CAPÍTULO 7 - DESCOBRINDO AS RAÍZES
HÁ MUITO TEMPO, Core e seus companheiros planejavam
organizar uma rebelião. Era evidente que Moisés e Arão estavam velhos e fracos.
A liderança deles tinha resultado em mais tempo de peregrinação pelo deserto!
Core e seus seguidores levitas continuamente desafiavam Moisés e suas
exigências ridículas. Olhando através da grande congregação, Core tinha certeza
de que Israel seria mais forte sob a sua direção. Alguém como ele tinha de se
levantar e se opor ao velho líder. Subitamente, ele ouviu alguém chamando. Era
a voz de Moisés.
"Afastem-se das tendas desses homens perversos!",
Moisés exclamou para as pessoas que estavam perto de Core. "Não toquem em
nada que lhes pertença, ou serão consumidos junto com eles!" Quando as
pessoas começaram a se afastar, Core e sua família - bem como seus seguidores e
suas famílias – permaneceram na porta da tenda. O que Moisés iria fazer a
seguir?
Olhando para a congregação, Moisés clamou em voz alta:
"Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a realizar todas estas obras,
que não procedem de mim mesmo: se morrerem estes como todos os homens morrem e
se forem visitados por qualquer castigo como se dá com todos os homens, então,
não sou enviado do Senhor. Mas, se o Senhor criar alguma coisa inaudita, e a
terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao
abismo, então, conhecereis que estes homens desprezaram o Senhor" (Nm
16.28-30).
Assim que Moisés terminou de falar, Core sentiu um tremor
debaixo dos pés. De repente, a terra se abriu debaixo dele. Ele, sua família e
todos os seus pertences caíram num abismo. Depois, o solo se fechou novamente.
Embora tudo tivesse acontecido numa fração de segundos, Core deve ter sentido o
horror de saber que estava prestes a morrer e que se achava debaixo do juízo de
Deus. As pessoas ao redor fugiram, acotovelando-se, temendo que o juízo divino
caísse também sobre elas. Sem aviso, um estranho fogo desceu do céu e consumiu
250 seguidores de Core.
1. RAIZ DE REBELIÃO
Achando que tinha razão ao questionar a autoridade de Moisés,
Core exaltou sua própria vontade acima de tudo. Semelhantemente, o espírito de
Jezabel acredita que tem o direito de questionar a autoridade do pastor e tenta
iniciar uma revolta. Desde que toda autoridade é instituída por Deus, revolta
contra os líderes é rebelião - iniqüidade - contra o próprio Deus (falaremos
mais sobre o espírito de iniqüidade no capítulo nove).
A rebelião faz parte da essência daqueles que operam sob o
espírito de Jezabel. Achando que estão ouvindo a voz de Deus, eles exaltam a
própria vontade acima da vontade divina ou sobre a autoridade que Deus
instituiu sobre eles (Hb 13). Sempre que nossa vontade é governada pelos nossos
desejos, adoramos nossos interesses pessoais, e não Deus. Em essência,
tornamo-nos nossos próprios ídolos.
Deus equipara a rebelião à feitiçaria, que consiste em poder
adquirido com a assistência de espíritos malignos (1 Sm 15.23). Faz pouca
diferença se o indivíduo tem ou não consciência de que está sendo influenciado
por espíritos malignos.
Na Escritura, Jezabel foi acusada de feitiçaria (2 Rs
9.22a). Portanto, não surpreende que o espírito de Jezabel opere por meio da
feitiçaria, mesmo nos estágios iniciais de seu domínio sobre a vida de alguém.
IMPONDO-SE SOBRE OUTROS
O espírito de feitiçaria impõe sua vontade por meio de
manipulação. Ele destrói o senso de valor pessoal do indivíduo e menospreza sua
capacidade de tomar decisões, estabelecendo sua própria autoridade
"elevada" à custa da soberania de sua vítima. Pode envolver uma
expressão de autoridade ilegítima que foi usurpada. Também pode envolver uma
expressão injusta de autoridade legítima. Por exemplo, um pastor pode usar sua
autoridade de forma ilegítima, manipulando outras pessoas.
No cerne de tais ações, há uma atitude de irreverência — de
desvalorização do indivíduo que foi criado à imagem de Deus. Esse espírito
também demonstra desrespeito pelo valor da vontade humana. Deus nos deu o dom
do livre-arbítrio, e Ele próprio não viola esse dom.
