quinta-feira, 29 de abril de 2021

Desmascarando o espírito de Jezabel - 07 - Descobrindo as raízes



CAPÍTULO 7 - DESCOBRINDO AS RAÍZES

HÁ MUITO TEMPO, Core e seus companheiros planejavam organizar uma rebelião. Era evidente que Moisés e Arão estavam velhos e fracos. A liderança deles tinha resultado em mais tempo de peregrinação pelo deserto! Core e seus seguidores levitas continuamente desafiavam Moisés e suas exigências ridículas. Olhando através da grande congregação, Core tinha certeza de que Israel seria mais forte sob a sua direção. Alguém como ele tinha de se levantar e se opor ao velho líder. Subitamente, ele ouviu alguém chamando. Era a voz de Moisés.
"Afastem-se das tendas desses homens perversos!", Moisés exclamou para as pessoas que estavam perto de Core. "Não toquem em nada que lhes pertença, ou serão consumidos junto com eles!" Quando as pessoas começaram a se afastar, Core e sua família - bem como seus seguidores e suas famílias – permaneceram na porta da tenda. O que Moisés iria fazer a seguir?

Olhando para a congregação, Moisés clamou em voz alta: "Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a realizar todas estas obras, que não procedem de mim mesmo: se morrerem estes como todos os homens morrem e se forem visitados por qualquer castigo como se dá com todos os homens, então, não sou enviado do Senhor. Mas, se o Senhor criar alguma coisa inaudita, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo, então, conhecereis que estes homens desprezaram o Senhor" (Nm 16.28-30).
Assim que Moisés terminou de falar, Core sentiu um tremor debaixo dos pés. De repente, a terra se abriu debaixo dele. Ele, sua família e todos os seus pertences caíram num abismo. Depois, o solo se fechou novamente. Embora tudo tivesse acontecido numa fração de segundos, Core deve ter sentido o horror de saber que estava prestes a morrer e que se achava debaixo do juízo de Deus. As pessoas ao redor fugiram, acotovelando-se, temendo que o juízo divino caísse também sobre elas. Sem aviso, um estranho fogo desceu do céu e consumiu 250 seguidores de Core.

1. RAIZ DE REBELIÃO
Achando que tinha razão ao questionar a autoridade de Moisés, Core exaltou sua própria vontade acima de tudo. Semelhantemente, o espírito de Jezabel acredita que tem o direito de questionar a autoridade do pastor e tenta iniciar uma revolta. Desde que toda autoridade é instituída por Deus, revolta contra os líderes é rebelião - iniqüidade - contra o próprio Deus (falaremos mais sobre o espírito de iniqüidade no capítulo nove).
A rebelião faz parte da essência daqueles que operam sob o espírito de Jezabel. Achando que estão ouvindo a voz de Deus, eles exaltam a própria vontade acima da vontade divina ou sobre a autoridade que Deus instituiu sobre eles (Hb 13). Sempre que nossa vontade é governada pelos nossos desejos, adoramos nossos interesses pessoais, e não Deus. Em essência, tornamo-nos nossos próprios ídolos.
Deus equipara a rebelião à feitiçaria, que consiste em poder adquirido com a assistência de espíritos malignos (1 Sm 15.23). Faz pouca diferença se o indivíduo tem ou não consciência de que está sendo influenciado por espíritos malignos.
Na Escritura, Jezabel foi acusada de feitiçaria (2 Rs 9.22a). Portanto, não surpreende que o espírito de Jezabel opere por meio da feitiçaria, mesmo nos estágios iniciais de seu domínio sobre a vida de alguém.

IMPONDO-SE SOBRE OUTROS 
O espírito de feitiçaria impõe sua vontade por meio de manipulação. Ele destrói o senso de valor pessoal do indivíduo e menospreza sua capacidade de tomar decisões, estabelecendo sua própria autoridade "elevada" à custa da soberania de sua vítima. Pode envolver uma expressão de autoridade ilegítima que foi usurpada. Também pode envolver uma expressão injusta de autoridade legítima. Por exemplo, um pastor pode usar sua autoridade de forma ilegítima, manipulando outras pessoas.
No cerne de tais ações, há uma atitude de irreverência — de desvalorização do indivíduo que foi criado à imagem de Deus. Esse espírito também demonstra desrespeito pelo valor da vontade humana. Deus nos deu o dom do livre-arbítrio, e Ele próprio não viola esse dom.

