quinta-feira, 29 de abril de 2021

Desmascarando o espírito de Jezabel - 11 - Desmantelando o manto de Jezabel



CAPÍTULO 11- DESMANTELANDO O MANTO DE JEZABEL

JEREMIAS OBSERVAVA HORRORIZADO enquanto os soldados babilônios ateavam fogo ao Templo em Jerusalém. Seus olhos ardiam por causa da fumaça e também devido à sua tristeza, enquanto os edifícios por toda a cidade eram saqueados e em seguida queimados. Ele se perguntava por que o povo não dera ouvidos. Por que se deixara influenciar pelas nações pagas ao redor? Se ao menos tivesse dado ouvidos aos profetas! Se ao menos tivesse respeitado a Lei de Moisés!
Olhando a espessa nuvem de fumaça que subia, Jeremias viu as chamas consumindo o Santo Lugar. Embora fossem o povo escolhido de Deus, lentamente os judeus tinham se tornado iguais aos babilônios. Agora, tinham incorrido no juízo divino, como Moisés, da parte de Deus, havia predito.
 Porém, se não desapossardes de diante de vós os moradores da terra, então, os que deixardes ficar ser-vos-ão como espinhos nos vossos olhos e como aguilhoes nas vossas ilhargas e vos perturbarão na terra em que habitardes. E será que farei a vós outros como pensei fazer-lhes a eles. — Números 33.55,56 

UM ESPINHO DEMONÍACO 

Qualquer espinho, quando cravado em nossa carne, causará infecção, a menos que seja removido. Um espinho demoníaco pode ferir a igreja e causar infecção, assim como uma lasca de madeira pode causar inflamação e infecção. Quanto mais tempo for ignorado, mais grave será a infecção. Se o espinho for negligenciado, a infecção pode se espalhar e culminar com a amputação - ou, o que é pior, até com a morte.
Para resolver o problema do espírito de Jezabel, Deus requer que seus servos removam o espinho demoníaco que contamina a igreja. A confrontação piedosa é necessária a fim de que ocorra convicção de pecado e verdadeiro arrependimento.
Convicção de pecado e arrependimento ocorrem com a ajuda do Espírito Santo. Os seres humanos não podem forçar o arrependimento porque não somos nós que convencemos as pessoas do pecado. É tarefa do Espírito. Podemos orar para que Ele convença um indivíduo com o espírito de Jezabel. Entretanto, se o comportamento do indivíduo se tornar obviamente malicioso e causar dano a outras pessoas na igreja, o pastor deve confrontar.Antes que Deus intervenha, como fez na igreja de Tiatira, é preciso que o pastor e os líderes se unam e adotem ações decisivas.

RESPONSABILIDADE PELA REMOÇÃO 

O pastor tem a responsabilidade de enfrentar o espírito de Jezabel. Como o responsável pelo rebanho, ele tem autoridade de confrontar e remover qualquer pessoa ou situação problemática da igreja.
O pastor não deve esperar que um profeta enfrente a situação. A responsabilidade profética é apenas revelar os indivíduos que veladamente operam sob o espírito de Jezabel. É bom lembrar que o profeta Elias fugiu de Jezabel. Seu sucessor, Eliseu, reconheceu que somente os reis tinham autoridade de remover Jezabel. Portanto, Deus o instruiu para ungir Jeú como rei.