Manipular outras pessoas não faz do indivíduo um feiticeiro
- alguém que fez pacto com Satanás. Também não quer dizer que o indivíduo seja
praticante de magia, encantamentos e coisas afins. No entanto, tal atitude
sugere que a pessoa está mascarando suas verdadeiras intenções. O espírito de
Jezabel encara as outras pessoas como peões que podem ser sacrificados para que
ele realize seus objetivos. Seus seguidores têm convicção de que ele está certo
e que o líder legítimo está errado. Inicialmente, a maioria acredita que ele
está impondo sua vontade para o crescimento do Reino de Deus. Eles perdem de
vista aquilo que Deus está fazendo. Aqueles que praticam a manipulação em seus
lares e nos relacionamentos pessoais farão o mesmo na igreja, a menos que
corrijam tal atitude. Para que a igreja cresça sadia, toda manipulação e
controle humano devem cessar.
COISAS FEITAS EM SEGREDO
Na Escritura, a palavra usada com maior freqüência para
feitiçaria é o termo hebraico anan, que significa cobrir ou agir de forma
encoberta. É exatamente isso que o espírito de Jezabel faz.
Embora o indivíduo possa não ser um praticante de
feitiçaria, ou um espírito de Jezabel plenamente desenvolvido que busca
destruir a congregação ou o pastor, pode ter um espírito de feitiçaria. Um
indivíduo pode ser cristão e agir sob um espírito de feitiçaria sem ao menos
perceber. Esse espírito tem estado hibernando há muito tempo dentro do Corpo de
Cristo e, lamentavelmente, opera por intermédio de alguns vasos escolhidos do
Senhor. Mesmo intercessores e profetas maduros podem de vez em quando operar
sob a influência desse espírito maligno, bastando que haja portas abertas de
antigas feridas. A evidência de feridas não curadas é se o indivíduo fica
constantemente se debatendo com sentimentos de rejeição, de desvalorização, ou
se sente ignorado. Ou, então, se luta constantemente contra a amargura, o
espírito crítico e a ira.
Terry e Lisa, por exemplo, durante os 14 anos de casados
sempre foram ativos na igreja. Terry tinha um excelente emprego, e Lisa adorava
ficar em casa cuidando dos filhos. Terry era um bom homem. Só não tinha muita
empolgação em relação ao crescimento espiritual. Para ele, jogar golfe aos
domingos era mais agradável do que ir à igreja.Lisa buscava obedecer a Deus,
mas parecia que isso sempre resultava em desentendimentos, esperanças
frustradas e, finalmente, dor. Parecia que todas as igrejas que eles procuravam
tinham problemas, e eles sempre estavam bem envolvidos em alguma confusão.
Soluçando na mesa da cozinha, Lisa não conseguia entender
por que os dois tinham sido convidados a se retirar da igreja. Eles estavam
apenas tentando ajudar as pessoas. Afinal, ela não tinha culpa se podia
"ver" coisas que outros não viam. O pastor podia ser um grande homem
de Deus, mas ele não a ouvia. Seria bom se a ouvisse. Muitas pessoas a apoiavam;
por que o pastor não a apoiava? O irmão encarregado do ministério profético
estava totalmente contra ela. Mesmo assim, Lisa tinha se tornado líder de sete
dos 14 grupos de oração. Seu sonho era um dia liderar todos eles.
Desde pequena, Lisa sempre desejou ser pastora. Se tivesse
oportunidade, ela lideraria a igreja por meio da intercessão. Seu ministério de
oração seria o maior do Estado. Ela seria a chave do sucesso do pastor. Com seu
conhecimento estratégico e a autoridade dele, os dois poderiam ter edificado a
maior igreja da região. Missionários seriam enviados para as nações e centenas
de profetas seriam treinados no novo programa de treinamento que ela sonhava
implementar. Era constrangedor que ela tivesse sido afastada por causa da
inveja das pessoas. Enquanto Lisa falava consigo mesma, notou que a ira e a
amargura cresciam em seu interior. Por que não, pensou. Tinha sido injustiçada
novamente. Sabia que Terry se limitaria a encolher os ombros e lhe dar uma
resposta conciliadora: "Eu lamento o que aconteceu." Finalmente, ela
começou a pensar se o casamento estava valendo a pena. Às vezes, ela achava que
tinha casado com o homem errado.
