“Se você estivesse se exercitando com regularidade", o médico me disse, "isso não teria acontecido. Porque seus músculos
estão fora de forma, você é mais propenso a se machucar".
Quando já estava em condições
de andar, um
outro perito me instruiu:
“Você precisa fazer esses exercícios para trazer
os músculos do seu joelho de volta à forma e condição apropriadas". Levou alguns meses para que meu joelho voltasse
ao normal.
A palavra grega, em Atos 24:16, para "esforçar" é
askeo. O Vine's Dictionary define esforço como "chegar à dor, empenhar-se, exercitar por treinamento ou disciplina".
Algumas vezes, outros nos ofendem e não é fácil perdoá- los. Se exercitarmos nosso coração afim de que esteja em
condição de lidar com a ofensa, nenhuma
mágoa ou dano permanente resultará.
Muitos poderiam ter escalado daquele muro no Havaí sem se machucarem, porque estavam em forma. Do mesmo modo, alguns estão
condicionados a obedecer
a Deus exercitando o coração.
Nosso grau de maturidade determina
a habilidade que temos de lidar com uma
ofensa sem nos magoarmos.
Algumas ofensas serão mais desafiadoras que outras para as quais fomos treinados. Esse esforço extra
pode causar uma ferida. Após isso devemos
exercitar-nos espiritualmente
para sermos libertos e curados novamente. Mas o resultado valerá o esforço.
Neste capítulo, tratarei
dessas ofensas extremas
e intensas, que requerem mais esforço para solucioná-las.
Um incidente ocorreu
em minha vida envolvendo alguém
do ministério. Essa ofensa extrema que experimentei não foi isolada, mas uma dentre muitas com essa
mesma pessoa, e que se intensificou durante um ano e meio.
Todos ao meu redor sabiam o que estava acontecendo. "Você não está magoado?" - perguntavam-me.
"O que você vai fazer? Você vai ficar aí retraído
sem reagir?"
"Estou bem", eu disse. "Não me afetou. Vou seguir com o meu chamado."
Mas minha resposta era, nada mais nada menos, do que orgulho. Eu estava extremamente magoado,
mas negava até mesmo para mim, Passava
horas tentando imaginar
como tudo isso havia acontecido comigo. Eu estava
chocado, amortecido e
surpreso. Mas reprimia esses pensamentos e armava
um forte muro de proteção, quando, na realidade eu estava fraco e profundamente magoado.
Meses se passaram. Tudo parecia
árido, o ministério estava sem graça
e eu sem ânimo para orar; estava
atormentado. Diariamente, lutava contra demônios.
Pensei
que toda essa resistência fosse por causa do meu
chamado, mas na realidade era que a
falta de perdão me atormentava, Toda vez que estava
perto desse homem,
sentia-me espiritualmente massacrado.
Então, veio aquela manhã da qual nunca me esquecerei. Estava sentado na varanda orando.
"Senhor, estou magoado?" - perguntei. Tão logo estas palavras deixaram
meus lábios, ouvi um brado no mais profundo do meu espírito: Sim! Deus queria ter a certeza
de que eu saberia que estava magoado.
"Deus, por favor, ajude-me a sair desta mágoa
e ofensa" eu lhe pedi. "É demais para mim lidar com isso".
Esse era o lugar exato onde o Senhor queria que eu estivesse:
no final das minhas forças. Muito freqüentemente tentamos fazer as coisas com a força de nossa alma. Isso não faz com que cresçamos espiritualmente, ao
contrário: ficamos mais suscetíveis à queda.
O primeiro passo para a cura e a libertação é reconhecer que
estamos magoados. Geralmente,
o orgulho nos
impede de admitir
que estamos machucados e ofendidos. Assim que admiti minha verdadeira condição, busquei
o Senhor e fiquei aberto a sua correção.
Senti que o Senhor queria que eu jejuasse por
alguns dias. O jejum me colocaria
numa posição de sensibilidade à voz do Seu Espírito e me traria outros benefícios.
Alguns dias mais tarde, fui assistir a um culto fúnebre. O homem que me havia ofendido também
estava lá. Do fundo da igreja, olhei para ele e comecei a chorar.
"Senhor, eu o perdoei. Eu o libero de tudo o que me fez." Imediatamente, senti o fardo ser tirado.
Eu o perdoei. O alívio me inundou!
Mas esse era só o início do caminho para a recuperação. No meu coração o havia perdoado, mas não
havia percebido a extensão da
ferida. Eu ainda estava vulnerável e poderia ser magoado outra vez. Era exatamente como a recuperação de uma ferida física.
Eu precisava exercitar, fortalecer meu coração,
mente e emoções, para prevenir futuras feridas.
Alguns meses se passaram. Ocasionalmente, tinha de lutar contra os mesmos pensamentos que tinha antes de perdoá-lo. Uma pessoa magoada
poderá do mesmo modo trazer as mesmas reclamações a mim ou
talvez eu visse o homem ou ouviria
seu nome. Eu rejeitava esse pensamentos tão
logo os percebia, e então os expulsava (veja 2ªCo 10: 5) Este era meu exercício, meu esforço para ficar livre.
Finalmente, perguntei ao Senhor como fazer para
que esses pensamentos não me levassem
novamente à falta de perdão.
Sabia que Ele desejava um nível mais elevado de liberdade para mim e
não queria passar
o resto de
minha vida retendo
uma ofensa. O Senhor me
instrui a orar
por aquele homem que me havia magoado,
lembrando-me suas Palavras:
"Eu, porém, vos
digo: Amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mt 5:44).
