8 – O PONTO DE ONDE NÃO SE PODE RETORNAR
KENNETH ERA PASTOR DE
uma grande igreja, mas estava experimentando uma quantidade incomum de CAPÍTULO
problemas. A igreja experimentava sérios problemas financeiros, a unidade entre
os membros se desvanecia e sua equipe de líderes estava sendo assolada pela
indecisão. Um espírito de enfermidade atacava fortemente os intercessores e
suas famílias. Era a primeira vez que a igreja sofria um ataque tão violento e
sem tréguas. Até a esposa de Kenneth, que tinha uma boa saúde, estava doente.
No meio dessas calamidades, surgiu um "salvador" -
uma mulher se levantou e se ofereceu para liderar as reuniões diárias de
oração. A princípio, Kenneth encarou a oferta como uma resposta de Deus, a
despeito de dois intercessores o advertirem cm relação àquela senhora. Eles
afirmaram terem tido sonhos e palavras de conhecimento sobre ela, coisas nas
quais Kenneth não conseguia acreditar.
Um dia, ocorreu que uma irmã da igreja, dirigida pelo
Espírito Santo, foi à casa da nova líder de oração. Ao chegar no portão, ficou
surpresa com os ruídos estranhos que vinham de dentro.
Preocupada, ela espiou
pela janela. Ficou horrorizada ao ver a mulher ajoelhada no chão, recitando
encantamentos e espetando alfinetes em bonecos vestidos como a esposa do pastor
e vários outros líderes. Mais tarde, descobriram que aquela mulher estava
orando pela morte da esposa de Kenneth, para que pudesse ser sua próxima
esposa. Lamentavelmente, ela estava sendo enganada e levada a pensar que suas
ações eram pelo bem da igreja. Ela realmente acreditava que a esposa de Kenneth
estava sendo um estorvo para a congregação.
DESENVOLVIMENTO PROGRESSIVO
Se for deixado sem tratamento, o espírito de Jezabel
induzirá a pessoa a um envolvimento cada vez mais profundo com o ocultismo. Ele
tentará destruir o lar do pastor e a vida da igreja. Infelizmente, esse padrão
destrutivo tem sido repetido muitas vezes pela "bela e encantadora
meretriz, da mestra de feitiçarias, que vendia os povos com a sua prostituição
e as gentes, com as suas feitiçarias" (Na 3.4).
Nem todos os indivíduos controlados pelo espírito de Jezabel
desempenharão nas igrejas todas as atividades relacionadas neste livro. É muito
provável que você encontre em sua igreja crentes que estejam sendo
inocentemente enganados por essas forças demoníacas. Desde que não entendem a
Palavra de Deus, serão incapazes de discernir corretamente o espírito que os
dirige (1 Jo 4.1; Rm 1.22). Os pastores precisam confrontar com amor, mas
também com firmeza. Se não forem confrontados, os indivíduos sob a influência
do espírito de Jezabel serão arrastados para um mal maior - sem mencionar o
efeito residual que ficará na igreja durante anos, como o exemplo a seguir
demonstra.
ESPÍRITO RESIDENTE
Glenn participava de uma igreja espiritual e vibrante. Ele
tinha uma habilidade incomum de conquistar a simpatia das pessoas. Fazia muitos
anos que sua esposa estava doente, e ele próprio vinha enfrentando vários
problemas de saúde. No entanto, ninguém conseguia determinar se tais problemas
eram reais ou psicossomáticos.
Glenn parecia concentrar suas súplicas aos membros mais
abastados da igreja. Movidos por simpatia, alguns o ajudavam financeiramente.
Como ele era uma figura amável e paternal, muitos irmãos começaram a acreditar
que ele não podia estar errado. Mesmo o pastor e os presbíteros se compadeciam
de Glenn. Embora reconhecessem sua atitude de manipulação, eles o toleravam e
demonstravam uma compaixão indevida. Como resultado, um espírito de
autocompaixão e de pseudo-espiritualidade começou a se espalhar pelo Corpo como um câncer. Embora
se tratasse de uma igreja carismática, que aceitava as manifestações do
Espírito Santo, o grupo tornou-se impotente para fazer as obras do Reino. O
espírito de Jezabel que dominava Glenn passou a ser residente em toda a igreja.
Além disso, esse espírito era encarado como uma forma de piedade. Com o tempo,
os pastores entravam e saíam, lutando contra essa força espiritual invisível.
