Falando do inferno
Mesmo ainda não preparado para o lance final do enigma do
Graal, fiquei sabendo que o “Santo Graal da Imortalidade” era, na verdade, o
cálice de sangue do vampirismo. Como disse no início deste livro, você não tem
a menor idéia do que é despertar sentindo a necessidade do sabor de sangue em
sua boca.
De certo modo, as coisas me favoreciam. Éramos líderes de
uma grande rede de “covens”, ou grupos de feiticeiros. Esses grupos tinham sido
projetados para serem círculos dentro de círculos.
Naquela nossa experiência, é uma prática comum. Os círculos
mais externos eram constituídos de adeptos da Wicca, homens e mulheres que
acreditavam estar praticando uma magia “branca”, uma feitiçaria “para o bem”.
Quando eles chegavam ao nível do sumo sacerdócio é que começariam a compreender
os mistérios de Lúcifer.
Os círculos internos estavam envolvidos com Thelema, a
religião de Aleister Crowley. Nos círculos mais internos, havia mulheres
selecionadas, que eram consagradas, dedicadas e dispostas a deixar que
chupassem seu sangue, e o faziam com prazer.
Como eram em número suficiente, nenhuma corria o risco de
perder sangue a ponto de afetar a sua saúde. Tinham prazer naquele ato, e eu era
suprido. Desse modo, não era preciso sair dos círculos de magia, a fim de caçar
mulheres em busca do seu sangue. Pelo menos, no começo...
Os círculos mais internos viviam num mundo em que tudo era
invertido. O prazer era a dor, e a dor, o prazer. As trevas eram a luz, e o bem
era o mal. Assistíamos a filmes tais como O Exorcista e 0 Presságio e torcíamos
pelos demônios e pelo anticristo. Diariamente, eu fazia magias e rituais de
dor, poder e perversidade para apressar a vinda da Grande Besta.
No momento em que este livro era escrito, outro ciclo de
produções está glorificando aquele que é o padroeiro do vampirismo, Vladislau
Basarab — também conhecido como Vlad Tepes (Vlad, o Empalador) ou Vlad Drácula.
Um filme que se destaca nessa linha é o que foi produzido por um diretor de
renome, que fez uso de custosos cenários, vestuários e efeitos especiais,
visando a seduzir ainda, por mais de uma década, muita gente para “templos”
cinematográficos profanos.
A cada dez anos mais ou menos, pode-se contar com o fato de
Hollywood fazer ressuscitar Drácula, e assim temos uma nova enxurrada de filmes
sobre vampiros. O que estão querendo nos vender? A mentira da juventude eterna
e da beleza eterna nunca foi tão sedutora, e seu custo nunca foi tão grande
como agora. Sei disso, porque eu mesmo fui totalmente enganado por essa
mentira. E vi qual é o inimaginável preço a ser pago.
Como foi que cheguei ao ponto de desejar deixar de lado tudo
o que é normal na humanidade para provar o gosto do que eu acreditava ser a
imortalidade? Não acordei numa certa manhã sendo “um vampiro em treinamento”.
Como vimos, foi um processo gradual de sedução, achando eu que estava juntando
as peças de um imenso e altamente secreto quebra-cabeça cósmico. Naturalmente,
as forças das trevas que me manipulavam não tinham misericórdia alguma para
comigo.
Começando com a prática de um modesto mal na Wicca e no
espiritismo, fui descendo — em dez anos — a um emaranhado de terror sangrento,
do qual eu já duvidava que pudesse escapar. Mas, na maior parte do tempo, nem
mesmo queria escapar. A “metamáquina” dentro de mim era que me governava quase
que inteiramente. Eu me encontrava postado numa verdadeira encruzilhada,
sedento de sangue.
O culto vampirista — pois era isso mesmo — seria o passo
final, o mais abominável de todos, em minha participação no satanismo.
Por um estranho fato acidental, logo depois do meu encontro
com “Maria Madalena” as terríveis asas negras desse culto vieram bater contra
mim numa Igreja ortodoxa russa da cidade de Chicago.
A primeira vez que fui levado para lá foi pelo homem que me
consagrara como bispo gnóstico na Igreja Católica Romana Antiga de rito
sírio-jacobita. A igreja Católica Gnóstica é uma mistura do catolicismo romano
com a Igreja Ortodoxa e o satanismo de Crowley. Foi nessa igreja que eu acabei
fazendo contato com os poderes que me levaram mais a fundo no ramo do
vampirismo, dentro da confraria.
