sábado, 1 de maio de 2021

A quarta dimensão - 06 - O endereço de Deus



Capítulo 6

O ENDEREÇO DE DEUS

Ao tornarmo-nos cristãos não somente precisamos educar nossa vida de pensamento através do pensar positivamente, do pensar em termos de milagres e de desenvolver uma orientação ao êxito, mas também precisamos estar côncios de nossa fonte de poder e capacitação.

• • • •


Em 1958 comecei minha primeira obra de evangelização na pior e mais pobre zona de nossa cidade. Eu não tinha nem o treinamento nem a capacitação para esse tipo de ministério. Em menos de três meses meus sermões tinham-se acabado e eu não tinha sobre o que pregai".
Você pode dizer facilmente que tratando de você, simplesmente sairia e contaria a história da salvação. Mas não se pode falar somente de salvação noite e dia. Para fazer um  único sermão eu passava toda a semana lendo a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, consultando uma pilha de comentários bíblicos mas não conseguia preparar nenhum sermão que valesse o nome. Esse problema fez-me sentir que não tinha sido chamado para o ministério.
Os pobres de meu bairro não estavam muito preo­cupados com o céu ou com o inferno. Viviam procu­rando subsistir e sua preocupação e angústia era a sobrevivência. Não tinham tempo para pensar no futuro. Aonde quer que eu fosse pediam-me arroz, roupas ou algum dinheiro para construir uma choça para se abrigarem. Mas eu não estava em melhores condições do que eles, e também vivia em uma choça. Vistia-me mui humildemente e muitas vezes passava sem alimento. Nada tinha paia oferecer-lhes.
Esta é uma situação desesperadora. Sabia que Deus tinha todos os recursos imagináveis, mas nessa época ainda não sabia como obter tais recursos. Havia momentos em que parecia estar muito perto do Senhor. Era como se o estivesse tocando. No dia seguinte sentia-me completamente desamparado.
Muitas vezes sentia-me muito confuso e pergunta­va-me se realmente estava vivendo a vida do Espírito. Dizia muitas vezes:
"Oh, Senhor, sei que estou em Cristo Jesus!"
Mas no final de um dia difícil, ao tentai" orar descobria que estava completamente fora de contato com ele. De modo que eu dizia:
"Pai, estou confuso. Estou tantas vezes dentro e fora de tua pessoa, que não sei conservar-te sempre comigo." Foi então que começaram minhas lutas a fim de encontrar a presença permanente de Deus.
Os orientais, particularmente, requerem de sua fé religiosa o conhecer a habitação, o endereço do deus que adoram. A maior parte dos orientais crescem sob a influência da adoração paga, e precisam da localida­de, do endereço de seu deus a fim de ir adorá-lo. Quando eu era pagão e necessitava encontrar meu deus, ia a um templo dedicado a ele e me ajoelhava perante sua imagem e dirigia-me a ele pessoalmente. No paganismo, a pessoa tem de saber o endereço de seus deuses.
Mas ao entrar para o Cristianismo, não pude localizar o endereço de nosso Deus. Isso sempre me trazia dificuldades ao coração. Na oração do Pai-Nosso sempre dizemos: "Pai nosso que estás no céu." Pensava eu: "Onde é o céu?" Bem, uma vez que a terra é redonda, para os que vivem no lado de cima, o céu está acima deles; mas para os que estão no lado de baixo, o céu deve ficar abaixo deles."
Por isso, sempre que se mencionava "Pai nosso que estás no céu" eu ficava confuso.
"Pai, onde estás?" perguntava. "Estás aí? Aqui? Onde? Pai, por favor, dá-me teu endereço!"
Portanto, quando os orientais vêm para o Cristianis­mo, têm uma luta real, pois não conseguem encontrar o endereço de Deus. Muitos vinham a mim pergun­tando:
— Pastor Cho, dá-nos pelo menos uma visão geral, ou até mesmo uma imagem de a quem nos dirigir. O senhor pede que acreditemos em um Deus, mas onde está ele?
Na primeira parte de meu ministério respondia--lhes:
— Simplesmente falem com o Pai celestial. Não sei o seu endereço nem localidade. Às vezes ele vem a mim e outras vezes não.
Clamava a ele muitas vezes, pois não podia conti­nuar esse tipo de pregação. Precisava ter um endereço definido. De modo que comecei a procurar o endere­ço de nosso Deus.
Em minha imaginação cheguei a Adão e disse: "Senhor Adão, tenho certeza de que é o nosso primeiro pai. Sei que o senhor tem o endereço. Por favor, dê-me o endereço de nosso Pai celestial." Então ele me diria com bastante alegria: "Bem, ele mora no jardim do Éden. Se você for lá encontrará a localidade do Pai."
"Quando o senhor caiu da graça", perguntei, "foi tirado do jardim do Éden. Qual é o endereço desse jardim?"
"Bem, acho que não sei", respondeu Adão.
Então, através da imaginação, decidi ir visitar Abra­ão. Estava desanimado, mas cheguei a Abraão e disse:
"Senhor Abraão, o senhor é o pai da fé, e muitas vezes encontrou-se com Deus. Por favor, diz-me onde é o endereço do Pai."
Abraão respondeu:
"Bem, sempre que precisei de Deus erigia um altar, sacrificava um animal e esperava por ele. Às vezes ele vinha a mim e às vezes não. Não conheço, pois, seu endereço."
Então deixei Abraão e fui a Moisés, dizendo:
"Senhor Moisés, certamente que o senhor conhece o endereço do Pai. O senhor teve a presença dele continuamente."
"É claro que o conheço", respondeu Moisés, "ele estava no tabernáculo construído no deserto. De dia ele se encontrava na coluna de nuvem e de noite ele estava na coluna de fogo. Vá lá e encontrará Deus. É lá que ele mora."
"Mas", disse eu, "quando os israelitas entraram em Canaã, o tabernáculo do deserto desapareceu. Onde está esse tabernáculo, hoje?"
"Não sei", respondeu Moisés.
Novamente desanimado, cheguei-me ao rei Salo­mão. Disse:
"Rei Salomão, o senhor construiu um templo mag­nífico com pedras e granito coloridos. Tem o endere­ço de Deus agora?"