Embora a igreja recebesse muitas palavras proféticas, as promessas de Deus
nunca se realizavam sob o peso desse espírito das trevas. O espírito de Jezabel
tornou-se parte do DNA da igreja. Embora mais tarde Glenn tivesse sido
confrontado por um pastor e saído por causa disso (levando várias famílias
junto), o espírito demoníaco permaneceu. A letargia espiritual dominava o ar, e
um sentimento de morte enchia a atmosfera.
Embora o espírito de Jezabel goste de se ligar a pessoas,
também pode se infiltrar e dominar a atmosfera de toda uma congregação. Depois,
ele diminui, bloqueia ou até destrói os pronunciamentos proféticos que desafiam
o Corpo a um chamado mais elevado. Conseqüentemente, a falta de confrontação
motivada por uma compaixão carnal pode influenciar o impacto espiritual até
mesmo de uma igreja madura. Lembrese: todo pecado não confrontado finalmente
germina e produz frutos que levam à morte.
AQUELES QUE NÃO SÃO CRISTÃOS
Atualmente, muitos cristãos bem intencionados que operam sob
o espírito de Jezabel podem simplesmente precisar de revelação quanto ao seu
erro. E muito provável que o espírito nunca chegue a ter plenos poderes em suas
vidas. Outros indivíduos podem apresentar o espírito de Jezabel com seus plenos
poderes, conforme mostrado nas Escrituras. Geralmente tais pessoas não gostam
do Senhor. Elas se unem às igrejas com o propósito deliberado de destruí-las usando
métodos ocultos.
Como já mencionamos, vemos um exemplo desse esquema
diabólico em Atos 16. Uma jovem escrava possuída por um espírito de adivinhação
encontrou-se com Paulo e Silas quando os dois estavam a caminho de uma reunião
de oração. Atraída pela unção deles, ela começou a fazer o seguinte
pronunciamento: "Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam
o caminho da salvação" (At 16.17).
A estratégia diabólica era: associando-se com os apóstolos,
a escrava pareceria ter o "endosso" apostólico. Assim, quando eles
prosseguissem em sua viagem missionária, a jovem estaria em condições de ocupar
o lugar deles na cidade. Portanto, Satanás teria condições de perverter os dons
e missões que Paulo tivesse conferido à igreja da Macedônia. Por meio do
engano, o inimigo poderia mover o coração das pessoas para adorar outro deus
-Satanás.
O ERRO DE BALAÃO
Balaão, o adivinho (Js 13.22), também apelou para o
ocultismo em busca de revelação e poder. Em hebraico, o termo
"vidente" é quacam, que significa determinar por meios mágicos. Ao
usar esse termo, a Bíblia sugere que Balaão perverteu sua unção profética
praticando artes mágicas. Temos de entender que no início Deus falou de fato
com ele. No entanto, o profeta escolheu seguir as trevas, que o levaram à sua
própria desqualificação.
Balaque, rei de Moabe, enviou mensageiros solicitando que
Balaão amaldiçoasse Israel. O rei ofereceu-lhe uma bela recompensa. Balaão,
porém, foi proibido por Deus de profetizar contra Israel. Na esperança de que
Deus mudasse de idéia, ele continuou insistindo no assunto. Revelando sua
obstinação por meio da rebeldia e da insubordinação, Balaão tornou-se mais
controlador. Neste aspecto, ele era como Jezabel. Praticou a manipulação e o
controle até que entrou num caminho sem volta. Com rebelião obstinada e
manipulação, sua vida reflete a progressão do espírito de Jezabel.
MOTIVOS OCULTOS
Há uma distinção sutil entre insistir com Deus como
intercessor e buscar passar por cima das ordens divinas como manipulador. Os
motivos pessoais estabelecem a distinção porque mostram a diferença entre lucro
pessoal e lucro corporativo. Desde que Deus tem poder para sondar nosso coração
e discernir nossos motivos, ele sabia que Balaão desejava manipular as coisas
para obter recompensa. Assim, o coração de Balaão estava sendo motivado por
desejos egoístas.
Como intercessor, Abraão insistiu com Deus em prol da
salvação de Sodoma e Gomorra (Gn 18). Moisés, citado por Deus como o homem mais
manso da face da Terra, intercedeu em favor dos filhos de Israel. Ele pediu a
Deus que tomasse a sua vida e poupasse seus conterrâneos (Ex 32.32). Deus
atendeu ao clamor de Abraão e de Moisés e interferiu. Assim, a intercessão
busca a restauração e a promoção dos planos divinos. O espírito de Jezabel, por
outro lado, busca atrapalhar e destruir os planos de Deus.