Manipular outras pessoas não faz do indivíduo um feiticeiro - alguém que fez pacto com Satanás. Também não quer dizer que o indivíduo seja praticante de magia, encantamentos e coisas afins. No entanto, tal atitude sugere que a pessoa está mascarando suas verdadeiras intenções. O espírito de Jezabel encara as outras pessoas como peões que podem ser sacrificados para que ele realize seus objetivos. Seus seguidores têm convicção de que ele está certo e que o líder legítimo está errado. Inicialmente, a maioria acredita que ele está impondo sua vontade para o crescimento do Reino de Deus. Eles perdem de vista aquilo que Deus está fazendo. Aqueles que praticam a manipulação em seus lares e nos relacionamentos pessoais farão o mesmo na igreja, a menos que corrijam tal atitude. Para que a igreja cresça sadia, toda manipulação e controle humano devem cessar.

COISAS FEITAS EM SEGREDO 
Na Escritura, a palavra usada com maior freqüência para feitiçaria é o termo hebraico anan, que significa cobrir ou agir de forma encoberta. É exatamente isso que o espírito de Jezabel faz.
Embora o indivíduo possa não ser um praticante de feitiçaria, ou um espírito de Jezabel plenamente desenvolvido que busca destruir a congregação ou o pastor, pode ter um espírito de feitiçaria. Um indivíduo pode ser cristão e agir sob um espírito de feitiçaria sem ao menos perceber. Esse espírito tem estado hibernando há muito tempo dentro do Corpo de Cristo e, lamentavelmente, opera por intermédio de alguns vasos escolhidos do Senhor. Mesmo intercessores e profetas maduros podem de vez em quando operar sob a influência desse espírito maligno, bastando que haja portas abertas de antigas feridas. A evidência de feridas não curadas é se o indivíduo fica constantemente se debatendo com sentimentos de rejeição, de desvalorização, ou se sente ignorado. Ou, então, se luta constantemente contra a amargura, o espírito crítico e a ira.

Terry e Lisa, por exemplo, durante os 14 anos de casados sempre foram ativos na igreja. Terry tinha um excelente emprego, e Lisa adorava ficar em casa cuidando dos filhos. Terry era um bom homem. Só não tinha muita empolgação em relação ao crescimento espiritual. Para ele, jogar golfe aos domingos era mais agradável do que ir à igreja.Lisa buscava obedecer a Deus, mas parecia que isso sempre resultava em desentendimentos, esperanças frustradas e, finalmente, dor. Parecia que todas as igrejas que eles procuravam tinham problemas, e eles sempre estavam bem envolvidos em alguma confusão.

Soluçando na mesa da cozinha, Lisa não conseguia entender por que os dois tinham sido convidados a se retirar da igreja. Eles estavam apenas tentando ajudar as pessoas. Afinal, ela não tinha culpa se podia "ver" coisas que outros não viam. O pastor podia ser um grande homem de Deus, mas ele não a ouvia. Seria bom se a ouvisse. Muitas pessoas a apoiavam; por que o pastor não a apoiava? O irmão encarregado do ministério profético estava totalmente contra ela. Mesmo assim, Lisa tinha se tornado líder de sete dos 14 grupos de oração. Seu sonho era um dia liderar todos eles.

Desde pequena, Lisa sempre desejou ser pastora. Se tivesse oportunidade, ela lideraria a igreja por meio da intercessão. Seu ministério de oração seria o maior do Estado. Ela seria a chave do sucesso do pastor. Com seu conhecimento estratégico e a autoridade dele, os dois poderiam ter edificado a maior igreja da região. Missionários seriam enviados para as nações e centenas de profetas seriam treinados no novo programa de treinamento que ela sonhava implementar. Era constrangedor que ela tivesse sido afastada por causa da inveja das pessoas. Enquanto Lisa falava consigo mesma, notou que a ira e a amargura cresciam em seu interior. Por que não, pensou. Tinha sido injustiçada novamente. Sabia que Terry se limitaria a encolher os ombros e lhe dar uma resposta conciliadora: "Eu lamento o que aconteceu." Finalmente, ela começou a pensar se o casamento estava valendo a pena. Às vezes, ela achava que tinha casado com o homem errado.