"É claro. Deus habita no maravilhoso templo de Salomão" disse-me ele. "Quando uma maldição ou uma doença se espalhava por meu país, o povo orava ao Deus que estava no templo, e Deus os ouvia e respondia às suas orações."
"Onde está o templo?" perguntei. Bem, sinto muito", retorquiu Salomão. "Esse templo foi destruído 600 anos antes de Cristo pelos babilônios. Não temos o endereço desse templo hoje."
Então fui a João Batista e disse:
"Senhor João Batista, certamente o senhor sabe o endereço de Deus,
"Sim", respondeu João. "Vá ao Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Jesus Cristo. Ele é o endereço de Deus."
De modo que em minha viagem à procura do endereço de Deus cheguei a Jesus. Certamente que em Jesus encontraria Deus. Mediante Jesus Deus falou, e através de seu único Filho, realizou milagres. Onde quer que Jesus habitasse, ali Deus também habitava.
Meu coração se regozijou ao encontrar o endereço de Deus. Entretanto, ainda tinha uma grande pergun­ta. Jesus morreu, ressurgiu e subiu aos céus. Mas onde é o endereço de Jesus Cristo? Uma vez mais, voltei ao ponto de partida.
Perguntei;
"Jesus, onde está o senhor? Não tenho seu endere­ço e não posso dizer a meu povo onde o senhor habita."
Então me veio a resposta. Jesus disse: "Morri e ressuscitei. Enviei o Espírito Santo a cada um de meus seguidores. Disse-lhes que jamais os deixaria órfãos. Disse-lhes que oraria ao Pai e que ele lhes mandaria o Espírito Santo e que nesse dia vocês saberiam que eu estou no Pai e o Pai em mim e que eu estou em vocês e vocês estão em mim.'
Gradativamente comecei a ver que através do Espí­rito Santo, Deus Pai e Deus Filho habitavam dentro de mim. Li em 2 Coríntios que Deus nos selou e enviou o seu Espírito Santo para dentro de nosso coração.
Encontrei o endereço de Deus. Descobri que  seu endereço é o meu endereço.
Então saí aos meus cristãos e comecei a pregar com audácia:
— Podemos encontrar a localidade de Deus. Agora descobri seu endereço. Seu endereço é meu endereço, ele habita em mim com todo o poder e autoridade. Através do Espírito Santo Deus Pai e Deus Filho habitam em mim, e vão comigo aonde quer que eu vá.
  Ele também mora dentro de vocês; o endereço dele é o seu endereço. Se vocês ficarem em casa, ele estará lá; se forem para o trabalho ele estará lá; se seu trabalho for na cozinha, ele está lá. Deus habita em seu coração, e seus recursos estão dentro de vocês.
— Irmãos — continuava eu —, não tenho prata nem ouro. Não tenho alimento, nem arroz, nem roupa, mas tenho algo a oferecer-lhes. Deus habita dentro de vocês. Aqueles que não possuem Deus em seu cora­ção, venham a Jesus Cristo, recebam-no como seu Salvador pessoal e o Criador do céu e da terra, com todos os seus recursos, habitará em seu coração. Ele satisfará a todas as suas necessidades.
Ao ouvir esta mensagem, eles começaram a desen­volver sua fé.
Esse foi o ponto de partida de meu ministério, e o fundamento sólido de minha vida de pregação. Até essa época estava tentando encontrar Deus indo de um lugar para outro. Quando evangelistas famosos vinham à minha cidade, corria para ouvi-los a fim de encontrar Deus. As vezes ia orar em uma montanha ou em um vale. Procurei Deus em toda parte, mas depois de encontrar a verdade não mais vaguei. Tinha encontrado o endereço e a morada de Deus.
Digo a meu povo:
— Deus não está longe; ele não é um Deus de dois mil anos atrás, e também não é somente o Deus do futuro. O seu Deus habita em vocês com todos os seus recursos, poder e autoridade; o endereço dele é o seu coração. Por isso vocês podem falar com ele e orar a ele todos os dias, e a qualquer hora. Podem tocá-lo e receber seus recursos mediante a oração e a fé. Quando vocês clamam em voz alta, Deus ouve. Quan­do falam suavemente, Deus ouve. Quando meditam, Deus ouve, pois mora dentro de vocês e pode suprir todas as suas necessidades.
Depois da guerra coreana, quando os missionários saíram para trabalhar para o Senhor, assisti a muitas reuniões de missão. A maioria dos ministros coreanos tinha todo o tipo de projetos diferentes. Queriam construir igrejas, levantar institutos bíblicos. Discu­tiam muito a maneira de solucionar seus próprios problemas. Mas nem bem começavam a falar de finanças, diziam:
— Para tal coisa será melhor que venha um missio­nário que se encarregue disso.
Para eles os missionários não passavam de finan­cistas.
Senti muita pena e disse-lhes:
— Irmãos, por que vocês sempre se voltam para os missionários?
Eles responderam:
— Porque Deus sempre nos envia dinheiro através dos missionários e não através de nós mesmos.
Entretanto, desde o dia em que me formei no instituto bíblico decidi fazer de Deus minha fonte única. Descobri que Deus habitava meu coração com todos os recursos necessários. Descobri a maneira de receber os recursos de Deus e através destes vinte anos de ministério jamais dependi de nenhuma outra pessoa.
Já atravessei o oceano Pacífico mais de quarenta vezes a fim de pregar em outros países. Nunca pedi nem um centavo de igreja alguma. Gostaria de expres­sar meu agradecimento pelo envio de missionários à Coréia, mas jamais pedi ajuda financeira de igrejas fora de meu país.
Sempre dependi de Deus; e em todos os transes ele supriu as minhas necessidades: na construção da igreja, no envio de missionários de nossa igreja a outros países, na construção do instituto bíblico.
Neste instante estamos construindo nosso novo instituto bíblico das igrejas Assembléias de Deus coreanas, e minha igreja está contribuindo com meio milhão de dólares. Deus, deveras, supre todas as nossas necessidades.