Lisa não sabia, mas ela já tinha abraçado o primeiro nível
do orgulho e autopromoção que a levaria pelo caminho de enganos maiores do
espírito de Jezabel. Uma das evidências iniciais da influência do espírito de
Jezabel é a forma como o indivíduo reage quando não concorda com as figuras de
autoridade. Não é errado discordar do líder; é a forma como reagimos quando há discordância
que indica a influência maligna. Devemos seguir o protocolo apropriado para a
resolução de conflitos, conforme esboçado na Escritura (Mt 18). Também
precisamos considerar os exemplos de Ester e Hama e de Davi e Saul.
COMPORTAMENTO EGOCÊNTRICO
Como Lisa, um cristão influenciado pelo espírito de Jezabel
pode não ter intenção de destruir a igreja. No entanto, indivíduos operando em
níveis variados de rebelião e de feitiçaria j;í destruíram muitas igrejas.
Assim, a feitiçaria pode operar por intermédio de um indivíduo que tenta
assumir o controle.O controle e a manipulação são fortalecidos depois de cada
empreendimento bem-sucedido. Cheia de autopiedade e orgulho, a alma do
indivíduo corre o risco de ser plenamente dominada por demônios. Esse tipo de
feitiçaria pode ser exercido sem que haja envolvimento com ocultismo, mesmo por
parte de cristãos que professam Jesus como Senhor. Uma pessoa que opera numa
forma mais avançada de feitiçaria está determinada a impor sua vontade, não
importa qual seja o custo moral. No caso de Jezabel, o controle e a manipulação
apelaram para o assassinato.
Além de desagradar a Deus, a feitiçaria impede os
relacionamentos nos quais é fundamental que haja honestidade. Considerando que
ela viola a vontade e a liberdade de escolha das outras pessoas, pode causar
grande devastação no relacionamento conjugai. Também é destrutiva no
relacionamento entre pais e filhos e entre outros membros da família. Nas
situações de conflito, os indivíduos que operam nesse espírito se recusam a
falar a verdade. Além disso, empregam meios insidiosos e injustos para
conseguir vantagem e alcançar seus alvos, achando que os fins justificam os
meios.
Atualmente, Deus busca como nunca a piedade e a justiça.
Cada vez que Ele aponta novos líderes, é uma afirmação profética de que Ele
planeja estender seu Reino na Terra. Portanto, todo o avanço do Reino é
realizado por meio dos líderes apontados por Deus. O espírito de Jezabel busca
abortar o avanço divino, usurpando o governo dos pastores e líderes.O chamado
para exercermos autoridade na Terra não á um chamado para o domínio e a
opressão. O domínio carnal, na verdade, é um substituto para o exercício
piedoso da autoridade ordenada por Deus.
2. RAIZ DE AMARGURA
Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso,
separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando,
vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados. — Hebreus 12.15 A
rebelião, em todas as suas formas, tem várias raízes; uma delas é a amargura. A
amargura abre a porta pela qual o espírito de Jezabel se esgueira para dentro
da alma da pessoa, sem ser detectado. Muitas vezes, a amargura se instala em
nossa vida quando sentimos que estamos sendo privados de reconhecimento ou
honra. A autopiedade se desenvolve, e o indivíduo, consciente ou não, começa a
buscar formas de conseguir atenção e poder mostrar o dom que acha que tem.
A amargura se instala na alma humana, pois é uma fortaleza
ligada ao egoísmo e ao orgulho. Ela pode ser dirigida contra Deus ou contra
aqueles que Ele instituiu como autoridade. Desde que, com freqüência, trata-se
de uma reação a uma suposta injustiça ou exercício injusto de autoridade, ela
faz com que o indivíduo reaja contra toda autoridade, seja esta justa ou
injusta. A amargura provoca desesperança. Entretanto, visto que ela está ligada
ao orgulho, essa desesperança induz a pessoa a conceber esquemas que promovam
seus dons.
Amargura é pecado. Ela prejudica profundamente a pessoa e
leva à iniqüidade. Como acontece com todo pecado, o indivíduo deve reconhecer a
amargura, se arrepender e ser curado mediante a graça de Deus.
FRUTO ÁCIDO
A raiz de amargura produz frutos variados. Pode gerar
imoralidade (Hb 12.1416), ira profunda e duradoura e ressentimento, ou um
padrão de relacionamentos rompidos. Além disso, a raiz de amargura é
contagiosa. Um espírito amargurado infectará o espírito de muitas pessoas.
