CAPÍTULO 6 –COMPLÔ MORTAL
No episódio de Jornada nas Estrelas intitulado
"Sabor de Armagedom", o líder alienígena Anan 7 tomou o capitão Kirk
como prisioneiro. A seguir, imitando a voz do capitão, entrou em contato com a
nave Enterprise e ordenou que os escudos de defesa fossem desativados e que
todos os tripulantes se transportassem seu planeta. Sua intenção era matar todos
eles quando chegassem. Scotty estava no comando da nave. Quando ouviu a ordem,
sentiu que algo estava errado. Pediu ao computador que analisasse a voz, e o
resultado foi que se tratava de uma imitação. Como o alienígena Anan 7, o
espírito de Jezabel pode falar com uma voz profética que parece familiar, mas
que na verdade é uma imitação. Assim como Scotty conhecia a voz do capitão, os
cristãos precisam discernir a voz do seu Comandante, o Senhor dos Exércitos,
para não confundi-la com a voz do inimigo.É difícil determinar como os poderes
das trevas simulam e imitam a voz ou a presença de Deus. Os espíritos
demoníacos podem parecer divinos. Podem até usar as Escrituras para alcançar
seus objetivos. Um ouvido atento, porém, detectará a veracidade e os motivos.
A princípio, o espírito de Jezabel pode começar falando
coisas certas, mas de forma errada. O indivíduo dominado por ele pode acreditar
que Deus o escolheu especificamente, quando na verdade suas idéias mirabolantes
podem emanar de uma lacuna em sua vida. Com o tempo, ele pode passar a
acreditar que seu relacionamento com Deus é mais profundo do que o das outras
pessoas.
O apóstolo Paulo fez a seguinte advertência a Timóteo:
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Evita,
igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a
impiedade ainda maior. Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre
os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade,
asseverando que a ressurreição jã se realizou, e estão pervertendo a fé a
alguns. — 2 Timóteo 2.15-18
Nesta passagem, Timóteo é admoestado a evitar "os
falatórios inúteis e profanos" porque se espalham como câncer. Embora
Paulo esteja falando de pessoas que espalham heresias, o mesmo princípio pode
ser aplicado àqueles que operam sob o espírito de Jezabel. Como aqueles que
promovem heresias, as pessoas dominadas pelo espírito de Jezabel semeiam
falsidade, divisão, disputas e discórdia no "nome do Senhor".
A fim de combater esta corrupção e espírito de divisão,
remos de ser como Timóteo, manejando bem a Palavra da Verdade. O termo grego
traduzido como "manejar" nessa passagem é orthotomeo, cujo
significado literal é "dissecar corretamente". Portanto, com o dom do
discernimento, podemos dissecar os motivos ocultos daqueles que agem sob o
espírito de Jezabel.
POSTURA DEFENSIVA
Quando confrontado com as questões citadas acima, o indivíduo
com o espírito de Jezabel geralmente responde com afirmações do tipo: "Só
estou tentando ajudar", "Estou apenas obedecendo a Deus" ou
"Deus me disse para fazer assim". E lamentável, pois essas respostas
procedem de um falso senso da vontade de Deus. Tais respostas se tornam uma
espécie de trunfo, pois a afirmação de que Deus ordenou certa ação encerra
qualquer debate. Essa lógica do tipo "beco sem saída" não pode ter
permissão de se instalar na discussão. A batalha não é na esfera da razão, onde
se combate lógica com lógica. E na esfera espiritual, onde Deus separa alma e
espírito.
Lamentavelmente, muitos pastores descobrem que carecem da
habilidade de superar os argumentos persuasivos do espírito de Jezabel. Ficam
ocupados demais e distraídos com as atividades práticas da igreja.
Freqüentemente, eles dedicam pouquíssimo tempo à Palavra e à oração. Os
pastores ficam à disposição da congregação 24 horas por dia, sete dias por
semana. Como pastor, já experimentei e testemunhei as enormes demandas e
pressões colocadas sobre esses líderes. Eddie e Alice Smith corretamente
descrevem esse fato em seu livro Intercessors and pastors: The emerging
partnership ofwatchmen and gatekeepers [Intercessores e pastores: A parceria
emergente entre atalaias e porteiros]. Devido às limitações de tempo e
obrigações familiares, muitos pastores são incapazes de discernir quando as
Escrituras estão sendo corretamente aplicadas ou quando há espírito de engano
inspirando seu mau uso ou sua distorção.
