunto mais tarde.
O rápido crescimento da Irmandade é um marco do final dos tempos e um cumprimento da profecia bíblica.
Nos Estados Unidos, e por todo o mundo, existem milhares de pessoas e seitas que adoram e servem a Satanás usando diversos e diferentes nomes. Muitos o chamam de “mestre”. Os costumes e estilo de adoração variam muito de uma organização para outra.
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Eu, pessoalmente, acabei dentro de uma dessas seitas quando fui ao acampamento naquele verão. Ficara bastante excitada. Excitação essa, que se perde à proporção do que se vê, sente e escuta. Levaram-me, primeiramente, a um salão onde ficamos a fim de que eu me sentisse à vontade. O acampamento possuía muitas instalações: museus, bibliotecas, lugares em que eram praticados a quiromancia, o hipnotismo, a leitura do tarô e das cartas e o vodu. Alguns adeptos, viviam lá o ano todo, enquanto que outros não. Era nesse lugar que a seita funcionava oficialmente sem o conhecimento do público.
Freqüentamos muitas aulas em que fomos ensinados a usar e aprimorar nossos “poderes”. Sandy levou-me ao primeiro encontro com as Irmãs da Luz. Mais tarde, eu viria a saber que elas me vigiaram por toda a infância desde a época em que meu sangue fora “vendido” por Helen e Grace.
Sandy levou-me a uma enorme igreja satânica, que ficava aos fundos, duas horas antes da principal reunião da noite. Como o sol estava se pondo, toda a igreja ficara escura, exceto pelas treze velas cuidadosamente dispostas ao chão na parte da frente do recinto. Elas formavam sombras medonhas. E, essa sombras eram das treze figuras assentadas, cada uma, atrás de cada vela. À medida em que nos aproximávamos pude notar que se tratava de treze mulheres. Estavam vestidas igualmente, com túnicas longas e brancas. Tinham, também, capuzes nas cabeças e estavam assentadas com as pernas cruzadas sobre o chão limpíssimo, as costas eretas, os braços cruzados sobre o peito, olhavam fixamente e totalmente concentradas para as velas.
As velas mediam cerca de setenta centímetros de altura por 8 de espessura. Eram de cera preta, colocadas no topo de longas escotas de papel elegantemente decoradas. A cera derretida caía sobre o papel. As mulheres não usavam jóias ou quaisquer enfeites, não faziam movimentos, exceto, o dos lábios pelos contínuos cantos e zumbidos das preces oferecidas a Satanás. Havia naquele lugar um poder que, ao mesmo tempo que me fascinava, me assustava. Pude senti-lo enquanto observei aquele ritual de duas horas.
Na noite seguinte, fui levada outra vez, para assistir a mesma cerimônia. Sabia que eram As Irmãs da Luz apenas porque Sandy dissera. Outros se referiam a elas como as “Mães”, e poucos nem mesmo sabiam que elas eram um grupo elitizado. Os homens não sabiam nada sobre a identidade delas, porque eram estritamente excluídos do grupo. Entretanto, eram a força na seita e formavam uma rigorosa guarda. As Irmãs não toleravam “fraqueza” em quaisquer dos membros. Os “fracos” eram destruídos e poucas eram as mulheres jovens no meio delas.
Aproximara-me de uma das mulheres depois do ritual na segunda noite e ela disse que observara meu interesse e conhecia o poder que eu possuía. Falou, também, que queria que eu fizesse parte do programa de treinamento. Eram casuais e bondosas. Disseram que eu poderia desenvolver e aprimorar meu poder. Assim, engoli a isca, a linha e afundei.
No começo, diziam que eu poderia ter grandeza e usufruir do poder para ter o que quisesse. Foram, também, as primeiras a dizer-me que aquele poder era de Satanás e não de Deus. E que aquele, e não este, era o verdadeiro Deus. Ensinaram-me a cantar e fazer as preces, e que para tudo o que necessitasse era só acender minha vela e depositar as orações diante dela. Não deveria ser egoísta pedindo só para mim, deveria orar pelos outros e o pedido poderia ser tanto para o sucesso, como para a ruína de alguém. Não houve nenhuma diferença nesse sentido enquanto o nome no papel continuou o mesmo: o meu.
Chegou, finalmente, o último dia do acampamento e eu me preparei para voltar. Num relance confrontei-me com o fato de que a bondade das pessoas, naquele campo, era uma fachada e que o meu envolvimento não era nenhum jogo e nem voluntário. Quando encontrei Sandy para a viagem de volta, ela disse-me que acabara de conversar com as Irmãs da Luz e que elas estavam oferecendo treinamento “especial” para mim e os outros “especialmente dotados”. E, que tanto o sacerdote superior como a sacerdotisa queiram falar brevemente comigo na igreja antes da partida.
