CAPÍTULO 9 - O CERNE DA QUESTÃO
Ao que tudo indicava,
Brenda e Brad formavam um casal bem-sucedido. Eram jovens, vestiam-se
impecavelmente, tinham porte atlético e dirigiam carros luxuosos. Depois que se
tornaram cristãos, os dois canalizaram a sede de sucesso para as atividades da
igreja e se envolveram profundamente. Assumiram vários ministérios, organizando
jantares e reuniões de oração. A personalidade cativante dos dois atraía as
pessoas. Parecia que ambos tinham nascido para o ministério.
Brenda e Brad atraíram a atenção de Henry, o pastor titular.
A amizade entre os três cresceu e se fortaleceu. Logo, Brad tornou-se pastor
auxiliar. No entanto, os problemas já estavam germinando abaixo da superfície.
Exteriormente, Brenda e Brad pareciam ter um casamento perfeito. Brad era equilibrado e firme, mas,
com sua nova posição, Brenda, sua esposa, começou a se tornar cada vez mais
ameaçadora. Às vezes, ela apavorava emocionalmente as outras pessoas. Depois de
quatro anos, o pastor titular começou a notar que as opiniões dela pareciam suplantar
os desejos do marido. Ele simplesmente cedia a todos os seus caprichos e à sua
vontade forte.
Assim como fazia com o marido, Brenda começou a impor sua
vontade forte também sobre Henry. Quando não conseguia algo que queria, ficava
amuada e externava todo o seu desapontamento por ter sido desprezada. Esse tipo
de rebelião não foi tratado e começou a se transformar em ira e amargura.
Embora ela mantivesse um ar de lealdade perto de Henry, começou a espalhar
mentiras, afirmando que ele tinha profundo ódio pelas mulheres. Embora jamais
tivesse conversado com Henry sobre essas questões, ele começou a ouvir rumores
sobre o que ela dizia longe dele.
Em várias ocasiões, Henry comentou com Brad sobre os boatos.
Essa estratégia pareceu aquietar Brenda, mas a calma foi apenas momentânea.
Periodicamente, sua cólera explodia nas reuniões da liderança. Nesses momentos,
ela confrontava o pastor titular de forma hostil e desrespeitosa. Logo começou
a fazer reuniões privativas com outras esposas de líderes, promovendo divisões.
Como resultado, dois membros da liderança se exoneraram.
Por trás de tudo, Brenda tinha esperança de encabeçar um
levante e nomear seu marido como pastor titular. Ela acreditava que ele seria
um líder muito melhor do que Henry. No entanto,antes que a rebelião ocorresse,
as pessoas começaram a se afastar, c o número de membros caiu pela metade.
Então, quando Brenda sentiu que as coisas iriam piorar, que Henry se dera conta
de que ela era o verdadeiro problema, convenceu Brad a pedir sua exoneração.
Ele, porém, jamais percebeu o que sua esposa tinha feito.
TEMPO DE GESTAÇÃO
Conforme vimos na história acima, o espírito de Jezabel se
fortalece com o tempo. Esse processo de desenvolvimento inclui o indivíduo
gradualmente aceitar pensamentos inspirados por demônios. Com o passar do
tempo, esses pensamentos se tornam razoáveis em sua mente e o levam a tomar
atitudes que acredita serem dirigidas por Deus.
Quando o espírito amadurece, produz uma grande quantidade de
frutos espinhosos, venenosos e mortais, os quais muitas vezes são disfarçados
como sedutores e espirituais. Aqueles que tocam nesses frutos são feridos pelos
espinhos escondidos, que fazem com que sangrem, e aqueles que os ingerem são
envenenados.
VOZES IMITADORAS
O espírito de Jezabel é um impostor perigoso dentro da
Igreja. Ele imita o verdadeiro ministério profético e distorce a função
apropriada da profecia. Outras imitações tenebrosas do ministério profético
(clarividência, adivinhação, mediunidade, etc.) se levantaram nos últimos anos para
falar de coisas sobrenaturais. Você pode se surpreender ao saber que o espírito
de Jezabel é ainda mais enganador do que essas outras imitações, simplesmente
porque é menos óbvio aos olhos inexperientes.