A cruz é a cura para a raiz de amargura. Somente Jesus, como
o Grande Médico, pode nos libertar desse tormento demoníaco. Sua unção pode nos
tirar dos nossos caminhos de rebelião. Assim, um coração amargo e rebelde pode
ser transformado num coração grato e obediente, mediante o toque da graça de
Deus. Depois desse livramento, a pessoa decide submeter-se às autoridades
instituídas por Deus. Submissão é uma decisão que o indivíduo deve tomar - não
um sentimento. A prática contínua da submissão produz mansidão. Lembre-se:
Jesus disse que os mansos herdarão a Terra (Mt 5.5).
3. RAIZ DE ESCRAVIDÃO
[Vós] não recebestes o espírito de escravidão, para
viverdes, outra vez, atemorizados. - Romanos 8.15a A raiz de escravidão leva ao
medo e produz um espírito de legalismo, depressão, servidão, subserviência e
com role. Pessoas escravizadas pelo espírito de Jezabel - seja como recipiente
ou como vítima - não podem provar a verdadeira liberdade.
A Escritura diz que onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade (2 Co 3.17). Liberdade implica responsabilidade e compromisso. Apesar
disso, aqueles que operam sob o espírito de Jezabel assumem responsabilidade,
mas não assumem compromisso. Encaram o compromisso como uma espécie de
escravidão e o evitam como praga.
Freqüentemente, os indivíduos presos por esse espírito são
incapazes de sentir sua adoção como filhos de Deus. Sentem-se isolados e
abandonados. Enquanto lutam para satisfazer suas próprias necessidades, adotam
uma mentalidade de vítimas, como se a vida lhes "devesse" algo. Mesmo
quando recebem um dom maravilhoso, carecem de uma atitude de gratidão, sentindo
que merecem tudo o que lhes é dado. De fato, sempre sentem que deveriam receber
mais do que recebem.
4. RAIZ DE MEDO
Aquilo que temo me
sobrevém, e o que receio me acontece. — JÓ3.25. O medo (que é falta de fé) abre
a porta para o espírito de Jezabel na vida do indivíduo. A mentalidade medrosa
pode começar na infância, prosseguindo até a idade adulta, quando, então, as
emoções do indivíduo assumem o comando e passam a controlá-lo. O espírito de
medo -uma fortaleza mental da alma - pode mentir para a criança. Ele
sussurrará: "Posso proteger você. Serei o seu refúgio contra o domínio de
outras pessoas. Eu darei o controle a você." Esse engano ocorre no
subconsciente porque ignora o entendimento cognitivo e vai diretamente
influenciar as ações do indivíduo. Assim, leva a pessoa a reagir com medo às
circunstâncias.
O espírito de medo sempre impõe sua influência nos momentos
de maior fraqueza da pessoa. Esses momentos seguem, em geral, os episódios em
nossa vida que deixam cicatrizes profundas na psique. Também podem ser
resultado das ameaças verbais dos pais e de outras pessoas. Infelizmente,
muitos pais bem-intencionados usam o medo para controlar os filhos, em vez de
desenvolver na criança a habilidade de fazer escolhas sábias.
A raiz de medo pode ser removida pela ação do Espírito de
Deus. Esse processo só pode ser realizado por aqueles que estão dispostos a
pagar o preço da oração, da paciência e da perseverança. Devem estar dispostos
a perdoar qualquer figura de autoridade que os tenha ferido.
FORTALEZAS MENTAIS
As mentiras proferidas por espíritos sedutores são muito
sutis. Elas chegam à mente como pensamentos "dirigidos à alma" por um
espírito maligno ardiloso c esperto. A princípio, os pensamentos parecem lógicos
e justos. Quando são acolhidos, reconhecidos como verdadeiros e aceitos, ficam
profundamente enraizados em nosso subconsciente. Tornam-se uma forma de pensar
ou, em outras palavras, uma fortaleza mental. A partir daí, a mente consciente
pode jamais processar os pensamentos que entram, a menos que o indivíduo receba
revelação de Deus e reconheça que um espírito demoníaco está tentando controlar
seus pensamentos.
Muitas fortalezas mentais se formam durante a infância.