Deus pode decidir não atender a uma oração por suas próprias
razões. Quando isso acontece, a forma como reagimos é que determina o andamento
das coisas.
OBSTINAÇÃO
Respostas erradas baseiam-se numa atitude sutil de
questionamento ou de bajulação. Essas atitudes emanam de um coração obstinado.
Assim como a rebelião é igual à feitiçaria, o Senhor diz que a obstinação é
como a idolatria (1 Sm 15.23). No hebraico, obstinação significa empurrar,
pressionar, insistir. Um coração obstinado recusa-se a ser persuadido pelas
figuras de autoridade. O indivíduo desconfia, resiste e busca um meio de
driblar a autoridade. Ele faz qualquer coisa para alcançar aquilo que
deseja.Como a Bíblia revela, Deus jogou com a obstinação de Balaão (Nm 22.20).
No entanto, temos de tomar cuidado quando Deus faz o nosso jogo! Seu juízo está
aguardando logo à frente.
DISTINÇÕES
Embora uma criança possa ser questionadora e insistente
quando quer alguma coisa, não quer dizer que seja dominada pelo espírito de
Jezabel. No entanto, é uma indicação de que a criança está desenvolvendo uma
vontade forte que pode se transformar em obstinação, que precisa ser corrigida.
O mesmo ocorre com um cristão que tem uma vontade forte e insistente. No final,
tal indivíduo terá de aprender a se submeter ao Senhor, bem como às autoridades
espirituais colocadas sobre ele.
DISCERNINDO MOTIVOS
Sempre quando uma motivação para usurpar a autoridade for
descoberta, o pastor deve confrontar. Deve questionar pessoalmente o indivíduo
e buscar discernir seus motivos pessoais, levando-o a examinar seu próprio
coração. Além disso, esta confrontação deve ser realizada com grande mansidão
(Gl 6.1), buscando evitar colocar a pessoa numa atitude defensiva.
No entanto, esteja preparado. O espírito de Jezabel tentará
convencer o pastor ou os líderes de sua inocência, negando qualquer ação
errada. Insistirá em que sua percepção e métodos são corretos. Além do mais,
esses apelos geralmente têm por trás um espírito controlador e exigente.
CONTRIBUIÇÃO IMPURA
Quando a insistência de Balaão não o ajudou a alcançar seus
propósitos, ele apelou para outra tática. Ofereceu um sacrifício, na esperança
de que Deus cedesse ao seu pedido (Nm 23.1-3). Tal sacrifício, porém, era uma
tentativa de manipular Deus. De modo muito similar, pessoas com mente carnal
podem oferecer dons e sacrifícios buscando o favor divino.
Quando Balaão tentou manipular Deus, mostrou que seu coração
estava endurecido e insensível. Ele acreditava que podia "passar a
perna" em Deus. Ele já tinha aplicado essa lógica a outros deuses -
espíritos malignos que lhe haviam dado conhecimento por meio do ocultismo.
Agora, não tinha mais como fazer distinção entre o Deus verdadeiro e os outros
deuses.
Naturalmente, sua estratégia falhou.
Um destino similar aguarda aqueles que operam sob o espírito
de Jezabel. Eles fazem muitos sacrifícios, principalmente à vista das outras
pessoas. Eles dançam, clamam, levantam as mãos, jejuam e participam de várias
campanhas espirituais a fim de mover a mão de Deus. No entanto, o braço de Deus
não será torcido por esses complôs espirituais. Deus não se moverá em favor de
nenhum indivíduo cujos motivos não sejam puros.
Se alguém com o espírito de Jezabel agir dessa forma diante
de Deus, é muito provável que faça isso também diante do pastor. Como Balaão,
tais indivíduos trapaceiam, seduzem e fazem qualquer coisa para obter poder e
reconhecimento. Tais indivíduos devem ser confrontados durante essas campanhas
e levados a reconhecer sua necessidade de arrependimento.
INTENÇÃO DE INJURIAR
Estas [mulheres], por conselho de Balaão, fizeram prevaricar
os filhos de Israel contra o Senhor, no caso de Peor, pelo que houve a praga
entre a congregação do Senhor. — Números 31.16.