Desejo imprimir em seu coração o fato de que você possui os recursos de que precisa dentro de você neste instante — não amanhã, não ontem, mas neste instante; você possui Deus habitando dentro de você. Deus não está dormindo dentro de você. Deus não vem só para acampar-se e passar férias. Deus está aí para operar a salvação. E ele jamais opera a não ser mediante sua visão, sua fé. Você é o canal.
Você pode dizer:
"Ó Deus, por favor opere misteriosamente no uni­verso e faze todas as coisas.
Deus responderá:
"Não! Estou habitando em você. Jamais me apresen­tarei ao mundo com poder a não ser que me manifes­te através de sua vida."
Você é o canal. Você tem toda a responsabilidade. Se não desenvolver sua maneira de crer a fim de coope­rar com Deus, ele será limitado. Deus é tão grande quanto você lhe permitir que o seja. Ele também é tão pequeno quanto você o obrigar a ser.
Quando os pecadores vêm a Jesus, alquebrados e infelizes, primeiramente lhes ensino que Deus habita em seu interior e que possuem todo o recurso em Jesus Cristo. Então procuro reeducá-los para que desenvolvam seu coração a fim de cooperar com Deus. Todos, sem exceção, partem com nova fé e levam uma vida milagrosa e vitoriosa.
Como é que este povo, se todos fossem realmente pobres e cheios de fracasso, pôde dar mais de vinte milhões de dólares à sua igreja de 1969 a 1977? Todos os anos damos cabo de nossos projetos que geralmen­te custam de um milhão e meio a dois milhões de dólares. Estes membros podem dai' porque foram enriquecidos e são sucessos tremendos porque sa­bem como obter o recurso da Fonte. Mas primeiro devem ser limpados dos pecados da carne.
A maioria das pessoas luta com quatro pecados da carne, pecados estes que devem ser vencidos antes que o cristão possa operar ativamente com Deus. Se não se livrarem destes pecados seus canais serão tão entupidos que Deus não terá a oportunidade de fluir através deles. Descobri esses pecados durante meus vinte anos de aconselhamento.

• • • •

As pessoas sofrem por causa do ódio, o primeiro pecado que examinaremos. Se conservar o ódio em seu coração Deus jamais poderá fluir através de você. E esse ódio, esse espírito não perdoador, será o inimigo número um de sua fé. Cristo Jesus destaca esse fato em Mateus 6:14, 15: "Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas."
Depois de pregar o quarto sermão no domingo de manhã, estou tão cansado que não desejo ver nin­guém. Se alguém deseja falar comigo, primeiro tem de passar por minhas secretárias. Elas examinam cuida­dosamente os pedidos. Se alguém consegue chegar ã minha porta é porque está em grande necessidade.
Certo dia, depois do meu quarto sermão, um senhor bateu à porta do meu escritório.
Abri a porta e ele entrou. Pensei que ele estivesse bêbado porque andava cambaleando. Sentou-se e tirou algo do bolso. Um punhal afiado; fiquei atemori­zado. Pensei: "Como é que as secretárias deixaram-no entrar aqui? Ele carrega um punhal e assim mesmo o deixam entrar!"
Eu estava realmente assustado e quando ele em­punhou a arma, preparei para defender-me, dizendo:
— Não use essa faca. Diga-me por que veio aqui. Respondeu ele:
— Senhor, vou cometer suicídio. Mas primeiro vou matar minha esposa, meu sogro, minha sogra e todos os que se encontrarem ao meu redor. Um amigo meu aconselhou-me a vir assistir a um de seus cultos antes de fazer todas estas coisas. Vim e assisti ao quarto culto. Escutei com atenção mas não pude entender nenhuma de suas palavras por causa de seu forte sotaque provinciano sulista. Não pude entender seu sotaque e não consegui compreender nada do que o senhor disse. De modo que depois de ouvir o que o senhor tem a dizer vou sair para realizar todos os meus planos. Estou morrendo. Tenho tuberculose, e tenho acessos de tosse o tempo todo. Estou mor­rendo.
— Acalme-se — disse-lhe —; sente-se aqui e conte--me a sua história.
— Bem — respondeu ele —, durante a última etapa da guerra do Vietnã eu servi como mecânico e dirigia um buldôzer. Trabalhei em todas as linhas de frente construindo trincheiras e estradas, arriscando a vida a fim de ganhar mais dinheiro. Enviava todo o dinheiro para minha mulher e quando a guerra acabou mal tinha o suficiente para sair do Vietnã.
Mandei-lhe um telegrama de Hong Kong e espera­va vê-la com as crianças no aeroporto de Seul. Mas ao chegar lá não vi nem sombra deles. Pensei que talvez não tivessem recebido meu telegrama, mas quando cheguei correndo a casa, descobri estranhos morando lá.
'Descobri que minha mulher tinha fugido com um jovem. Ela me havia deixado, levando todas as minhas economias. Morava em outra parte de cidade. Fui até lá e implorei-lhe que voltasse para mim. Ela se negou terminantemente.
"Fui ver meu sogro e minha sogra a fim de expor--lhes o caso. Deram-me 40 dólares e me escorraçaram de sua casa. Em menos de uma semana eu tinha um ódio ardente em meu coração, e comecei a vomitar sangue. Agora a tuberculose acaba comigo rapida­mente e não tenho esperança alguma. Vou destruí-los, um por um, e então matarei a mim mesmo.
—   Cavalheiro — disse-lhe eu —, essa não é a maneira de fazer vingança. A melhor maneira de se vingar é encontrar um novo emprego, construir um lar mais lindo e melhor e mostrai' a eles do que é capaz. Desta maneira você realmente poderá vingar-se. Mas matá-los e depois matar a si mesmo não lhe trará satisfação alguma.
— Odeio-os — clamou ele.
— Enquanto os odiar vai destruir-se — disse eu. — O ódio destrói mais a pessoa que odeia do que aos outros. Por que não experimenta Jesus? — perguntei. — Quando Jesus entra em seu coração, todo o poder de Deus vem e habita em você. O poder de Deus fluirá através de você. Deus o tocará, o curará e restaurará sua vida. Você pode reconstruir sua vida e isso seria vingança verdadeira contra seus inimigos.