Lisa não sabia, mas ela já tinha abraçado o primeiro nível do orgulho e autopromoção que a levaria pelo caminho de enganos maiores do espírito de Jezabel. Uma das evidências iniciais da influência do espírito de Jezabel é a forma como o indivíduo reage quando não concorda com as figuras de autoridade. Não é errado discordar do líder; é a forma como reagimos quando há discordância que indica a influência maligna. Devemos seguir o protocolo apropriado para a resolução de conflitos, conforme esboçado na Escritura (Mt 18). Também precisamos considerar os exemplos de Ester e Hama e de Davi e Saul.

COMPORTAMENTO EGOCÊNTRICO
Como Lisa, um cristão influenciado pelo espírito de Jezabel pode não ter intenção de destruir a igreja. No entanto, indivíduos operando em níveis variados de rebelião e de feitiçaria j;í destruíram muitas igrejas. Assim, a feitiçaria pode operar por intermédio de um indivíduo que tenta assumir o controle.O controle e a manipulação são fortalecidos depois de cada empreendimento bem-sucedido. Cheia de autopiedade e orgulho, a alma do indivíduo corre o risco de ser plenamente dominada por demônios. Esse tipo de feitiçaria pode ser exercido sem que haja envolvimento com ocultismo, mesmo por parte de cristãos que professam Jesus como Senhor. Uma pessoa que opera numa forma mais avançada de feitiçaria está determinada a impor sua vontade, não importa qual seja o custo moral. No caso de Jezabel, o controle e a manipulação apelaram para o assassinato.

Além de desagradar a Deus, a feitiçaria impede os relacionamentos nos quais é fundamental que haja honestidade. Considerando que ela viola a vontade e a liberdade de escolha das outras pessoas, pode causar grande devastação no relacionamento conjugai. Também é destrutiva no relacionamento entre pais e filhos e entre outros membros da família. Nas situações de conflito, os indivíduos que operam nesse espírito se recusam a falar a verdade. Além disso, empregam meios insidiosos e injustos para conseguir vantagem e alcançar seus alvos, achando que os fins justificam os meios.

Atualmente, Deus busca como nunca a piedade e a justiça. Cada vez que Ele aponta novos líderes, é uma afirmação profética de que Ele planeja estender seu Reino na Terra. Portanto, todo o avanço do Reino é realizado por meio dos líderes apontados por Deus. O espírito de Jezabel busca abortar o avanço divino, usurpando o governo dos pastores e líderes.O chamado para exercermos autoridade na Terra não á um chamado para o domínio e a opressão. O domínio carnal, na verdade, é um substituto para o exercício piedoso da autoridade ordenada por Deus.

2. RAIZ DE AMARGURA 
Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados. — Hebreus 12.15 A rebelião, em todas as suas formas, tem várias raízes; uma delas é a amargura. A amargura abre a porta pela qual o espírito de Jezabel se esgueira para dentro da alma da pessoa, sem ser detectado. Muitas vezes, a amargura se instala em nossa vida quando sentimos que estamos sendo privados de reconhecimento ou honra. A autopiedade se desenvolve, e o indivíduo, consciente ou não, começa a buscar formas de conseguir atenção e poder mostrar o dom que acha que tem.

A amargura se instala na alma humana, pois é uma fortaleza ligada ao egoísmo e ao orgulho. Ela pode ser dirigida contra Deus ou contra aqueles que Ele instituiu como autoridade. Desde que, com freqüência, trata-se de uma reação a uma suposta injustiça ou exercício injusto de autoridade, ela faz com que o indivíduo reaja contra toda autoridade, seja esta justa ou injusta. A amargura provoca desesperança. Entretanto, visto que ela está ligada ao orgulho, essa desesperança induz a pessoa a conceber esquemas que promovam seus dons.
Amargura é pecado. Ela prejudica profundamente a pessoa e leva à iniqüidade. Como acontece com todo pecado, o indivíduo deve reconhecer a amargura, se arrepender e ser curado mediante a graça de Deus.