Acompanhada pelos outros entrei no templo. Tínhamos acabado de entrar quando os guardas nas portas nos barraram e disseram que esperássemos diante do pequeno grupo na frente da igreja. A sacerdotisa superior aproximou-se dizendo que havíamos sido escolhidos para nos tornarmos integrantes da Irmandade. Para isso, teríamos de assinar um pacto de sangue com Satanás na reunião da noite seguinte. Perguntei o que havia no pacto, e a resposta que me deram foi que eu entregaria meu próprio corpo, alma e espírito ao “nosso grande pai Satã”, em gratidão às muitas bênção vindas dele. Comunicaram-nos que se não o quiséssemos fazer, eles usariam de certa “persuasão” para mudar nossas mentes. Retruquei que, sob nenhuma circunstância, assinaria tal contrato. No mesmo instante, a sacerdotisa advertiu-me que eu não teria outra escolha. Olhei diretamente nos olhos dela e disse: “Vá para o inferno! Sua bruxa! Acho que vocês são todos esquisitos e não farei isso.”
Imediatamente, um dos guardas veio por trás e agarrou o meu braço pelo punho, puxando-o para trás com tanta força, que senti como se estivesse quebrado. Falou que eu deveria ajoelhar-me diante da sacerdotisa e que deveria pedir perdão pelo meu desrespeito, senão ele iria me bater até que o fizesse. Insultando-o gritei: “Então vá em frente! Comece! Porque não me curvarei para mulher nenhuma!”.
Ele atirou-se sobre mim e no primeiro agarro, jogou-me com toda força no templo. Não me recordo de nada, a não ser, o momento em que acordei numa cela. Ela media cerca de um metro e meio por um metro e meio, tinha o chão de madeira áspera, e estava completamente vazia. Na porta, tinha uma pequena janela, de modo que eu pudesse ser observada pelo lado de fora. Era completamente escura, e eu ficara lá por vinte e quatro horas. O que me pareceu vários dias. Não era permitido dormir, as vozes bradavam todo o tempo. Diziam-me, repetidamente, que toda glória, honra e veneração eram devidas à Satanás. E que eu deveria pedir perdão a ele, o senhor do universo. Diziam, também, que se eu não aderisse às regras e assinasse o pacto, eles me torturariam e matariam minha família que já estava sendo observada por eles. Não me deram água ou comida durante aquele período.
Na noite seguinte, levaram-me à uma outra sala onde fui encontrada por duas Irmãs da Luz. Ajudaram-me a tomar banho e colocaram uma túnica sobre o meu corpo nu. Fiquei descalça. A túnica chegava ao chão e fora amarrada à cintura por um cordão branco. Nela havia capuz e mangas longas e não tinha enfeites. As mulheres disseram-me para não lutar e tentar impedir meu destino, disseram que receberia maravilhosas bênçãos como resultado da entrega ao “meu pai Satanás”.
Transportaram-me à reunião dentro de um furgão. De modo que eu não pudesse ver para onde estávamos indo. A reunião não era na igreja porque vi, de relance, a construção quando bruscamente colocaram-me nela. Não tinha janelas e os fundos eram de madeira. Parecia um armazém construído numa fazenda. No chão de madeira havia feno. Era um lugar isolado.
Era iluminada apenas por algumas velas que tremulavam nas paredes. Estavam arranjadas em grupo de três: uma preta, uma vermelha e outra branca. Estavam presentes cerca de duzentas a trezentas pessoas assentadas em bancos planos de madeira, virados para a frente da construção. Na frente, havia uma plataforma com tochas, cerca de um metro cada uma, que ardiam nos cantos. No meio da plataforma um altar feito de pedras asperamente cortadas. Construíram-no sobre cavaletes (aprenderia mais tarde que estes cavaletes eram para promover fácil mobilidade). As pedras eram cinzas com manchas amarronzadas do sangue de muitos sacrifícios. Tanto de animais como de humanos.
Apesar do medo e do cansaço, senti uma comovente excitação enquanto o tremendo poder invisível do lugar parecia fazer reagir o poder em mim. O incenso estava queimando e enchia o recinto com o ardor. Penso que existia algum tipo de droga nele porque rapidamente me senti um pouco tonta. A sala estava completamente silenciosa enquanto a platéia aguardava com expectativa, o surgimento dos encapuzados sobre a plataforma. Depois de um sinal, que não fora visto, muitos sininhos começaram a tocar, e das sombras surgiram o sacerdote superior e a sacerdotisa superior.
