A caminho do banheiro no primeiro dia pela manhã, você passa diante do
quarto de seu mentor. A porta está entreaberta e ele acabou de se ajoelhar para
orar. Você não resiste e pensa: Como é que um gigante na fé começa suas
orações?
Para por um instante e chega mais perto. Será que ele vai orar por um
reavivamento espiritual? Pelos famintos ao redor do mundo? Será que ele vai
orar por você?
Mas o que ouve é a seguinte oração: “Ó Senhor, a primeira coisa que te
peço esta manhã pe que abençoes... a mim”!
Chocado diante de uma oração egoísta como esta, você segue para o
chuveiro. Porém, enquanto ajusta a temperatura da água, um pensamento lhe
sobrevém. É tão óbvio que você se surpreende por não ter pensado nisto antes:
Os grandes homens de fé tem uma maneira de pensar diferente da nossa.
Depois de se trocar e se preparar para o café, você já está convencido.
A razão pela qual homens e mulheres de fé se destacam do resto é que eles
pensam e oram de maneira diferente daqueles que o cercam.
Será possível que Deus queira que você seja mais “egoísta” em suas
orações? Que você peça mais – e cada vez mais – em suas orações? Conheço muita
gente na Igreja – cristãos sinceros – que crêem que pensar assim é um sinal de
imaturidade. Acham que parecerão mal-educados ou gananciosos se pedirem mais
bênçãos à Deus.
Talvez você também pense assim. Se for este o seu caso, quero
mostrar-lhe que tal oração não é a atitude egoísta que parece ser, mais uma
postura altamente espiritual, uma que nosso Pai Celestial deseja muito ouvir de
você.
Primeiramente vamos olhar de perto a história de Jabez:
Ganhos em vez de perdas!
A palavra hebraica “Jabez” significa “dor”. Uma tradução mais literal
poderia ser: “ele causa (ou causará) dores”.
Isto não parece apontar para um futuro muito promissor, não é?
Todos os bebês chegam provocando uma certa intensidade de dor, mas o
nascimento de Jabez teve alguma coisa fora do comum – tanto que sua mãe foi
capaz de mencionar o fato no próprio nome de seu filho. Porque? A gravidez ou o
parto podem ter sido traumáticos. Talvez ele tenha nascido sentado. Ou talvez a
dor de sua mãe tenha sido emocional – o pai pode tê-la abandonado durante a
gravidez; pode ter morrido; a família pode ter entrado numa situação financeira
tal que a perspectiva de criar outro filho trouxe apenas medo e preocupação.
Somente Deus sabe com certeza o que causou a dor daquela mãe
angustiada. Não que isso tenha feito tanto diferença para o jovem Jabez. Ele
cresceu com um nome que todo garoto odiaria. Imagine passar a infância
suportando a gozação dos meninos mais fortes, lembrar diariamente que sua
chegada não foi bem vinda e sentir vergonha por ter um nome esquisito.
No entanto, o fardo mais pesado do nome de Jabez era como este nome
definiria o seu futuro. Nos tempos bíblicos, um homem e seu nome estavam a tal
ponto relacionados que a expressão “apagar o nome da terra”, equivalia a matar
tal pessoa. O nome era freqüentemente tomado como um desejo ou uma profecia
para o futuro daquela criança. Jacó, por exemplo, quer dizer “suplantador”,
nome muito apropriado para o patriarca maquinador.
Noemi e seu marido colocaram em seus filhos os nomes de Malom e Quilom,
que significa “franzino” e “debilitado” . E exatamente assim eram eles. Ambos
morreram ainda jovens. Salomão significa “paz” e fazendo jus ao seu nome, tornou-se
o primeiro rei de Israel a reinar sem precisar ir à guerra.
Um nome que significava “dor” não era um bom presságio para o futuro de
Jabez.
Apesar de suas poucas perspectivas, Jabez descobriu uma saída. Ele
cresceu ouvindo sobre o Deus de Israel que havia libertado seus ancestrais da
escravidão, que os resgatara de poderosos inimigos e os colocara numa terra de
fartura. Já adulto, Jabez acreditava e confiava piamente neste Deus de milagres
e de novos começos.