Embora o indivíduo dominado pelo espírito de Jezabel possa
não praticar a magia negra ou estar diretamente envolvido com o satanismo,
compartilha com eles as mesmas raízes demoníacas. De fato, seus portadores às
vezes produzem frutos maiores, porque suas ações são mais sutis e suas raízes
se tornam mais profundas antes de serem notadas.
Toda igreja que abraça o ministério profético terá de
enfrentar o espírito de Jezabel, porque ele imita o dom profético e o chamado
de Deus. Esse espírito entra em ação para destruir a profecia. Desde que ele
trabalha sob disfarce, suas atividades são extremamente ameaçadoras.
O indivíduo entregue a esse espírito muitas vezes tenta
ampliar e fortalecer sua base de poder atraindo e controlando outras pessoas,
agindo como um ímã espiritual. Pastores e líderes precisam reconhecer a
operação desse espírito oculto porque ele busca dividir as congregações e
instigar as contendas, a confusão e o engano dentro das igrejas.
DISTINÇÕES NECESSÁRIAS
Devemos estabelecer uma clara distinção entre uma pessoa
imatura com dom profético e alguém com o espírito de Jezabel. Os profetas
imaturos precisam apenas encontrar o lugar certo no Corpo. Podem não ter
sabedoria e humildade, mas sua intenção não é destruir a igreja. Profetas muito
imaturos e afoitos podem fazer coisas tolas e desprovidas de sabedoria. No
entanto, assim como não matamos nossos filhos porque são imaturos, também não
devemos matar aqueles que estão na fase infantil do ministério profético.
Pastores e líderes devem ter paciência com os jovens profetas e vencer a própria
intolerância para com os jovens que precisam ser treinados.
Quando nós - na sabedoria e na direção do Senhor -
aprimoramos e afiamos as habilidades daqueles que têm dom, trazemos pureza e
qualidade ao ministério profético. No final, tais indivíduos trarão revelação,
conhecimento e sabedoria a todo o Corpo de Cristo. Assim, todas as dificuldades
insignificantes desse período de gestação mostrarão que valeu a pena, bem como
o tempo que foi gasto.
Durante a fase de desenvolvimento, é especialmente
importante não atrofiarmos nem abortarmos os dons dos jovens profetas,
acusando-os de terem o espírito de Jezabel. Os pastores e líderes devem
aprender como corrigir e alimentar o dom profético sem ferir ou matar o
espírito da pessoa.
Às vezes, a diferença entre um profeta imaturo e alguém que
opera sob o espírito de Jezabel é bem sutil em seus primeiros estágios. A
identificação das diferenças envolve olhar para o cerne da questão. Um jovem
profeta começa com um coração disposto a servir a Deus.
Embora o espírito de Jezabel também possa ter começado com
um coração disposto a servir ao Senhor, em algum ponto ele se afastou do
caminho e enveredou para a autopromoção. Vários outros pontos de afastamento
serão descritos com mais detalhes abaixo.
1. AMBIÇÃO EGOÍSTA
A Bíblia nos adverte:
Nada façais por partidarismo ou vangloria, mas por
humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. — Filipenses
2.3 Como gosta de ser aclamado, muitas vezes o indivíduo com o espírito de
Jezabel atribui títulos a si próprio ou faz tudo para alcançar posições de
liderança. Tendo uma atitude elitista, ele considera certa posição como
"mais abençoada" e despreza outra como "menos abençoada" ou
como não sendo importante nas questões espirituais da igreja.
O espírito de Jezabel também se empenha para lucrar com seu
dom e para ampliar sua esfera de influência. Muitas vezes, tais indivíduos não
consultam ao Senhor sobre onde e quando ministrar. Simplesmente cedem à
necessidade pessoal de mais publicidade. À medida que o sucesso deles aumenta,
vão pronunciando mais profecias, embora Deus não os tenha enviado. Podem chegar
até a acreditar que o Reino de Deus cresce na mesma medida que a reputação
deles. No entanto, estão lamentavelmente enganados. Por outro lado, os jovens
profetas inicialmente podem ser afetados pela atenção e reverência que recebem
das pessoas. No entanto, quando amadurecem, a maioria rejeita qualquer
exaltação pessoal ou publicidade. Eles se dão conta de que estar sob os
holofotes só serve para ficarem cegos em relação ao chamado mais elevado de
Deus e que a fama na verdade impede as pessoas de dedicarem mais tempo a sós
com Deus.