Ambos vestiam túnicas idênticas. Eram de cetim, do mesmo modelo da minha, e adornadas de vermelho nas orlas e nos punhos das mangas. Os cordões à cintura eram dourados. Estavam descalços como todos os outros e tinham nas mãos cetros medindo cerca de um metro. O cetro dela era dourado, no topo do mesmo havia uma cruz de cabeça para baixo e uma serpente enrolada ao redor do cabo e, também, sobre a cruz. Já o dele, tinha o mesmo desenho só que de prata. Eram carregados solenemente na curvatura dos braços A presença de ambos os sacerdotes indicava autoridade e pela primeira vez tive consciência do poder que eles tinham e invejei-os. Os guardas estavam fora e dentro do recinto fortemente armados. Pela primeira vez eu estava em um ritual de verdade. Tudo o mais foram jogos, brincadeiras e exibições. Depois dessas observações, dois guardas me levaram até ao altar, e fomos apresentados à congregação como os novos membros “ansiosos” para congregar. O sacerdote voltou-se primeiro para mim e disse: “Irmãos e Irmãs de Satã, trazemos a vocês esta filha, Irmã Coragem (meu novo nome), ela está aqui porque pediu para se tornar uma de nós, e agora, diante do nosso senhor, mestre do universo e também destruidor, Satanás, dizemos: “Esta filha, irmã Coragem, damos a ti para que faças dela o que desejares. Nós prometemos a ela tuas bênçãos como nos guiastes a fazer”.
Em seguida, deram-me uma faca para que eu cortasse meu dedo. Como recusei-me a fazê-lo, um dos guardas deu-me uma violenta chicotada nas costas fazendo-me contorcer de dor. Não obstante, estava determinada a não me curvar perante eles. Com um movimento rápido da mão a sacerdotisa superior fez sinal para que ele parasse de me bater. Disse em tom de desdém que haviam outros meios mais eficazes de mostrar-me meu erro.
Atônita eu olhava enquanto ela e o sacerdote tomavam lugares, opostos, em um enorme pentagrama (estrela de cinco pontas) desenhado no chão no meio do altar. Ele fora desenhado dentro de um círculo. Havia, também, velas pretas em cada ponta da estrela.
Com um simples movimento das mãos, a sacerdotisa acendeu-as sem sequer tocar nelas. Começou então o encantamento. O sacerdote ajuntou-se ao coro. Em determinadas partes, marcadas pelo badalar de pequenos sinos, a platéia cantava junto.
Repentinamente, o pentagrama ficou invisível sob uma cobertura de fumaça e uma ofuscante luz. A sala encheu-se, instantaneamente, de um odor de enxofre queimado. Um demônio gigantesco manifestou-se no centro do círculo. Bandeiras rodeavam-no. Sua altura era de aproximadamente dois metros e meio. Ele olhou-me de um jeito ameaçador movimentando-se para frente e para trás. A sacerdotisa superior (Grace) voltou-se para mim e disse que se não assinasse o pacto, o demônio iria me torturar até me matar. Já era o suficiente! Nunca sentira lauto medo. Mas, ao mesmo tempo desejava ardentemente o poder demonstrado por Grace. Estava determinada a ser tão poderosa como ela. Só assim, poderia vingar-me de tudo o que os outros me fizeram.
Quando consenti em assinar o contrato, duas mulheres vieram e colocaram uma túnica preta sobre a branca que eu vestia. A túnica preta, feita de algodão, era do mesmo modelo. A cor preta indicava que eu não era mais uma novata. Peguei a faca que me ofereceram e cortei profundamente o dedo. Mergulhei uma pena em meu próprio sangue e assinei o pacto. Assim eu entregava meu corpo, alma e espírito a Satanás.
Terminando de fazê-lo, fui envolvida em uma descarga elétrica de energia que começou no alto da minha cabeça indo até as pontas meus dos pés. Foi tão forte que caí nocauteada ao chão. Ao tentar me levantar, constatei que Grace estava fazendo outro encantamento. Invocava outro demônio. Este, dizendo que moraria dentro de mim, aproximou-se pegando-me rudemente pelos ombros antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, e logo, senti-me agonizar. Um calor intenso apoderou-se do meu corpo e senti aquele cheiro de enxofre novamente. Desmaiei em meio àquela agonia e só acordei quando fui rudemente carregada para o caminhão para a viagem de volta. Estava tão exausta e confusa pela falta de sono, comida, água e pelos maus tratos, que não podia compreender o sentido exato de tudo o que acontecera a mim.
Permaneci no acampamento por mais duas semanas até que meus ferimentos e queimaduras sarassem. Quando cheguei em casa, estava certa de ser uma das pessoas mais poderosas da terra. Sabia possuir uma força fora da compreensão da maioria das pessoas e pensava que nada, nem ninguém, poderia destruir-me.
Como estava errada!