Falando de modo geral, provavelmente os pais não tiveram discernimento para
anular esses ataques, como batalha espiritual. Os pais capazes de discernir um
espírito enganador não têm, muitas vezes, conhecimento profundo da Palavra de
Deus para ensinar aos filhos como se defender de tais ataques.
Conseqüentemente, as crianças se tornam presas potenciais dos enganos de
Satanás (2 Tm 2.25,26).
Concordar com um espírito enganador é tornar-se seu
prisioneiro. Tais espíritos desonestos são guardas de prisão exigentes. O mesmo
espírito que trabalha para o indivíduo e por intermédio dele, também trabalha
contra ele, impedindo que se liberte. De forma distorcida, esses guardas de
presídio tentarão convencer o indivíduo de que sua cela, na verdade, é o
veículo por meio do qual ele chegará à posição de honra que tanto almeja. Isso,
porém, é uma ilusão.
Sempre que aceitamos as mentiras do inimigo, voluntariamente
aceitamos um processo de rejeição, insignificância e insegurança. Começamos a
duvidar se temos mesmo um Pai celeste amoroso. Como resultado, uma fortaleza de
medo produz ansiedade e depressão (Pv 12.25).
Quando o indivíduo é capaz de reconhecer essas fortalezas,
pode encontrar a verdadeira liberdade. A remoção do espírito de medo danifica
uma das principais raízes do espírito de Jezabel. Libertação e cura interior
das feridas do passado são alcançadas pela renovação da confiança no Senhor
Jesus. Falaremos mais disso no capítulo 12.
5. RAIZ DE ORGULHO
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério:
BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA... Porque
diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei
de ver! — Apocalipse 17.5; 18.7 O orgulho é a principal raiz do espírito de
Jezabel. Ele envolve o indivíduo elevar a si próprio a fim de dominar as outras
pessoas ou parecer superior. O espírito de orgulho é contrário ao Espírito
Santo.Maria, a mãe do Senhor Jesus, é um bom exemplo da antítese do orgulho.
Quando o anjo Gabriel anunciou que ela daria à luz o Salvador do mundo, ela
ponderou sobre o mistério por que Deus a escolhera para um destino tão glorioso
(Lc 1.46-55). O espírito de orgulho também é diferente do coração de Ester, que
humildemente se postou diante do rei para fazer seu pedido. Por causa de sua
mansidão, seu pedido foi atendido e uma nação foi salva. Esse espírito também é
diferente do coração de Débora. Como profetisa e juíza em Israel (Jz 4.4-9),
ela não foi presunçosa nem tentou erroneamente assumir a liderança que
pertencia a outrem. Pelo contrário, assumiu a liderança somente mediante o
convite e a insistência do líder.
ESPERA ATIVA
Ana tinha acabado de acender a última lâmpada no Templo. O
vento frio do outono tinha chegado antes aquele ano. O ar frio daquela manhã,
porém, parecia particularmente refrescante, e a oração dela, mais viva e
desimpedida. Talvez fosse por causa do jejum que fizera. Logo, porém, Ana
percebeu que veria a Luz de Israel e do mundo.
Anos atrás, o Senhor lhe dissera numa visão que, se ela
orasse pelo advento do Messias, viveria para ver sua chegada. Desde que ficara
viúva, Ana tinha determinado em seu coração servir ao Senhor todos os dias - de
manhã até a noite. E linha feito isso nos últimos 50 anos. Em algumas ocasiões,
fora difícil perseverar, mas o Senhor a ajudou. Pessoas bondosas ajudavam no
seu sustento. Como ela podia deixar de servir a Yahweh Jireht Ele realmente é o
Provedor!
Através do saguão de entrada, ela viu Simeão chegando para
fazer sua oração. Naquele dia, ele chegou mais cedo do que de costume. Ela
observou enquanto ele se ajoelhava e elevava as mãos para o céu. Podia-se
sentir intensamente a presença do Espírito Santo no Templo. Entrando pela área
principal perto do altar, Ana caiu de joelhos soluçando e chorando. A presença
de Deus era poderosa. Quando ela se levantou e caminhou em direção ao saguão
para orar pelas pessoas que chegariam naquela manhã, quase engasgou ao passar
por uma das enormes colunas que sustentavam o teto do Templo.