Um princípio básico que tanto o antigo como o moderno
gnosticismo adotam é o princípio do dualismo (a absoluta necessidade do bem e
do mal). Fui levado a acreditar que Vlad Drácula era necessário como um
“Cristo” das trevas, um Cristo “antimatéria”
— para usar palavras da Física moderna — a fim de
contrabalançar o sacerdócio de luz branca de Jesus.
Era vital, assim, que eu vestisse o manto da ordem do
sacerdócio de Drácula, tal como eu pensava ter vestido o manto do sacerdócio de
Jesus por meio do catolicismo e da Igreja Ortodoxa.
Seria a linha final da autoridade apostólica que eu buscava.
Para tanto, teria de receber treinamento e me desenvolver
nesse sacerdócio. Designaram-me um mentor que me ensinou uma forma de
cristianismo incrivelmente distorcida.
Fui ensinado que o Evangelho de João era um documento
secreto com tremendos “segredos gnósticos” nele ocultos e que o seu autor, o
apóstolo, ainda caminha na terra nos dias de hoje, como um vampiro, com cerca
de 2.000 anos, tendo sido iniciado no vampirismo pelo próprio Jesus! O
apostolado de João, embora enraizado no que hoje é a Maçonaria, teria levado
seus devotos a uma consumação sacramental de sangue e órgãos humanos para
propiciar a vida eterna.
Fui ensinado também que o primeiro Nosferatu (palavra
românica/valáquia que significa “não-morto” ou “vampiro”) foi Lázaro, a quem
Jesus ressuscitou dos mortos por um poder oculto: o que se encontra,
naturalmente, no Evangelho de João. Seria um ato intencional de Jesus
estabelecer uma linha ininterrupta de “sucessão apostólica”, procedente de João
e Lázaro, mediante um sacerdócio secreto dentro do próprio sacerdócio. Era esta
uma irmandade dos vampiros, escondida cuidadosamente dentro do sacerdócio
ortodoxo por todos esses séculos e desconhecida até mesmo da maioria dos
padres.
Isso explicaria as profundas diferenças entre o evangelho de
João e os outros três. Por que nesse evangelho foi colocada essa ênfase de os
mortos ouvirem a voz de Cristo e ressuscitarem? Que final misterioso era o dele
sugerindo que João viveria até a segunda vinda do Senhor? A resposta que me
deram foi que o evangelho joanino era um projeto de vida eterna a ser obtida
mediante prática do “Sacerdócio de Nosferatu”, isto é, do vampirismo.
A pedra angular da existência e sobrevivência do culto
satanista está realmente no ritual central do catolicismo e da Igreja Ortodoxa,
ou seja, na eucaristia (missa), ou “liturgia divina”. Em pouco tempo, descobri
o elo vital entre Nosferatu e a doutrina da transubstanciação (que é a crença
de que o pão e o vinho literalm ente se transformam no corpo e sangue de
Cristo).
Com muita avidez, fiz com que meu corpo se alterasse
gradualmente, mediante injeções de certas ervas e drogas, acreditando estar
seguindo os passos de João, o discípulo amado. Gradualmente, meu apetite para
comer começou a diminuir, e minha sensibilidade à luz do sol marcantemente
aumentou.
Finalmente, numa noite especial foi-me dado permissão para
eu chupar o sangue das veias do meu mentor. Desse modo, o “vírus” do vampirismo
me foi passado. Comecei a querer apenas sangue, e quase nada mais me dava
vontade de comer ou beber. E lá, numa capela sem janelas, iluminada apenas à
luz de velas e carregada de ícones ortodoxos, foi que aprendi o verdadeiro
significado da “divina liturgia”.
Acredita-se, no vampirismo, que um vampiro para sobreviver
tem que ingerir uma substancial quantidade de sangue a cada dia, do mesmo modo
que os humanos têm de ingerir alimentos. O ideal seria consumir, a cada dois
dias, o volume equivalente de sangue que há num corpo humano, para não adoecer
ou morrer de fome.