Então porque não pedir por um? Foi isso o que ele fez. Orou e formulou
o maior e o mais inimaginável pedido: “Oh! Que me abençoes”.
Gosto da urgência e da vulnerabilidade pessoal deste apelo. Uma
tradução mais literal do hebraico seria: “Abençoe-me muito mesmo”! Seria como
acrescentar cinco pontos de exclamação ao pedido ou mesmo escreve-lo em letras
garrafais sublinhadas.
Lá no fundo de minha mente imagino Jabez em pé diante de um imenso
portão, fixado a dois muros, cuja altura alcança os céus. Oprimido pelo peso da
tristeza de seu passado e da melancolia de seu presente, a única coisa que ele
consegue ver diante de si é a impossibilidade – um final nada feliz. Porém,
levantando suas mãos aos céus, ele clama: “Pai, meu Pai! Por favor abençoa-me!
E Senhor, quero pedir-te que me abençoes... muito”!
Logo após a última palavra inicia-se a transformação. Ele ouve um forte
estalo. Depois, o ranger das dobradiças, enquanto o imenso portão começa a se
afastar dele, abrindo-se num enorme arco. Ali estendendo-se até o horizonte,
estão os campos repletos de bênçãos.
E Jabez dá o passo inicial rumo a uma nova vida.
Não é à toa que o significado da palavra “bênção” tenha se transformado
em algo tão vago e inócuo quanto a expressão “bom dia”. Não é de admirar que os
cristãos de hoje não estejam à busca de bênçãos – não sabem o que significa!
Abençoar no sentido bíblico significa pedir ou conceder um favor
sobrenatural. Ao clamarmos pela bênção de Deus, não estamos pedindo aquilo que
poderíamos conseguir pelo nosso próprio esforço. Estamos clamando pela
maravilhosa e ilimitada bondade, que apenas Deus tem de conhecer e de nos
conceder. É a este tipo de riqueza que o escritor de provérbios se refere: “A
bênção do Senhor é a base da verdadeira riqueza, pois não traz tristezas e
preocupações” (Pv 10:22).
Observe um aspecto fundamental no pedido de Jabez: ele deixou
inteiramente nas mãos de Deus a natureza da bênção, onde, quando e como ela
seria dada a Jabez. Este tipo de confiança radical nas boas intenções de Deus
para conosco não tem nada em comum com a “doutrina da prosperidade”. Ela prega
que você deve pedir a Deus uma Mercedes, um salário milionário ou algum outro
sinal exterior que possa significar que você encontrou um meio de fazer seu
pé-de-meia através de uma conexão especial com Deus. Ao contrário, a bênção de
Jabez é muito definida: Pede a Deus que ele nos dê exatamente que aquilo que
Ele tem reservado para nós.
Quando buscamos a bênção de Deus como valor máximo para nossa vida,
estamos nos jogando de corpo inteiro no rio da vontade de Deus, de seu poder e
de seu propósito para nós. Todas as demais necessidades se tornam secundárias
diante daquilo que realmente queremos: ficar totalmente imersos naquilo que
Deus está tentando fazer em nós, através de nós e ao nosso redor, para a Sua
glória.
Permita-me falar-lhe de um legítimo subproduto da busca sincera pela
bênção de Deus: a sua vida será marcada por milagres. Como posso saber? Porque
Deus nos promete, e tenho visto estas coisas acontecerem em minha própria
vida! O poder que Deus tem de realizar
grandes coisas de repente não encontra mais obstáculos
Conta-se uma pequena estória na qual seu João morreu e foi para o céu.
Pedro o aguardava junto aos portões para leva-lo a um passeio. Ali no meio do
esplendor das ruas de ouro, das mansões celestiais e dos coros de anjos, seu
João observa um prédio bastante estranho. Para ele aquilo se parecia com um
enorme armazém – não tinha janelas e havia apenas uma porta. Porém, quando ele
pede para entrar, Pedro hesita um pouco:
- Olha, acho que você não quer
ver o que existe lá dentro - diz o apóstolo ao recém-chegado.
Mas porque deveriam existir segredos no céu? Fica pensando seu João.