Os indivíduos chamados para o ministério profético também
devem prestar contas a alguém por suas palavras e ações. Devem ter uma atitude
positiva quando outros apontam seus erros e debilidades. Devem aprender a se
submeter à autoridade espiritual. No processo de submissão, aprendemos a morrer
para a nossa vontade própria. Esse processo é incrivelmente doloroso, mas todo
cristão deve pagar o preço e crucificar a natureza humana com seus desejos
carnais. A disposição de submeter todos os aspectos da vida e do ministério ao
Senhor deve ser evidente naqueles que se levantam como líderes na Igreja. Uma
das marcas de alguém com coração sincero diante de Deus é como responde à
correção. Quando é repreendido, o espírito de Jezabel fica indignado. O homem
espiritual, porém, se arrepende.
2. LUCRO PESSOAL
Enquanto o indivíduo portador de dom profético tem de passar
por um duro processo de quebrantamento (Ne 5.14-19), o espírito de Jezabel
raramente faz algum tipo de sacrifício. Em geral, pessoas com esse espírito
demonstram um desejo ardente de mostrar sua "visão profética". Ao
fazerem isso, deixam claro que têm motivos ocultos e insistem em obter algum
tipo de retribuição - reconhecimento, fama, dinheiro, roupas ou vários
privilégios concedidos por indivíduos facilmente impressionados com sua visão
do sobrenatural.
Rapidamente, o indivíduo egocêntrico nota que sua visão
profética pode abrir portas. Daí, cai na tentação de usar o dom genuíno,
misturado com prognosticação e opinião pessoal. Tais indivíduos aprendem a ler
a alma das pessoas e apresentar suas revelações humanas como se fossem
profecias divinamente inspiradas.
Quando essas revelações corrompidas são pronunciadas, fazem
com que aqueles que estão em real sintonia com o Espírito Santo se desviem.
Novamente, o espírito de Jezabel busca separar, enquanto o ministério profético
busca servir e encorajar outros. Mesmo quando a palavra profética é dura, deve
deixar o ouvinte com sentimento de esperança, e não de condenação.
3. COBIÇA
Apetites sensuais com freqüência ficam soltos nos indivíduos
dominados pelo espírito de Jezabel. Um espírito de cobiça os consome interiormente,
até que assume o controle total.
Tal cobiça não é somente sexual. Dinheiro, favor ou
reconhecimento podem alimentar a ambição e oferecer resultados desejáveis.
Cresce no interior do indivíduo uma sede insaciável por prazeres. Como
resultado, a obra de Cristo na cruz, deixa de se manifestar em sua vida.
4. EMBARAÇO DEMONÍACO
Quando o indivíduo atinge o nível intermediário de embaraço
demoníaco, seus propósitos vão ficando mais sutis e deliberados. Ele tentará
controlar as ações dos amigos, parentes e irmãos em Cristo. Sempre que a falsa
humildade, mentira e bajulação não geram reconhecimento e estima, o indivíduo
apela para a ira, a acusação e o domínio. Ele vai se tornando uma pessoa cada
vez mais problemática. Nesse estágio, já se tornou hábil e capaz de
racionalizar e justificar seu comportamento estranho empregando uma intrigante
terminologia espiritual. Qualquer um que tentar confrontá-lo sem estar bem
preparado se afastará meneando a cabeça, confuso, descartando a possibilidade
de suas tendências demoníacas - apesar de seu discernimento inicialmente
contrário.
Se a obstinação e a insubordinação desse indivíduo não forem
confrontadas, ele se rebelará contra qualquer autoridade que não concordar com
ele. Além disso, aconselhará outras pessoas a se rebelarem contra a autoridade
pastoral, muitas vezes apresentando aqueles que discordam como espiritualmente
cegos ou ingênuos. A rebelião não tratada abrirá a porta para outros espíritos
malignos na vida do indivíduo e dos seus seguidores, ou até sobre toda a
igreja. No final, um ataque verbal súbito e violento pode ser dirigido
especificamente contra aqueles que não demonstram lealdade ou submissão a
Jezabel. Enquanto isso, os membros da igreja que parecem indiferentes ou
complacentes a esta rebelião acabarão servindo como peões num jogo demoníaco.