IRRACIONAIS E INSUBMISSOS
Considerando a si próprios como espiritualmente superiores,
os indivíduos com o espírito de Jezabel muitas vezes acreditam que Deus lhes
deu uma aura de proteção, imunizando-os contra qualquer espírito enganador.
Lamentavelmente, podem achar que a maturidade espiritual os torna imunes ao
pecado e ao engano.
Acreditando que foram altamente favorecidos e escolhidos
para uma elevada posição espiritual, esses indivíduos concluem que possuem uma
força divina secreta. Assim, seu apoio emocional procede de dentro, de sua
experiência subjetiva, e não de Deus e da Palavra.
No final, tais indivíduos não se submetem nem aceitam ensino
de ninguém. Com o tempo, passam a achar que são infalíveis. Assim, tornam-se
incapazes de ouvir outras pessoas porque acham que elas não recebem revelação
direta de Deus, como eles. Portanto, acreditam que argumentar com eles ou
questioná-los é uma tremenda demonstração de pecado e carnalidade. Tais
indivíduos, em geral, exigem obediência cega dos outros.
Quando ensino sobre esse assunto, sempre fico surpreso com o
número de pessoas que compartilham experiências de terem seguido alguém com
esse espírito. Descrevem como esse líder revela misticamente o suposto plano de
ação de Deus. Eles querem determinar o que outros devem fazer, quando devem
jejuar, quando devem se abster de intimidade sexual com os cônjuges, etc.
Algumas pessoas são até coagidas a orar longas horas e doar grandes somas de
dinheiro para provar sua lealdade.
APELANDO AOS OUTROS
Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em
caminhos de morte. — Provérbios 14.12
Dando a impressão de ter profunda compreensão das questões
da igreja, o espírito de Jezabel, geralmente, não compartilha as opiniões
primeiro com o pastor, de acordo com o padrão bíblico. Pelo contrário,
compartilha suas opiniões sobre a igreja com outras pessoas, construindo uma
base de apoio. Claramente está atitude não tem fundamento bíblico. O padrão
bíblico ensina que o profeta não ia primeiro ao povo, mas ao rei! Era o rei que
tinha a responsabilidade diante de Deus de falar ao povo e liderar. O profeta
sempre ia diretamente ao rei - não ao povo -, e Deus abria a porta de acesso à
realeza.
Um espírito de rebelião leva o indivíduo a compartilhar suas
opiniões sobre a igreja com outros membros. Talvez suas revelações procedam de
uma palavra genuína de conhecimento ou de sabedoria. No entanto, quando o
indivíduo ultrapassa seus limites, a revelação se mescla com sua natureza
humana - mente, vontade e emoções - e se corrompe.
Pastores precisam atentar para as pequenas raposas que
querem destruir a vinha em suas igrejas. Tal cuidado exige tempo, o que a
maioria dos líderes não tem. No entanto, enquanto a iniqüidade não for tratada,
o fermento continua a fazer seu efeito, até que toda a massa (a igreja) fica
levedada.
Os indivíduos que sucumbem ao espírito de Jezabel não
percebem o valor da diferença entre receber uma revelação para orar e falar
sobre ela. Enganados por motivos distorcidos, eles envolvem diretamente outras
pessoas. Fazendo isso, sua esfera de influência é ampliada e todos ficam admirados
com os mistérios espirituais que advogam. Assim, o indivíduo torna-se alvo da
admiração e da bajulação.
Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros
e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único? -João 5.44
Alegando ter uma visão profundamente espiritual, o espírito
de Jezabel raramente afirma que as coisas estão indo bem na igreja. Desejando
que as pessoas se tornem dependentes de suas revelações, ele precisa demonstrar
uma maturidade espiritual que muitas vezes ultrapassa até a do próprio pastor.
Assim, seus seguidores aprendem a manter os olhos em seu novo líder.
Conseqüentemente, Jezabel exigirá ter a "última palavra" em todas as
questões da igreja.
