Ao ver que o “Manual do Fabricante” sabia do que estava
falando em cada assunto que eu havia considerado, comecei a ler a Bíblia cada
vez com maior interesse.
Certo dia, topei com uma passagem interessante no primeiro capítulo
do livro de Atos, que dizia: “E, [Jesus] comendo com eles, determinou-lhes que
não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, a qual,
disse ele, de mim ouvistes.”
Qual era a promessa? A Bíblia continua explicando: “João, na
verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não
muito depois destes dias.”
“Batizados com o Espírito Santo?” Que significava isso? Eu
nunca tinha ouvido nada acerca desse assunto na igreja batista, porém sabia que
eu tinha alguma relação com o Espírito Santo, porque em 1 Coríntios 12:3 diz
que: “ninguém pode dizer: Senhor Jesus! Senão pelo Espírito Santo.” E eu havia
aceitado a Jesus como meu Senhor.
Sabia que tinha sido batizado em água na igreja porque me
haviam submergido no tanque de imersão ali.
Mas, que assunto era este de batismo no Espírito Santo?
A igreja batista não parecia ter coisa alguma para dizer sobre
a questão. E quando perguntei a Ed a respeito disto, ele me respondeu:
— Nunca ouvi falar disso.
Assim sendo, releguei minha pergunta por algum tempo,
deixando-a cozinhar em fogo lento nalgum recanto de minha mente.
Sentia-me satisfeito de que fosse como fosse, eu tinha minha
habitação reservada no além e iria morar nela num desses dias. Jesus havia pago
todo o preço, e já que eu havia respondido sim a ele, jamais ele me rejeitaria.
Se ele nunca havia perdido nenhum daqueles que o Pai
confiara às suas mãos, excetuando-se aquele que tinha de
perder-se, ele não podia perder a mim tampouco.
Eu estava suficientemente seguro, mas continuava tendo a
impressão, pela leitura da Bíblia e pelo que ouvia na igreja batista, de que se
supunha que eu devia falar a outros acerca de Jesus, de modo que eu pudesse
levar alguns deles comigo quando fosse para o céu. Procurei falar a outros a respeito
de Cristo, mas não conseguia fazê-lo. Sentia a língua presa e não podia falar
diante de um grupo, por menor que fosse este.
Inscrevi-me num curso de seminário para aprender a dar
testemunho, em uma das igrejas de Baltimore. Mas isto não adiantou nada, e
depois de algumas aulas mecanizadas, joguei os livros de texto na cesta de
papéis e disse: “Senhor, tem de haver um método melhor para
dar testemunho, do que o plano de seis pontos da igreja batista
para tocar campainhas nas portas das casas.”
Toda vez que fazia soar a campainha de uma casa, eu orava
para que não houvesse ninguém lá dentro. Era uma conquista de almas em sentido
reverso. Eu morria de susto.
Os que vinham atender à porta naquelas sombrias tardes de
domingo, geralmente estavam com cara de poucos amigos, e me olhavam irados,
perguntando:
— Que é que o senhor quer?
Eu devia exibir o melhor sorriso de domingo e dizer com todo
o entusiasmo que pudesse reunir:
— Sou Harold Hill, e pertenço à igreja batista.
As pessoas me olhavam como a dizer-me: “Ora, que culpa tenho
por isso? Não quero saber do senhor. Pode retirar-se.”
Eu me sentia desgostoso comigo mesmo, assim como essas
pessoas, e me desculpava por havê-las molestado, e me retirava de cabeça baixa.
Eu me apresentava à igreja e dizia:
— Tentei fazê-lo, mas não é possível. Não tenho nenhum poder
para testificar.
E quando lhes perguntei acerca do versículo oito do primeiro
capítulo de Atos, onde Jesus prometeu que receberíamos poder para testificar
quando o Espírito viesse sobre nós, eles me garantiram que somente havia uma
medida do Espírito Santo à disposição dos cristãos em nossos dias, e essa foi a
que recebi na sala de vistas de Ed, na noite em que me converti e fui salvo.
Essa era toda a que haveria de receber, disseram eles, e se retiraram meneando
a cabeça ante minha estupidez, e pensando em qual a razão do fato de eu estar
tão curioso acerca de algo na Palavra de Deus, que eles nunca haviam notado.
Porém minha curiosidade aumentara, e por causa de meu estado
deplorável ao tratar de testificar, investiguei a fundo nas Escrituras, assim
como o havia feito quando os membros da igreja me disseram que não havia tal
coisa como Deus curar alguém no século vinte.
Não somente li a Bíblia a respeito deste batismo, que se
supunha havia de dar-me poder para testemunhar; dobrei os joelhos em oração e
de imediato o que havia estado num recanto da mente, passou a ocupar um lugar de
importância.