ABORDAGENS A SEREM CONSIDERADAS 

Há duas abordagens básicas a ser adotadas quando confrontamos o espírito de Jezabel. A primeira é anunciar sua conclusão (ex., dizer ao indivíduo: "Você tem o espírito de Jezabel.") e depois enunciar as razões para tal conclusão. Esta abordagem raramente funciona. O estigma de ser chamado de "Jezabel" é ofensivo demais. Além disso, a pessoa erroneamente acha que está sendo dirigida pelo Espírito de Deus. Portanto, tudo o que ela faz se torna suspeito. Desde que o espírito de Jezabel imita o Espírito Santo, ela terá de admitir que estava operando sob o espírito errado. Terá de reconhecer que o espírito que lhe deu conforto, poder, revelação, autoridade, valor e auto-estima é demoníaco. Se fizer tal confissão, se sentirá confusa e desorientada, não sabendo mais no que acreditar e em quem confiar.
Por essas razões, não recomendo esta abordagem. É mais do que provável que a pessoa não reconhecerá sua real condição. Continuará a acreditar que está sendo dirigida pelo Espírito Santo. No final, começará a montar a campanha defensiva, tentando se enraizar ainda mais na igreja, tornando mais difícil a remoção, ou então abandonará a igreja. Essa opção resolverá os problemas imediatos, mas a pessoa continuará sem cura. Pastores com visão do Reino lamentarão pela perda do destino original de Deus na vida daquela pessoa.
A segunda abordagem - e a mais apostólica - é identificar e confrontar o âmago da questão antes de anunciar sua conclusão. De fato, o pastor pode jamais revelar à pessoa o espírito que a estava dominando. A esperança é que ela entenda a situação e tire sua própria conclusão.
Por exemplo, se alguém está espalhando mentiras sobre o pastor, este terá de tratar com a mentira em si e descobrir por que a pessoa está mentindo. É muito provável que ela tenha sido criada sem um modelo adequado. Já viu figuras de autoridade usando erroneamente o poder. Num sentido, esta abordagem exigirá que o pastor corrija alguns dos pensamentos distorcidos da pessoa. É bom encorajá-la a identificar e abandonar as expectativas não realistas e começar a se arrepender.

O MEDO ATRAPALHA O ARREPENDIMENTO 

O pastor terá de buscar a sabedoria divina para encorajar o indivíduo a realmente se arrepender e também terá de lidar com os seus medos.
Antes de as pessoas permitirem que o pastor ore por elas, precisarão da certeza de que o que quer que as tenha deixado vulneráveis à operação do espírito de Jezabel será eliminado. A porta de acesso a este espírito de medo deve ser descoberta, fechada, selada e coberta.
O indivíduo também deve se sentir seguro perto do pastor e das outras pessoas de quem está recebendo a ministração. Amor e sabedoria devem ser claramente demonstrados a fim de que o trato com o espírito de Jezabel seja bem-sucedido. Apenas a boa intenção não é suficiente para dar segurança.
Uma miríade de medos pode estar compelindo o indivíduo. Pode ser o medo de autoridade ou o medo das pessoas que são encaradas como uma ameaça. Descobrir a raiz do problema ou o ponto de acesso por onde o espírito maligno se infiltrou ajuda muito no processo de cura. Também ajudará a pessoa a rejeitar o mesmo espírito em situações futuras. Por exemplo, se um espírito de Jezabel entrou num momento em que o indivíduo se sentia rejeitado, a situação específica deve ser identificada. Portanto, na próxima vez em que o indivíduo for rejeitado — ou sentir rejeição -, não apelará para o antigo comportamento de controle e manipulação.
Quando tentamos libertar uma pessoa com o espírito de Jezabel, ela tem medo de perder tudo. O que nós vemos como um espírito maligno, ela encara como um espírito protetor. Erroneamente, ela foi levada a acreditar que está agindo sob a direção do Espírito Santo. Assim, ela acha que todas as suas percepções, opiniões, palavras de conhecimento e sonhos são provenientes de Deus. A tarefa do pastor é desmascarar essa mentira de modo que o indivíduo possa reconhecer o engano no qual está caminhando.
Normalmente a pessoa precisará ter a garantia de que Deus está agindo para ajudá-la a resistir efetivamente e vencer o espírito de Jezabel. Com o tempo, esse processo de discernimento e de não se submeter aos velhos hábitos construirá um caráter piedoso. Lembre-se: Deus é fiel para completar a cura que começou na vida do indivíduo (Fp 1.6).

REMORSO POR TER SIDO APANHADO 

O remorso inclui o sentimento de pesar por ter sido apanhado. Além disso, sugere a possibilidade de que isso acontecerá de novo em outra ocasião. O líder experiente deve discernir a diferença entre arrependimento e remorso.
A disciplina eclesiástica deve continuar até que haja verdadeiro arrependimento, evidenciado pela tristeza segundo Deus (2 Co 7.10). A tristeza piedosa é sinal de quebrantamento da vontade. Mesmo quando o indivíduo se arrepende, não deve ser mantido nem colocado em nenhum tipo de posição de liderança. Primeiro sua alma e seu espírito precisam ser restaurados. Tudo isso leva tempo, para que a cura seja completa. Devemos entender que este processo envolve mais do que perdão. Envolve cura interior, que em geral leva vários anos. Portanto, se o indivíduo deseja começar a liderar um grupo pequeno, não ceda à sua insistência. A pressa em recolocar o indivíduo em posição de liderança seria como levar um ex-alcoólatra a um bar para dar testemunho. A sabedoria nos aconselha a não fazer isso.