O próximo expediente de Balaão foi a manipulação — que causou prejuízo
para muitas pessoas. A manipulação é intrinsecamente errada. Quando ligada à
malícia, ela se torna maligna. Quando a malícia é evidente, deve haver
confrontação. De acordo com o dicionário, manipular quer dizer
"influenciar (indivíduo, coletividade), conseguindo que se comporte de uma
dada maneira, para servir a interesses outros que não os seus próprios" ou
“controlar uma situação direcionando intencionalmente seu
desenvolvimento". Manipulação envolve habilidade e influência. Muitas
vezes, é empregada de forma velada ou escondida, a fim de obter melhores
resultados.
Distorcendo seu dom profético por meio de práticas de
adivinhação, Balaão se prostituiu e tentou manipular os israelitas com a
intenção de causar dano. Explorou a debilidade deles usando belas mulheres e
fazendo com que caíssem em pecado sexual. Assim, os israelitas também
abandonaram o amor de Yahweh e cometeram adultério espiritual. Tendo calculado tudo,
Balaão sabia que aquele pecado traria o juízo de Deus sobre eles. Portanto, o
resultado seria o mesmo se ele próprio os tivesse amaldiçoado. Então ele podia
reivindicar a recompensa que Balaque lhe prometera.
O coração de Balaão foi endurecido pelo Senhor (Nm 22.7;
24.1). Ele estava indiferente, cruel e amargo. No final, lamentavelmente, ele
não estava mais agindo como profeta do Senhor, mas como feiticeiro.
A MANIPULAÇÃO ENTRISTECE O ESPÍRITO SANTO
Por um lado, a maioria das pessoas é capaz de reconhecer que
é errado manipular outras pessoas com malícia. No entanto, o espírito de
Jezabel pode justificar suas ações malignas apontando o suposto bem que será
alcançado no final. O resultado não faz diferença - o indivíduo é enganado
quando usa a manipulação, mesmo que supostamente seja para o bem dos outros.
Infelizmente, muitas pessoas acreditam que suas ações são
justificadas porque "trarão um bem maior" à igreja. Em sua maneira
distorcida de pensar, tal lógica pode parecer espiritual e até mesmo abnegada.
No entanto, não se engane. A manipularão procede de um espírito errado. Ela não
reflete submissão à autoridade e ordem divinas. Mesmo que o indivíduo ocupe uma
posição de liderança, a manipulação entristece o Espírito Santo.
Embora nem sempre a manipulação seja maliciosa, ela sempre é
errada porque envolve controlar pessoas ou circunstâncias em favor de
interesses pessoais. Ela é sempre egoísta, mesmo quando aparentemente a
intenção é o bem dos outros. Na verdade, a manipulação eleva nossos planos acima
dos planos de Deus. Sempre que nos antecipamos a Deus, e colocamos nossas
idéias em ação, revelamos orgulho, que é uma forma de idolatria. Portanto, a
manipulação deve ser confrontada na igreja e nos relacionamentos pessoais.
MANIPULAÇÃO VELADA
Rick tinha assumido uma posição pastoral numa igreja
conhecida pela compaixão para com os pobres. A igreja atravessava uma fase
complicada, e logo ele entendeu a razão.
Rick descobriu que a pessoa que iniciava a maioria das
fofocas no grupo trabalhava bem ao lado do seu escritório. Sua secretária
espalhava informações sobre todas as pessoas que iam ao gabinete pastoral para
aconselhamento ou para tratar de qualquer outro assunto. Depois de várias
advertências que eram ignoradas, Rick teve de dispensar os serviços daquela
irmã. Tudo foi feito da maneira correta, mas logo ele começou a ouvir
comentários sobre como tinha sido injusto e insensível.
Mesmo seus assessores,
que inicialmente tinham concordado com ele, começaram a questionar a decisão
que fora tomada.
Logo Rick descobriu um outro problema. Sua ex-secretária era
muito amiga da faxineira, uma antiga servente da igreja. Ocasionalmente, essa
mulher compartilhava sonhos estranhos que tinha e que pareciam proféticos.
Sempre que havia um culto mais abençoado, ela gostava de dizer a todos que
tinha sonhado que aquilo aconteceria. Rick, porém, achava difícil entender e
aplicar todos aqueles sonhos. Além do mais, ele se esforçava para compreender
como a faxineira aplicava um sonho a um evento em particular. Para complicar
tudo, ela estava na faixa dos 60 anos e usava suas "profecias",
juntamente com seus problemas de saúde, para conquistar a simpatia geral. As
pessoas ficavam com pena dela e lhe davam dinheiro.
