terça-feira, 4 de maio de 2021

Lúcifer destronado - Capítulo 17

Falando do inferno

Mesmo ainda não preparado para o lance final do enigma do Graal, fiquei sabendo que o “Santo Graal da Imortalidade” era, na verdade, o cálice de sangue do vampirismo. Como disse no início deste livro, você não tem a menor idéia do que é despertar sentindo a necessidade do sabor de sangue em sua boca.

De certo modo, as coisas me favoreciam. Éramos líderes de uma grande rede de “covens”, ou grupos de feiticeiros. Esses grupos tinham sido projetados para serem círculos dentro de círculos.

Naquela nossa experiência, é uma prática comum. Os círculos mais externos eram constituídos de adeptos da Wicca, homens e mulheres que acreditavam estar praticando uma magia “branca”, uma feitiçaria “para o bem”. Quando eles chegavam ao nível do sumo sacerdócio é que começariam a compreender os mistérios de Lúcifer.

Os círculos internos estavam envolvidos com Thelema, a religião de Aleister Crowley. Nos círculos mais internos, havia mulheres selecionadas, que eram consagradas, dedicadas e dispostas a deixar que chupassem seu sangue, e o faziam com prazer.

Como eram em número suficiente, nenhuma corria o risco de perder sangue a ponto de afetar a sua saúde. Tinham prazer naquele ato, e eu era suprido. Desse modo, não era preciso sair dos círculos de magia, a fim de caçar mulheres em busca do seu sangue. Pelo menos, no começo...

Os círculos mais internos viviam num mundo em que tudo era invertido. O prazer era a dor, e a dor, o prazer. As trevas eram a luz, e o bem era o mal. Assistíamos a filmes tais como O Exorcista e 0 Presságio e torcíamos pelos demônios e pelo anticristo. Diariamente, eu fazia magias e rituais de dor, poder e perversidade para apressar a vinda da Grande Besta.

No momento em que este livro era escrito, outro ciclo de produções está glorificando aquele que é o padroeiro do vampirismo, Vladislau Basarab — também conhecido como Vlad Tepes (Vlad, o Empalador) ou Vlad Drácula. Um filme que se destaca nessa linha é o que foi produzido por um diretor de renome, que fez uso de custosos cenários, vestuários e efeitos especiais, visando a seduzir ainda, por mais de uma década, muita gente para “templos” cinematográficos profanos.

A cada dez anos mais ou menos, pode-se contar com o fato de Hollywood fazer ressuscitar Drácula, e assim temos uma nova enxurrada de filmes sobre vampiros. O que estão querendo nos vender? A mentira da juventude eterna e da beleza eterna nunca foi tão sedutora, e seu custo nunca foi tão grande como agora. Sei disso, porque eu mesmo fui totalmente enganado por essa mentira. E vi qual é o inimaginável preço a ser pago.

Como foi que cheguei ao ponto de desejar deixar de lado tudo o que é normal na humanidade para provar o gosto do que eu acreditava ser a imortalidade? Não acordei numa certa manhã sendo “um vampiro em treinamento”. Como vimos, foi um processo gradual de sedução, achando eu que estava juntando as peças de um imenso e altamente secreto quebra-cabeça cósmico. Naturalmente, as forças das trevas que me manipulavam não tinham misericórdia alguma para comigo.

Começando com a prática de um modesto mal na Wicca e no espiritismo, fui descendo — em dez anos — a um emaranhado de terror sangrento, do qual eu já duvidava que pudesse escapar. Mas, na maior parte do tempo, nem mesmo queria escapar. A “metamáquina” dentro de mim era que me governava quase que inteiramente. Eu me encontrava postado numa verdadeira encruzilhada, sedento de sangue.

O culto vampirista — pois era isso mesmo — seria o passo final, o mais abominável de todos, em minha participação no satanismo.

Por um estranho fato acidental, logo depois do meu encontro com “Maria Madalena” as terríveis asas negras desse culto vieram bater contra mim numa Igreja ortodoxa russa da cidade de Chicago.