Enviei-o à Montanha da Oração, onde ele aceitou a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Contudo, ele não podia perdoar de todo sua esposa. Pedi-lhe, pois, que bendissesse sua esposa.
—  A melhor maneira de perdoar sua esposa é bendizê-la. Abençoe-lhe o espírito, alma, corpo e vida. Ore para que Deus abra as portas do céus e derrame bênçãos sobre ela.
— Não posso abençoá-la! — exclamou ele. — Não a amaldiçoarei, porém não a bendirei!
Respondi:
— Se não a abençoar, não será curado. Ao abençoar, as bênçãos começam em você, você vai aproveitar mais de suas bênçãos do que ela. Temos um ditado que diz: "Se desejas sujai' o rosto dos outros com barro, terá primeiro de sujar suas mãos.'' De modo que se amaldiçoar sua mulher, a maldição primeiro tem de sair de sua boca e você será amaldiçoado primeiro. Mas se abençoar sua esposa, a palavra de bênção procederá de seu coração, saindo-lhe pela boca e você será abençoado primeiro. Assim sendo, vá em frente e bendiga-lhe.
Ele começou a abençoá-la. A princípio por entre os dentes. Orou: "Ó Deus, abençoa ... minha mulher. Abençoa-a ... E ... dá-lhe a salvação. Ó Deus, dá-lhe ... a bênção.''
Ele continuou a bendizer-lhe e em menos de um mês foi completamente curado da tuberculose e sua vida foi transformada. O poder de Deus começou a emanar dele e sua face brilhava.
Ao encontrá-lo, um mês mais tarde, ele exclamou excitadamente:
— Oh, Pastor Cho, regozijo-me no Senhor! Louvo a
Deus porque agora realmente aprecio de verdade a minha esposa. Foi por ela ter-me deixado que encon­trei Jesus. Oro por ela todos os dias. Renovei minha licensa para dirigir tratores. Tenho um novo emprego; estou construindo um novo lar e espero que minha esposa volte paia mim.
Este homem louvava ao Senhor. Ele reconstruía sua vida através do poder de Deus que tinha começado a emanar de sua vida. Ele estava curado de espírito e corpo.
Se não se livrar de seu ódio não poderá entrar em contato  com o Senhor. Quando você sair a pregar o evangelho deve ajudar as pessoas a compreender isto.
Certo dia uma professora veio ver-me. Ela era diretora de uma escola e sofria de artrite. Tinha ido a todos os hospitais mas não tinha sido curada. Impus as mãos sobre ela, orei, repreendi a doença, gritei, fiz tudo o que podia, mas Deus não a tocou.
Muitas pessoas tinham sido curadas na igreja, mas a despeito de tudo, ela não era curada. Afinal comecei a desistir. Mas certo dia o Espírito Santo disse:
"Não grite. Ore e repreenda. Não posso fluir através dela porque ela odeia o ex-marido."
Eu sabia que ela se tinha divorciado dez anos antes. Então, enquanto ela estava sentada à minha frente, eu disse;
  Irmã, por favor, divorcie-se de seu marido. Ela olhou para mim e disse:
— Pastor, o que o senhor quer dizer com divorciar--me de meu marido? Nós estamos divorciados há mais de dez anos.
  Não, não estão — respondi-lhe.
— Oh, sim! — insistiu ela.
— Sim — respondi —, é claro que estão, legalmente. Mas mentalmente você nunca se divorciou dele. Você o amaldiçoa todas as manhãs. Todos os dias você o amaldiçoa e odeia; em sua imaginação nunca se divorciou de seu marido. Em sua mente ainda vive com ele, e esse ódio está-lhe destruindo e secando-lhe os ossos. Por causa disto sua artrite não tem cura. Médico algum poderá curá-la. Retorquiu ela:
  Mas ele causou-me tanto prejuízo. Quando me casei com ele, ele nunca arrumou um emprego. Esbanjou todo o meu dinheiro. Destruiu minha vida e depois foi viver com outra mulher. Como é que posso amá-lo?
Respondi:
  Amá-lo ou não é problema seu; mas se não o amar, morrerá de artrite. A artrite somente será curada pelo poder de Deus. O poder de Deus jamais cairá do céu como um meteoro a fim de tocá-la e curá-la.
— Não! — continuei. — Deus habita dentro de você, e ele vai emanar de seu interior e curá-la. Mas seu ódio impede o fluxo do poder de Deus. Por favor, comece a bendizer seu marido. Bendiga seu inimigo e faça o bem a ele. Então aprenderá a amá-lo e criará um canal pelo qual o Espírito de Deus vai fluir e tocá-la.
Ela tinha o mesmo problema do homem que sofria de tuberculose. Chorando, ela disse:
— Não posso amá-lo. Pastor, por favor, perdoa-me. Não o odiarei, mas não o amarei.
— Você não pode parar de odiá-lo se não o amar — respondi. — Veja seu marido através da imaginação. Toque-lhe e diga-lhe que o ama e abençoe-o.
Uma vez mais ela relutava. De modo que fiz uma oração por ela. Ela chorava mordendo os dentes. Mas afinal começou a sentir amor por ele e orando, pediu a Deus que o abençoasse, que o salvasse e que lhe desse todas as boas coisas. O poder de Deus começou a fluir através dela e ela foi tocada. Em menos de três meses foi libertada de sua artrite.
Sim, Deus habita em você. Mas se você não se livrar do ódio, esse arquiinimigo, o poder de Deus não poderá fluir por seu intermédio.

• • • •

Muitas pessoas vivem em temor, É nossa responsa­bilidade como cristãos ajudar essas pessoas a livrar-se deste medo, o segundo pecado neste grupo de quatro.
Também já sofri de tuberculose. Sofri de tuberculo­se porque estava constantemente vivendo sob o temor da tuberculose. Na escola secundária, eu tinha uma aula na qual devia lidar com garrafas de álcool com ossos e intestinos humanos. A simples vista destas garrafas enchia-me de pavor.
Certa manhã o professor de biologia falava sobre a tuberculose. Naquela época não havia drogas miracu­losas, e o professor disse que se contraíssemos tuberculose estaríamos perdidos, e nossos intestinos teriam a aparência dos que estavam naquelas garrafas, para o resto de nossa vida.