Com o tempo, a faxineira tornou-se o verdadeiro "mandachuva"
da igreja, porque tinha manipulado a liderança com sua pseudo-espiritualidade.
Tudo o que ela dizia tornava-se a última palavra! Ela era ainda mais fofoqueira
do que a ex-secretária! Aparentando humildade, dizia que jamais conseguira
entender por que Deus lhe dava aquelas revelações. No entanto, na maioria das
vezes suas profecias não eram mais do que fragmentos de verdades.
A "gota d'água" ocorreu quando Rick a apanhou
profetizando sobre uma situação que ela descobriu vasculhando sua mesa. Nessa
ocasião, ele tinha esquecido de guardar os papéis que ficavam por cima da mesa,
como sempre fazia. Quando ela a firmou que recebera a revelação de Deus, ele
não agüentou e a despediu, pagando-lhe mais do que devia. No entanto, ela
entrou em contato com os membros da liderança e alegou que havia sido demitida
por causa da sua amizade com a ex-secretária. Numa surpreendente virada, os
membros da liderança exigiram que Rick a readmitisse. Um ano depois, Rick
abandonou a igreja, e três anos mais tarde a igreja fechou.
PENSAMENTO DISTORCIDO
Atualmente, muitos pastores sentem os efeitos do espírito de
Jezabel plenamente desenvolvido e com plenos poderes. Alguns têm maldições
lançadas sobre eles mediante as orações carnais de pessoas bem-intencionadas,
que supostamente estão cumprindo a "vontade de Deus". Os indivíduos
dominados por esse espírito têm a consciência cauterizada- chamam o bem de
"mal" e o mal de "bem". Seus pensamentos se tornam fúteis,
e seus corações se tornam tenebrosos. A Bíblia diz que eles são inescusáveis.
Incucando-se por sábios, tornaram-se loucos. — Romanos
1.20-22 Quando o espírito de Jezabel alcança tal estágio de malícia, deve haver
confronto e remoção. O tempo de arrependimento já passou.
VIOLÊNCIA E AGRESSÃO
Jezabel escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o
sinete dele e as enviou aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e
habitavam com Nabote. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum e
trazei Nabote para a frente do povo.
Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele,
dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e
apedrejai-o, para que morra. — 1 Reis 21.8-10.
Neste relato, Jezabel proclamou um jejum e plantou um falso testemunho
para alcançar seus objetivos. Semelhantemente, pessoas dominadas pelo espírito
de Jezabel podem usar disciplinas espirituais enquanto espalham acusações
destinadas a dar apoio à sua causa. Estas podem ter a forma de malícia verbal
ou até de sutil hostilidade. Esses ataques aumentam de intensidade na direção
de sua vítima, enquanto o espírito demoníaco dá maior poder a Jezabel e à sua
influência. Essas ações ilustram a animosidade de raízes profundas e o ódio
para com aqueles que discordam da vontade e dos desejos de Jezabel.
No final, o espírito de Jezabel plenamente desenvolvido
maldiz, desgraça a outra pessoa e busca destruir sua influência. Ele faz isso
falando mal da espiritualidade de sua vítima e destruindo sua influência.
Jezabel ilustrou esse ponto quando usurpou a vinha de Nabote. A Bíblia revela
não somente a força de sua malícia, mas também o alcance de sua violência.
O espírito de Jezabel também pode restringir suas ações ao
abuso emocional, verbal e mental. Pode ter explosões de ira. Enquanto faz isso,
tal indivíduo ameniza sua atitude acreditando sempre em que os fins justificam
os meios.
IRA ASSASSINA
O homicídio é uma ferramenta maligna usada para subjugar a
vontade de outrem. Jezabel planejou desacreditar Nabote e a seguir matá-lo -
tudo dentro dos devidos padrões religiosos da época - porque ele se recusou a
vender a vinha que Acabe desejava. Ela coagiu duas falsas testemunhas para que
acusassem publicamente Nabote de ter blasfemado contra Deus. Depois ela
instigou os anciãos a cumprirem a lei e o apedrejarem. Embora os motivos fossem
"religiosos", ela foi acusada de assassinato.
Em essência, o ato supremo de controle de Jezabel era o
assassinato, quer fosse Nabote o alvo ou as centenas de profetas de Deus, cujas
vidas ela ceifou. Balaão também ocasionou a morte de muitas pessoas. Os dois,
porém, foram executados por uma figura real. Balaão foi morto à espada por
ordem de Moisés, e Jezabel foi morta por ordem de Jeú.