O espírito de Jezabel, em geral, está bem informado sobre os
últimos livros, fitas ou pregações dos melhores líderes espirituais - nacionais
e internacionais. No entanto, distorce a verdade, tirando-a do contexto para
endossar seus próprios ensinamentos. Assim, a palavra, ou o ensino original, é
mal empregado e fica sujeita a críticas.
Brian era pastor de uma grande igreja, com uma das melhores
escolas bíblicas do seu Estado. Uma de suas líderes de intercessão, que era
também mãe de dois alunos da escola bíblica, começou a falar a várias alunas
que tinham casado com o homem errado. Dizia que, para o bem delas e dos filhos,
tinham de se divorciar. Se fizessem isso, dentro de um ano conheceriam sua
"alma gêmea" escolhida por Deus. Vários casais sofreram um forte
impacto, pois já enfrentavam problemas no casamento. A líder de intercessão que
tinha conquistado alguns "seguidores" convenceu a todos de que estava
ouvindo a voz de Deus.Muitas vezes, o espírito de Jezabel busca ansiosamente
transmitir palavras proféticas impelido por uma necessidade de afirmação.
Procura as pessoas para contar revelações, esperando conseguir admiração e um
seguidor devotado. Os verdadeiros profetas, por outro lado, raramente procuram
as pessoas, pois isso exige deles um desgaste intenso. Somente quando é
claramente instruído por Deus, o profeta maduro vai adiante e anuncia suas
revelações.
Infelizmente, muitos que seguem o espírito de Jezabel são
cristãos novos ou pessoas ingênuas em relação aos dons espirituais, e essa
ingenuidade é explorada. São atraídos por ilusões de grandeza que só se
concretizará se estiverem dispostos a se submeter e se deixarem guiar pelo
espírito de Jezabel. Com o tempo, muitas vezes são colocadas restrições
espirituais sobre os crentes novos ou imaturos.
Uma vez que as pessoas lhe juram lealdade, o espírito de
Jezabel mostra sua "outra face". Como na história do Médico e o
Monstro, Jezabel fala ao indivíduo que ele tem um notável dom espiritual, que
somente ela pode desenvolver. Então, quando os novos seguidores começam a
expressar sua visão espiritual, são fortemente reprimidos, pois somente Jezabel
pode se desenvolver. Surge a confusão, a qual substitui o desenvolvimento
espiritual saudável. Esse ardil destina-se a manter os seguidores num estado de
dependência, presos na baixa auto-estima e viciados no ensino e no charme do líder.
Muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa
deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão
comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo
tempo não tarda, e a sua destruição não dorme. — 2 Pedro 2.2,3
É lamentável como esta experiência produz um ciclo vicioso
que consome todo o senso de valor pessoal do indivíduo e deixa os novos
convertidos duvidando de que Deus fale realmente com alguém, inclusive com
pastores e profetas. Conseqüentemente, o verdadeiro ofício profético que Deus
deseja restaurar é colocado sob suspeita por aqueles que no começo da caminhada
espiritual foram influenciados por um espírito de Jezabel. Seja em casa ou na
igreja, o espírito de Jezabel sempre danifica a confiança na verdadeira
autoridade divina.
REUNIÕES PRIVATIVAS DE ORAÇÃO
Quando se trata de orar pelas pessoas, o espírito de Jezabel
prefere os locais privados. Dessa maneira, as insinuações pecaminosas e elogios
de duplo sentido não podem ser ouvidos por outras pessoas, nem questionados
diretamente. Quando confrontada, tal pessoa, normalmente, nega as acusações ou
insiste que foi mal interpretada. Como resultado, é difícil apanhar o espírito
de Jezabel que solapa a vida do pastor, dos líderes e da igreja em geral.
Também é muito comum
o espírito de Jezabel ir à casa das pessoas sem ser convidado, afirmando que o
Senhor lhe disse para orar por uma necessidade em particular. Em geral, esta
necessidade é obscura ou duvidosa. Há ocasiões em que o espírito
"inventa" uma situação futura que precisa ser evitada.
Posteriormente, quando a situação não ocorre, ele afirma que sua oração foi
atendida.