Falou dos perigos da tuberculose e no final da aula disse:
— Há pessoas que nascem com tendência para a tuberculose. Homens com ombros estreitos e pescoço comprido são mais propensos a contrair tuberculose. Todos os alunos começaram a esticar os pescoços e a medi-los, como se fossem cegonhas. Olhando para meus companheiros, vi que eu tinha o pescoço mais comprido de todos. Imediatamente tive o pressenti­mento de que contrairia tuberculose. O temor opri­mia-me o coração. Quando cheguei a casa, olhei no espelho. Medi o pescoço a tarde toda. O temor invadiu-me e comecei a viver sob o agudo temor da doença.
Quando completei dezoito anos de idade sofri de tuberculose. O semelhante atrai o semelhante, e o igual produz seu igual. Se a pessoa tiver medo, o diabo tem um canal aberto pelo qual atingi-la; temor é fé negativa. De modo que como eu tinha medo da tuberculose, contraí tuberculose, e à medida que vomitava sangue, dizia a mim mesmo: "Sim, é exata­mente isto o que eu esperava.'
Eu tinha lido em certo periódico médico da Coréia que muita gente morre por hábito. Pensava comigo mesmo: "Como é que a gente pode morrer por hábito?" Então reli o artigo.
Esses médicos, não-cristãos, falavam do importante papel que o medo tem em nossa vida. Por exemplo, um homem de apenas 50 anos de idade, já avô, morreu de pressão alta. Seu filho, chegando aos 50 anos também morreu de pressão alta. Agora o neto vive em constante temor de morrer de pressão alta.
Ao chegar aos 50 anos de idade, no instante em que sentir alguma tontura ele há de pensar: "Oh, isso é um ataque de coração." Se sentir alguma dor no peito espera imediatamente outro ataque; vive cada dia com seu temor e expectativa. O medo cria esta situação em seu corpo, e logo ele há de morrer de um ataque cardíaco.
Muitas mulheres morrem por causa do medo do câncer. Certa mulher poderia dizer:
  Bem, minha tia morreu de câncer, minha mãe morreu de câncer, de modo que, com toda certeza, também morrerei de câncer.
Quando essa mulher chegar à mesma idade com a qual sua tia e sua mãe faleceram, e sentir qualquer tipo de dor, poderá dizer:
— Oh, isto é o câncer. Certamente está chegando o meu tempo —. Ela há de esperar todos os dias, dizendo  a si  mesma  que vai  sofrer de  câncer,  e repetirá esse pensamento muitas vezes. É desta ma­neira que os médicos diziam que as pessoas morriam por hábito. Se a pessoa tiver um temor específico, então o poder da destruição começa a fluir.
Em 1969, quando Deus me pediu que renunciasse ao pastorado de minha segunda igreja, eu tinha 10.000 membros batizados com uma assistência regular de 12.000. Eu vivia feliz, sentia-me bem e satisfeito. Tinha uma linda casa, uma esposa maravilhosa, filhos, carro do último modelo e até chofer. Então eu disse:
"Deus, vou ficar nesta igreja até que meus cabelos se tornem brancos."
Mas certo dia, enquanto orava em meu escritório, o Espírito Santo veio e disse:
"Cho, seu tempo aqui terminou. Você deve prepa­rar-se para mudar."
"Oh, Senhor", disse eu, "mudar-me? Já comecei uma igreja, e esta é a segunda que começo e edifico. Desejas que eu vá abrir um terceiro trabalho? Por que deve ser sempre eu quem dê início a novas obras? Estás escolhendo a pessoa errada. Dize a outro que vá."
Assim comecei a discutir com o Senhor.
Ninguém, entretanto, deve argumentar com Deus, porque ele sempre tem razão. Finalmente, Deus persuadiu-me, dizendo:
"Você deve ir e edificar uma igreja com espaço para 10.000 pessoas. Uma igreja que possa enviar pelo menos 500 missionários."
"Pai", repliquei, "não posso fazer isso. Tenho pavor mortal de edificar uma igreja desse tamanho."
Mas Deus disse:
"Não; disse-lhe que vá e você tem de ir."
Consultei um construtor acerca dos custos. Disse--me ele por alto que eu ia precisar pelo menos de dois milhões e meio de dólares, só para a igreja. Para o terreno precisava de outro meio milhão e para o terreno contíguo a fim de construir o complexo de apartamentos outros dois milhões. Um total de não menos cinco milhões de dólares.
Perguntou-me quanto dinheiro eu tinha. Disse-lhe que possuía dois mil e quinhentos dólares. Ele olhou para mim estupefato, sacudiu a cabeça e não disse nada.
Então fui a uma reunião dos anciãos da igreja e contei-lhes o plano. Certo ancião disse:
—  Pastor, quanto dinheiro o senhor vai conseguir nos Estados Unidos?
— Nenhum centavo — disse-lhe eu. Disseram:
—   O senhor é um bom homem, um ministro genuíno, mas não é homem de negócios. Não é assim que se constrói uma igreja e um complexo de aparta­mentos.
Então reuni meus 600 diáconos. Quando lhes contei o plano, começaram imediatamente a agir como coelhos assustados, como se eu fosse impor-lhes um tributo de sangue.
Senti-me desnorteado. Estava cheio de medo. Fui ao Senhor.
"Senhor, ouviste todas as palavras dos anciãos e dos diáconos. Estão todos de acordo, de modo que o senhor tem de pensar sobre este assunto de novo."
Então o Espírito falou ao meu coração:
"Filho, quando foi que lhe pedi que fosse falar com os anciãos e com os diáconos?
"Então eu não devia?" perguntei.
O Espírito respondeu:
"Mandei que você construísse uma igreja, não que a discutisse. Essa é minha ordem."
Levantei-me, dizendo:
"Sim, se essa é tua ordem, cumpri-la-ei."
Fui à Prefeitura e comprei a crédito quase dois hectares no bairro mais caro, situados em frente do edifício do Congresso, um dos lugares mais cobiçados de toda a Coréia. Depois fui ao construtor e assinei um contrato com ele para a construção da igreja e do complexo de apartamentos, tudo a crédito. Pensei com meus botões: 'Eles construirão a igreja. Eu confiarei em Deus e verei o que acontece."
