quinta-feira, 29 de abril de 2021

Desmascarando o espírito de Jezabel - 10 - Preparando para ministrar aos feridos



CAPÍTULO 10- PREPARANDO PARA MINISTRAR AOS FERIDOS

NO CURTO ESPAÇO DE DOIS ANOS, Joel viu sua igreja encolher, caindo de 300 para 120 membros. Nesse período, ele notou uma mulher em particular, que personificava tudo o que um pastor sonhava ver num membro - ela apoiava os trabalhos da igreja, era humilde, orava muito e parecia sincera. Numa manhã de sábado, porém, seus olhos foram dolorosamente abertos. A mulher, que era divorciada, chegou num retiro para casais e tentou pegar o microfone à força. Joel não podia conceber o que tinha acontecido com ela.
Algumas semanas mais tarde, suas reservas em relação a ela se fortaleceram quando ele recebeu uma carta enviada por um amigo dela. Num tom que parecia ser de revelação divina, o missivista dizia que a mulher divorciada era a mulher cena para Joel e insinuou que ele deveria abandonar sua esposa, que estava "atrapalhando seu progresso espiritual". Desde que na verdade não foi a própria mulher quem escreveu a carta, Joel ficou sem saber exatamente como enfrentar esse ataque contra seu casamento.
Numa manha, depois da reunião de oração, ele estava tomando café com um pequeno grupo de irmãos, incluindo a irmã divorciada. Ela disse que tinha algumas "direções de Deus" e, quando ele não as aceitou, ficou furiosa e, por alguns segundos, perdeu a compostura. Deu um murro na mesa, derrubando várias xícaras de café, e saiu.

Algumas semanas mais tarde, um profeta foi convidado para uma conferência na igreja e transmitiu uma mensagem ao pastor. Advertiu contra a assim chamada "parceira espiritual" que estava tentando se levantar na igreja. Surpreso com a revelação, Joel falou em particular com a mulher sobre essa profecia. No dia seguinte, durante o culto, ela se levantou e calmamente foi até a frente, interrompendo o pregador. Numa atitude de falsa humildade, leu uma carta cheia de denúncias falsas. Para o pastor, esta foi a gota d'água. Disse à irmã que ela estava errada e que gostaria de falar com ela no dia seguinte, em seu gabinete. No entanto, ela não apareceu. Abandonou a igreja, mas o dano já havia sido feito. Dentro de um ano, a igreja fechou.

AVALIAÇÃO PESSOAL
O confronto com esse espírito não é tão simples como pode parecer. Devido às suas muitas facetas, ele é muito difícil de sei diagnosticado. Pode aparentar uma atitude de submissão c de oração e, no minuto seguinte, revelar uma atitude atrevida e dura. Pode parecer simplesmente preocupado com o bem-estar da igreja. Como um polvo cheio de tentáculos, o espírito de Jezabel é muito difícil de ser desarraigado.
Antes de confrontar alguém com o espírito de Jezabel, o pastor deve primeiro avaliar sua própria condição espiritual e pessoal. O perigo é se colocar na defensiva e empregar mal sua autoridade.
Se o pastor se sentir intimidado pelos encontros anteriores com o espírito de Jezabel, os confrontos seguintes podem deixá-lo com um sentimento de amargura, ressentimento e ira. Se esses sentimentos estiverem presentes, é um sinal de que ele não está preparado para lidar efetivamente com esse espírito.
Antes de ir adiante, o pastor poderia indicar alguém com sabedoria, discernimento e autoridade espiritual, bem como com uma "mentalidade de eunuco". Às vezes, tais características só são encontradas em pessoas especializadas em ministério de libertação. Há um número crescente de ministérios desse tipo.

Todo aquele que se depara com o espírito de Jezabel deve fazer uma pausa e avaliar sua própria condição espiritual. Você sente ciúme, inveja ou raiva de alguma figura de autoridade - do passado ou do presente - em sua vida? Você acalenta algum sentimento oculto de rejeição ou de estar sendo ignorado? Tais sentimentos podem levar o indivíduo a reagir erroneamente ao espírito de Jezabel. Até que essas atitudes sejam superadas, não se pode enfrentar de forma plena e poderosa um espírito de insubordinação e rebelião em outra pessoa. Além disso, há outras questões que precisam ser tratadas.