Assim, a “solução de Jesus” para o seu sacerdócio vampírico
teria sido a “magia” da transubstanciação. A doutrina católica e ortodoxa
ensina que todo o corpo de Jesus acha-se contido na hóstia. Do mesmo modo, todo
o sangue de Jesus — o sangue de um jovem de 33 anos do sexo masculino, ou seja,
cerca de 4 litros e meio, está miraculosamente contido dentro de um cálice de
vinho.
Ora, como todos os membros do sacerdócio nosferático são
também sacerdotes católicos ou do rito ortodoxo oriental, todos teriam o poder
de produzir, em sua liturgia, a cada dia, mais do que o necessário de “sangue”
sacramental para satisfazer sua sede. E sangue verdadeiro (pelo que
acreditávamos).
Os sacerdotes católicos devem, pela lei canônica, celebrar a
missa a cada dia, exceto por motivo de enfermidade ou devido a alguma séria
emergência. Assim, no sacramento do vinho transformado em sangue, tínhamos um
suprimento fácil para a nossa necessidade, sem ter que sair por aí atacando as
pessoas como fazem os vampiros dos filmes. A única razão para chupar sangue de
uma pessoa viva era ou por simples prazer ou para iniciá-la no culto do
vampirismo.
Em poucos dias, constatei que vivia quase que exclusivamente
dos elementos do rito da comunhão, mais o uso eventual do sangue das
voluntárias sacerdotisas do nosso grupo. Também me foi ensinado que eu teria de
criar um espaço sagrado no altar (espécie de ataúde), com determinadas medidas
específicas, para que nele periodicamente me deitasse para restaurar as
energias.
Era sobre esse altar/ataúde que as missas eram celebradas,
muitas vezes estando eu (ou outra pessoa) deitado naquela tumba.
Esta seria a verdadeira razão, disseram-me, para o uso das
relíquias nas igrejas católicas: ossos ou outras peças dos corpos dos “santos”
na pedra do altar. Seria uma tradição herdada da época em que a liturgia era
comumente celebrada sobre o corpo (dentro do altar) de um sacerdote nosferático
“não-morto”.
Ensinaram-me outras liturgias, principalmente, o Rito de São
João Crisóstomo, usado na maioria das igrejas ortodoxas. Aprendi também outras
cerimônias secretas, como missas dedicadas a Vlad Drácula e a todo um panteão
de “santos” vampíricos. Esses ritos eram imitações das cerimônias das Igrejas
Ortodoxa e Católica, sendo que a única diferença era Drácula e outros vampiros
famosos, como o lendário Lammia, Vrykolak e Lílite, serem exaltados no lugar da
Virgem Maria e Jesus.
Estas práticas começaram a se espalhar entre os
participantes de nossos grupos de feitiçaria num círculo cada vez maior. De
modo geral, tornaram-se mais populares entre as mulheres do que entre os
homens, talvez porque os homens se intimidassem diante da possibilidade de
perder a sexualidade.
Infelizmente, pelo menos dois casais tiveram que se separar
porque a esposa optou pelo vampirismo em vez de seu marido. Era muito grande o
poder voluptuoso de desejar e dar sangue. Duas de nossas sacerdotisas chegaram
até mesmo a exigir de nós que formalmente as iniciássemos nos mistérios
nosferáticos. Isso exigia a celebração de uma “missa de São Vlad”, na qual um
rum sacramental era usado no lugar do tradicional vinho vermelho. Era,
essencialmente, bastante semelhante à liturgia ortodoxa, exceto por óbvias
diferenças. O “rito da comunhão” consistia de uma blasfema paródia do que
aconteceu com Jesus na cruz. De início, eu chupava o pescoço da iniciante até
que ela desmaiasse, pela perda de sangue. Em seguida, abria o meu peito, e a
candidata chupava muito do meu sangue. Isso supostamente transmitia uma
estranha e demoníaca “enzima” para o corpo dela, passando, então, a
transformá-la numa sacerdotisa de Nosferatu. Por fim, a missa terminava fazendo
com que ardesse em chamas o líquido alcoólico usado no sacramento (supostamente
transubstanciado no sangue do próprio Drácula). Invocávamos, então, Vlad para
vir e sorrir diante da criação de sua nova “filha”.
Criamos que, após a morte, tanto eu como as mulheres
iniciadas ressuscitariam como um Nosferatu de puro sangue. Seriamos seres
imortais que viveríamos por séculos, não mais na condição híbrida de
meio-vampiro e meio-homem.