Simeão estava conversando com um jovem de aparência rústica,
acompanhado de uma bela jovem, que parecia ser sua esposa; ela carregava um
bebê. Os dois estavam radiantes. Simeão tomou o bebê em seus braços, enquanto
lágrimas desciam pelo seu rosto e pela barba. Quando ele levantou a criança
para abençoá-la, Ana sentiu em seu espírito que Simeão estava segurando a
Redenção de Israel. Enquanto ele profetizava para o bebê, Ana foi dirigida pelo
Espírito Santo a andar pelo Templo proclamando que a promessa de Deus tinha se
cumprido. O Messias havia chegado!
Por quase 60 anos, Ana servira no Templo em mansidão,
contrição e firmeza (Lc 2.36-38). A autopromoção não era uma marca de sua vida.
Outras pessoas a chamavam de profetisa, mas ela própria não se considerava
assim. Como resultado, Deus a exaltou.
DESPREZANDO A MANSIDÃO
O orgulho de Jezabel é a antítese da humildade. Na Bíblia,
Jezabel é retratada como glorificando a si própria e vivendo na luxúria. Cheia
de presunção, ela decidiu se "sentar como rainha" (Ap 18.7). Esse
espírito arrogante despreza o estado humilde de uma viúva ou de qualquer outra
mulher. Ele encara a mansidão e a humildade como sinais inerentes de fraqueza e
de opróbrio. Assim, ele despreza a obediência às autoridades porque, para ele,
submeter-se a uma autoridade exige um sacrifício muito grande.
Instintivamente, esse espírito orgulhoso usa suas
habilidades de sedução para atrair outras pessoas aos seus esquemas.
Desesperado por atenção, ele deseja ser reconhecido e aclamado pelos homens, os
quais, por sua vez, são conduzidos para a morte.
TENTAÇÃO SEXUAL
Alguns anos atrás ouvi, abismado, David me contar o que lhe
havia acontecido. Ele parecia ter uma vida perfeita: uma linda esposa e um
trabalho que ele adorava. Sua igreja estava em franco crescimento.
Freqüentemente, David aparecia nos jornais. Tudo parecia estar dando certo para
ele, exceto seu casamento. Havia muitos meses que ele e a esposa não mantinham
relações sexuais. O casamento se tornara árido. Ele planejava tirar alguns dias
de folga.
David começou a prestar atenção em outras mulheres. Depois de
vê-las na igreja, ele ficava alimentando fantasias. Uma mulher em particular
chamou sua atenção. David ficou contente ao ver o nome dela em sua agenda,
solicitando uma entrevista. Sentindo-se mais entusiasmado do que de costume ao
pensar em conversar com ela, ele decidiu ser cauteloso e reprimir suas emoções.
A audiência correu normalmente. A mulher parecia dinâmica e
disposta a servir. Confidencialmente, disse a David que tivera problemas em
outras igrejas por ser uma mulher atraente. Duas semanas mais tarde, ela
retornou. Dessa vez, vestia um casaco de peles comprido. Até aí, isso não
parecia nada estranho, já que o tempo estava frio. Quando ela entrou em seu
gabinete, David fechou a porta, como era seu costume, pois a mesa da secretária
ficava do lado de fora. Parada no meio da sala, a mulher começou a elogiar
David pela unção que ele possuía.
Ela compartilhou uma visão na qual o vira pregando para reis
e presidentes; disse que queria ajudá-lo a alcançar esse propósito.
Declarou-lhe que Deus tinha revelado a ela algumas coisas. Olhando-o nos olhos,
afirmou que sabia que ele e a esposa não estavam tendo intimidade. Ela conhecia
a solidão dele. Apelando para seu orgulho masculino, disse que David e outros
grandes homens de nossa época eram como o "rei Davi". O papel dela
era ajudar o rei de todas as formas. Assim como aconteceu com Davi e Salomão,
uma mulher apenas não podia satisfazer as necessidades sexuais de um homem com
um chamado tão poderoso.
Embriagado com as palavras e a sensualidade dela, David ficou
sem fôlego por vários segundos. Então, num gesto ousado, a mulher tirou o
casaco, revelando sua nudez total. O coração de David palpitou aceleradamente,
e a poderosa sedução caiu sobre ele. Contornando a mesa, ele a tocou e cedeu ao
desejo há muito tempo reprimido.
Durante as noites insones que se seguiram, ondas de vergonha
e culpa fustigavam a alma de David. Ele queria fugir, retroceder no tempo e
apagar o que tinha acontecido. Finalmente, ele se afastou do ministério. Tempos
depois, o prédio de sua igreja, com lugar para três mil pessoas sentadas, foi
vendido num leilão.