O PROBLEMA DA NEGAÇÃO 

O problema surge quando o indivíduo nega ter atitudes de controle e de manipulação. E surpreendente, mas muitas vezes a negação ocorre logo depois que houve uma reunião na qual o indivíduo admitiu ter problemas.
Quando esses problemas reaparecem, têm um poder de dano maior. Desde que o pastor já fez a sua parte, o espírito de Jezabel começará a antecipar o que ele dirá e a compor seus argumentos. Peça por peça, ele desmontará toda a argumentação feita contra ele.
O pastor, que já deve ter informado a liderança sobre o espírito de Jezabel, precisará reunir os líderes ao seu redor. Juntos, terão de confrontar o indivíduo o mais rápido possível. Não é bom retardar o tratamento, porque ele crescerá como um furacão. Além disso, o arrependimento deve ser requerido imediatamente. Recomendo que o pastor siga os 12 passos esboçados no capítulo dez deste livro.
Desde que o princípio bíblico exige duas testemunhas, o pastor deve estar acompanhado de no mínimo duas pessoas quando confrontar o indivíduo com o espírito de Jezabel, senão posteriormente o acusado pode mentir e torcer o que foi dito. Na presença de testemunhas, o pastor declarará o curso de ação que será adotado.
Além disso, as testemunhas proporcionam o poder da concordância, para ligar ou soltar. Juntos, vocês podem amarrar o espírito de Jezabel e seu poder, impedindo-o de agir no futuro contra a igreja.
EXCLUSÃO 
Se o indivíduo não se arrepender e não demonstrar disposição de aceitar a libertação, deve ser afastado da igreja. A Bíblia menciona um homem que resistiu à autoridade pastoral e que foi severamente corrigido e excluído da comunhão (1 Co 5.4,5). Essa correção severa exige que os líderes continuem a demonstrar amor, caráter e ousadia.
RESTAURAÇÃO 
O apóstolo Paulo estava interessado no Reino, e não em vingança pessoal; por isso, vários anos mais tarde, mencionou a tristeza piedosa do homem que fora excluído da igreja (2 Co 2.4-11). No entanto, a liderança da igreja falhou em notar isso. Assim, Paulo os encorajou a reintegrar o indivíduo na comunhão.
Semelhantemente, depois que o indivíduo é excluído, se a fortaleza maligna sobre ele é realmente quebrada, temos de perdoá-lo e restaurá-lo à comunhão. Obviamente, a restauração deve ser feita com sabedoria por aqueles que julgam com precisão a sinceridade e a profundidade do arrependimento.

A DESTRUIÇÃO DE JEZABEL 

Jeú, líder da dinastia mais longa de Israel, foi ungido por Eliseu e recebeu de Deus a ordem de eliminar Jezabel e a casa de Acabe (2 Rs 9.7).
Jeú não perdeu tempo para realizar sua tarefa. Obedecendo à sua ordem, os servos de Jezabel jogaram-na de uma janela alta. É interessante notar que os servos eram eunucos que não cederam à sua sedução. Conseguiram executar a ordem de Jeú, de modo que os verdadeiros atalaias de Deus puderam sobreviver (2 Rs 9.33).
Da mesma forma, aquele que enfrenta o espírito de Jezabel deve se tornar um eunuco espiritual. Não pode ser tentado pela concupiscência da carne, dos olhos e pela soberba da vida (1 Jo2.16). Tal pessoa deve ser resoluta e imparcial, como Jeú, e ser invulnerável à sedução, como os eunucos.
Neste momento, oro para que pastores piedosos de caráter real, ousadia e força se levantem. Oro para que, com coragem, eles coloquem o machado na raiz desse espírito demoníaco que busca destruir os profetas, macular os pastores e perverter a igreja de Cristo. Como povo de Deus, precisamos amar o que Ele ama e odiar o que Ele odeia. Não precisamos recuar e ficar com medo de enfrentar e disciplinar a iniqüidade e a rebelião que profanam o Corpo de Cristo.

O ANTÍDOTO 
Desde que a iniqüidade é uma doença em nossa cultura, os pastores precisarão de uma abordagem ativa. Recomendo que haja ensino sistemático nas igrejas sobre o tema da autoridade espiritual e da iniqüidade.