domingo, 2 de maio de 2021

Aprenda a viver como um filho do rei - Capítulo 09


 COMO FALHAR EM DAR TESTEMUNHO

Ao ver que o “Manual do Fabricante” sabia do que estava falando em cada assunto que eu havia considerado, comecei a ler a Bíblia cada vez com maior interesse.

Certo dia, topei com uma passagem interessante no primeiro capítulo do livro de Atos, que dizia: “E, [Jesus] comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes.”

Qual era a promessa? A Bíblia continua explicando: “João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.”

“Batizados com o Espírito Santo?” Que significava isso? Eu nunca tinha ouvido nada acerca desse assunto na igreja batista, porém sabia que eu tinha alguma relação com o Espírito Santo, porque em 1 Coríntios 12:3 diz que: “ninguém pode dizer: Senhor Jesus! Senão pelo Espírito Santo.” E eu havia aceitado a Jesus como meu Senhor.

Sabia que tinha sido batizado em água na igreja porque me haviam submergido no tanque de imersão ali.

Mas, que assunto era este de batismo no Espírito Santo?

A igreja batista não parecia ter coisa alguma para dizer sobre a questão. E quando perguntei a Ed a respeito disto, ele me respondeu:

— Nunca ouvi falar disso.

Assim sendo, releguei minha pergunta por algum tempo, deixando-a cozinhar em fogo lento nalgum recanto de minha mente.

Sentia-me satisfeito de que fosse como fosse, eu tinha minha habitação reservada no além e iria morar nela num desses dias. Jesus havia pago todo o preço, e já que eu havia respondido sim a ele, jamais ele me rejeitaria. Se ele nunca havia perdido nenhum daqueles que o Pai

confiara às suas mãos, excetuando-se aquele que tinha de perder-se, ele não podia perder a mim tampouco.

Eu estava suficientemente seguro, mas continuava tendo a impressão, pela leitura da Bíblia e pelo que ouvia na igreja batista, de que se supunha que eu devia falar a outros acerca de Jesus, de modo que eu pudesse levar alguns deles comigo quando fosse para o céu. Procurei falar a outros a respeito de Cristo, mas não conseguia fazê-lo. Sentia a língua presa e não podia falar diante de um grupo, por menor que fosse este.

Inscrevi-me num curso de seminário para aprender a dar testemunho, em uma das igrejas de Baltimore. Mas isto não adiantou nada, e depois de algumas aulas mecanizadas, joguei os livros de texto na cesta de papéis e disse: “Senhor, tem de haver um método melhor para

dar testemunho, do que o plano de seis pontos da igreja batista para tocar campainhas nas portas das casas.”

Toda vez que fazia soar a campainha de uma casa, eu orava para que não houvesse ninguém lá dentro. Era uma conquista de almas em sentido reverso. Eu morria de susto.

Os que vinham atender à porta naquelas sombrias tardes de domingo, geralmente estavam com cara de poucos amigos, e me olhavam irados, perguntando:

— Que é que o senhor quer?

Eu devia exibir o melhor sorriso de domingo e dizer com todo o entusiasmo que pudesse reunir:

— Sou Harold Hill, e pertenço à igreja batista.

As pessoas me olhavam como a dizer-me: “Ora, que culpa tenho por isso? Não quero saber do senhor. Pode retirar-se.”

Eu me sentia desgostoso comigo mesmo, assim como essas pessoas, e me desculpava por havê-las molestado, e me retirava de cabeça baixa. Eu me apresentava à igreja e dizia:

— Tentei fazê-lo, mas não é possível. Não tenho nenhum poder para testificar.

E quando lhes perguntei acerca do versículo oito do primeiro capítulo de Atos, onde Jesus prometeu que receberíamos poder para testificar quando o Espírito viesse sobre nós, eles me garantiram que somente havia uma medida do Espírito Santo à disposição dos cristãos em nossos dias, e essa foi a que recebi na sala de vistas de Ed, na noite em que me converti e fui salvo. Essa era toda a que haveria de receber, disseram eles, e se retiraram meneando a cabeça ante minha estupidez, e pensando em qual a razão do fato de eu estar tão curioso acerca de algo na Palavra de Deus, que eles nunca haviam notado.

Porém minha curiosidade aumentara, e por causa de meu estado deplorável ao tratar de testificar, investiguei a fundo nas Escrituras, assim como o havia feito quando os membros da igreja me disseram que não havia tal coisa como Deus curar alguém no século vinte.

Não somente li a Bíblia a respeito deste batismo, que se supunha havia de dar-me poder para testemunhar; dobrei os joelhos em oração e de imediato o que havia estado num recanto da mente, passou a ocupar um lugar de importância.