Sem testemunhas, o pastor tem pouco sucesso ao tentar
verificar as situações mencionadas nessas sessões privativas. Assim, o espírito
de Jezabel consegue driblar o fato de que o pastor precisa tomar uma
providência. Para demonstrar o erro, o pastor precisa de duas ou mais
testemunhas. Geralmente, se ele esperar em atitude de oração e se concentrar em
questões específicas, as testemunhas se apresentam e Deus assume a causa. Até
que isso aconteça, um espírito de confusão pode agir como cortina de fumaça e
obscurecer qualquer confronto por parte do pastor. Jezabel fará com que o
confronto seja um fiasco, deixando o pastor constrangido e numa situação mais
difícil ainda.
BUSCANDO OUTROS A QUEM ENSINAR
Esta foi a gota d'água, pensou Steven. Ele tinha cedido aos
pedidos insistentes da mulher para ensinar conteúdos questionáveis. Ele não
conseguiu provar que o ensino era biblicamente errado e por isso, com base na
aparência de justiça da mulher, permitiu que ela formasse um grupo familiar de
profetas.
Agora, porém, ela havia ultrapassado os limites, misturando
mitologia germânica com ensino da Nova Era. Afirmava que um anjo de Deus lhe
dera o "martelo dourado de Thor", para forjar as armas do Reino.
Steven se perguntava como um anjo poderia ter lhe dado tal coisa. Por que, como
pastor, ele a deixara continuar ensinando? Por que não a afastara dois anos
atrás, quando ela começou a lhe pedir oportunidades para ensinar? Agora, ela
estava envolvida em tudo. Afastá-la da liderança, seria como tentar livrar uma
vítima dos tentáculos de um polvo gigante — não haveria mãos suficientes para
segurar todos eles.
Por baixo da aparência amável e calma daquela mulher, havia
uma pessoa complicada, que, lamentavelmente, muitos consideravam como a pessoa
mais espiritual da igreja. Alguns presbíteros até achavam que ela possuía mais
capacidade pastoral do que o próprio Steven. Além do mais, ela havia espalhado
a mentira de que ele servia como pastor apenas por causa do dinheiro. Afirmava
que Deus removeria todo aquele que ousasse se opor a ela - inclusive o pastor.
Recentemente, ela procurou Steven em particular exigindo sua exoneração. Como
ele poderia se livrar dos tentáculos desse espírito, sem destruir sua igreja?
DISTORCENDO PASSAGENS BÍBLICAS E REFORMULANDO DOUTRINAS ...
Assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais
introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras... -2 Pedro 2.1 ...
Não somente ensina, mas ainda seduz os meus servos... -
Apocalipse 2.20
A pessoa que opera sob o domínio do espírito de Jezabel
buscará ensinar doutrinas na igreja, a fim de conseguir controle no Corpo. Suas
doutrinas, porém, são incompletas, imprecisas e cheias de lacunas. Em geral, os
textos bíblicos são tirados do contexto e aplicados erroneamente. Mesmo que o
ensino comece corretamente, depois de um tempo ele se deteriora porque não
possui raízes profundas. Gradualmente, ocorrerá uma transição. A Bíblia será
ignorada e os caminhos místicos assumirão um papel mais proeminente.
Freqüentemente, os discípulos dessa pessoa ficam confusos.
Os mais ingênuos afirmarão sua lealdade. Inicialmente, não farão nenhuma
pergunta e não terão nenhuma preocupação, porque acham que não conhecem a
Bíblia. Outros pensarão assim: Essa pessoa parece tão piedosa... como o seu
ensino pode não ser de Deus?
Direta ou indiretamente, o espírito de Jezabel sutilmente
espalhará dúvidas sobre o pastor, sobre os líderes da igreja e sobre os
profetas, especialmente aqueles que se opõem a ele.
PALAVRAS LEVIANAS
Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos,
diz o Senhor, e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o
meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum
trouxeram a este povo, diz o Senhor. —Jeremias 2332. O espírito de Jezabel busca ganhar credibilidade
fazendo pronunciamentos proféticos. No entanto, essas profecias são resultado
de sua própria imaginação. Quando o espírito de Deus começa a se afastar dele e
sua boa reputação começa a se desvanecer, ele utiliza as informações que tem,
mesclando-as com profecias da carne, dizendo às pessoas o que elas querem
ouvir. O resultado é uma estranha mistura de meias verdades e um forte poder de
sedução. Por exemplo, obtendo determinada informação de fontes externas, o
espírito de Jezabel a transmite ao pastor como se fosse profecia.