FRUTO ÁCIDO
A raiz de amargura produz frutos variados. Pode gerar imoralidade (Hb 12.1416), ira profunda e duradoura e ressentimento, ou um padrão de relacionamentos rompidos. Além disso, a raiz de amargura é contagiosa. Um espírito amargurado infectará o espírito de muitas pessoas.
A cruz é a cura para a raiz de amargura. Somente Jesus, como o Grande Médico, pode nos libertar desse tormento demoníaco. Sua unção pode nos tirar dos nossos caminhos de rebelião. Assim, um coração amargo e rebelde pode ser transformado num coração grato e obediente, mediante o toque da graça de Deus. Depois desse livramento, a pessoa decide submeter-se às autoridades instituídas por Deus. Submissão é uma decisão que o indivíduo deve tomar - não um sentimento. A prática contínua da submissão produz mansidão. Lembre-se: Jesus disse que os mansos herdarão a Terra (Mt 5.5).

3. RAIZ DE ESCRAVIDÃO 
[Vós] não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados. - Romanos 8.15a A raiz de escravidão leva ao medo e produz um espírito de legalismo, depressão, servidão, subserviência e com role. Pessoas escravizadas pelo espírito de Jezabel - seja como recipiente ou como vítima - não podem provar a verdadeira liberdade.
A Escritura diz que onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Co 3.17). Liberdade implica responsabilidade e compromisso. Apesar disso, aqueles que operam sob o espírito de Jezabel assumem responsabilidade, mas não assumem compromisso. Encaram o compromisso como uma espécie de escravidão e o evitam como praga.

Freqüentemente, os indivíduos presos por esse espírito são incapazes de sentir sua adoção como filhos de Deus. Sentem-se isolados e abandonados. Enquanto lutam para satisfazer suas próprias necessidades, adotam uma mentalidade de vítimas, como se a vida lhes "devesse" algo. Mesmo quando recebem um dom maravilhoso, carecem de uma atitude de gratidão, sentindo que merecem tudo o que lhes é dado. De fato, sempre sentem que deveriam receber mais do que recebem.

4. RAIZ DE MEDO
 Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece. — JÓ3.25. O medo (que é falta de fé) abre a porta para o espírito de Jezabel na vida do indivíduo. A mentalidade medrosa pode começar na infância, prosseguindo até a idade adulta, quando, então, as emoções do indivíduo assumem o comando e passam a controlá-lo. O espírito de medo -uma fortaleza mental da alma - pode mentir para a criança. Ele sussurrará: "Posso proteger você. Serei o seu refúgio contra o domínio de outras pessoas. Eu darei o controle a você." Esse engano ocorre no subconsciente porque ignora o entendimento cognitivo e vai diretamente influenciar as ações do indivíduo. Assim, leva a pessoa a reagir com medo às circunstâncias.

O espírito de medo sempre impõe sua influência nos momentos de maior fraqueza da pessoa. Esses momentos seguem, em geral, os episódios em nossa vida que deixam cicatrizes profundas na psique. Também podem ser resultado das ameaças verbais dos pais e de outras pessoas. Infelizmente, muitos pais bem-intencionados usam o medo para controlar os filhos, em vez de desenvolver na criança a habilidade de fazer escolhas sábias.
A raiz de medo pode ser removida pela ação do Espírito de Deus. Esse processo só pode ser realizado por aqueles que estão dispostos a pagar o preço da oração, da paciência e da perseverança. Devem estar dispostos a perdoar qualquer figura de autoridade que os tenha ferido.

FORTALEZAS MENTAIS
As mentiras proferidas por espíritos sedutores são muito sutis. Elas chegam à mente como pensamentos "dirigidos à alma" por um espírito maligno ardiloso c esperto. A princípio, os pensamentos parecem lógicos e justos. Quando são acolhidos, reconhecidos como verdadeiros e aceitos, ficam profundamente enraizados em nosso subconsciente. Tornam-se uma forma de pensar ou, em outras palavras, uma fortaleza mental. A partir daí, a mente consciente pode jamais processar os pensamentos que entram, a menos que o indivíduo receba revelação de Deus e reconheça que um espírito demoníaco está tentando controlar seus pensamentos.