No dia em que começaram as obras fizemos um culto especial. Finalizado o culto, fui ver como as coisas andavam. Pensei que os trabalhadores abririam umas poucas valas e que ali começariam a colocar o cimento para os alicerces e que em pouco tempo o edifício estaria terminado. Mas havia dúzias de buldôzeres trabalhando e cavando a terra como se fossem fazer um lago.
Fiquei louco de medo e perguntei:
"Pai, vês como estes homens estão cavando? Eu terei de pagar por tudo isso? Não posso."
Fiquei paralisado de medo. Meus joelhos começa­ram a tremer. E pela imaginação me vi sendo levado num carro da polícia. Ajoelhei-me e orei:
"Oh, Deus, que posso fazer? Onde devo me enfiar? Onde estás tu? Sei que és o Recurso total, e coloco minha confiança em ti."
Enquanto orava, tive uma visão de Deus trabalhan­do, e o medo me deixou. Quando abri os olhos e de novo vi as obras, voltei a sentir-me cheio de medo. Por isso, durante o tempo que a construção durou, vivi mais com os olhos fechados do que com eles abertos.
O mesmo princípio é verdadeiro em muitas situa­ções. Se você olhar para suas circunstâncias com seus olhos, e com seus sentidos, Satanás o destruirá com o temor. Mas se fechar os olhos e olhar para Deus, então poderá crer.
Há dois tipos diferentes de conhecimento: Conhecimento sensório e conhecimento revelado. Devemos viver pelo conhecimento revelado encontrado do Gênesis ao Apocalipse, não por nosso conhecimento sensório.
Devemos instruir as pessoas a desistirem do temor do seu ambiente e de suas circunstâncias. Se não o fizerem, não poderão desenvolver a fé, nem Deus poderá fluir através delas. Peça-lhes que entreguem seus temores ao Senhor; ensine-lhes a colocar sua fé somente na Palavra de Deus.

• • • •

Muitas pessoas vivem com complexos de inferioridade e estão constantemente frustradas: esse senti­mento de inferioridade è a terceira área problemática que discutirei.
Se as pessoas sentirem-se inferiores por viverem numa área de favelas, você não as poderá tirar dali. Talvez tenham fracassado em seus negócios e se resignaram a ser fracassos. Mas enquanto tiverem essa atitude, você não as pode ajudar. Você deve pedir que cada um entregue seu complexo de inferioridade a Deus e permita-se ser reconstruído pelo amor de Deus.
Certo dia um menino matou o irmão menor com uma faca. A notícia causou sensação imediata. Os pais amavam o menino falecido com grande ardor. Louva­vam-no constantemente na presença do irmão maior. O irmão maior começou a sentir-se desprezado e inferior. Certo dia quando os pais estavam fora, o irmão menor chegou da escola e o  mais velho o matou. O complexo de inferioridade é muito destru­tivo.
Uma vez sofri de um complexo de inferioridade. Depois de lutar durante dois anos em meu primeiro trabalho pioneiro, a igreja começou a crescer. Mas era uma igreja muito barulhenta, uma verdadeira igreja pentecostal. Muita gente recebia o batismo no Espírito Santo e muitos eram curados de diversas doenças. Certo dia o executivo principal de nossa denominação mandou chamar-me. Nessa época eles estavam em meio caminho entre os pentecostais mais ardorosos e os presbiterianos mais conservadores. Perguntaram-me:
  Você realmente está orando pelos enfermos e fazendo com que as pessoas gritem e falem em outras línguas em seus cultos?
— Sim — respondi.
— Você é um fanático — asseveraram.
  Não sou fanático. Faço tudo de acordo com o ensino bíblico — defendi-me.
Depois de discutirem este assunto, cassaram minha licença ministerial e me mandaram embora. Fui expulso de minha própria denominação. Depois de algum tempo o missionário John Hurston veio e me levou de volta.
Ao ser expulso fui atingido por sentimentos de inferioridade. Esse complexo de inferioridade produ­ziu em mim um sentimento de destruição. Foi-me difícil sair dessa situação.
Na época em que os membros da Comissão Execu­tiva me expulsaram, entretanto, não sabiam que certo dia eu seria Superintendente Geral dessa mesma denominação. Esse foi um cargo que ocupei até recentemente. Quando fui eleito para esse cargo tínhamos somente 2.000 membros. Aplicando as leis da fé e ensinando-as aos pastores, tivemos um rápido crescimento. Quando pedi demissão do cargo, as estatísticas revelaram que a denominação contava com um total de 300 igrejas com mais de 200.000 membros.
Devemos lidar com os que se sentem incapazes de vencer na vida. Devemos tirá-los de sua depressão e pessimismo. Edificá-los no amor de Jesus Cristo e dar--lhes fé, dizendo-lhes que nada é impossível ao que crê. Devemos curá-los e treiná-los. Logo eles se desfarão de seu sentimento de inferioridade.
Certo domingo de manhã, enquanto pregava no segundo culto, vi um homem que eu sabia estar mentalmente doente. Ele foi trazido com os pés e mãos amarrados. Nesse dia estávamos fazendo com­promisso para terminarmos com êxito a quinta etapa da construção. Muitas pessoas estavam preenchendo cartões de compromisso. Quando esse homem rece­beu um cartão ele o preencheu com a quantia de 100 dólares.
Sua esposa riu quando os diáconos passaram para recolher as ofertas.
— Não acredite nele — disse ela. — Ele está doido. Mas depois do culto, quando o fui ver, ele estava completamente curado pelo poder do Espírito Santo. Estava de novo em perfeito juízo, plenamente cons­ciente do que fazia e dizia. Tinha sofrido de um profundo complexo de inferioridade. Explicou:
  Eu tinha um fábrica de fertilizantes, mas fui à falência. Fiquei tão preocupado que perdi a razão. Então levaram-me para um hospital psiquiátrico onde recebi uma série de eletrochoques. Mas nunca me curaram.
