Elaine:
Sandy tornara-se minha amiga. A
propósito, a única que eu tinha. Eu a conheci no grupo de jovens que mencionei
anteriormente. Quando íamos à igreja não era para ouvir sobre o Senhor, era
para nos envolvermos com os garotos de lá. Trabalhávamos em várias programações
da mocidade e, também, estávamos juntos para estudar e sair.
Ela era muito bonita, possuidora
de uma situação financeira melhor que a minha, vestia-se muito bem e era muito
popular. Não parecia se preocupar com a diferença entre nós. Eu pensava que ela
era minha amiga, mais por pena do que qualquer outro sentimento. Na ocasião, eu
não sabia que ela era uma “recruta” da Irmandade. Sandy disse-me, pouco tempo
depois do incidente com o capitão do time de futebol, que notara uma força
especial em mim. Foi então que falou-me do lugar onde eu poderia aprimorá-la.
“Olha”, ela disse, “sei que você é triste e solitária e acho que sei onde
conseguiria ajuda. A igreja que freqüentamos não se importa de verdade com
você, e para ser franca, nem mesmo Deus. Se Ele quisesse não teria permitido
que você nascesse assim.” Então, ofereceu-me a chance de ir a um “acampamento
de jovens” do grupo a que ela e a família pertenciam. Ela o chamava de
“acampamento da igreja”. Este ficava à poucas milhas de distância e aconteceria
no verão. Pensei a respeito e, como estávamos de férias escolares, não tendo
mais o que fazer, decidi ir.
Falei aos meus pais que iria a um
acampamento de uma determinada igreja. Na realidade eles nem se preocupavam com
o que eu fizesse. Estava ao mesmo tempo receosa e eufórica, pensava, que
finalmente, encontrara uma amiga e que talvez ir com ela seria a resposta para
a minha solidão e questionamentos concernentes à estranha força dentro de mim.
Ela falara sobre o acampamento vários dias antes, descrevera-o como o lugar
onde eu poderia ser aceita, reconhecida e amada. Lá, os meus poderes poderiam
ser usados e aperfeiçoados. Iria tornar-me importante e famosa ou quem sabe,
rica, além de poder ter tudo o que desejasse. Na medida em que falava, eu
sentia o estranho poder dentro de mim revolver-se e intensificar.
O que Sandy não fizera fora
mencionar a palavra “seita” e dizer a verdade sobre o grupo. Vou parar aqui
para dar a você um resumo sobre o mesmo.
***
O grupo, que secretamente
denomina-se “A Irmandade”, é constituído por pessoas que adoram a Satanás e são
diretamente controladas por ele. É uma seita que, além de prejudicial, está
crescendo rapidamente. Os dois maiores centros ficam nos EUA. Um na costa
oeste, mais precisamente em Los Angeles, São Francisco, e o outro na parte
ocidental onde moro. Eles se dividem em grupos locais chamados de
“Assembléias”. Estas variam de cinco a dez pessoas podendo chegar a milhares. É
a mesma seita que Hal Lindsey descreve em seu livro “Satanás está vivo e ativo
no planeta Terra” e Mike Warnke em “Satã o vendedor”. Não esquecendo de que
Doreen Irvine, na Inglaterra, escreveu sobre a mesma no livro “Livre da
Feitiçaria”.
Esta seita, é extremamente
secreta, e não se guarda nada que seja escrito. Até mesmo os contratos com
Satã, assinados com sangue pelos membros, são queimados pelo sacerdote superior
e pela sacerdotisa superior. (Isto não é nem do conhecimento dos membros que
estão em uma posição inferior). Os satanistas se infiltram em qualquer nível da
sociedade, rica ou pobre. Estão entre os de educação superior, a polícia,
oficiais do governo, homens e mulheres de negócio, e até entre os chamados
ministros cristãos. Muitos freqüentam a igreja e são considerados “cidadãos de
respeito”, devido ao envolvimento nas atividades civis locais. Tudo funciona
como disfarce, vivem vidas duplas e são experientes mestres do engano.