Muitas fortalezas mentais se formam durante a infância. Falando de modo geral, provavelmente os pais não tiveram discernimento para anular esses ataques, como batalha espiritual. Os pais capazes de discernir um espírito enganador não têm, muitas vezes, conhecimento profundo da Palavra de Deus para ensinar aos filhos como se defender de tais ataques. Conseqüentemente, as crianças se tornam presas potenciais dos enganos de Satanás (2 Tm 2.25,26).
Concordar com um espírito enganador é tornar-se seu prisioneiro. Tais espíritos desonestos são guardas de prisão exigentes. O mesmo espírito que trabalha para o indivíduo e por intermédio dele, também trabalha contra ele, impedindo que se liberte. De forma distorcida, esses guardas de presídio tentarão convencer o indivíduo de que sua cela, na verdade, é o veículo por meio do qual ele chegará à posição de honra que tanto almeja. Isso, porém, é uma ilusão.

Sempre que aceitamos as mentiras do inimigo, voluntariamente aceitamos um processo de rejeição, insignificância e insegurança. Começamos a duvidar se temos mesmo um Pai celeste amoroso. Como resultado, uma fortaleza de medo produz ansiedade e depressão (Pv 12.25).
Quando o indivíduo é capaz de reconhecer essas fortalezas, pode encontrar a verdadeira liberdade. A remoção do espírito de medo danifica uma das principais raízes do espírito de Jezabel. Libertação e cura interior das feridas do passado são alcançadas pela renovação da confiança no Senhor Jesus. Falaremos mais disso no capítulo 12.

5. RAIZ DE ORGULHO 
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA... Porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! — Apocalipse 17.5; 18.7 O orgulho é a principal raiz do espírito de Jezabel. Ele envolve o indivíduo elevar a si próprio a fim de dominar as outras pessoas ou parecer superior. O espírito de orgulho é contrário ao Espírito Santo.Maria, a mãe do Senhor Jesus, é um bom exemplo da antítese do orgulho. Quando o anjo Gabriel anunciou que ela daria à luz o Salvador do mundo, ela ponderou sobre o mistério por que Deus a escolhera para um destino tão glorioso (Lc 1.46-55). O espírito de orgulho também é diferente do coração de Ester, que humildemente se postou diante do rei para fazer seu pedido. Por causa de sua mansidão, seu pedido foi atendido e uma nação foi salva. Esse espírito também é diferente do coração de Débora. Como profetisa e juíza em Israel (Jz 4.4-9), ela não foi presunçosa nem tentou erroneamente assumir a liderança que pertencia a outrem. Pelo contrário, assumiu a liderança somente mediante o convite e a insistência do líder.

ESPERA ATIVA 
Ana tinha acabado de acender a última lâmpada no Templo. O vento frio do outono tinha chegado antes aquele ano. O ar frio daquela manhã, porém, parecia particularmente refrescante, e a oração dela, mais viva e desimpedida. Talvez fosse por causa do jejum que fizera. Logo, porém, Ana percebeu que veria a Luz de Israel e do mundo.
Anos atrás, o Senhor lhe dissera numa visão que, se ela orasse pelo advento do Messias, viveria para ver sua chegada. Desde que ficara viúva, Ana tinha determinado em seu coração servir ao Senhor todos os dias - de manhã até a noite. E linha feito isso nos últimos 50 anos. Em algumas ocasiões, fora difícil perseverar, mas o Senhor a ajudou. Pessoas bondosas ajudavam no seu sustento. Como ela podia deixar de servir a Yahweh Jireht Ele realmente é o Provedor!

Através do saguão de entrada, ela viu Simeão chegando para fazer sua oração. Naquele dia, ele chegou mais cedo do que de costume. Ela observou enquanto ele se ajoelhava e elevava as mãos para o céu. Podia-se sentir intensamente a presença do Espírito Santo no Templo. Entrando pela área principal perto do altar, Ana caiu de joelhos soluçando e chorando. A presença de Deus era poderosa. Quando ela se levantou e caminhou em direção ao saguão para orar pelas pessoas que chegariam naquela manhã, quase engasgou ao passar por uma das enormes colunas que sustentavam o teto do Templo.