Achei coisa mais amarga do que a morte: a mulher cujo
coração são redes e laços e cujas mãos são grilhões; quem for bom diante de
Deus fugirá dela, mas o pecador virá a ser seu prisioneiro. — Eclesiastes 7.26.
O orgulho pela unção ou pelos dons pode ser a semente que finalmente leva à
queda. Também pode levar a uma atração fatal.
O ENGANO VINDOURO
Há cerca de 2.500 anos, o profeta Zacarias descreveu um
espírito de orgulho que se esconderia por trás de um engano futuro envolvendo
mulheres. Creio que ele teve uma revelação do espírito de Jezabel se elevando
na Terra em nossos dias (Zc 5.5-11). Zacarias viu um cesto dividido em seis
partes. O número 6 é o número do homem, e representa o esforço carnal. Quando a
tampa do cesto foi retirada, Zacarias viu uma mulher sentada dentro dele.
Quando ela tentou escapar, um anjo forçou-a para dentro do cesto e colocou um
peso sobre a tampa. Então, duas mulheres com asas de cegonha levaram o cesto
para a terra de Sinear, ou Babilônia, onde a mulher seria colocada num
pedestal. O Senhor chamou aquela mulher, que era um espírito exigente e
orgulhoso, de "Iniqüidade".
Atualmente, as mulheres que lutam por poder, posição e
domínio, muitas vezes, sem suspeitar, acolhem o espírito do Anticristo. Esse
espírito as instiga e impele a exigirem posição e autoridade, de forma muito
semelhante como os movimentos feministas fazem hoje. Assim, essas mulheres caem
na armadilha da Babilônia.
O espírito de orgulho torna muito difícil que o indivíduo se
arrependa. A pessoa precisará reconhecer que a humildade diante de Deus não tem
preço. Precisa desistir da atitude defensiva contra as autoridades e de usurpar
a autoridade de outros principalmente a autoridade masculina. Se o indivíduo se
arrepende e abandona o espírito de orgulho, será poupado de enganos maiores e
mais devastadores.
RAÍZES EM NOSSO ESPÍRITO
Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de
toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade
no temor de Deus. — 2 Coríntios 7.1.
Somos instruídos a purificar nossas raízes — aquilo que reside em nossa
carne [alma] e em nosso espírito (2 Co 7.1). Ignorar nossa alma (ou carne) serve
apenas para perpetuar seus frutos. Se nossa carne dominar sobre o nosso
espírito, ele será contaminado.
Ao anunciar o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo,
João Batista disse: "O machado está posto na raiz das árvores" (Lc
3.9). Assim, para produzirmos frutos santos, temos de matar mais do que nossa
natureza superficial. Temos de examinar e tratar com os motivos do nosso
coração. Além do mais, para nos envolvermos em arrependimento individual,
corporativo e nacional, primeiro as raízes profundas de nossa alma devem ser
arrancadas.
ENCARANDO A SI PRÓPRIO COM HONESTIDADE
Quando o espírito de Jezabel se entrincheira na alma humana,
suas raízes demoníacas devem ser identificadas. Este discernimento chega quando
reconhecemos a falta do controle do Espírito Santo em nossa vida. O próprio
Espírito opera isso por meio da convicção, e não da condenação.
Deus revela o ponto de debilidade pelo qual o espírito
demoníaco tem acesso à vida do ser humano. Fechando as portas, a pessoa elimina
a ameaça do retorno desse espírito. Qualquer ameaça, por menor que seja, que
tente reabrir a porta, também deve ser tratada. Portanto, a vigilância
espiritual deve ser constante, até que ocorra a cura completa (2 Co 13.5).
Sob grande estresse, pessoas que pareciam já libertas do
espírito de Jezabel podem recair temporariamente em padrões de manipulação e
controle. Embora possam ter se arrependido e sido libertas, suas áreas fracas
ou feridas podem não ter tido tempo suficiente para se recuperar. Os antigos
hábitos podem retornar. Por essa razão, se a liderança não presta atenção, o
indivíduo pode se tornar novamente um problema.
COMPORTAMENTO DESCONTROLADO
Se os problemas do
indivíduo são resultado de pais dominadores, ele deve se perguntar a quem está
se sujeitando. Pode ainda estar preso a uma mãe dominadora. Pode ter se casado
com um cônjuge dominador, com o qual disputa o controle. A qualquer sinal de
ameaça de perda do controle, o indivíduo pode reagir desafiando todas as
figuras de autoridade em sua vida. Qualquer que seja o caso, pode haver
racionalização espiritual, a fim de que o indivíduo confie em que outras
pessoas não o dominarão, ferirão ou depreciarão no futuro.
Indivíduos desse tipo sentem, com facilidade, que há uma
atitude geral de acusação, crítica ou julgamento em relação a eles. Tal sentimento
fecha a porta para qualquer esperança de restauração. O ministério de
libertação requer grande compaixão. Lembre-se: ele é bem-sucedido quando é
iniciado por Deus e quando sua sabedoria e poder estão presentes.
MUDANÇA É UM PROCESSO
Uma vez que o indivíduo é liberto dos espíritos demoníacos,
seu espírito deve ser curado e fortalecido. Todo o processo exigirá tempo. A
pessoa deve ter tempo para amadurecer espiritualmente. Tal indivíduo não deve
ser colocado prematuramente em qualquer posição de liderança, até que o
processo de libertação, cura e restauração esteja completo. Será preciso
colocar um novo fundamento na sua vida. O pastor pode encontrar dificuldade
para fazer isso, principalmente se for tímido, medroso ou se estiver zangado
com as coisas que o indivíduo problemático fez.
Não é raro que a pessoa dominada pelo espírito de Jezabel
tenha um chamado profético genuíno. Seu dom simplesmente foi distorcido,
corrompido e mal empregado. Redenção, cura e maturidade podem ser dons
maravilhosos para a destruição das obras do Maligno. Talvez seja por isso que
Satanás se esforça para perverter o dom - para que não traga dano ao seu
império.
Os pastores devem tomar cuidado para não tratar das feridas
de modo superficial. Lidar com a
situação de forma leviana sendo complacente onde era preciso ser firme
ou reagindo com agressão às atitudes da outra pessoa - pode agravar a ferida o
causar danos irreversíveis ao indivíduo. Se o dom da pessoa for reativado muito
rápido, ela pode ser enterrada sob o peso da bajulação.
CONFESSANDO OS PECADOS A DEUS
Não importa qual seja o espírito que a esteja oprimindo,
cada pessoa deve recusar ficar se defendendo e justificando seu comportamento.
Deve sondar seu coração e se arrepender, abandonando os pecados. Deve confessar
seus pecados ao Senhor, e Ele promete perdoar e purificar (1 Jo 1.9). O
arrependimento é fundamental para o processo de restauração (2 Co 7.10).
Enquanto não há pleno arrependimento, Deus não pode realmente nos abençoar e
curar (Is 59.20).
Quando os indivíduos feridos pedem ajuda, os líderes
precisam demonstrar misericórdia e compaixão. Lembremos que é a bondade divina
que nos conduz ao arrependimento (Rm 2.4). O livro de Hebreus nos instrui a
encorajarmos uns aos outros diariamente, para não sermos endurecidos pelo
engano do pecado (Hb 3.12,13). Temos de evitar fazer coisas que levem as
pessoas a rejeitar o processo de cura e a se afastarem ainda mais de Deus (Mt
18.7).
Pastores, líderes e membros da igreja devem tomar cuidado
para não demonstrar uma postura hostil ou arrogante para com os indivíduos que
buscam a cura. Qualquer tentativa de controlar uma pessoa ferida pode induzi-la
ainda mais à rebelião. Restauração leva tempo. Mesmo no caso de Jezabel, Deus
lhe deu oportunidade para se arrepender (Ap 2.21).
UM ESPIRITO PROFÉTICO PRECURSOR
Séculos atrás, Deus enviou seu mensageiro, o profeta Elias.
Ele confrontou Jezabel e seus falsos profetas, os quais estavam fazendo o povo
de Deus se desviar. Agora, nesses últimos dias, Deus está liberando uma
mensagem profética por todo o mundo. Está levantando homens, mulheres e
crianças com o poder e a unção de Elias. Eles confrontarão o espírito de
Jezabel (Ml 4.5,6).
Como um precursor, o espírito de Elias novamente
"habilitará para o Senhor um povo preparado" (Lc 1.17). Ao nos
prepararmos para sua vinda, precisamos colocar o machado na raiz da nossa
natureza carnal (Mt 3.10) e produzir frutos dignos do Senhor.