"Mas enquanto estava sentado ali ouvindo as suas palavras, subitamente saí de meu estado mental e tive consciência da realidade. Perdi meus amigos, meu prestígio e meu crédito. Tenho uma montanha de dívidas. Não posso fazer nada. Não sou ninguém.
— Você é alguma coisa — disse-lhe eu. — Você não é inferior. Você veio a Jesus e agora todo o poder de Cristo e todos os seus recursos residem em você. Você
é um homem de Deus. Levante-se vitoriosamente. Você tem dentro de si todo o poder e todos os recursos de Deus, a espera de serem liberados.
— Que tipo de trabalho posso fazer? — perguntou--me.
  Não sei — respondi —; mas continue a ler a Bíblia e a orar.
Certo dia ele voltou cheio de entusiasmo.
  Pastor, li o versículo da Bíblia que diz sermos o sal e a luz do mundo. Que lhe parece eu entrar no negócio de vender sal a varejo?
— Se você acredita nisso, vá em frente — disse-lhe eu. — Faça-o!
Ele se foi e começou a vender sal em pequena escala. Pagou seus dízimos. Pagou a promessa que tinha feito e regozijava-se muito no Senhor. Deus começou a abençoá-lo e seu negócio de vender sal prosperou muito. Com o passar do tempo ele constru­iu um grande armazém à beira do rio, onde colocou um capital de 50.000 dólares em sal.
Mas certa noite de verão choveu torrencialmente e pela manhã quando me levantei a área toda estava inundada. O armazém dele estava inundado. Fiquei apreensivo. Nessa tarde, depois de parada a chuva, corri à casa dele.
Outros artigos e materiais podem ser recuperados depois de uma inundação, mas o sal é muito amigo da água. Ao entrar no seu armazém vi que todo o sal tinha desaparecido. O homem, agora ancião de minha igreja, estava assentado no meio do depósito, cantan­do e louvando a Deus. Entrei, sem saber se ele estava em perfeito juízo ou não. Cheguei-me a ele e per­guntei:
— Você está bem ou está louco?
— Pastor, estou perfeitamente bem — sorriu ele. — Não estou louco. Não se preocupe. Perdi tudo. Deus o levou. Mas como o senhor sempre me tem dito, os recursos todos estão dentro de mim. A água pode levar-me o sal, mas não pode desfazer os recursos da presença de Deus que em mim habita. Posso fazer brotar esses recursos novamente através da fé e da oração. Espere só. Dê-me tempo. Levantarei meus negócios de novo.
Já não sofria de nenhum complexo de inferioridade. Estava cheio de confiança. Hoje ele é um multimilionário e continua a vender sal. Também começou a fabricar relógios e tem sua fábrica própria. Ele já me acompanhou a Los Angeles, a Vancouver e a Nova Iorque. Recentemente fez uma viagem à Europa.
Este homem é somente um exemplo de como podemos ajudar as pessoas a se livrarem de seus sentimentos de inferioridade, dando ênfase a todos os recursos de Deus que lhes estão à disposição.

• • • •

Muitas pessoas também sofrem de sentimentos de culpa. Esse é o quarto problema que deve ser vencido antes que o cristão possa trabalhar ativamente com Deus; pois enquanto a pessoa sofrer de culpa, Deus jamais poderá fluir através dela.
Precisamos ajudar as pessoas a se livrarem de seus sentimentos de culpa. Precisamos fazê-las compreen­der que quando se sentem indignas e cheias de culpa, simplesmente poderão vir ao Senhor e ele as limpará.
Certo dia eu estava em meu escritório quando entrou um lindo casal. O homem era uma pessoa muito elegante e a esposa uma senhora adorável. Embora essa adorável senhora tivesse mais ou menos trinta anos de idade, parecia velha, emaciada e quase nem podia abrir os olhos.
O marido disse:
  Pastor, minha mulher está morrendo. Já tentei tudo: psicologia, psiquiatria e todos os remédios imagináveis. Sou rico. Já gastei milhares e milhares dólares com ela, mas os médicos nada puderam fazer. Agora desenganaram-na. Ouvi dizer que o senhor realmente tem ajudado muita gente e que muitos foram curados.
Disse-lhe que tudo isso era verdade e olhei para ela procurando o discernimento e a sabedoria de que ela precisava nesta situação. Orei silenciosamente: "Se­nhor, ela veio até aqui. Agora o que faço?"
Imediatamente a voz suave de Deus falou: "Ela sofre de uma doença psicossomática. Não é uma doença orgânica, é mental." Pedi que o marido saísse do escritório e voltando-me para a mulher, disse:
  A senhora deseja viver? É preciso que viva por causa de seu marido, pelo menos. Se a senhora tivesse de morrer, já devia tê-lo feito, pois agora tem três filhos. Se morrer agora, deixando os filhos para seu marido cuidar, realmente atrapalhará a vida dele. Portanto, de uma maneira ou de outra é preciso que a senhora viva para seu marido e seus filhos.
— Gostaria de viver — disse-me ela.
  Então posso ajudá-la, mas somente com uma condição. Deve contar-me sua vida passada — res­pondi.
Ela se aprumou na cadeira e com ira nos olhos respondeu:
— Será que estou na delegacia de polícia? O senhor é um ditador? Por que me pede isso? Isto não é um interrogatório e não tenho de revelai' meu passado.
— Então não poderei ajudá-la — respondi. — Se a senhora persistir nesse curso de ação, vou pedir que Deus revele diretamente as áreas problemáticas de seu passado.
Ela ficou espantada e tirando um lenço da bolsa começou a chorar. Depois de um longo suspiro, disse:
—  Pastor, vou revelar meu passado, mas não acho que seja esse o meu problema.
—  Sim, é — disse eu. — Essa é a causa de seus problemas.
— Meus pais morreram quando eu era bem jovem è praticamente fui criada por minha irmã mais velha. Minha irmã era como uma mãe para mim. e meu cunhado como um pai. Tomaram conta de mim e morei com eles durante meu tempo de ginásio, colegial e faculdade.
"No meu terceiro ano de faculdade minha irmã foi para a maternidade a fim de dar à luz seu último filho. Durante o tempo em que ela esteve lá eu tomei conta da casa e das crianças. Sem saber o que estava acontecendo, meu cunhado e eu nos apaixonamos.