Simeão estava conversando com um jovem de aparência rústica, acompanhado de uma bela jovem, que parecia ser sua esposa; ela carregava um bebê. Os dois estavam radiantes. Simeão tomou o bebê em seus braços, enquanto lágrimas desciam pelo seu rosto e pela barba. Quando ele levantou a criança para abençoá-la, Ana sentiu em seu espírito que Simeão estava segurando a Redenção de Israel. Enquanto ele profetizava para o bebê, Ana foi dirigida pelo Espírito Santo a andar pelo Templo proclamando que a promessa de Deus tinha se cumprido. O Messias havia chegado!
Por quase 60 anos, Ana servira no Templo em mansidão, contrição e firmeza (Lc 2.36-38). A autopromoção não era uma marca de sua vida. Outras pessoas a chamavam de profetisa, mas ela própria não se considerava assim. Como resultado, Deus a exaltou.

DESPREZANDO A MANSIDÃO
O orgulho de Jezabel é a antítese da humildade. Na Bíblia, Jezabel é retratada como glorificando a si própria e vivendo na luxúria. Cheia de presunção, ela decidiu se "sentar como rainha" (Ap 18.7). Esse espírito arrogante despreza o estado humilde de uma viúva ou de qualquer outra mulher. Ele encara a mansidão e a humildade como sinais inerentes de fraqueza e de opróbrio. Assim, ele despreza a obediência às autoridades porque, para ele, submeter-se a uma autoridade exige um sacrifício muito grande.
Instintivamente, esse espírito orgulhoso usa suas habilidades de sedução para atrair outras pessoas aos seus esquemas. Desesperado por atenção, ele deseja ser reconhecido e aclamado pelos homens, os quais, por sua vez, são conduzidos para a morte.

TENTAÇÃO SEXUAL
Alguns anos atrás ouvi, abismado, David me contar o que lhe havia acontecido. Ele parecia ter uma vida perfeita: uma linda esposa e um trabalho que ele adorava. Sua igreja estava em franco crescimento. Freqüentemente, David aparecia nos jornais. Tudo parecia estar dando certo para ele, exceto seu casamento. Havia muitos meses que ele e a esposa não mantinham relações sexuais. O casamento se tornara árido. Ele planejava tirar alguns dias de folga.
David começou a prestar atenção em outras mulheres. Depois de vê-las na igreja, ele ficava alimentando fantasias. Uma mulher em particular chamou sua atenção. David ficou contente ao ver o nome dela em sua agenda, solicitando uma entrevista. Sentindo-se mais entusiasmado do que de costume ao pensar em conversar com ela, ele decidiu ser cauteloso e reprimir suas emoções.

A audiência correu normalmente. A mulher parecia dinâmica e disposta a servir. Confidencialmente, disse a David que tivera problemas em outras igrejas por ser uma mulher atraente. Duas semanas mais tarde, ela retornou. Dessa vez, vestia um casaco de peles comprido. Até aí, isso não parecia nada estranho, já que o tempo estava frio. Quando ela entrou em seu gabinete, David fechou a porta, como era seu costume, pois a mesa da secretária ficava do lado de fora. Parada no meio da sala, a mulher começou a elogiar David pela unção que ele possuía.

Ela compartilhou uma visão na qual o vira pregando para reis e presidentes; disse que queria ajudá-lo a alcançar esse propósito. Declarou-lhe que Deus tinha revelado a ela algumas coisas. Olhando-o nos olhos, afirmou que sabia que ele e a esposa não estavam tendo intimidade. Ela conhecia a solidão dele. Apelando para seu orgulho masculino, disse que David e outros grandes homens de nossa época eram como o "rei Davi". O papel dela era ajudar o rei de todas as formas. Assim como aconteceu com Davi e Salomão, uma mulher apenas não podia satisfazer as necessidades sexuais de um homem com um chamado tão poderoso.

Embriagado com as palavras e a sensualidade dela, David ficou sem fôlego por vários segundos. Então, num gesto ousado, a mulher tirou o casaco, revelando sua nudez total. O coração de David palpitou aceleradamente, e a poderosa sedução caiu sobre ele. Contornando a mesa, ele a tocou e cedeu ao desejo há muito tempo reprimido.
Durante as noites insones que se seguiram, ondas de vergonha e culpa fustigavam a alma de David. Ele queria fugir, retroceder no tempo e apagar o que tinha acontecido. Finalmente, ele se afastou do ministério. Tempos depois, o prédio de sua igreja, com lugar para três mil pessoas sentadas, foi vendido num leilão.