A primeira vez que fui levado para lá foi pelo homem que me consagrara como bispo gnóstico na Igreja Católica Romana Antiga de rito sírio-jacobita. A igreja Católica Gnóstica é uma mistura do catolicismo romano com a Igreja Ortodoxa e o satanismo de Crowley. Foi nessa igreja que eu acabei fazendo contato com os poderes que me levaram mais a fundo no ramo do vampirismo, dentro da confraria.

Um princípio básico que tanto o antigo como o moderno gnosticismo adotam é o princípio do dualismo (a absoluta necessidade do bem e do mal). Fui levado a acreditar que Vlad Drácula era necessário como um “Cristo” das trevas, um Cristo “antimatéria”

— para usar palavras da Física moderna — a fim de contrabalançar o sacerdócio de luz branca de Jesus.

Era vital, assim, que eu vestisse o manto da ordem do sacerdócio de Drácula, tal como eu pensava ter vestido o manto do sacerdócio de Jesus por meio do catolicismo e da Igreja Ortodoxa.

Seria a linha final da autoridade apostólica que eu buscava.

Para tanto, teria de receber treinamento e me desenvolver nesse sacerdócio. Designaram-me um mentor que me ensinou uma forma de cristianismo incrivelmente distorcida.

Fui ensinado que o Evangelho de João era um documento secreto com tremendos “segredos gnósticos” nele ocultos e que o seu autor, o apóstolo, ainda caminha na terra nos dias de hoje, como um vampiro, com cerca de 2.000 anos, tendo sido iniciado no vampirismo pelo próprio Jesus! O apostolado de João, embora enraizado no que hoje é a Maçonaria, teria levado seus devotos a uma consumação sacramental de sangue e órgãos humanos para propiciar a vida eterna.

Fui ensinado também que o primeiro Nosferatu (palavra românica/valáquia que significa “não-morto” ou “vampiro”) foi Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos por um poder oculto: o que se encontra, naturalmente, no Evangelho de João. Seria um ato intencional de Jesus estabelecer uma linha ininterrupta de “sucessão apostólica”, procedente de João e Lázaro, mediante um sacerdócio secreto dentro do próprio sacerdócio. Era esta uma irmandade dos vampiros, escondida cuidadosamente dentro do sacerdócio ortodoxo por todos esses séculos e desconhecida até mesmo da maioria dos padres.

Isso explicaria as profundas diferenças entre o evangelho de João e os outros três. Por que nesse evangelho foi colocada essa ênfase de os mortos ouvirem a voz de Cristo e ressuscitarem? Que final misterioso era o dele sugerindo que João viveria até a segunda vinda do Senhor? A resposta que me deram foi que o evangelho joanino era um projeto de vida eterna a ser obtida mediante prática do “Sacerdócio de Nosferatu”, isto é, do vampirismo.

A pedra angular da existência e sobrevivência do culto satanista está realmente no ritual central do catolicismo e da Igreja Ortodoxa, ou seja, na eucaristia (missa), ou “liturgia divina”. Em pouco tempo, descobri o elo vital entre Nosferatu e a doutrina da transubstanciação (que é a crença de que o pão e o vinho literalm ente se transformam no corpo e sangue de Cristo).

Com muita avidez, fiz com que meu corpo se alterasse gradualmente, mediante injeções de certas ervas e drogas, acreditando estar seguindo os passos de João, o discípulo amado. Gradualmente, meu apetite para comer começou a diminuir, e minha sensibilidade à luz do sol marcantemente aumentou.

Finalmente, numa noite especial foi-me dado permissão para eu chupar o sangue das veias do meu mentor. Desse modo, o “vírus” do vampirismo me foi passado. Comecei a querer apenas sangue, e quase nada mais me dava vontade de comer ou beber. E lá, numa capela sem janelas, iluminada apenas à luz de velas e carregada de ícones ortodoxos, foi que aprendi o verdadeiro significado da “divina liturgia”.

Acredita-se, no vampirismo, que um vampiro para sobreviver tem que ingerir uma substancial quantidade de sangue a cada dia, do mesmo modo que os humanos têm de ingerir alimentos. O ideal seria consumir, a cada dois dias, o volume equivalente de sangue que há num corpo humano, para não adoecer ou morrer de fome.