Tragicamente, o resultado final geralmente é a divisão na igreja.
5. ESPÍRITO DE INIQÜIDADE
Há um excessivo espírito de iniqüidade em nossa sociedade
atual. Iniqüidade é um termo usado para descrever pessoas que não são
restringidas nem controladas pela lei, especialmente a Palavra de Deus. Em
essência, toda rebelião contra Deus é iniqüidade (1 Jo 3.4). Os responsáveis
pela morte de Jesus foram caracterizados como iníquos (At 2.23). O líder da
rebelião escatológica, o Anticristo, é chamado de "homem da
iniqüidade" (2 Ts 2).
O espírito de iniqüidade lança seu ataque contra o Reino de
Deus e leva os indivíduos a se rebelarem e se oporem aos líderes divinamente
instituídos. Ele inspira insinuações, rumores, mentiras, calúnias, manipulação
e controle, criando divisões -ou pelo menos tentando. Assim, quando desafiamos
pastores piedosos e outros ministros e os caluniamos, violamos as regras do
Reino estabelecidas pelo Senhor. Tal atitude é rebelião e pecado.
Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade,
porque o pecado é iniqüidade. — 1 João 3.4, ARC. Nosso Deus é onisciente e
conhece com antecedência a teologia, os dons, as experiências e a personalidade
de cada pastor. Com infinita visão, ele sabe exatamente como um líder
desempenhará suas idéias e planos para a igreja.
Provavelmente, as qualidades do líder se evidenciarão
primeiro, seguidas das debilidades, mas que nenhuma delas será surpresa para
Deus. Assim, o pastor conhecido por ferir pessoas, consciente ou
inconscientemente, terá permissão de liderar uma igreja a despeito de suas
debilidades. Deus é paciente e observa os líderes irem amadurecendo em caráter
e dons. Se o seu pastor costuma ofender você, será que Deus não está permitindo
isso para tratar com o seu coração?
PROTOCOLO CORRETO
Quando falamos contra os líderes apontados por Deus,
semeamos nossa própria destruição. E bom lembrar o que a Bíblia diz:
Não aceites denúncia contrapresbítero, senão exclusivamente
sob o depoimento de duas ou três testemunhas. -1 Timóteo 5.19 O texto de Mateus
18 nos oferece uma visão do protocolo apropriado para tratar com qualquer
membro da igreja, inclusive pastores ou outro líder que tenha pecado ou
cometido um erro.
Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele
só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda
contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três
testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à
igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e
publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido
ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos
céus.
— Mateus 18.15-18 Mesmo que seu pastor seja iracundo e controlador como
Saul, você deve ter o coração de Davi. Não deve aproveitar as oportunidades
para "matar" o ungido de Deus (1 Sm 24). Davi esperou a intervenção
de Deus e suportou Saul. Que ninguém jamais se refira a você, como ocorreu com
Absalão, como alguém que roubou o coração do povo, traindo seu pastor (2 Sm
15.4-6).
Permita que Deus julgue seu pastor. Se você o julga, Deus
terá razão ao dizer: "Desde que os homens estão tomando providências, vou
recuar." Assim, Ele permite que convivamos com os resultados de nossas
ações. Além disso, tomando a justiça em nossas próprias mãos, damos à arena
demoníaca um direito legítimo de julgar, argumentar, atrapalhar e se levantar
contra nós, simplesmente porque fomos presunçosos e nos afastamos de nossa defesa.
Portanto, é melhor mudar de igreja em silêncio do que se levantar contra os
ungidos do Senhor.
Algumas pessoas pensam erroneamente que, uma vez que seus
dons continuam em operação, suas ações são sancionadas por Deus. Lembre-se do
que o Senhor disse: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos
céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. —Mateus 7.21-23
Alguns cristãos podem achar que expulsar demônios, curar enfermos, ressuscitar
mortos ou profetizar corretamente são indicações do selo de aprovação de Deus.