Achei coisa mais amarga do que a morte: a mulher cujo coração são redes e laços e cujas mãos são grilhões; quem for bom diante de Deus fugirá dela, mas o pecador virá a ser seu prisioneiro. — Eclesiastes 7.26. O orgulho pela unção ou pelos dons pode ser a semente que finalmente leva à queda. Também pode levar a uma atração fatal.

O ENGANO VINDOURO
Há cerca de 2.500 anos, o profeta Zacarias descreveu um espírito de orgulho que se esconderia por trás de um engano futuro envolvendo mulheres. Creio que ele teve uma revelação do espírito de Jezabel se elevando na Terra em nossos dias (Zc 5.5-11). Zacarias viu um cesto dividido em seis partes. O número 6 é o número do homem, e representa o esforço carnal. Quando a tampa do cesto foi retirada, Zacarias viu uma mulher sentada dentro dele. Quando ela tentou escapar, um anjo forçou-a para dentro do cesto e colocou um peso sobre a tampa. Então, duas mulheres com asas de cegonha levaram o cesto para a terra de Sinear, ou Babilônia, onde a mulher seria colocada num pedestal. O Senhor chamou aquela mulher, que era um espírito exigente e orgulhoso, de "Iniqüidade".

Atualmente, as mulheres que lutam por poder, posição e domínio, muitas vezes, sem suspeitar, acolhem o espírito do Anticristo. Esse espírito as instiga e impele a exigirem posição e autoridade, de forma muito semelhante como os movimentos feministas fazem hoje. Assim, essas mulheres caem na armadilha da Babilônia.
O espírito de orgulho torna muito difícil que o indivíduo se arrependa. A pessoa precisará reconhecer que a humildade diante de Deus não tem preço. Precisa desistir da atitude defensiva contra as autoridades e de usurpar a autoridade de outros principalmente a autoridade masculina. Se o indivíduo se arrepende e abandona o espírito de orgulho, será poupado de enganos maiores e mais devastadores.

RAÍZES EM NOSSO ESPÍRITO
Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus. — 2 Coríntios 7.1.  Somos instruídos a purificar nossas raízes — aquilo que reside em nossa carne [alma] e em nosso espírito (2 Co 7.1). Ignorar nossa alma (ou carne) serve apenas para perpetuar seus frutos. Se nossa carne dominar sobre o nosso espírito, ele será contaminado.
Ao anunciar o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, João Batista disse: "O machado está posto na raiz das árvores" (Lc 3.9). Assim, para produzirmos frutos santos, temos de matar mais do que nossa natureza superficial. Temos de examinar e tratar com os motivos do nosso coração. Além do mais, para nos envolvermos em arrependimento individual, corporativo e nacional, primeiro as raízes profundas de nossa alma devem ser arrancadas.

ENCARANDO A SI PRÓPRIO COM HONESTIDADE 
Quando o espírito de Jezabel se entrincheira na alma humana, suas raízes demoníacas devem ser identificadas. Este discernimento chega quando reconhecemos a falta do controle do Espírito Santo em nossa vida. O próprio Espírito opera isso por meio da convicção, e não da condenação.
Deus revela o ponto de debilidade pelo qual o espírito demoníaco tem acesso à vida do ser humano. Fechando as portas, a pessoa elimina a ameaça do retorno desse espírito. Qualquer ameaça, por menor que seja, que tente reabrir a porta, também deve ser tratada. Portanto, a vigilância espiritual deve ser constante, até que ocorra a cura completa (2 Co 13.5).
Sob grande estresse, pessoas que pareciam já libertas do espírito de Jezabel podem recair temporariamente em padrões de manipulação e controle. Embora possam ter se arrependido e sido libertas, suas áreas fracas ou feridas podem não ter tido tempo suficiente para se recuperar. Os antigos hábitos podem retornar. Por essa razão, se a liderança não presta atenção, o indivíduo pode se tornar novamente um problema.