"Não sei o que aconteceu comigo, mas caímos num relacionamento imoral; logo a culpa alojou-se em meu coração. Desse momento em diante eu morria de culpa. Mas meu cunhado continuava a telefonar-me de seu escritório e constantemente nos encontráva­mos em motéis, hotéis e estações de água.
"Tive vários abortos e ainda assim não podia recusai" os pedidos de meu cunhado. Eu morria de medo de minha irmã descobrir, por isso meu cunha­do intimidava-me continuamente. Eu estava sendo destruída aos poucos.
"Ao formar-me, decidi que me casaria com o primeiro homem que me propusesse casamento Encontrei um emprego e o jovem que agora é meu marido pediu-me que me casasse com ele. Nada perguntou do meu passado. Aceitei porque assim me afastaria de meu cunhado. Casei-me com ele e com o correr do tempo ele se tornou muito rico. Demitiu-se de seu antigo emprego e começou o seu próprio negócio. Agora está rico. Temos um bom lar, dinheiro, tudo.
"Mas desde o dia que caí com meu cunhado, tenho sofrido destes fortes sentimentos de culpa. Sempre que tenho relações com meu marido sinto-me como se fosse uma prostituta. Não tenho o direito de receber o seu amor. Por dentro choro amargamente. Meus filhos são como anjos. Gostam de me abraçar, dizendo: "Mamãe!" E odeio a mim mesma. Sei que sou uma prostituta. Não sou digna de receber este tipo de amor de meus filhos. Não gosto de ver meu rosto no espelho e é por isso que me visto de maneira tão desleixada. Perdi o apetite e não sinto nenhuma felicidade ou alegria no coração.
— A senhora deve perdoar-se a si mesma — disse--lhe. — Tenho boas-novas para a senhora. Jesus Cristo veio e morreu na cruz pela senhora e pelos seus pecados.
—   Nem mesmo Jesus pode perdoar os meus pecados — clamou ela, chorando. — Meus pecados são grandes e profundos demais para serem perdoa­dos. Fiz de tudo. Todo mundo pode ser perdoado, menos eu! Enganei minha irmã e não posso confessar--lhe o que fiz! Isso prejudicaria sua vida toda.
Indaguei silentemente:
"Senhor, como posso ajudá-la agora? Tens de ajudar-me."
Então ouvi um suave cicio em meu coração e subitamente ocorreu-me uma idéia.
—   Irmã, feche os olhos — pedi-lhe, fazendo o mesmo. — Vamos até um lago lindo e silencioso. Agora estamos assentados à margem do lago. Há muito cascalho ao nosso redor. Tenho na mão uma pedrinha de cascalho. Por favor, apanhe uma pedra grande. Joguemos o cascalho e a pedia dentro do lago.
Vou jogar primeiro. Segura a pedrinha e jogo-a no lago. Ouviu o barulho da água? Um leve murmúrio e umas ondas. Onde está minha pedrinha agora?
—  Foi para o fundo do lago — respondeu ela.
— Certo — respondi. — Agora é sua vez. Jogue a sua pedra. Sim, a senhora pode jogá-la ... muito bem. Qual foi o barulho dela?
—  Foi grande e formou grandes ondas — respon­deu ela.
— Mas onde está sua pedra? — perguntei.
— No fundo do lago — respondeu ela.
— Bem, parece que ambas as pedras foram para o fundo do lago quando as jogamos. A única diferença foi ò ruído e as ondas. A minha fez um barulhinho e a sua produziu um grande ruído. A minha produziu pequenas ondas, a sua  produziu ondas enormes. As pessoas vão para o inferno com pecados pequenos e grandes, pois estão sem Jesus Cristo. E qual é a diferença? O ruído e a sua influência na sociedade. Todo mundo precisa do perdão de Jesus Cristo. O sangue de Jesus cura todos os pecados, grandes ou pequenos.
Isto tocou-lhe a alma e ela despertou para a verdade.
— Quer isso dizer que Deus pode perdoar os meus pecados?
— É claro — respondi.
Ela afundou-se na cadeira chorando e estremecendo-se. Tentei encorajá-la, mas ela continuou a chorar. Então coloquei a mão sobre sua cabeça e levei-a a fazer a oração do pecador.
Depois da oração, quando ela levantou o rosto vi seus olhos brilhando como estrelas. De sua face começou a irradiar glória. Ela levantou-se, excla­mando:
Pastor, estou salva! Todos os meus fardos foram desfeitos!
Comecei a cantar e  ela a dançar. Até este momento ela nunca tinha dançado de alegria perante o Senhor, mas neste dia ela pulava e dançava fazendo tanto Barulho que o marido escutou e correu para ver o que se passava em meu escritório.
Ao vê-lo, ela correu para ele e abraçou-o com força.
Ela nunca tinha feito isto antes e seu marido estava assombrado.
Perguntou:
O que o senhor fez com ela?
Deus realizou um milagre! – respondi alegremente. E voltando-me para a esposa, disse:
Deve entregar todo o seu coração ao Senhor. Ele fez grandes coisas por você
Em breve ela tinha livrado totalmente o seu sentimento de culpa. O poder de Deus emanou de seu Interior e ela foi curada por completo.
Esse casal agora é membro de minha igreja e sempre que olho para o rosto dessa senhora, não posso deixar de pensar no amor de Jesus Cristo. Agora ela não tem doença alguma. Foi completamente curada. Ao soltar seu sentimento de culpa, o poder de Deus pôde fluir.
Irmãos e irmãs em Cristo, neste instante vocês têm todo o poder de Deus dentro de coes. Podem recorrer a esse poder para seus gastos, suas roupas, seus livros, sua saúde, seu negócio, tudo!
Quando saírem para pregar o evangelho não estarão pregando um objetivo vago, uma teoria, uma filosofia ou uma religião humana. Na verdade estarão ensinando as pessoas a destapar o manancial inesgotável dos recursos morais e espirituais.
Estarão dando Jesus para as pessoas e por meio de Jesus, Deus vem e habita em seus corações.