Assim, a “solução de Jesus” para o seu sacerdócio vampírico teria sido a “magia” da transubstanciação. A doutrina católica e ortodoxa ensina que todo o corpo de Jesus acha-se contido na hóstia. Do mesmo modo, todo o sangue de Jesus — o sangue de um jovem de 33 anos do sexo masculino, ou seja, cerca de 4 litros e meio, está miraculosamente contido dentro de um cálice de vinho.

Ora, como todos os membros do sacerdócio nosferático são também sacerdotes católicos ou do rito ortodoxo oriental, todos teriam o poder de produzir, em sua liturgia, a cada dia, mais do que o necessário de “sangue” sacramental para satisfazer sua sede. E sangue verdadeiro (pelo que acreditávamos).

Os sacerdotes católicos devem, pela lei canônica, celebrar a missa a cada dia, exceto por motivo de enfermidade ou devido a alguma séria emergência. Assim, no sacramento do vinho transformado em sangue, tínhamos um suprimento fácil para a nossa necessidade, sem ter que sair por aí atacando as pessoas como fazem os vampiros dos filmes. A única razão para chupar sangue de uma pessoa viva era ou por simples prazer ou para iniciá-la no culto do vampirismo.

Em poucos dias, constatei que vivia quase que exclusivamente dos elementos do rito da comunhão, mais o uso eventual do sangue das voluntárias sacerdotisas do nosso grupo. Também me foi ensinado que eu teria de criar um espaço sagrado no altar (espécie de ataúde), com determinadas medidas específicas, para que nele periodicamente me deitasse para restaurar as energias.

Era sobre esse altar/ataúde que as missas eram celebradas, muitas vezes estando eu (ou outra pessoa) deitado naquela tumba.

Esta seria a verdadeira razão, disseram-me, para o uso das relíquias nas igrejas católicas: ossos ou outras peças dos corpos dos “santos” na pedra do altar. Seria uma tradição herdada da época em que a liturgia era comumente celebrada sobre o corpo (dentro do altar) de um sacerdote nosferático “não-morto”.

Ensinaram-me outras liturgias, principalmente, o Rito de São João Crisóstomo, usado na maioria das igrejas ortodoxas. Aprendi também outras cerimônias secretas, como missas dedicadas a Vlad Drácula e a todo um panteão de “santos” vampíricos. Esses ritos eram imitações das cerimônias das Igrejas Ortodoxa e Católica, sendo que a única diferença era Drácula e outros vampiros famosos, como o lendário Lammia, Vrykolak e Lílite, serem exaltados no lugar da Virgem Maria e Jesus.

Estas práticas começaram a se espalhar entre os participantes de nossos grupos de feitiçaria num círculo cada vez maior. De modo geral, tornaram-se mais populares entre as mulheres do que entre os homens, talvez porque os homens se intimidassem diante da possibilidade de perder a sexualidade.

Infelizmente, pelo menos dois casais tiveram que se separar porque a esposa optou pelo vampirismo em vez de seu marido. Era muito grande o poder voluptuoso de desejar e dar sangue. Duas de nossas sacerdotisas chegaram até mesmo a exigir de nós que formalmente as iniciássemos nos mistérios nosferáticos. Isso exigia a celebração de uma “missa de São Vlad”, na qual um rum sacramental era usado no lugar do tradicional vinho vermelho. Era, essencialmente, bastante semelhante à liturgia ortodoxa, exceto por óbvias diferenças. O “rito da comunhão” consistia de uma blasfema paródia do que aconteceu com Jesus na cruz. De início, eu chupava o pescoço da iniciante até que ela desmaiasse, pela perda de sangue. Em seguida, abria o meu peito, e a candidata chupava muito do meu sangue. Isso supostamente transmitia uma estranha e demoníaca “enzima” para o corpo dela, passando, então, a transformá-la numa sacerdotisa de Nosferatu. Por fim, a missa terminava fazendo com que ardesse em chamas o líquido alcoólico usado no sacramento (supostamente transubstanciado no sangue do próprio Drácula). Invocávamos, então, Vlad para vir e sorrir diante da criação de sua nova “filha”.

Criamos que, após a morte, tanto eu como as mulheres iniciadas ressuscitariam como um Nosferatu de puro sangue. Seriamos seres imortais que viveríamos por séculos, não mais na condição híbrida de meio-vampiro e meio-homem.