Podemos achar que estamos dentro da vontade de Deus quando
criticamos o pastor, mas, para Deus, tal atitude é iniqüidade. Jesus, certa
vez, disse: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está
longe de mim" (Mt 15.8). Um coração dedicado e consagrado ao Senhor honra
as autoridades espirituais estabelecidas por Ele. Um coração que rejeita essas
autoridades permite que a iniqüidade influencie sua percepção e sua decisão.
Por favor, entenda que não estamos dizendo que não podemos
discordar de um líder espiritual que tem autoridade sobre nós. O questionamento
é um elemento importante no processo de amadurecimento. No entanto, o mais
importante é como reagimos depois que discordamos. Se nossa conversa se torna
velada, secreta e maliciosa, estamos penetrando na área da iniqüidade. Nossas
ações demonstram a intenção do coração, especialmente quando tencionamos
remover o líder. Os Pais da Igreja primitiva sentiram que havia apenas quatro
razões que justificariam a remoção de um pastor: imoralidade, improbidade
financeira, ensino herético e explosões de ira ou descontrole emocional.
O MISTÉRIO DO ENGANO
Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda
somente que seja afastado aquele que agora o detém. — 2 Tessalonicenses 2.7 A
palavra mistério é definida como "verdade religiosa que só pode ser
conhecida mediante revelação". Assim, o mistério da iniqüidade envolverá a
condição de engano. Quando os indivíduos são envolvidos em ações iníquas,
muitas vezes não tomam consciência da sua rebelião. São enganados por uma
fortaleza mental de justiça própria e são induzidos a pensar que estão fazendo
um favor a Deus e à igreja. Assim, eles se consideram superiores, entendendo que
estão tentando corrigir alguém que Deus colocou como autoridade sobre eles.
Essas ações demonstram que na verdade desprezam a autoridade.
O mistério da iniqüidade sempre esteve e continua estando em
poderosa operação em nossa cultura. Além disso, Satanás é sutil e consegue
persuadir muitas pessoas a acolher o conceito do relativismo, que encara as
verdades éticas como sendo definidas pelo indivíduo, grupos, circunstâncias e
situações. Atualmente, muitos acreditam que não existem absolutos universais.
Cada pessoa define suas próprias regras. Muitos acreditam que "o que é
errado para uma pessoa, pode ser certo para outra". Assim, a tolerância
tornou-se a palavra da moda, que desarma todo aquele que adota os absolutos
bíblicos.
Pessoas enganadas pela iniqüidade desejam se despojar de
toda restrição e controle.
Não entendem, porém, que ao rejeitar as leis de
Deus, são induzidas a maior licenciosidade e escravidão no pecado. Quando
praticamos iniqüidade, fica fácil repetir. Assim, a iniqüidade conduz a mais iniqüidade.
Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim
como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade
para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à
justiça para a santificação.-Romanos 6.19 Historicamente, descobri que muitas
pessoas que tentam derrubar o pastor de uma igreja acabam repetindo a ação em
outras igrejas. Assim, desenvolvem um histórico de causar problemas nas
igrejas. Também é verdade que igrejas que são fundadas a partir de divisões
acabam se dividindo também. Nessas situações, o espírito de Jezabel tem plena
liberdade de se desenvolver.
Na Escritura, o espírito de iniqüidade está vinculado ao
espírito de cobiça e de impureza. Juntos, eles corrompem a alma humana. Aqueles
que praticam a iniqüidade andam de acordo com seus próprios desejos impuros.
São chamados de "pessoas sensuais" por Judas (v. 19). A iniqüidade
resulta em esterilidade e em orações não respondidas. Faz com que o cristão se
extravie e busque benefícios pessoais (Jd 4.3). A iniqüidade também leva o
indivíduo a amaldiçoar o ser humano criado por Deus. Quando faz isso, está
inferindo que Deus não conhece aqueles que Ele próprio criou.
Com [a boca], bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela,
amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. — Tiago 3.9 Em toda a
Bíblia, somos exortados a não vivermos de acordo com este mundo, mas a
buscarmos a paz com todos os homens (Hb 12.14). A Bíblia também deixa claro o
tipo de relacionamento que devemos ter com as figuras de autoridade. Devemos
tratá-las com respeito (Rm 13.1-7). Quando fazemos isso, Deus nos unge com o
óleo da alegria e nos concede a vida para sempre (SI 133).