COMPORTAMENTO DESCONTROLADO
 Se os problemas do indivíduo são resultado de pais dominadores, ele deve se perguntar a quem está se sujeitando. Pode ainda estar preso a uma mãe dominadora. Pode ter se casado com um cônjuge dominador, com o qual disputa o controle. A qualquer sinal de ameaça de perda do controle, o indivíduo pode reagir desafiando todas as figuras de autoridade em sua vida. Qualquer que seja o caso, pode haver racionalização espiritual, a fim de que o indivíduo confie em que outras pessoas não o dominarão, ferirão ou depreciarão no futuro.
Indivíduos desse tipo sentem, com facilidade, que há uma atitude geral de acusação, crítica ou julgamento em relação a eles. Tal sentimento fecha a porta para qualquer esperança de restauração. O ministério de libertação requer grande compaixão. Lembre-se: ele é bem-sucedido quando é iniciado por Deus e quando sua sabedoria e poder estão presentes.

MUDANÇA É UM PROCESSO
Uma vez que o indivíduo é liberto dos espíritos demoníacos, seu espírito deve ser curado e fortalecido. Todo o processo exigirá tempo. A pessoa deve ter tempo para amadurecer espiritualmente. Tal indivíduo não deve ser colocado prematuramente em qualquer posição de liderança, até que o processo de libertação, cura e restauração esteja completo. Será preciso colocar um novo fundamento na sua vida. O pastor pode encontrar dificuldade para fazer isso, principalmente se for tímido, medroso ou se estiver zangado com as coisas que o indivíduo problemático fez.
Não é raro que a pessoa dominada pelo espírito de Jezabel tenha um chamado profético genuíno. Seu dom simplesmente foi distorcido, corrompido e mal empregado. Redenção, cura e maturidade podem ser dons maravilhosos para a destruição das obras do Maligno. Talvez seja por isso que Satanás se esforça para perverter o dom - para que não traga dano ao seu império.
Os pastores devem tomar cuidado para não tratar das feridas de modo superficial. Lidar com a  situação de forma leviana sendo complacente onde era preciso ser firme ou reagindo com agressão às atitudes da outra pessoa - pode agravar a ferida o causar danos irreversíveis ao indivíduo. Se o dom da pessoa for reativado muito rápido, ela pode ser enterrada sob o peso da bajulação.

CONFESSANDO OS PECADOS A DEUS
Não importa qual seja o espírito que a esteja oprimindo, cada pessoa deve recusar ficar se defendendo e justificando seu comportamento. Deve sondar seu coração e se arrepender, abandonando os pecados. Deve confessar seus pecados ao Senhor, e Ele promete perdoar e purificar (1 Jo 1.9). O arrependimento é fundamental para o processo de restauração (2 Co 7.10). Enquanto não há pleno arrependimento, Deus não pode realmente nos abençoar e curar (Is 59.20).
Quando os indivíduos feridos pedem ajuda, os líderes precisam demonstrar misericórdia e compaixão. Lembremos que é a bondade divina que nos conduz ao arrependimento (Rm 2.4). O livro de Hebreus nos instrui a encorajarmos uns aos outros diariamente, para não sermos endurecidos pelo engano do pecado (Hb 3.12,13). Temos de evitar fazer coisas que levem as pessoas a rejeitar o processo de cura e a se afastarem ainda mais de Deus (Mt 18.7).

Pastores, líderes e membros da igreja devem tomar cuidado para não demonstrar uma postura hostil ou arrogante para com os indivíduos que buscam a cura. Qualquer tentativa de controlar uma pessoa ferida pode induzi-la ainda mais à rebelião. Restauração leva tempo. Mesmo no caso de Jezabel, Deus lhe deu oportunidade para se arrepender (Ap 2.21).

UM ESPIRITO PROFÉTICO PRECURSOR
Séculos atrás, Deus enviou seu mensageiro, o profeta Elias. Ele confrontou Jezabel e seus falsos profetas, os quais estavam fazendo o povo de Deus se desviar. Agora, nesses últimos dias, Deus está liberando uma mensagem profética por todo o mundo. Está levantando homens, mulheres e crianças com o poder e a unção de Elias. Eles confrontarão o espírito de Jezabel (Ml 4.5,6).
Como um precursor, o espírito de Elias novamente "habilitará para o Senhor um povo preparado" (Lc 1.17). Ao nos prepararmos para sua vinda, precisamos colocar o machado na raiz da nossa natureza carnal (Mt 3.10) e produzir frutos dignos do Senhor.