Com a última mulher com quem fizemos essa iniciação, aconteceu um fato extraordinário, que nos apavorou. Chupamos sangue um do outro, como sempre fazíamos, mas no final do ritual, quando eu tinha começado a invocação de Vlad e acendi o cálice cheio do rum sacramental, ele resplandeceu com um brilho maior do que um maçarico de acetileno. Não havia nada de especial naquele rum; era da mesma garrafa que sempre usávamos. Entretanto, a chama, zunindo, ficou com quase um metro de comprimento a partir da taça. O local encheu-se de chamas multicoloridas e exóticas, como nunca tínhamos visto.

Consegui com dificuldade terminar a invocação. O calor e o poder naquela sala ficou tão opressivo que quase caímos de joelhos. O cálice começou a derreter com o forte calor. Podia sentir o poder de Drácula sendo derramado sobre mim como se fosse um sangue fervente e fumegante.

A mulher que estava sendo iniciada sentiu isso também. Parecia uma “bênção” especial que nunca fora dada antes. Ela ficou excitada com aquela experiência fora do comum. E eu iria ver, em breve, como o que tinha acontecido afetaria de um modo bastante incomum a minha vida.

Mudanças reais aconteceram em mim. Todo o meu desejo sexual foi substituído por uma idéia fixa em sangue. Como já disse, perdi o apetite para comer, além dos elementos da eucaristia diária. Passava grande parte do meu tempo, durante o dia, em nossa capela, à luz de velas, com devoções católicas. Expor-me ao sol por mais de alguns poucos minutos causava-me fortes queimaduras e bolhas na pele (o que não me acontecia antes), e desenvolvera excelente visão na escuridão.

Sentia-me mais forte com o consumo de sangue. Todavia, nunca consegui transformar-me em morcego ou passar, como fumaça ou neblina, por baixo de portas. Não sei ao certo, mas acho que essas coisas são invenções de Hollywood para enfeitar suas histórias.

Certo dia, quando estava “doando” sangue, soube, quase casualmente, que meu tipo sanguíneo tinha mudado, o que é considerado impossível pela ciência.

Tornei-me cada vez mais fascinado com filmes sanguinolentos de terror, de todo tipo, e muitas vezes ficava no “escurinho do cinema” o dia inteiro, esperando que o sol se escondesse, para voltar para casa. Era uma vida muito estranha a que eu estava levando. Logo descobri que o vinho da comunhão não estava mais me satisfazendo no propósito que dele esperava. A cada semana, o desejo de sangue ficava cada vez maior. Por vezes, celebrava a missa mais de uma vez num dia, do começo ao fim, só para ver se me sentia suprido. Minhas fantasias tinham se tornado totalmente violentas, e eu me sentia constantemente compelido a ir “caçar” mulheres, além da meia dúzia de nossas feiticeiras que se dispunham voluntariamente a ser minhas “presas”.

Sinceramente, foi apenas o meu amor por minha esposa que me impediu de sair por aí pegando mulheres como louco.

Eu nunca tinha tido segredo que Sharon não soubesse e tinha absoluta certeza de que ela ficaria horrorizada caso soubesse que eu estava me contendo para não ser um predador sexual com sede de sangue. Sabia que nossa vida se arruinaria se eu cedesse àqueles poderosos impulsos de concupiscência e fosse pego pela polícia.

Por fim, um dia, quase me excedi com uma das sacerdotisas.

Foi impressionante, pois ela estava tendo tanto prazer naquilo que não queria parar, mas eu perdi o controle e chupei tanto do seu sangue que ela ficou inconsciente. Ficou tão pálida e inerte que pensei que a tivesse matado. Felizmente, ela voltou a si e até mesmo afirmou ter tido uma experiência mística durante o tempo em que ficou “apagada”. Saiu da capela enfraquecida, sem noção alguma do que havia acontecido.

Comecei a ficar apavorado! Minhas jornadas noturnas pela cidade de Milwaukee, no meu serviço de entrega de jornais, cada vez me torturavam mais. Acontecia principalmente quando eu via uma prostituta, tendo que lutar contra um ímpeto animalesco que surgia dentro de mim, um forte desejo de que ela ficasse sozinha para eu cair em cima dela como um leão em cima de uma gazela.