FRUSTRAÇÃO E RAIVA ... 
Vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.- Gaiatas 6.1 A frustração e a raiva surgem quando não lidamos imediatamente com os problemas. Ninguém gosta de ser controlado por outras pessoas. Se um pastor foi ferido por um indivíduo com o espírito de Jezabel, torna-se candidato para tratar de forma inadequada de uma situação ministerial. A Bíblia nos adverte:
A ira do homem não produz a justiça de Deus.- Tiago 1.20
Desde que o espírito de Jezabel muitas vezes usa a crítica e a acusação, não pode ser expulso por um pastor que reage dessa maneira. O pastor deve primeiro confrontar e tratar do seu próprio espírito crítico e acusador.

MAL POR MAL
Quando elementos de controle e manipulação são evidenciados na vida do pastor, ele se torna vulnerável contra o espírito de Jezabel. Ao reagir à manipulação com manipulação, ele terá fracassado em andar no fruto do Espírito. Além disso, Deus não honra nossas ações quando pagamos mal com mal.
Sempre que retaliamos dessa maneira, nossa ira tem um impacto duplo. Primeiro, o indivíduo explode porque estar ferido consigo mesmo, por permitir que a ferida permaneça em sua alma. Segundo, ele reage porque está irado com a pessoa que manifesta a mesma propensão. Muitas vezes, somos culpados de atacar nos outros as fraquezas que são evidentes em nossa vida.
Quando o pastor está inseguro ou em dúvida sobre como lidar com uma situação, pode apelar para a intimidação, numa tentativa de manter o controle. No entanto, a intimidação jamais produz verdadeiro arrependimento e restauração, que sempre devem ser nosso objetivo. Ela só produzirá um remorso temporário, um arrependimento superficial ou um recuo. Conseqüentemente, a intimidação abortará qualquer oportunidade sincera de ministrar cura a pessoas feridas.

Tentar criar medo em alguém, assumindo uma atitude ameaçadora, só complicará o problema. Levará o pastor a perseguir, menosprezar e tentar colocar a pessoa "contra a parede". Tais métodos só servirão para aumentar a hostilidade, ou levará a vítima a espalhar calúnias ou planejar atos de violência e ódio. Quando o pastor reage com ira ao espírito de Jezabel, ele começará a se encolher. Irá se apresentar às pessoas como vítima da situação e fará com que o pastor pareça o vilão. É o que comumente acontece quando outras pessoas presenciam as explosões de ira do pastor, o que faz com que o espírito de Jezabel pareça a parte mais fraca. Se você, pastor, nunca experimentou uma situação como esta, um dia experimentará. E só uma questão de tempo.

PASTORES DOMINADORES
Muitas vezes, o indivíduo com o espírito de Jezabel instintivamente refletirá o método de operação do pastor. Se o pastor gosta de se promover, o espírito de Jezabel terá um bom ambiente para se promover e exibir seus dotes. Se o líder é dominador, o espírito de Jezabel verá isso como uma espécie de permissão para sempre dar a última palavra na vida de outros. Se um pastor dominador se defronta com um espírito de Jezabel obstinado, então será travada uma batalha feroz.
Eu recomendo que o pastor se concentre em fazer oposição às fortalezas demoníacas na vida do indivíduo, ao mesmo tempo demonstrando amor para com ele. Qualquer confronto deve ser efetuado em amor, visando a restauração. Somente o confronto em amor levará o indivíduo a experimentar quebrantamento. Jezabel terá de experimentar a tristeza piedosa que leva ao arrependimento. 

Se você enfrentar a resistência de um espírito de Jezabel, evite a tendência de reagir com zombaria. Lembre-se de que não está lutando contra carne e sangue, mas contra os poderes das trevas (Ef 6.12). Peça a Deus que sonde seu coração. Depois, responda com grande força e determinação para ajudar o indivíduo a se arrepender. Se você estiver na defensiva ou tiver outras reações inadequadas, Jezabel perceberá sua insegurança. Para desarmar você, ela pode responder com uma falsa máscara de mansidão.
Sua confiança deve estar no Senhor. A certeza de que Deus o colocou como pastor sobre o rebanho lhe dará condições de agir com ousadia e compaixão.

AMARGURA PARA COM AS MULHERES 
A lembrança de ter sido rejeitado por uma mulher, num relacionamento romântico anterior ou num casamento tumultuado, pode influenciar a capacidade do pastor de se comunicar e confrontar. O espírito de Jezabel em geral é capaz de perceber a amargura dos outros ou as áreas de feridas não curadas. Portanto, o pastor deve se guardar e evitar transferir questões não resolvidas com avó, mãe, irmã ou esposa para a mulher que está operando sob o espírito de Jezabel.
Suspeita, briga e imaginação vã sobre conflitos em potencial levarão o pastor a erradicar qualquer pessoa que pareça insubmissa. No entanto, suspeita, briga e imaginação vã são espíritos de feitiçaria. Se um pastor é tentado a operar dessas maneiras, tais espíritos podem ter uma base de operação em sua vida. Ele não será capaz de vencer o espírito de Jezabel até que seja liberto. Além disso, os espíritos demoníacos podem atacar o pastor ou líder que se opõem ao espírito de Jezabel, numa atitude de arrogância ou de presunção.