Deus concede a cada indivíduo a opção de se tornar um vaso
de honra ou de desonra - ser poderosamente usado por Ele ou ser expulso de sua
presença (2 Tm 2.20,21). Nossa disposição de escolher a obediência, mesmo
quando não concordamos com alguém, é a chave para andarmos como vasos de honra.
Quem guarda o mandamento não experimenta nenhum mal; e o
coração do sábio conhece o tempo e o modo. Porque para todo propósito há tempo
e modo; porquanto é grande o mal que pesa sobre o homem.— Eclesiastes 8.5,6
RESPOSTA CORRETA À AUTORIDADE
Desde que foi Deus quem instituiu as autoridades que tão
acima de nós, temos de nos submeter a elas. Também devemos fazer com que nossos
líderes zelem pela nossa alma e alegria.
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles;
pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto
com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros. Orai por
nós, pois estamos persuadidos de termos boa consciência, desejando em todas as
coisas viver condignamente. — Hebreus 13.17,18
A sua disposição para se submeter às autoridades não
significa que você não possa ter idéias diferentes. Podemos experimentar
profunda unidade, mesmo no meio de grande diversidade. No entanto, uma vez que
a liderança decidiu adotar um curso de ação, é preciso que todos acatem e dêem
apoio. Quando o indivíduo questiona constantemente as decisões tomadas pelos
líderes, deve pensar em procurar outra igreja que esteja mais alinhada com seus
ideais e seu chamado. Além disso, se chegar a ter que tomar tal atitude, deve
fazer isso com graça e humildade, nunca com discórdia e conflito. Se não, a
Bíblia diz que a situação torna "prejuízo".
Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do
Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina. — Provérbios 21.1.Ao examinar
seu próprio coração, faça esta pergunta: Eu realmente acredito que Deus pode
mudar o coração do meu pastor? Em caso afirmativo, então por que não recuo e
oro por ele? Nós servimos a um Deus fiel e poderoso, que é capaz de mudar o
coração de um pastor. Se suas convicções e opiniões sobre a igreja estão de
acordo com os pensamentos de Deus, você poderá testemunhar o pastor respondendo
à revelação divina, o que certamente afetará suas decisões e ações. Se Deus não
operar as mudanças que você deseja, talvez o problema real esteja em você
mesmo, e não no pastor! Então, a pergunta deverá ser esta: "O que Deus
está desejando mudar em mim?”
Aceitar as respostas honestas a essas perguntas pode mostrar
áreas em sua vida que Deus deseja modificar. Neste processo, você pode adquirir
uma compreensão mais profunda de si próprio. Também se aproximará mais do
Senhor, ao pedir a Ele que influencie o pastor.
Algumas pressuposições básicas Antes de irmos adiante, seria
bom considerarmos as seguintes pressuposições:
PREMISSA 1: Deus é
onisciente. Seu conhecimento é completo e abrange o passado e o futuro.
PREMISSA 2: Deus
estabelece toda autoridade em sua posição adequada.
PREMISSA 3: Deus permitiu e controlou a circunstância que
colocou seu pastor na posição em que ele está e sabia exatamente o que ele
faria.
PREMISSA 4: Deus não se surpreende pelo que seu pastor faz
ou deixa de fazer.
PREMISSA 5: Deus é todo-poderoso e, segundo a sua vontade,
pode fazer seu pastor parar qualquer curso de ação. Se Deus julgar importante,
Ele pode visitar o pastor e lhe dizer para parar.
PREMISSA 6: Se Deus não está corrigindo seu pastor, talvez
esteja usando a situação para operar na sua vida, bem como na vida do próprio
pastor.
PREMISSA 7: Se Deus está operando em sua vida e na vida do
pastor, então será sábio lembrar: Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia (Mt 5.7). Mostrando misericórdia para com seu pastor,
você receberá misericórdia de Deus.
PREMISSA 8: Desafiar a autoridade pastoral (exceto em casos
de imoralidade, improbidade financeira, ensino herético ou descontrole
emocional) é agir com presunção, como se fosse Deus. As conseqüências de tal
atitude podem ser muito graves.