Sabia que era apenas uma questão de tempo para ceder aos impulsos que agora me dominavam em todo o tempo em que estava acordado. Procurava evitar o noticiário, agora, insistente de casos de mulheres que apareciam assassinadas em circunstâncias misteriosas e sem solução. Cheguei a pensar que tivesse uma dupla personalidade, e que era eu quem estava lá matando aquelas mulheres, à noite. Nunca houve evidência alguma de que isso fosse verdade — louvado seja o Senhor! No entanto, enquanto a culpa me atormentava, a máquina monstruosa dentro de mim exultavase com a lascívia pelo sangue. Senti que estava amarrado a um ciclo descendente, que somente poderia terminar com a morte, ou a loucura ou a prisão.

Foi nesse tempo de desespero que o Senhor Jesus Cristo entrou em minha vida. Os capítulos finais deste livro vão demonstrar e testemunhar o fato de que Jesus pode salvar totalmente até mesmo alguém tão horrendo e desgraçado como eu tinha me tornado!

Embora a idéia de vampiros, para a maioria dos que vivem hoje, no século 21, seja algo em que não dá para acreditar, a verdade é que de fato há pessoas que o são. Não sei se esses vampiros têm todos os poderes e habilidades que lhes são atribuídos pelos filmes de Hollywood e pelo folclore da Europa oriental. Mas é uma realidade registrada cientificamente que eles existem, e atualmente há muitos casos documentados.

Não se trata de pessoas que se transformaram em morcegos, mas sim homens viciados em tomar sangue, porque os casos de mulheres são raros: elas normalmente se cortam e chupam o seu próprio sangue. O famoso (na opinião de alguns, o infame) neurologista e psiquiatra alemão Richard von Krafft-Ebbing (1840-1902) foi o autor de uma monumental obra sobre perversão sexual, Psychopathia Sexualis [Psicopatia Sexual], que contém diversos casos apresentados do que ele chama de “assassinos lascivos”, na verdade, casos de vampirismo. São registros do que é chamado “vampirismo clínico”3 ou “síndrome de Renfield” (nome de um personagem psicopata da famosa obra de ficção Drácula, de Bram Stoker, o qual é um suposto vampiro a serviço do próprio conde).

Outro médico escritor salienta o fato de que o vampirismo é um fenômeno clínico em que o mito, a fantasia e a realidade se confundem.’ Uma definição médica do fenômeno pode ser a seguinte:

O vampirismo clínico é uma designação extraída do vampiro lendário, sendo uma entidade clínica reconhecível — embora rara — , caracterizada por uma compulsão periódica de tomar sangue, afinidade com os mortos e identidade incerta. Hipoteticamente, é a expressão de um mito arcaico herdado, sendo o ato de tomar sangue um ritual que oferece alívio temporário.

Desde os tempos antigos, os vampiristas têm dado força à crença na existência de vampiros sobrenaturais (...). Ainda na infância (conforme quatro casos reais posteriormente citados), eles se cortam e chupam o seu próprio sangue, ou ingerem o sangue de um animal, para conseguir superar forte desejo ou devaneio pelo derramamento de sangue, tudo isso associado aos mortos e a uma identidade inconstante.

São pessoas inteligentes, sem casos de patologia mental ou social em sua família (...).

O vampirismo pode ser a causa de repetidos e imprevisíveis casos de assaltos e assassinatos e deve ser detectado em criminosos violentos que se mutilam a si mesmos. Não se conhece um tratamento específico.

Não estou afirmando que os psiquiatras teriam todas, ou até mesmo algumas, das respostas para esse problema. Mas têm perfeito conhecimento do fenômeno.

Não tenho como dizer com certeza se o vampirismo que vivi era uma forma de psicose ou se teve origens somente sobrenaturais (satânicas). Alguns dos sintomas (como aversão à luz do sol, etc.) podem ter sido psicogênicos (com origem na mente). No entanto, o meu caso foi, em grande parte, atípico na literatura psiquiátrica.

Tudo o que sei é que estava cheio de demônios e me tornando um perigo mortal para mim mesmo, para minha família e para os outros e, não importa o que fosse, Jesus Cristo era a minha única possibilidade de cura. Louvado seja o seu maravilhoso Nome!