Posteriormente, quando o fato se concretiza, o indivíduo fica parecendo um
verdadeiro profeta. Essa prática envolve manipulação e engano, e Deus abomina
essas coisas!
Semelhantemente, um indivíduo com o espírito de Jezabel tira
proveito da falta de memória do pastor. Como ele não se lembra do que foi dito
palavra por palavra, Jezabel torce as palavras, ou dá um "novo"
significado às suas profecias antigas. Assim, faz com que todas as suas
prediçÕes sejam totalmente precisas. Tal indivíduo não tem intenção de prestar
contas de seus atos. Por isso, tende a ser evasivo e abrasivo para com a
verdade e menoscaba qualquer exigência de veracidade e compromisso. Raramente
ele admite um erro. No entanto, pode ceder algumas vezes, apenas para
sobreviver e vencer em outra ocasião.
Por outro lado, homens e mulheres com chamado profético
gostam de ter de prestar contas e demonstra submissão mútua, crescendo na
piedade. Admitem que podem cometer erros porque entendem que o dom profético melhora
com o tempo.
FALSA PROFECIA
Proferir uma falsa profecia não quer dizer apenas falar uma
palavra que não é verdadeira. Pode significar que um espírito falso, mentiroso
e impuro está falando por intermédio da pessoa que está profetizando.
Em vez de revelação, o espírito de Jezabel usa a
adivinhação, que no grego se chama literalmente python. Muito semelhante à
jovem com o espírito de python em Atos 16.16, a teologia de Jezabel pode conter
informações precisas. Mesmo assim, é um espírito maligno que está operando por
trás da pessoa.
Geralmente é preciso muito discernimento para se descobrir
que espírito está falando - o Espírito Santo ou um espírito maligno. Um ouvinte
imaturo e crédulo não será capaz de perceber a diferença. Um profeta maduro
pode discernir o espírito de Jezabel, fazendo assim "separação entre o
santo e o profano" (1 Co 14.29; Ez 44.23). Lembre-se: a marca fundamental
do Espírito Santo é sempre pureza, verdade e amor sincero.
ANSEIO DE REPARTIR
Muito desejo ver-vos, afim de repartir convosco algum dom
espiritual, para que sejais confirmados. — Romanos 1.11
Imitando a doutrina da imposição de mãos (Hb 6.1,2), o
espírito de Jezabel gosta de repartir sua "unção" por meio dessa
prática. No entanto, seu toque carrega uma maldição. Pergunte assim: Se não é o
Espírito de Deus que está me tocando, então que espírito é? Quando o espírito
de Jezabel é repartido, um espírito das trevas é depositado sobre a vítima.
Obviamente, um indivíduo com o espírito de Jezabel não é alguém que desejamos ver
ministrando e orando por outros! Mesmo que a pessoa não saiba que o espírito de
Jezabel está operando por seu intermédio, ainda assim pode transmiti-lo a
outros.
Esse ato de repartir pode resultar em algo que parece ser
uma cura, enquanto os demônios que afligiam a vítima recuam. Ou então o
espírito de Jezabel pode orar para que o indivíduo suba para um nível
"mais elevado" de unção. Pode afirmar que sua unção superior poderá
quebrar as barreiras ou cadeias que têm prendido o irmão ou o pastor. Pode até afirmar
que foi Deus quem lhe mostrou isso.
Tais indivíduos são presunçosos e acham que possuem esse
alto nível de autoridade porque, em essência, estão declarando ser, superiores
ao pastor. Imagine-se tentando repartir, com o seu pastor, algo que você
possui, para que ele seja superior. Tal raciocínio é distorcido. De acordo com
as Escrituras, sempre o maior abençoa o menor (Hb 7.7). No final, a motivação
do indivíduo faz a distinção entre a oração piedosa e a oração carnal e
manipuladora. O motivo oculto por trás de tais orações é aumentar o
reconhecimento e o poder de Jezabel.
A oração pelos pastores é necessária e deve ser feita em
bases regulares. De fato, formar um escudo de oração ao redor do pastor é
essencial para que ele vença as batalhas do Reino. Novamente, recomendo o livro
Intercessors and pastors, o qual oferece sugestões para se estabelecer os
limites apropriados entre intercessores e pastores.