“E
não é de admirar; porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é
muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de
justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.” (II Coríntios 11.14-15)
Nas reuniões, eles usam nomes
falsos, para que ao se encontrarem nas ruas, não reconheçam uns aos outros pelo
nome verdadeiro. Eles são rigidamente disciplinados por Satanás e seus demônios
e praticam sacrifícios humanos várias vezes ao ano e sacrifício animal
mensalmente. Os sacrifícios humanos, em sua maioria, são de bebês nascidos de
casais membros da seita. Todos os cuidados e até o parto são realizados por
médicos e enfermeiras dentro da Irmandade. Assim, a mãe nunca é vista, o bebê
não é registrado e nem mesmo sua morte. Entre os sacrifícios estão: os que são
raptados, um determinado membro quando está sob disciplina ou os voluntários.
Os últimos, penso eu, é por não suportarem mais a si mesmos.
Muitos são assassinos frios e
sanguinários, extremamente habilidosos.
Cada Assembléia é liderada por um
sacerdote superior e por uma sacerdotisa superior. Eles chegam à essa posição,
quando acham “graça” diante de Satã, por meio da execução de determinadas
tarefas e pela obtenção de altos poderes de bruxaria. São muitas as disputas
entre os membros dentro da própria seita. Existe também uma sociedade elitizada
de bruxas que se denominam As Irmãs da Luz. Não deixando de mencionar outros
grupos nos EUA que se denominam “Os Iluminados”. A maioria não faz parte da
Irmandade. Os que são ligados a ela são os Iluminados que descendem diretamente
dos “Druidas” (sacerdotes dos antigos Celtas) na Inglaterra. Eles são perigosos
e extremamente poderosos. Praticam com freqüência sacrifícios humanos.
As Irmãs da luz vieram da Europa
para os Estados Unidos em meados do século XVIII, época sombria no continente
europeu. Não obstante, suas raízes fundamentam-se nas feiticeiras do Egito
antigo e da Babilônia que possuíam poderes o suficiente para reproduzir três
entre as dez pragas enviadas sobre o Egito no tempo de Moisés (veja Êxodo
capítulo 7). Elas são incrivelmente poderosas. Capazes de produzir doenças e
até mesmo morte sem ter o mínimo contato físico com a vítima. Para tanto,
contam com a cumplicidade dos demônios. Infelizmente, são iludidas a pensar que
estão no controle, quando, na verdade, elas é que são controladas e usadas para
os desígnios do diabo e seus demônios.
Incríveis atrocidades são
cometidos na seita por pessoas controladas pelos demônios. Elas chegam ao
extremo de perder todas as emoções de amor e compaixão e tornam-se tão cruéis
que dificilmente parecem humanas. Abordarei sobre esse assunto mais tarde.
O rápido crescimento da Irmandade
é um marco do final dos tempos e um cumprimento da profecia bíblica.
Nos Estados Unidos, e por todo o
mundo, existem milhares de pessoas e seitas que adoram e servem a Satanás
usando diversos e diferentes nomes. Muitos o chamam de “mestre”. Os costumes e
estilo de adoração variam muito de uma organização para outra.
***
Eu, pessoalmente, acabei dentro de
uma dessas seitas quando fui ao acampamento naquele verão. Ficara bastante
excitada. Excitação essa, que se perde à proporção do que se vê, sente e
escuta. Levaram-me, primeiramente, a um salão onde ficamos a fim de que eu me
sentisse à vontade. O acampamento possuía muitas instalações: museus,
bibliotecas, lugares em que eram praticados a quiromancia, o hipnotismo, a
leitura do tarô e das cartas e o vodu. Alguns adeptos, viviam lá o ano todo,
enquanto que outros não. Era nesse lugar que a seita funcionava oficialmente
sem o conhecimento do público.
Freqüentamos muitas aulas em que
fomos ensinados a usar e aprimorar nossos “poderes”. Sandy levou-me ao primeiro
encontro com as Irmãs da Luz. Mais tarde, eu viria a saber que elas me vigiaram
por toda a infância desde a época em que meu sangue fora “vendido” por Helen e
Grace.
Sandy levou-me a uma enorme igreja
satânica, que ficava aos fundos, duas horas antes da principal reunião da
noite. Como o sol estava se pondo, toda a igreja ficara escura, exceto pelas
treze velas cuidadosamente dispostas ao chão na parte da frente do recinto.