Com a última mulher com quem fizemos essa iniciação, aconteceu
um fato extraordinário, que nos apavorou. Chupamos sangue um do outro, como
sempre fazíamos, mas no final do ritual, quando eu tinha começado a invocação
de Vlad e acendi o cálice cheio do rum sacramental, ele resplandeceu com um
brilho maior do que um maçarico de acetileno. Não havia nada de especial
naquele rum; era da mesma garrafa que sempre usávamos. Entretanto, a chama,
zunindo, ficou com quase um metro de comprimento a partir da taça. O local
encheu-se de chamas multicoloridas e exóticas, como nunca tínhamos visto.
Consegui com dificuldade terminar a invocação. O calor e o
poder naquela sala ficou tão opressivo que quase caímos de joelhos. O cálice
começou a derreter com o forte calor. Podia sentir o poder de Drácula sendo
derramado sobre mim como se fosse um sangue fervente e fumegante.
A mulher que estava sendo iniciada sentiu isso também.
Parecia uma “bênção” especial que nunca fora dada antes. Ela ficou excitada com
aquela experiência fora do comum. E eu iria ver, em breve, como o que tinha acontecido
afetaria de um modo bastante incomum a minha vida.
Mudanças reais aconteceram em mim. Todo o meu desejo sexual
foi substituído por uma idéia fixa em sangue. Como já disse, perdi o apetite
para comer, além dos elementos da eucaristia diária. Passava grande parte do
meu tempo, durante o dia, em nossa capela, à luz de velas, com devoções
católicas. Expor-me ao sol por mais de alguns poucos minutos causava-me fortes
queimaduras e bolhas na pele (o que não me acontecia antes), e desenvolvera
excelente visão na escuridão.
Sentia-me mais forte com o consumo de sangue. Todavia, nunca
consegui transformar-me em morcego ou passar, como fumaça ou neblina, por baixo
de portas. Não sei ao certo, mas acho que essas coisas são invenções de
Hollywood para enfeitar suas histórias.
Certo dia, quando estava “doando” sangue, soube, quase
casualmente, que meu tipo sanguíneo tinha mudado, o que é considerado
impossível pela ciência.
Tornei-me cada vez mais fascinado com filmes sanguinolentos
de terror, de todo tipo, e muitas vezes ficava no “escurinho do cinema” o dia
inteiro, esperando que o sol se escondesse, para voltar para casa. Era uma vida
muito estranha a que eu estava levando. Logo descobri que o vinho da comunhão
não estava mais me satisfazendo no propósito que dele esperava. A cada semana,
o desejo de sangue ficava cada vez maior. Por vezes, celebrava a missa mais de
uma vez num dia, do começo ao fim, só para ver se me sentia suprido. Minhas
fantasias tinham se tornado totalmente violentas, e eu me sentia constantemente
compelido a ir “caçar” mulheres, além da meia dúzia de nossas feiticeiras que
se dispunham voluntariamente a ser minhas “presas”.
Sinceramente, foi apenas o meu amor por minha esposa que me
impediu de sair por aí pegando mulheres como louco.
Eu nunca tinha tido segredo que Sharon não soubesse e tinha
absoluta certeza de que ela ficaria horrorizada caso soubesse que eu estava me
contendo para não ser um predador sexual com sede de sangue. Sabia que nossa
vida se arruinaria se eu cedesse àqueles poderosos impulsos de concupiscência e
fosse pego pela polícia.
Por fim, um dia, quase me excedi com uma das sacerdotisas.
Foi impressionante, pois ela estava tendo tanto prazer
naquilo que não queria parar, mas eu perdi o controle e chupei tanto do seu
sangue que ela ficou inconsciente. Ficou tão pálida e inerte que pensei que a
tivesse matado. Felizmente, ela voltou a si e até mesmo afirmou ter tido uma
experiência mística durante o tempo em que ficou “apagada”. Saiu da capela
enfraquecida, sem noção alguma do que havia acontecido.
Comecei a ficar apavorado! Minhas jornadas noturnas pela
cidade de Milwaukee, no meu serviço de entrega de jornais, cada vez me
torturavam mais. Acontecia principalmente quando eu via uma prostituta, tendo
que lutar contra um ímpeto animalesco que surgia dentro de mim, um forte desejo
de que ela ficasse sozinha para eu cair em cima dela como um leão em cima de
uma gazela.