APARÊNCIA RELIGIOSA
Guardai-vos de
exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles.
— Mateus 6. Ia
Indivíduos com o espírito de Jezabel exibem um espírito de
religiosidade. Podem parecer as pessoas mais espirituais que já conhecemos.
Podem dar a impressão de que têm um profundo relacionamento com o Espírito
Santo. No entanto, um exame mais minucioso revelará que suas ações são baseadas
no que acham que as pessoas precisam ver, para se convencerem de sua
espiritualidade. Talvez sejam os primeiros a chorar, clamar ou lamentar,
afirmando que receberam uma carga de Deus. Tal comportamento, porém,
simplesmente se trata de um engodo, destinado a promover o indivíduo aos olhos
dos outros.
Muitas vezes, esses indivíduos fazem questão de que as
pessoas saibam que passaram longas horas em oração ou jejum. Ou, então, que
doaram todo o dinheiro que tinham. As obras de "justiça" do espírito
de Jezabel são sempre feitas para que os outros vejam. Tais ações só servem
para promover e aumentar o domínio do "eu".
Acreditando que são "instrumentos especiais" de
Deus, tais indivíduos muitas vezes se isolam dos outros e escolhem um caminho
separado, alimentando um espírito independente. Um espírito de religiosidade
impede que enxerguem o engano no qual estão presos. Como uma onda do mar, o
engano inunda a mente, aprofundando a contínua necessidade de estímulo sensual
(ou até sexual). Daí o indivíduo começa a ver a comunhão com Deus como algo
sensual. Na ignorância, pode começar a ter contato com espíritos malignos e, no
final, alegar que Deus entrou em seu corpo como numa união sexual. Em
particular, diz a outras pessoas que se tornou literalmente "noiva"
de Jesus. Pode até experimentar sensações físicas de natureza sexual, achando
que está se entregando ao Espírito, como aconteceu com Maria.
EXPERIÊNCIAS DRAMATIZADAS
É comum o indivíduo com o espírito de Jezabel apresentar uma
estranha mistura de cristianismo, Nova Era e religiões orientais. Suas ações e
aspecto religioso podem se destinar a abranger muitas experiências místicas e
impressionar outras pessoas suficientemente para que o aceitem da forma que ele
deseja. As reações de Jezabel podem ser amplamente exageradas. Seu vocabulário
se torna desnecessariamente dramático. Quando o espírito se torna mais arraigado,
a voz da pessoa pode mudar quando profere mensagens proféticas. Às vezes, pode
forçar a voz, como se um tom diferente de voz fosse a prova de que Deus está
com ele. Não é muito diferente do fenômeno da mediunidade no espiritismo,
quando os espíritos malignos usam as cordas vocais do seu receptor. Embora todo
homem de Deus tenha um senso de destino e propósito, este propósito divino não
deve ser confundido com a falsa espiritualidade do espírito de Jezabel.
Enquanto o propósito de Deus em nossa vida nos conduz à humildade, o propósito
de Satanás em nossa vida cultiva a promoção pessoal. Muitas vezes, o intento do
coração é a linha divisória inicial entre os dois.
VIDA FAMILIAR DESORDENADA
Muitas vezes, a instabilidade se instala na família dos
indivíduos com o espírito de Jezabel. Este espírito gera atitudes e
comportamentos negativos. Famílias inteiras podem ser destruídas por ele. Os
indivíduos com o espírito de Jezabel podem ser solteiros ou casados. Se for
casado, seu cônjuge deverá ser espiritualmente fraco, miserável ou não
convertido. Também é possível que os dois operem sob o mesmo espírito.
A Bíblia diz que, antes de exercermos qualquer tipo de
liderança, faz-se necessário que nossa família esteja em ordem, nossos filhos
em sujeição e disciplina, e que tenhamos comunhão com o nosso cônjuge (1 Tm
3.1-4). Como você pode ter um ministério profético de restauração de famílias
(Ml 4.6), se sua própria família está destruída e em desordem? Não podemos
compartilhar aquilo que não temos. Além do mais, não temos autoridade para
repartir aquilo que não construímos.
Muitas vezes, o marido de uma mulher que opera sob o
espírito de Jezabel não será capaz de se levantar como sacerdote do lar porque
este espírito destrói esse sacerdócio, assim tomo Jezabel destruiu o sacerdócio
de Yahweh e emasculou o rei Acalx.