Elas formavam sombras medonhas. E, essa sombras eram das treze figuras
assentadas, cada uma, atrás de cada vela. À medida em que nos aproximávamos pude
notar que se tratava de treze mulheres. Estavam vestidas igualmente, com
túnicas longas e brancas. Tinham, também, capuzes nas cabeças e estavam
assentadas com as pernas cruzadas sobre o chão limpíssimo, as costas eretas, os
braços cruzados sobre o peito, olhavam fixamente e totalmente concentradas para
as velas.
As velas mediam cerca de setenta
centímetros de altura por 8 de espessura. Eram de cera preta, colocadas no topo
de longas escotas de papel elegantemente decoradas. A cera derretida caía sobre
o papel. As mulheres não usavam jóias ou quaisquer enfeites, não faziam
movimentos, exceto, o dos lábios pelos contínuos cantos e zumbidos das preces
oferecidas a Satanás. Havia naquele lugar um poder que, ao mesmo tempo que me
fascinava, me assustava. Pude senti-lo enquanto observei aquele ritual de duas
horas.
Na noite seguinte, fui levada
outra vez, para assistir a mesma cerimônia. Sabia que eram As Irmãs da Luz
apenas porque Sandy dissera. Outros se referiam a elas como as “Mães”, e poucos
nem mesmo sabiam que elas eram um grupo elitizado. Os homens não sabiam nada
sobre a identidade delas, porque eram estritamente excluídos do grupo.
Entretanto, eram a força na seita e formavam uma rigorosa guarda. As Irmãs não
toleravam “fraqueza” em quaisquer dos membros. Os “fracos” eram destruídos e
poucas eram as mulheres jovens no meio delas.
Aproximara-me de uma das mulheres
depois do ritual na segunda noite e ela disse que observara meu interesse e
conhecia o poder que eu possuía. Falou, também, que queria que eu fizesse parte
do programa de treinamento. Eram casuais e bondosas. Disseram que eu poderia
desenvolver e aprimorar meu poder. Assim, engoli a isca, a linha e afundei.
No começo, diziam que eu poderia
ter grandeza e usufruir do poder para ter o que quisesse. Foram, também, as
primeiras a dizer-me que aquele poder era de Satanás e não de Deus. E que
aquele, e não este, era o verdadeiro Deus. Ensinaram-me a cantar e fazer as
preces, e que para tudo o que necessitasse era só acender minha vela e
depositar as orações diante dela. Não deveria ser egoísta pedindo só para mim,
deveria orar pelos outros e o pedido poderia ser tanto para o sucesso, como
para a ruína de alguém. Não houve nenhuma diferença nesse sentido enquanto o
nome no papel continuou o mesmo: o meu.
Chegou, finalmente, o último dia
do acampamento e eu me preparei para voltar. Num relance confrontei-me com o
fato de que a bondade das pessoas, naquele campo, era uma fachada e que o meu
envolvimento não era nenhum jogo e nem voluntário. Quando encontrei Sandy para
a viagem de volta, ela disse-me que acabara de conversar com as Irmãs da Luz e
que elas estavam oferecendo treinamento “especial” para mim e os outros
“especialmente dotados”. E, que tanto o sacerdote superior como a sacerdotisa
queiram falar brevemente comigo na igreja antes da partida.
Acompanhada pelos outros entrei no
templo. Tínhamos acabado de entrar quando os guardas nas portas nos barraram e
disseram que esperássemos diante do pequeno grupo na frente da igreja. A
sacerdotisa superior aproximou-se dizendo que havíamos sido escolhidos para nos
tornarmos integrantes da Irmandade. Para isso, teríamos de assinar um pacto de
sangue com Satanás na reunião da noite seguinte. Perguntei o que havia no
pacto, e a resposta que me deram foi que eu entregaria meu próprio corpo, alma
e espírito ao “nosso grande pai Satã”, em gratidão às muitas bênção vindas
dele. Comunicaram-nos que se não o quiséssemos fazer, eles usariam de certa
“persuasão” para mudar nossas mentes. Retruquei que, sob nenhuma circunstância,
assinaria tal contrato. No mesmo instante, a sacerdotisa advertiu-me que eu não
teria outra escolha. Olhei diretamente nos olhos dela e disse: “Vá para o
inferno! Sua bruxa! Acho que vocês são todos esquisitos e não farei isso.”