Operar no espírito errado é o mesmo que agir no poder da carne. Sempre que usamos nossa carne para vencer outra carne, falhamos em seguir os conselhos de Deus para alcançar a vitória. Somente exercitando o fruto do Espírito Santo - amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio -, o poder da carne pode ser conquistado. Somente o toque espiritual pode produzir mudanças eternas em outrem.
Além do mais, tentar usar as habilidades da carne trará desastre sobre o pastor, sua família e a igreja. O pastor não pode esquecer que está lidando com poderes das trevas. A batalha não é meramente contra uma pessoa. O sucesso do inimigo distorce nosso raciocínio e produz um espírito de medo, suspeita ou acusação. Jezabel opera no poder da carne. Se operarmos no mesmo poder, concederemos mais poder a ele, e, no final, ele controlará os dois.

UM TRÁGICO ENCONTRO 
Pouco depois de seu aniversário de 40 anos, Martin teve um encontro com um casal da igreja. Ele tinha certeza de que eles  tinham o espírito de Jezabel. Era a segunda vez que se reuniam, e dessa vez Martin convidou os presbíteros. Embora o primeiro encontro tivesse sido bem ameno, Martin estava preparado para o confronto. O casal não faria com que ele parecesse mal, embora tivesse ameaçado fazer isso.
Intimamente, Martin odiava confrontos. Evitava isso a todo custo. No entanto, ele se lembrava de duas outras ocasiões em que falhara em resolver questões semelhantes e o resultado tinha sido devastador - duas divisões na igreja. A última vez, custara a Martin sua exoneração do ministério de uma igreja grande e conhecida. Martin resolvera que jamais deixaria que aquilo acontecesse novamente. Dissiparia qualquer mal-entendido antes que as coisas piorassem. Naquela reunião, os presbíteros testemunhariam as intenções hostis daquele casal, como ele tinha notado na reunião anterior.

Duas horas depois da reunião, Martin sentou cobrindo o rosto com as mãos. Estava profundamente frustrado. Nada tinha mudado. O casal não tinha feito nenhuma admissão de culpa. Além disso, não havia demonstrado nenhum remorso. Pelo contrário, ambos agiram como se fossem tímidos e inocentes. Chegaram a acusar Martin de ter interpretado mal suas palavras e ações.
Durante a reunião, muitas vezes os dois afirmaram que estavam apenas tentando servir a Deus. Com lágrimas no rosto, lembraram a Martin e aos presbíteros todas as vezes que tinham ajudado a igreja e apoiado a liderança. Falando brandamente e parecendo humildes, questionaram a motivação de Martin e disseram que ele estava fazendo tempestade em copo d'água.

Usando de muita destreza, os dois acabaram por virar o jogo contra Martin. Ao ouvi-los, ele próprio ficou confuso e chegou a se perguntar se não tinham razão. Talvez seu próprio medo e insegurança o tivessem levado a acusá-los.
Depois que o casal foi embora, os presbíteros questionaram Martin por causa de suas acusações. Começaram a tomar o partido dos dois. Também especularam sobre os motivos das acusações de Martin. O pastor via a dúvida estampada em cada rosto. Estavam colocando em questão seu discernimento e sua capacidade de liderança.
Três meses mais tarde, o casal se levantou durante um culto e exigiu a exoneração de Martin. Apresentaram suas razões e expressaram suas acusações como se fosse Deus falando por intermédio deles. Quando Martin se recusou a pedir sua exoneração do cargo, eles gritaram: "Icabode", que significa "foi-se a glória de Israel". A seguir, marcharam para fora da igreja. Oitenta membros saíram atrás deles. Dois meses depois, Martin pediu férias. Lamentavelmente, ele jamais retornou ao ministério.

QUANDO MINISTRAR AOS OUTROS 
A pessoa que se arrependeu de usar o espírito de Jezabcl deve ser encorajada a continuar dando novos passos adiante. Deve ser incentivada a continuar renovando a mente. Precisa reconhecer e adotar a maneira de Deus de encarar cada situação. Deve ser encorajada a desenvolver atividades que restauram o sentimento de valor pessoal. Freqüentemente, tais indivíduos têm grande desejo de contribuir e ajudar. O serviço, dentro de limites saudáveis, é a chave para a restauração. Entretanto, as oportunidades de servir não devem ser confundidas com autoridade. Seria uma temeridade delegar autoridade nesse momento, pois seria como dar uma garrafa de bebida a um alcoólatra.
Todas as áreas de rebelião devem ser tratadas. Numa atitude de mansidão, é preciso que se faça restituição, a fim de fechar a porta para futuras incursões do inimigo.