0 esposo, com freqüência, se torna indolente, desinteressado
e desmoralizado. O marido permite que a esposa domine e o controle, mas
secretamente ele a despreza e odeia por causa disso. Enquanto ela se torna mais
agressiva, ele se torna mais retraído. A intimidade sexual entre ambos vai
sendo substituída pelas necessidades espirituais dela. Ele gradualmente começa
a buscar outros meios de satisfação. Movido pela raiva, o marido pode se voltar
para os flertes, a pornografia, o sexo virtual, o voyeurismo, ou outras formas
de aliviar sua carência afetiva e de se sentir bem c no controle.
Algumas vezes, o marido e a esposa ficam sob o espírito de
Jezabel. Quando isso acontece, formam um par formidável, enquanto o espírito
opera em conjunto. No entanto, como acontece com a abelha rainha, a mulher
continua no controle. O marido, embora possa parecer forte, será seu escravo.
Seu objetivo em parecer forte é fazer com que ela pareça ainda melhor aos olhos
dos outros.
No caso do marido cristão, o espírito de Jezabel fará com
que ele abandone suas responsabilidades sacerdotais dadas por Deus, como líder
espiritual de sua casa. Em alguns casos, o marido pode até oferecer alguma
nutrição espiritual. Pode até liderar as reuniões devocionais da família. Tais
ações são permitidas por Jezabel a fim de que os outros — ou mesmo o próprio
marido sejam incapazes de reconhecer seu controle sutil. Na verdade, porém, ela
continua a manter a verdadeira autoridade no lar. Consciente do ensino bíblico
sobre a ordem divina do casamento, ela pode decidir não demonstrar abertamente
seu poder, quando recebe a visita dos amigos. No entanto, seu controle será
reforçado quando estiver a sós com o marido.
Uma mulher com o espírito de Jezabel mantém, muitas vezes, o
controle sobre o marido por meio do leito conjugai. Ela recompensa a obediência
dele com gratificação sexual. Quando ele se rebela, ela suspende a intimidade
sexual.
OLHANDO PARA OUTROS HOMENS
Ela pode alegar que deseja que o marido assuma a liderança
espiritual da família. Quando ele faz isso, ela se submete. Apesar disso, se o
esquema anterior continua atado à alma do marido, nada muda na verdade.
Ela pode exigir que o pastor intervenha e aja como se fosse
o líder direto da família. No entanto, se ela não se submete ao marido, também
não se submeterá ao pastor ou a Deus. Será apenas uma questão de tempo até que
o pastor também sinta o veneno de seus atos.
A fraqueza do marido pode fazer com que a esposa se sinta
atraída por outros homens e gaste tempo com eles, porque demonstram liderança
espiritual - preenchendo, assim, uma lacuna em seu casamento. No final, seu
marido ficará tão desmoralizado que deixará de ir à igreja, preferindo ficar em
casa assistindo à televisão, jogando ou se engajando em outros substitutos da
afeição de sua esposa. Afinal, como pode aceitar a autoridade de um pastor que
não é capaz de enxergar atrás da fachada espiritual de sua esposa?
CASTRANDO O MARIDO
O espírito de Jezabel levará a mulher a criticar e depreciar
seu marido, dizendo que ele não é muito espiritual, não é ousado, não ganha
muito dinheiro, ou está atrapalhando o ministério dela. Ela pode aplicar uma
pressão sutil sobre ele, simplesmente suspirando e comentando como seria bom
ter isso ou aquilo, sabendo que ele não pode comprar. Pode também insinuar que,
se ele realmente a amasse, trabalharia mais para suprir suas necessidades e
satisfazer seus desejos. Tal manipulação coloca uma tremenda pressão sobre o
homem e aumenta seu ressentimento. Também pode levá-lo aos braços de outra
mulher que seja mais sensível às suas necessidades.
Na ordem divina, o marido tem autoridade sobre a esposa,
Cristo tem autoridade sobre o marido, e Deus Pai tem autoridade sobre Cristo (1
Co 11.3). Uma mulher com o espírito de Jezabel fala sobre submissão e
obediência, mas seu marido e seus filhos sabem que é só teoria. Não é uma
realidade em sua vida.