Imediatamente, um dos guardas veio
por trás e agarrou o meu braço pelo punho, puxando-o para trás com tanta força,
que senti como se estivesse quebrado. Falou que eu deveria ajoelhar-me diante
da sacerdotisa e que deveria pedir perdão pelo meu desrespeito, senão ele iria
me bater até que o fizesse. Insultando-o gritei: “Então vá em frente! Comece!
Porque não me curvarei para mulher nenhuma!”.
Ele atirou-se sobre mim e no
primeiro agarro, jogou-me com toda força no templo. Não me recordo de nada, a
não ser, o momento em que acordei numa cela. Ela media cerca de um metro e meio
por um metro e meio, tinha o chão de madeira áspera, e estava completamente
vazia. Na porta, tinha uma pequena janela, de modo que eu pudesse ser observada
pelo lado de fora. Era completamente escura, e eu ficara lá por vinte e quatro
horas. O que me pareceu vários dias. Não era permitido dormir, as vozes
bradavam todo o tempo. Diziam-me, repetidamente, que toda glória, honra e
veneração eram devidas à Satanás. E que eu deveria pedir perdão a ele, o senhor
do universo. Diziam, também, que se eu não aderisse às regras e assinasse o
pacto, eles me torturariam e matariam minha família que já estava sendo
observada por eles. Não me deram água ou comida durante aquele período.
Na noite seguinte, levaram-me à
uma outra sala onde fui encontrada por duas Irmãs da Luz. Ajudaram-me a tomar
banho e colocaram uma túnica sobre o meu corpo nu. Fiquei descalça. A túnica
chegava ao chão e fora amarrada à cintura por um cordão branco. Nela havia
capuz e mangas longas e não tinha enfeites. As mulheres disseram-me para não
lutar e tentar impedir meu destino, disseram que receberia maravilhosas bênçãos
como resultado da entrega ao “meu pai Satanás”.
Transportaram-me à reunião dentro
de um furgão. De modo que eu não pudesse ver para onde estávamos indo. A
reunião não era na igreja porque vi, de relance, a construção quando
bruscamente colocaram-me nela. Não tinha janelas e os fundos eram de madeira.
Parecia um armazém construído numa fazenda. No chão de madeira havia feno. Era
um lugar isolado.
Era iluminada apenas por algumas
velas que tremulavam nas paredes. Estavam arranjadas em grupo de três: uma
preta, uma vermelha e outra branca. Estavam presentes cerca de duzentas a
trezentas pessoas assentadas em bancos planos de madeira, virados para a frente
da construção. Na frente, havia uma plataforma com tochas, cerca de um metro
cada uma, que ardiam nos cantos. No meio da plataforma um altar feito de pedras
asperamente cortadas. Construíram-no sobre cavaletes (aprenderia mais tarde que
estes cavaletes eram para promover fácil mobilidade). As pedras eram cinzas com
manchas amarronzadas do sangue de muitos sacrifícios. Tanto de animais como de
humanos.
Apesar do medo e do cansaço, senti
uma comovente excitação enquanto o tremendo poder invisível do lugar parecia
fazer reagir o poder em mim. O incenso estava queimando e enchia o recinto com
o ardor. Penso que existia algum tipo de droga nele porque rapidamente me senti
um pouco tonta. A sala estava completamente silenciosa enquanto a platéia
aguardava com expectativa, o surgimento dos encapuzados sobre a plataforma.
Depois de um sinal, que não fora visto, muitos sininhos começaram a tocar, e
das sombras surgiram o sacerdote superior e a sacerdotisa superior.
Ambos vestiam túnicas idênticas.