PASSOS SUGERIDOS PARA O CONFRONTO 
Eis aqui algumas sugestões para pastores que precisam confrontar pessoas com o espírito de Jezabel:
1.   Peça conselho a outras pessoas espiritualmente maduras sobre qualquer área obscura e sobre como lidar com a situação.
2.  Ore antes de qualquer confronto. Peça ao Espírito Santo que revele aquilo que pode estar oculto. É espantoso como questões que antes estavam ocultas vêm à tona quando pedimos a direção do Espírito.
3.  Peça sabedoria ao Espírito Santo para poder discernir o que é espiritual, identificando qual é o espírito maligno que está em operação. Peça discernimento sobre o que é natural, o que faz parte do perfil da personalidade do indivíduo e o que é resultado de sua criação.
4.  Sempre esteja acompanhado durante as reuniões de confronto.

5.  Aborde cada questão com graça, mas também com firmeza e autoridade. Seja específico. Explique bem o problema. Não cometa o erro de revelar nomes e acusações específicas.
6.   Evite a todo custo perder a paciência e se zangar. Mantenha a calma. Não reaja com agressão e não torne a questão maior do que ela é.
7.  Não ignore o problema. Ele não diminuirá de tamanho e não desaparecerá.
8.   A partir do momento em que passou a ter uma suspeita, comece a documentar todas as informações. Registre datas, horários, locais e   palavras. Caso contrário, a tentativa de reunir pequenas porções de informação facilitará a negação por parte do espírito de Jezabel.
9.   Peça a permissão dos envolvidos para usar seus depoimentos, juntamente com os nomes. Se não fizer isso, o espírito de Jezabel negará ter dito o que disse.10. Registre os encontros. Certifique-se de informar ao indivíduo que está gravando a conversa. Coloque o gravador à mostra, para que todos vejam.

Seguindo essas sugestões, há grande possibilidade de que o espírito de Jezabel se arrependa com grande paixão e carga emocional. Ao mesmo tempo, não se surpreenda se depois, quando todos pensaram que ele tinha se arrependido, tornar a atacar. Se isso acontecer, o pastor precisa repetir todo o processo de confrontação. Se na segunda vez ele não se retratar, então deve ser afastado da congregação.

SINAL VERMELHO 
Eis aqui alguns sinais iniciais de advertência que pastores disseram que demoraram a perceber. Os pastores devem se manter atentos em relação a essas frases que podem indicar a formação de tempestades no horizonte.
1. "Só quero ser seu amigo." É mais do que provável que pessoas que digam isso tenham expectativas que você jamais será capaz de cumprir.
2. "Quero ajudá-lo a chegar onde Deus o chamou para estar." Em outras palavras, estão dizendo que você não pode chegar ao seu destino sem elas. Cuidado!

3.  "Não quero nada em troca. Só quero ajudar." No entanto, você poderá achar uma série de exigências vinculadas à ajuda.
4.  "Pode confiar em mim. Eu sempre apoiarei você." O espírito de Jezabel apoia os outros enquanto fizerem o que ele diz!
5.  "Você não reconhece meu dom." Em outras palavras, a pessoa está pedindo mais autoridade na igreja.
6.  "Você não me compreende." Trata-se de uma súplica velada para que as pessoas dediquem mais tempo a ela.

7.  "Você me intimida. Não me sinto confortável para conversar com você." Em outras palavras, quer que os alvos dela se tornem os seus alvos.
8.  "Tenho uma nova revelação. O pastor tem uma mentalidade do Antigo Testamento. Eu tenho uma mentalidade do Novo Testamento." Em outras palavras, ela está certa e você está errado!
9. "O Senhor me mostrou algumas coisas que preciso compartilhar com você." Cuidado! Provavelmente você receberá algumas lambadas dolorosas!
10.   "Meu último pastor não sabia como usar meus dons.”
Em outras palavras, "abra espaço para mim"!

TRABALHANDO PARA O BEM 
Quando tratado de forma apropriada, o ataque do espírito de Jezabel no final fortalece a igreja. Deus utiliza as batalhas ferozes da vida para nos treinar, fortalecer e purificar (1 Pe 4.12-19). Certa vez, Deus me disse: Pequenas batalhas produzem pequenas vitórias, mas grandes batalhas produzem grandes vitórias — em nossa vida, em nosso ministério e em nossa igreja.