Os filhos que crescem num ambiente familiar onde há a ação
do espírito de Jezabel serão profundamente afetados na idade adulta e muitas
vezes nem perceberão. Embora eu não seja psicólogo nem especialista em
infância, já notei em centenas de entrevistas, encontros e testemunhos que os
seguintes resultados muitas vezes são os mais encontrados.
IMPLICAÇÕES PARA AS FILHAS
As meninas criadas por mães dominadoras podem manifestar
comportamento masculino ou agressividade excessiva. Tornando-se como a mãe,
elas reprimem a verdadeira feminilidade, considerando-a como um empecilho.
Algumas têm sementes de rebelião, manipulação ou controle plantadas em seus
corações pela mãe dominadora e, por sua vez, passam a operar sob o espírito de
Jezabel. Incapazes de enxergar a verdadeira causa da dor, algumas aderem aos
movimentos de emancipação feminina ou movimentos de bruxaria como WICCA.
Lamentavelmente, mesmo que uma jovem sonhe encontrar um homem que preencha o
vazio deixado por seu pai, pode descobrir que tem dificuldade de confiar nos
homens e também em Deus como Pai.
IMPLICAÇÕES PARA OS FILHOS
Sempre que os pais deixam de cumprir seus papéis legítimos
no casamento, os filhos podem ficar confusos sobre a própria masculinidade.
Alguns podem se tornar sexualmente agressivos e tentar dominar as mulheres à
força. Os jovens também podem responder à intimidação da mãe tornando-se tiranos
e buscando dominar sua esposa e filhos. A opressão masculina sobre a mulher
muitas vezes é motivada pelo ressentimento contra a figura dominadora da mãe.
Alguns jovens, movidos pelo ressentimento contra mulheres,
podem reagir afastando-se delas. Podem reagir à necessidade não suprida da
afeição e autoridade paternas, sendo atraídos para pessoas do mesmo sexo,
principalmente ao erotizar o vazio masculino em sua vida.
Quando Warren tinha 18 anos de idade, tinha dons proféticos
considerados como extraordinários por líderes de renome nacional. Embora fosse
muito jovem, ele tinha subido ao Terceiro Céu. Podia dizer com incrível
precisão quando uma pessoa seria visitada por um anjo ou determinar a data de
algum evento - o que de fato se confirmava. No entanto, ele tinha uma obsessão
secreta. Embora muitas mulheres o considerassem atraente, Warren era
profundamente atraído por homens.
Essa atração começou quando ele tinha nove anos de idade.
Sua mãe liderava uma igreja pentecostal. Seu pai, um homem frio e distante,
demonstrava pouco interesse pela igreja, pela família e pelo próprio Warren.
Quando um evangelista chegou à cidade para realizar sua campanha anual na
igreja, Warren notou a atração de sua mãe por aquele homem.
O evangelista, reconhecendo as habilidades proféticas do
garoto, pediu à mãe que permitisse que Warren viajasse com ele durante o verão.
Disse que queria treiná-lo. Extremamente empolgada, ela autorizou. Foi nessa
época, porém, que Warren foi sexualmente molestado por aquele homem.
Quando ele contou à mãe, ela se recusou a acreditar nele.
Warren sempre suspeitou que a incapacidade dela de acreditar nele era porque
tinha um caso com o evangelista. Sendo uma mulher forte e dominadora, ela
ignorou o sofrimento do filho e o acusou de mentiroso. Tragicamente, Warren
jamais se recuperou daquele incidente ou da reação da mãe para com ele.
Desde
que o pai era emocionalmente distante e inacessível, o evangelista visitante
começou a preencher o modelo masculino na vida de Warren. Embora ele lutasse
contra suas tendências homossexuais, estava sempre procurando um homem que
substituísse o pai. A raiva que nutria pela mãe alimentava ainda mais sua
atração por homens. Quando o dom profético de Warren foi reconhecido, ele passou
a ter quedas periódicas em pecados sexuais, seguidas de longos períodos de
angústia, arrependimento e abstinência. Todas às vezes, o Senhor restaurava sua
unção. Finalmente, quando participava de uma campanha num outro país, ele ficou
gravemente doente e incapaz de se recuperar. Voltou para casa e mais tarde
descobriu que estava com AIDS. Warren
morreu com 32 anos de idade.