O mesmo deve ocorrer nas igrejas hoje. Os pastores não devem
permitir que pessoas inocentes sejam feridas ou destruídas por alguém com sede
de poder e controle. O indivíduo com o espírito de Jezabel, que age com
malícia, não pode ser tolerado. A liderança pastoral deve remover essa
influência tenebrosa do seio da igreja. Isso é exatamente o que o apóstolo
Paulo ordenou que a igreja de Corinto fizesse, quando admoestou que expulsassem
o jovem sexualmente envolvido com a madrasta (1 Co 5).
HABILIDADES PRÁTICAS
O indivíduo com o espírito de Jezabel tem habilidades para
chegar aonde quer. Pode usar táticas de bajulação, persuasão, sedução sexual,
calúnia, mentira, acusação, intimidação, segredo, perseguição, culpar outras
pessoas pelos próprios erros, bem como criar dependência espiritual ou
emocional nas pessoas. Esses indivíduos são movidos por inveja, rivalidade,
elitismo, e uma necessidade de autopromoção, de domínio e de monopolizar o
tempo e a atenção de outrem. Além do mais, podem causar dano a qualquer pessoa
que fique no caminho.
Quando deixado livre, esse espírito pode procurar vários
líderes, apresentando seu caso e buscando aceitação. Como uma criança rebelde
que primeiro pede ao pai e depois à mãe, o espírito de Jezabel busca alguém que
concorde com suas queixas. Busca influenciar outras pessoas para que dêem
atenção às suas demandas egoístas. Se uma situação não for resolvida
satisfatoriamente, Jezabel fará insinuações, espalhará meias verdades e
desacreditará sua vítima, lançando dúvidas infundadas na mente dos outros. Ela
também procurará burlar toda disciplina, a fim de conquistar simpatia e apoio.
Essa tática parece revelar toda a sua injustiça.
CIÚME
O ciúme desempenha um papel importante na alimentação do
espírito de Jezabel. Ele busca monopolizar todas as atenções, 145a admiração ou
a energia de seus recipientes. Quando movida pelo ciúme, a pessoa controladora
busca eliminar toda competição. Jezabel sente-se profundamente ameaçada por
pessoas com dom profético, porque seus esquemas são desmascarados por meio das
revelações. O intercessor profético, cujas orações podem destruir a base do seu
poder, também é considerado como um inimigo formidável. Assim, o espírito de
Jezabel despreza todo ministério autêntico de intercessão e profecia. A unção
profética genuína manifesta a autoridade espiritual ordenada por Deus. Jezabel,
que busca controlar os outros, será frustrada pela autoridade piedosa e
ameaçada por aqueles a quem ela é dada.
ACUSAÇÃO
A acusação é outra ferramenta comum usada por indivíduos com
o espírito de Jezabel. Quando esse espírito é plenamente desenvolvido, os
demônios ajudam a pessoa a intimidar e incutir medo nos outros. O poder de
acusação é satânico. Ela semeia medo no coração das pessoas fazendo-as fugir.
Satanás é o acusador dos irmãos (Ap 12.10), bem como o pai da mentira. O
espírito de acusação não se baseia em nenhuma verdade racional. Portanto, não
vale a pena argumentar com ele. Só pode ser abordado quando o Espírito Santo dá
direção clara aos líderes. Como ocorreu com Core, sempre há uma capa camuflando
a verdadeira questão - o espírito de iniqüidade. As pessoas que têm espírito
acusador concordam, na verdade, com a doutrina dos demônios. Portanto, terão de
prestar contas a Deus, não importa a situação que estejam tentando corrigir.
Por isso, o apóstolo Tiago diz que onde há calúnia e acusação, sempre há toda
sorte de males (Tg 3.16).
O espírito acusador também opera lado a lado com o espírito
de religiosidade. Juntos, criam uma força formidável e iníqua que entra em operação
na igreja, forjando uma base de crítica para sustentar as causas de Satanás.
Pastores e líderes que buscam enfrentar o espírito de
Jezabel devem estar atentos para a operação de espíritos acusadores. Quando o
líder confronta o espírito de Jezabel, deve ter provas e testemunhas. As
acusações, por outro lado, em geral baseiam-se em suposições e em opiniões
pessoais. As acusações são alimentadas pelo medo e resultam em negação e
retaliações contra o pastor, fazendo com que este fique desacreditado diante
dos demais líderes da igreja.