Que surpresa tão grande poderia me esperar ali? Quando o passeio oficial
termina, seu João continua pensando naquele edifício e pede novamente para ver
o que há lá dentro daquela estrutura.
Pedro finalmente cede. Quando o apóstolo abre a porta, seu João quase o
atropela em sua ânsia de desvendar aquele mistério. Percebe que o prédio tem
corredores e mais corredores com prateleiras, do chão ao teto, cada uma delas
repleta de caixas brancas amarradas com fitas vermelhas.
“Estas caixas tem nomes escritos nelas”, nota seu João, pensando em voz
alta. Então, ele se vira para Pedro e pergunta:
- Há alguma com o seu nome? - Sim - responde o apóstolo. Pedro tenta
levar seu João para fora do prédio: - Francamente, seu João - diz Pedro - acho
que se eu fosse o senhor... Mas seu João já está bem próximo do corredor “J”,
procurando a sua caixa.
Pedro vai seguindo atrás, balançando a cabeça. Ele alcança seu João no
momento exato em que este já puxou a fita de sua caixa e está quase tirando a
tampa. Ao olhar o interior da caixa, seu João reconhece o conteúdo
instantaneamente. Deixa escapar um enorme suspiro, semelhante aos muitos que
Pedro já escutara tantas outras vezes.
A caixa continha todas as bênçãos que Deus queria ter dado a seu João
enquanto ele estava na terra... Mas seu João nunca pedira.
“Pedi”, prometeu-nos Jesus, “e dar-se-vos-á” (Mt 7:7). “Nada tendes,
porque não pedis” (Tg 2:4). A bondade de Deus não tem limites. Mas se ontem
você não pediu a sua bênção, então você não recebeu aquilo que poderia ter
ganhado.
É este o problema. Se você não pede a bênção de Deus, deixará de
receber aquelas que são concedidas apenas mediante um pedido. Da mesma forma
que um pai se sente honrado por ver um filho pedindo sua bênção, nosso Pai se
agrada em atender generosamente quando a bênção dele é tudo o que você mais
quer.
Ou quem sabe, você é um daqueles cristãos que acham que, uma vez
salvos, as bênçãos de Deus caem sobre sua cabeça como uma chuva regular, numa
freqüência determinada e constante, independentemente daquilo que você faça.
Não é necessário nenhum esforço adicional.
Também é possível que você tenha optado por um modelo de “contabilidade
espiritual”. Em sua conta de bênçãos você possui uma coluna para depósitos e
outra para saques. Deus tem sido por demais bondoso com você nos últimos
tempos? Então você conclui que não deve esperar, muito menos pedir, que Deus
credite algumas bênçãos em sua conta. Você pode até achar que ele deveria
ignora-lo por uns tempos ou talvez fazer alguns saques, enviando algumas
provações sobre sua vida.
Este tipo de pensamento é pecado, além de se constituir numa armadilha!
Quando Moisés disse a Deus no Monte Sinai “rogo-te que me mostres a Tua glória”
(Ex 33:18), ele pedia uma compreensão mais intima de Deus. Como resposta, Deus
descreveu a Si mesmo como “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo
e grande em misericórdia e fidelidade” (Ex 34:6).
Incrível” A própria natureza de Deus é ter bondade com tamanha
abundância que ela transborda sobre nossas vidas indignas. Se você pensa que
Deus não é assim, peço que mude sua maneira de pensar. Sugiro que você se
comprometa a pedir – todos os dias – que Deus o abençoe muito.
A liberalidade de Deus é limitada somente por nós, não por seus
recursos, poder ou disposição de dar. Jabez foi abençoado simplesmente porque
se recusou a deixar algum obstáculo, alguma pessoa ou alguma opinião se colocar
num patamar superior à natureza de Deus. Faz parte da natureza de Deus nos
abençoar.
Sua bondade em registrar a história de Jabez na bíblia é uma prova de
que o que importa não é quem você é, nem aquilo que seus pais decidiram que
você fosse, nem qual é o seu “destino”. O que realmente importa é saber quem
você quer ser, e pedir isto.
Através de uma simples e confiante oração, você pode mudar todo o seu
futuro. Você pode mudar aquilo que vai acontecer no próximo minuto de sua vida.