Sabia que era apenas uma questão de tempo para ceder aos
impulsos que agora me dominavam em todo o tempo em que estava acordado.
Procurava evitar o noticiário, agora, insistente de casos de mulheres que
apareciam assassinadas em circunstâncias misteriosas e sem solução. Cheguei a
pensar que tivesse uma dupla personalidade, e que era eu quem estava lá matando
aquelas mulheres, à noite. Nunca houve evidência alguma de que isso fosse
verdade — louvado seja o Senhor! No entanto, enquanto a culpa me atormentava, a
máquina monstruosa dentro de mim exultavase com a lascívia pelo sangue. Senti
que estava amarrado a um ciclo descendente, que somente poderia terminar com a
morte, ou a loucura ou a prisão.
Foi nesse tempo de desespero que o Senhor Jesus Cristo
entrou em minha vida. Os capítulos finais deste livro vão demonstrar e
testemunhar o fato de que Jesus pode salvar totalmente até mesmo alguém tão
horrendo e desgraçado como eu tinha me tornado!
Embora a idéia de vampiros, para a maioria dos que vivem
hoje, no século 21, seja algo em que não dá para acreditar, a verdade é que de
fato há pessoas que o são. Não sei se esses vampiros têm todos os poderes e
habilidades que lhes são atribuídos pelos filmes de Hollywood e pelo folclore
da Europa oriental. Mas é uma realidade registrada cientificamente que eles
existem, e atualmente há muitos casos documentados.
Não se trata de pessoas que se transformaram em morcegos,
mas sim homens viciados em tomar sangue, porque os casos de mulheres são raros:
elas normalmente se cortam e chupam o seu próprio sangue. O famoso (na opinião
de alguns, o infame) neurologista e psiquiatra alemão Richard von Krafft-Ebbing
(1840-1902) foi o autor de uma monumental obra sobre perversão sexual,
Psychopathia Sexualis [Psicopatia Sexual], que contém diversos casos
apresentados do que ele chama de “assassinos lascivos”, na verdade, casos de vampirismo.
São registros do que é chamado “vampirismo clínico”3 ou “síndrome de Renfield”
(nome de um personagem psicopata da famosa obra de ficção Drácula, de Bram
Stoker, o qual é um suposto vampiro a serviço do próprio conde).
Outro médico escritor salienta o fato de que o vampirismo é
um fenômeno clínico em que o mito, a fantasia e a realidade se confundem.’ Uma
definição médica do fenômeno pode ser a seguinte:
O vampirismo clínico é uma designação extraída do vampiro
lendário, sendo uma entidade clínica reconhecível — embora rara — ,
caracterizada por uma compulsão periódica de tomar sangue, afinidade com os
mortos e identidade incerta. Hipoteticamente, é a expressão de um mito arcaico
herdado, sendo o ato de tomar sangue um ritual que oferece alívio temporário.
Desde os tempos antigos, os vampiristas têm dado força à
crença na existência de vampiros sobrenaturais (...). Ainda na infância
(conforme quatro casos reais posteriormente citados), eles se cortam e chupam o
seu próprio sangue, ou ingerem o sangue de um animal, para conseguir superar
forte desejo ou devaneio pelo derramamento de sangue, tudo isso associado aos
mortos e a uma identidade inconstante.
São pessoas inteligentes, sem casos de patologia mental ou social
em sua família (...).
O vampirismo pode ser a causa de repetidos e imprevisíveis casos
de assaltos e assassinatos e deve ser detectado em criminosos violentos que se
mutilam a si mesmos. Não se conhece um tratamento específico.
Não estou afirmando que os psiquiatras teriam todas, ou até
mesmo algumas, das respostas para esse problema. Mas têm perfeito conhecimento
do fenômeno.
Não tenho como dizer com certeza se o vampirismo que vivi
era uma forma de psicose ou se teve origens somente sobrenaturais (satânicas).
Alguns dos sintomas (como aversão à luz do sol, etc.) podem ter sido
psicogênicos (com origem na mente). No entanto, o meu caso foi, em grande
parte, atípico na literatura psiquiátrica.
Tudo o que sei é que estava cheio de demônios e me tornando um perigo mortal para mim mesmo, para minha família e para os outros e, não importa o que fosse, Jesus Cristo era a minha única possibilidade de cura. Louvado seja o seu maravilhoso Nome!