Eram de cetim, do mesmo modelo da minha, e adornadas de vermelho nas orlas e
nos punhos das mangas. Os cordões à cintura eram dourados. Estavam descalços
como todos os outros e tinham nas mãos cetros medindo cerca de um metro. O
cetro dela era dourado, no topo do mesmo havia uma cruz de cabeça para baixo e
uma serpente enrolada ao redor do cabo e, também, sobre a cruz. Já o dele,
tinha o mesmo desenho só que de prata. Eram carregados solenemente na curvatura
dos braços A presença de ambos os sacerdotes indicava autoridade e pela
primeira vez tive consciência do poder que eles tinham e invejei-os. Os guardas
estavam fora e dentro do recinto fortemente armados. Pela primeira vez eu
estava em um ritual de verdade. Tudo o mais foram jogos, brincadeiras e
exibições. Depois dessas observações, dois guardas me levaram até ao altar, e
fomos apresentados à congregação como os novos membros “ansiosos” para
congregar. O sacerdote voltou-se primeiro para mim e disse: “Irmãos e Irmãs de
Satã, trazemos a vocês esta filha, Irmã Coragem (meu novo nome), ela está aqui
porque pediu para se tornar uma de nós, e agora, diante do nosso senhor, mestre
do universo e também destruidor, Satanás, dizemos: “Esta filha, irmã Coragem,
damos a ti para que faças dela o que desejares. Nós prometemos a ela tuas
bênçãos como nos guiastes a fazer”.
Em seguida, deram-me uma faca para
que eu cortasse meu dedo. Como recusei-me a fazê-lo, um dos guardas deu-me uma
violenta chicotada nas costas fazendo-me contorcer de dor. Não obstante, estava
determinada a não me curvar perante eles. Com um movimento rápido da mão a
sacerdotisa superior fez sinal para que ele parasse de me bater. Disse em tom
de desdém que haviam outros meios mais eficazes de mostrar-me meu erro.
Atônita eu olhava enquanto ela e o
sacerdote tomavam lugares, opostos, em um enorme pentagrama (estrela de cinco
pontas) desenhado no chão no meio do altar. Ele fora desenhado dentro de um
círculo. Havia, também, velas pretas em cada ponta da estrela.
Com um simples movimento das mãos,
a sacerdotisa acendeu-as sem sequer tocar nelas. Começou então o encantamento.
O sacerdote ajuntou-se ao coro. Em determinadas partes, marcadas pelo badalar
de pequenos sinos, a platéia cantava junto.
Repentinamente, o pentagrama ficou
invisível sob uma cobertura de fumaça e uma ofuscante luz. A sala encheu-se,
instantaneamente, de um odor de enxofre queimado. Um demônio gigantesco
manifestou-se no centro do círculo. Bandeiras rodeavam-no. Sua altura era de
aproximadamente dois metros e meio. Ele olhou-me de um jeito ameaçador
movimentando-se para frente e para trás. A sacerdotisa superior (Grace)
voltou-se para mim e disse que se não assinasse o pacto, o demônio iria me
torturar até me matar. Já era o suficiente! Nunca sentira lauto medo. Mas, ao
mesmo tempo desejava ardentemente o poder demonstrado por Grace. Estava
determinada a ser tão poderosa como ela. Só assim, poderia vingar-me de tudo o
que os outros me fizeram.
Quando consenti em assinar o
contrato, duas mulheres vieram e colocaram uma túnica preta sobre a branca que
eu vestia. A túnica preta, feita de algodão, era do mesmo modelo. A cor preta
indicava que eu não era mais uma novata. Peguei a faca que me ofereceram e
cortei profundamente o dedo. Mergulhei uma pena em meu próprio sangue e assinei
o pacto. Assim eu entregava meu corpo, alma e espírito a Satanás.
Terminando de fazê-lo, fui
envolvida em uma descarga elétrica de energia que começou no alto da minha
cabeça indo até as pontas meus dos pés. Foi tão forte que caí nocauteada ao
chão. Ao tentar me levantar, constatei que Grace estava fazendo outro
encantamento. Invocava outro demônio. Este, dizendo que moraria dentro de mim,
aproximou-se pegando-me rudemente pelos ombros antes que eu pudesse dizer
qualquer coisa, e logo, senti-me agonizar. Um calor intenso apoderou-se do meu
corpo e senti aquele cheiro de enxofre novamente. Desmaiei em meio àquela
agonia e só acordei quando fui rudemente carregada para o caminhão para a
viagem de volta. Estava tão exausta e confusa pela falta de sono, comida, água
e pelos maus tratos, que não podia compreender o sentido exato de tudo o que
acontecera a mim.
Permaneci no acampamento por mais
duas semanas até que meus ferimentos e queimaduras sarassem. Quando cheguei em
casa, estava certa de ser uma das pessoas mais poderosas da terra. Sabia
possuir uma força fora da compreensão da maioria das pessoas e pensava que
nada, nem ninguém, poderia destruir-me.
Como estava errada!