Então, orei. Inicialmente, foi um voz seca, um monólogo, sem sombra de paixão. Por obrigação, eu acrescentava: "Senhor, abençoe-o. Dê-lhe um bom dia.
Ajude-o em tudo que fizer. Em nome de Jesus Amém".
Isso continuou por algumas semanas.
Parecia que não ia chega a lugar algum. Então, numa
manhã, o
Senhor me deu o Salmo 35; abri
Bíblia e comecei a ler.
Quando cheguei à metade,
vi minha situação:
Então, veio a resposta: "Quanto a mim..." A
resposta de Davi
não estava baseada
nas ações dos
outros. Determinado a fazer o que era correto, orou
por eles como
se fossem irmãos íntimos ou alguém que chora a perda da mãe. Deus estava me mostrando como
orar por esse
homem: "Ore por ele exatamente para que Eu lhe faça o mesmo que você quer que Eu lhe faça!"
Agora, minhas orações estão totalmente mudadas. Não é mais: “Deus abençoe-o e dê-lhe um bom dia". Elas se tornaram parte da minha vida. Ore: "Senhor, revele-se a ele de forma surpreendente. Abençoa-o com sua presença. Permita-lhe conhecer-te mais intimamente. Que ele seja agradável a ti e que traga honra a seu nome". Orei o que queria que Deus fizesse em minha própria vida.
Depois de um mês orando apaixonadamente por ele, gritei bem alto, "Eu o abençôo! Eu amo você no nome de Jesus!" Foi um grito que veio de dentro do meu
espírito. Passei a orar por
ele para seu próprio bem, e não para meu próprio bem. Creio que a cura esteja completamente feita.
Mais algumas semanas
se passaram e
o vi novamente.
Uma sensação desconfortável se formou em
meu coração. Ainda lutava com a vontade
de ser crítico.
"Você precisa ir até ele,
John", minha esposa
falou. "Não, não preciso”, disse-lhe.
"Estou curado agora."
Mas senti que o Espírito
Santo testemunhou o que acabara de falar. Então, perguntei ao Senhor se eu precisava ir até ele. Ele disse que sim.
Marquei um encontro
com o homem e levei-lhe
um presente. Humilhei-me, confessei minha atitude
errada e pedi-lhe perdão. Estamos reconciliados, e
o perdão e a cura inundaram meu coração.
Saí de seu gabinete curado
e fortalecido. Não
tive mais de lutar contra a dor e a crítica. Nosso relacionamento tem ficado cada vez mais forte desde então, e nunca mais tive problema.
Na realidade, damos
muito apoio um ao outro.
"Quando conheci aquele homem", contei a Lisa, "a meu ver, ele não seria capaz de fazer nada de errado. Não vi falhas nele. Eu o amava porque pensei que fosse perfeito. Mas quando fui magoado ficou difícil de amá-lo. Tive de usar toda minha fé para isso. Agora que passei por este processo de restauração e fui curado, amo-o com a mesma intensidade de quando o conheci, apesar de qualquer falha. É um amor maduro."
Este versículo veio-me
à mente:
Desde então, casos semelhantes apareceram, mas não levou tempo para liberar as ofensas. A
razão: meu coração estava exercitado
e fortalecido. Durante esses meses, parecia que não ia chegar a lugar algum. Na
realidade, eu achava que havia até piorado.
Mas eu estava no caminho certo para a recuperação. O Espírito
do Senhor me guiou num ritmo que eu podia agüentar.
Era parte do meu processo de amadurecimento. Eu não trocaria essa experiência por nada e sou grato pelo crescimento que ela trouxe a minha vida.
Crescemos em tempos
difíceis e não nos fáceis.
Encontraremos lugares áridos
na nossa jornada
com o Senhor. Não podemos
escapar, precisamos enfrentá-los, porque são parte do processo
para nos aperfeiçoarmos nele.
Se você decidir escapar, estará comprometendo seriamente o seu crescimento.
Quando você supera diferentes obstáculos, fica mais forte e mais compassivo. Você se
apaixonará mais por Jesus. Se passou pela dificuldade e não se sente dessa forma, provavelmente não se recuperou da ofensa.
A recuperação é uma escolha sua.
Algumas pessoas se machucam e nunca se recuperam.
Pode parecer uma coisa cruel de dizer, mas foi
decisão própria.
Jesus aprendeu obediência com as coisas que sofreu.
Pedro aprendeu obediência pelas coisas que sofreu. Paulo aprendeu obediência pelas coisas que sofreu. E você? Aprendeu?
Ou está duro, insensível, frio, amargo e ressentido? Então, não aprendeu
obediência.
Sim, é verdade, algumas ofensas
não se vão tão facilmente. Você terá de lutar para se libertar.
Mas nesse processo
você crescerá e amadurecerá.
A maturidade não vem tão
facilmente. Se viesse, tudo resultaria nela. Poucos alcançam
esse nível na
vida por causa da resistência que enfrentam. Há resistência porque as pessoas
são é egoístas. O mundo é dominado
pelo "príncipe da potestade do ar" (Ef 2:2). Como
resultado, para chegarmos à maturidade de Cristo haverá
dificuldades que advêm
quando estamos contra o fluxo do egoísmo.
Paulo retornou a três cidades onde plantou igrejas. Seu propósito era fortalecer a alma dos
discípulos. É interessante, porém, ver como ele os fortaleceu. Ele os encorajou:
Lembre-se de que quando perdemos nossa
vida
por causa de Jesus vamos encontrar
a sua vida.
Aprenda a fixar seu foco no resultado final, não no conflito.
Pedro coloca isso muito bem: