sábado, 1 de maio de 2021

A quarta dimensão - 04 - Rhema


Capítulo 4

RHEMA

A palavra falada tem criatividade poderosa e seu uso adequado é vital para a vida cristã vitoriosa. Esta palavra falada, contudo, deve ter uma base correta a fim de ser eficaz. O princípio da descoberta da base correta para a palavra falada é uma das porções mais importantes da verdade de Deus. É com referência a esse tópico que quero conversar com vocês agora.

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Certo dia trouxeram a meu escritório uma senhora deitada numa maça. Era paralítica do pescoço para baixo e não conseguia mover nem mesmo um dedo. Enquanto a introduziam em meu escritório, comecei a ter uma sensação estranha. Era como se meu coração estivesse perturbado. Assim como houve um sentimento de expectativa junto ao poço de Betesda, assim também eu sabia que algo ia acontecer.
Acerquei-me de sua maça e ao olhar para seus olhos vi que ela já tinha a fé para ser curada: não uma fé morta, mas uma fé viva. Toquei-lhe a testa e disse:
— Irmã, no nome de Jesus Cristo, seja curada.
Instantaneamente o poder de Deus se manifestou e ela foi curada. Levantou-se da maça, emocionada, assustada, eletrizada.
Alguns dias mais tarde veio à minha casa para trazer-me alguns presentes. Ao entrar em meu escritó­rio perguntou:
—  Será que eu podia fechar a porta?
— Sim — respondi — feche a porta.
Então ela se ajoelhou perante mim, ainda espanta­da de sua cura e disse;
—   Senhor, por favor, revela-te a mim. És tu o segundo Jesus encarnado?
Sorri:
— Querida irmã, você sabe que tomo três refeições por dia, vou ao banheiro e durmo todas as noites. Sou tão humano quanto você. E a única maneira pela qual sou salvo é por intermédio de Jesus Cristo.
Esta senhora tinha recebido uma cura tão miraculo­sa que a notícia se espalhou rapidamente. Logo depois uma senhora rica veio à minha igreja, também trazida em uma maça. linha sido cristã por muito tempo e servido como diaconisa de sua igreja. Ela tinha decorado passagens e mais passagens acerca da cura divina: "eu sou o SENHOR que te sara" (Êxodo 1526!; pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53:5); "Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças" (Mateus 8:17); "E estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: ... se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados" (Marcos 16:17, 18).
De modo que orei por ela com todo o meu poder mas nada aconteceu. Então gritei, repetindo as mes­mas orações paia a cura. Usei a Palavra de Deus, até mesmo pulei, mas nada aconteceu. Disse-lhe que se levantasse pela fé. Muitas vezes ela se levantava, mas no instante em que a soltava ela caía como um pedaço de madeira morta. Então eu dizia:
— Tenha mais fé e levante-se.
Ela se levantava de novo e de novo caía. Então me dizia ela que tinha toda a fé que há no mundo, mas sua fé não funcionava.
Fiquei muito deprimido e logo ela começou a chorar. Dizia:
__ Pastor, o senhor tem preconceitos contra mim. O senhor amava tanto a outra mulher que a curou. Mas o senhor  realmente não me ama. De modo que ainda estou doente, ü senhor tem preconceitos.
—  Irmã — respondi —, fiz tudo. Você mesma viu. Orei- clamei, pulei e gritei. Fiz tudo que um pregador pentecostal pode fazer, mas nada aconteceu e não posso compreender o motivo.
Em minha igreja, este problema inquietante de uma pessoa ser curada enquanto outra permanece enfer­ma não ficou limitado a esta ocasião. Evangelistas de fama mundial têm vindo à minha igreja e entusiasticamente dizem:
— Todos vão ser curados! Todos:
Pregam a palavra de fé e muitos são curados.
Depois estes evangelistas se vão, levando toda a glória, e eu fico com a incumbência de tratar dos doentes que não foram curados. Estes vêm a mim, desanimados abatidos e desesperados queixando-se:
—  Não fomos curados. Deus desistiu de nós; estamos completamente esquecidos. Por que deve­mos lutar para vir a Jesus Cristo e crer?
Aflijo-me, oro e choro:
"Por que, Pai? Por que isto é assim? Deus, por favor, dá-me a resposta. Uma resposta clara."
E ele o fez. De modo que agora gostaria de partilhar com você esta resposta e algumas coisas que me levaram a receber esta compreensão.
As pessoas pensam que podem crer na Palavra de Deus. Podem. Mas falham em fazer a diferença entre a Palavra de Deus que dá conhecimento geral a respeito de Deus e a Palavra de Deus que ele usa para conceder fé acerca de circunstâncias e problemas específicos. É este último tipo de fé que produz milagres.
No grego há duas palavras diferentes para "palavra": logos e rhema. O mundo foi criado pela palavra logos de Deus. Logos é a palavra geral de Deus, que se estende desde o livro do Gênesis ao Apocalipse, pois todos estes livros falam acerca de Jesus Cristo, direta ou indiretamente. Ao ler a palavra logos do Gênesis ao Apocalipse a pessoa pode receber todo o conheci­mento de que necessita a respeito de Deus e de suas promessas; mas pela simples leitura a pessoa não recebe fé. A pessoa recebe conhecimento e compreen­são acerca de Deus, mas não recebe fé.
Romanos 10:17 mostra-nos que o material usado para edificar a fé é mais do que simples leitura da Palavra de Deus: "a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo." Nesta passagem "palavra" não é logos, mas rhema. A fé, especificamente falando, vem pela pregação da palavra rhema.
O Dr. Ironside define em seu "Léxico Grego" a palavra logos: A palavra dita de Deus"; e rhema: "A palavra dizente de Deus." Muitos eruditos definem a ação de rhema como se o Espírito estivesse tomando alguns versículos da Palavra de Deus e vivificando com eles uma determinada pessoa. Eis minha defini­ção de rhema: "Rhema é uma palavra específica, dada a uma pessoa específica em uma situação específica.'
Certa vez, na Coréia, uma senhora chamada Yun Hae Kyung promovia grandes concentrações para a juventude na montanha Samgak. Essa senhora tinha um grande ministério. Quando se punha de pé e pregava, as pessoas vinham à frente e caíam ao solo como se tivessem sido atingidas pelo raio, tocadas pelo poder do Espírito. Muitos eram os jovens que acudiam às suas reuniões. Nesta ocasião, essa senho­ra realizava reuniões juvenis em Samgak, e milhares de jovens compareciam todas as noites.
Durante a semana da campanha choveu muito, e todos os rios transbordaram. Um grupo de jovens desejava assistir ao culto certa noite. Chegando à margem do rio, perceberam que as reuniões estavam sendo realizadas no povoado do outro lado. Mas o rio estava muito cheio, e não havia pontes nem barcos por perto. Os jovens se desanimaram. Três moças disseram:
—   Por que simplesmente não vadeamos o rio? Pedro andou por sobre as águas, e o Deus de Pedro é o nosso Deus, e o Jesus de Pedro é o nosso Jesus, e a fé que Pedro tinha é a nossa fé. Pedro creu e devemos fazer o mesmo. Vamos andar por sobre o rio!
O rio estava muito cheio e a correnteza era forte. As três moças se ajoelharam, deram-se as mãos e citaram a Escritura, mencionando Pedro caminhando por sobre as águas. Disseram a todos que iriam repetir o milagre. À vista de todos os demais jovens, entraram resolutamente nas águas.
Afundaram-se imediatamente. Três dias mais tarde seus corpos foram encontrados flutuando no mar.
Esse triste incidente teve repercussões em toda a Coréia. Os jornais não-cristãos atacaram a fé. Traziam manchetes como estas: "O Deus dos cristãos não pôde salvá-las", ou: "Por que seu Deus não respondeu às orações de fé?"
Como resultado desta ocorrência, os incrédulos tiveram um dia de triunfo e a igreja cristã experimen­tou derrota e desapontamento geral. Muitos sentiram--se deprimidos e desalentados e não tinham como responder aos escárnios e acusações.
O caso das moças que se afogaram transformou-se em assunto de conversas por toda a Coréia e muitos cristãos sinceros perderam a fé. Diziam:
— Essas moças creram exatamente como nossos ministros têm ensinado; exerceram sua fé. Dos púlpi­tos nossos pastores constantemente instam que exer­citemos com audácia nossa fé na Palavra de Deus.
Essas moças fizeram justamente isso; então, por que Deus não respondeu? Deus Jeová não deve ser um Deus vivo. Esta não deve passar de uma religião formalística e nos envolvemos com ela.
Que resposta daria você a essas pessoas? Estas moças tinham crido. Tinham exercitado a fé baseadas na Palavra de Deus.
Mas Deus não tinha motivos paia apoiar a sua fé. Pedro nunca andou sobre as águas por causa da palavra logos, a qual prove informação geral acerca de Deus. Pedro pediu que Cristo lhe desse uma palavra específica. Disse ele:
—  Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas.
Respondeu Jesus:
— Vem!
A palavra que Cristo deu a Pedro não era logos, mas rhema. Deu-lhe uma palavra específica: "Vem!" A uma pessoa específica: Pedro; numa situação específica: uma tempestade.
Rhema traz fé. A fé vem pela pregação e a pregação de rhema. Pedro nunca andou por sobre as águas pelo conhecimento de Deus somente. Pedro tinha rhema.
Mas essas moças tinham somente logos, conheci­mento geral de Deus, e neste caso, a obra de Deus mediante Pedro. O erro foi exercitarem sua fé humana em logos. Deus,  portanto, não tinha responsabilidade alguma de apoiar sua fé, e a diferença entre o modo pelo qual estas moças exercitaram sua fé e a maneira de Pedro exercitar a sua é tão grande como a noite do dia.
Dois anos atrás dois estudantes do Instituto Bíblico falharam completamente em seu primeiro empreen­dimento ministerial. Os dois haviam sido meus discí­pulos. Haviam escutado minhas preleções, e como iam à minha igreja, tinham aprendido alguma coisa a respeito dos princípios da fé.
Começaram seu ministério com o que parecia uma grande quantia de fé. Valian-se de passagens bíblicas como esta: "Abre bem a tua boca, e ta encherei (Salmo 81:10); "Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" (Mateus 14:14|.
Foram a um banco e fizeram um empréstimo bem grande. Então foram a um homem bem rico e pediram emprestado outra grande soma de dinheiro. Com esse dinheiro compraram um terreno e construíram um lindo santuário — sem ter, contudo, uma congrega­ção. Começaram a pregar, esperando que as pessoas viessem às centenas. Esperavam tirar ofertas e com elas pagar a dívida. Mas nada aconteceu.
Um destes jovens tinha pedido emprestado cerca de 30.000 dólares. O outro, certa de 50.000. Logo chegaram os credores, os jovens se viram muito apertados e chegaram ao ponto de quase perder a fé.
Então os dois vieram a mim. Choraram:
  Pastor Cho, por que o seu Deus é diferente do nosso? O senhor começou com 2.500 dólares, e agora já completou um projeto de 5 milhões. Nós construí­mos uma igreja que nos custou 80.000. Por que Deus não nos responde? Cremos no mesmo Deus, temos a mesma fé, por que ele não nos responde?
Então começaram a citar passagens bíblicas que contém promessas, tanto do Antigo como do Novo Testamentos, acrescentando:
— Fizemos exatamente como o senhor nos ensinou e fracassamos.
Respondi-lhes:
  Alegra-me que tenham fracassado depois de seguir as minhas palavras. Vocês são bons discípulos meus, mas não do Senhor Jesus Cristo. Vocês compre­enderam mal alguns dos meus ensinos. Comecei a obra de minha igreja dirigido por rhema, não por logos. Deus falou claramente ao meu coração, dizen­do: "Levanta-te, vai e edifica uma igreja para dez mil pessoas.'' Deus colocou sua fé em meu coração e eu fui e o milagre ocorreu. Mas vocês saíram simples­mente com logos, conhecimento geral a respeito de Deus e de sua fé. Portanto, Deus não tem responsabili­dade alguma de apoiá-los, embora o ministério que vocês realizavam fosse para o Senhor Jesus.
Irmãos e irmãs, por meio de logos vocês podem conhecer a Deus. Podem adquirir compreensão e conhecimento a respeito dele. Mas logos nem sempre se transforma em rhema.
Suponhamos que um doente tivesse ido ao tanque de Betesda e dito aos que ali estavam:
— Vocês são uns bobos! Por que esperam aqui? Este é o mesmo tanque de sempre, com a mesma água, no mesmo lugar. Por que têm de esperar dia após dia? Vou entrar na água agora e lavar-me.
Em seguida ele mergulha e toma um banho. Mas ao sair da água, não fora curado. Pois somente depois que vinha o anjo de Deus e revolvia a água as pessoas podiam entrar, lavar-se e ser curadas. Ainda era o mesmo tanque de Betesda, no mesmo local, com a mesma água. Só quando a água era revolvida pelo anjo de Deus é que ocorria o milagre.
Rhema procede de logos. Logos é como o tanque de Betesda. Você pode ouvir a Palavra de Deus e pode estudar a Bíblia, mas somente quando o Espírito Santo vem e aviva uma passagem ou passagens da Escritura ao seu coração, queimando-as em sua alma e dando-lhe a conhecer como aplicá-las diretamente à sua situação específica é que logos se transforma em rhema.
Se você nunca tem tempo de esperai' na presença do Senhor, então o Senhor nunca confirmará a palavra de que você tanto necessita em seu coração.
Esta é uma época de muita agitação. As pessoas vão à igreja para serem entretidas. Ouvem um sermão curto e são despedidas, sem terem tempo para esperar no Senhor. Dá-se-lhes logos, mas não rhema. por isso não vêem milagres de Deus, e começam a duvidar de seu poder.
As pessoas devem ir ao santuário, ouvir atentamen­te ao pregador, e esperar no Senhor. Mas como não ouvem em atitude de oração, esperando no Senhor a fim de receber rhema, não podem, portanto, receber a fé necessária para a resolução de seus problemas. O seu conhecimento da Bíblia aumenta à proporção que seus problemas aumentam, e embora venham à igreja, nada acontece. Por isso começam a esfriar-se e a perder a fé.
Outro problema que sofrem as igrejas desta época é que os ministros andam demasiadamente ocupados. Passam horas e horas fazendo o trabalho de eletricis­ta, carpinteiro, porteiro, enfermeiro, ocupados em cem tarefas diferentes.
Quando chega o sábado, tropeçam por aí tentando pensar em alguma palavra logos, para pregar na manhã de domingo. Estão cansados a tal ponto que não têm tempo para esperar na presença do Senhor. Não têm tempo de trocar o capim verde em leite branco. Suas congregações comem capim, mas não o leite rico da Palavra. Este é um erro muito grande.
Os leigos não são inimigos do pastor. São seus amigos. Como fizeram os apóstolos, o ministro deve concentrar-se na oração e no ministério da Palavra, delegando qualquer outro trabalho a seus leigos, anciãos, diáconos, diaconisas e líderes.
Eu sigo esta norma em minha igreja. Não ouso subir ao púlpito sem primeiro esperar na presença do Senhor e receber a palavra rhema de Deus para essa mensagem. Se não recebo a palavra rhema não vou à plataforma.
As vezes passo toda a noite de sábado em oração. Durante o dia oro: "Senhor, as pessoas virão com todos os tipos de problemas: doença, pressões, pro­blemas familiares, problemas financeiros, todo tipo imaginável de problemas.
"Virão, não somente para receber conhecimento geral a teu respeito, mas também para receber uma solução real a seus problemas. Se eu não lhes der fé viva, rhema, então voltarão para suas casas sem terem solucionado nenhum de seus problemas. Necessito de uma mensagem específica, para pessoas específi­cas, num tempo específico."
Então espero até que o Senhor me dá a mensagem. Quando subo ao púlpito, vou marchando como um general, porque sei que a mensagem que vou entregar tem a unção do Espírito Santo.
Depois do sermão, as pessoas vêm a mim e dizem:
— Pastor, o senhor pregou exatamente a palavra de que eu necessitava. Creio que meu problema será resolvido.
Isto acontece porque os ajudei a receber rhema.
Irmãos e irmãs, não estamos edificando na igreja um clube de santos. listamos lidando com assuntos de vida e de morte. Se o pastor não der rhema ao seu povo, então tudo o que lhe resta é um clube religioso superficial. Já temos no mundo clubes sociais como o Rotary, os Kiwanis e outros da mesma natureza, e seus membros também pagam um tipo de dízimo.
As igrejas que nós edificamos devem ser lugar onde as pessoas recebem soluções da parte de Deus. Recebem e vêm milagres em sua vida. E podem conseguir, não meramente um conhecimento intelec­tual de Deus, mas também um conhecimento experi­mental, real e vivo. Mas para que consigam esse objetivo é preciso que primeiro o pastor receba rhema.
Deve-se dar tempo aos cristãos a que esperem na presença do Senhor a fim de que o Espírito Santo tenha tempo de lidar com eles e inspirá-los por meio das Escrituras, ü Espírito Santo pode transformar as passagens bíblicas na "palavra dita" de Deus, e aplicá-las ao coração da pessoa, fazendo com que a "palavra dita passe a ser a "palavra dizente" de Deus. Logos deve transformar-se em rhema.
Agora posso dizer-lhe por que muita gente não recebe a cura. Todas as promessas são potencialmen­te — mas não literalmente — nossas. Nunca tome uma promessa de Deus e simplesmente diga:
"Oh, esta é minha, esta é minha!"
Sim, é sua em potencial, mas só chegará a ser sua na prática quando você esperar perante o Senhor.
Antes que o Senhor conceda uma passagem a um indivíduo ele tem de fazer várias coisas. Primeiro o Senhor deseja limpar a sua vida e fazer com que esse indivíduo se entregue a ele. O Senhor nunca dá promessas de um modo promíscuo. Quando o Senhor lidar com você, você deve tirar o tempo paia permane­cer perante ele. Confesse seus pecados, e entregue sua vida a ele. Quando estas condições necessárias são produzidas, então vem o poder de Deus. E seu coração, assim como o tanque de Betesda, é revolvido por algum texto em particular; então você sabe que essa promessa é sua, e recebe a fé para produzir o milagre necessário.
A saúde corporal não é o objetivo último do Espírito Santo. É necessário que conheçamos bem claramente as prioridades do Espírito Santo. O alvo supremo é a santidade de nossas almas. Quando Deus lida com você, sempre o faz através da santidade da alma. Se sua alma não estiver reta diante de Deus, não importa quanta oração, quanto grito ou quanto pulo você dê, essas coisas não lhe trarão a palavra rhema de que você necessita. É preciso esperar perante o Senhor.
A cura divina depende da soberana vontade de Deus. As vezes uma pessoa recebe cura instantânea; ao passo que outra precisa esperar um pouco mais.
Um dos mais queridos diáconos de nossa igreja caiu doente. Este diácono deu tudo ao Senhor, amando-o e servindo-o de um modo espantoso. Disseram-lhe que tinha um tumor e que os médicos desejavam operar. Mas todos em minha igreja sabiam que o Senhor ia curá-lo, pois ele era um grande santo e de grande fé. Este era o raciocínio deles.
Orei para a cura dele. Então tínhamos 40.000 membros e todos eles oraram, atacando o trono da Graça. E esse diácono reivindicou a cura.
Mas nada aconteceu. Ele piorava cada vez mais. Afinal, sangrava tanto que foi levado ao hospital e sofreu a intervenção cirúrgica. Muitos de nossos membros estavam preocupados e reclamavam.
—  Onde está Deus? Por que Deus o está tratando desta maneira?
Mas louvei a Deus, pois eu sabia que ele tinha algum propósito específico no que estava aconte­cendo.
Ao ser hospitalizado, ele começou a pregar o evangelho a todos com quem entrava em contato. Em breve todo o hospital sabia existir um Jesus vivo, e que seu representante estava ali naquele hospital. Médi­cos, enfermeiras e pacientes eram salvos todos os dias.
Então os membros de nossa igreja regozijaram-se, dizendo:
— Louvado seja Deus! Foi muito melhor que ele se hospitalizasse do que se tivesse recebido a cura instantânea.
Deus mostrou que sua prioridade era a cura eterna das almas e não a cura terrena do corpo físico.
Onde há dor e sofrimento temos a tendência de pedir libertação. Mas não devemos fazer isso. Se o seu sofrimento pode resultar em graça redentora, ou se seu sofrimento torna-se o canal para o fluxo da graça redentora de Deus, então seu sofrimento foi enviado por Deus. Se, entretanto, seu sofrimento torna-o inválido e começa a destruí-lo, então procede de Satanás e você deve orar a fim de livrar-se dele.
Contar-lhe-ei um caso no qual Deus não libertou as pessoas de seu sofrimento.
Aconteceu durante a guerra da Coréia quando 500 ministros foram capturados e imediatamente fuzila­dos e duas mil igrejas destruídas.
Os comunistas eram cruéis para com os pastores. A família de certo ministro foi capturada em Inchon, Coréia, e os líderes comunistas submeteram-nos ao que chamavam de "Tribunal do Povo". Os acusadores diziam:
— Este homem é culpado de cometer este tipo de pecado e por esse pecado deve ser castigado.
A única resposta que recebiam era um coro unâni­me de vozes, dizendo:
— Sim, sim!
Desta vez cavaram um grande buraco, colocaram o pastor, sua esposa e vários de seus filhos dentro dele. Então o líder falou:
—  Todos estes anos o senhor tem desviado as pessoas com a superstição da Bíblia. Se desejar agora retratar-se perante o povo aqui reunido e arrepender--se de sua má conduta, então o senhor, sua esposa e seus filhos serão libertados. Mas se persistir em suas superstições, toda a sua família vai ser enterrada viva. Tome sua decisão!
Todos os seus filhos começaram a chorar, dizendo:
—  Papai, papai, pense em nós!
Imagine a situação desse homem. Se você estivesse em seu lugar, o que teria feito? Sou pai de três filhos e chegaria quase a preferir ser lançado ao fogo do inferno a ver meus filhos serem mortos.
Este pai estava profundamente abalado. Levantou a mão, dizendo:
— Sim, sim, fá-lo-ei. Vou denunciar ... minha .. . Mas antes de poder terminar a frase a esposa tocou-lhe o lado  dizendo:
—  Diga NÃO!
E dirigindo-se aos filhos, essa valente mulher disse:
—  Calem-se, filhos. Esta noite vamos jantar com o Rei dos reis e Senhor dos senhores!
Então começou a cantar o hino No celeste porvir". Seus filhos e marido a acompanharam no cântico enquanto os comunistas começaram a enterrá-los. Logo as crianças estavam enterradas, mas até que a terra lhes chegasse ao pescoço continuaram a cantar e o povo a olhar. Deus não os livrou, mas quase todos os que viram essa execução tornaram-se crentes. Muitos são membros de minha igreja.
Mediante seu sofrimento fluiu a graça da redenção. Deus enviou seu único Filho a fim de ser crucificado na cruz paia que o mundo pudesse ser salvo e redimido. Esse é o objetivo último de Deus — a redenção de almas. De modo que quando a pessoa desejar a cura divina ou uma resposta dos altos, focalize a vista através das lentes do objetivo último, a redenção de almas. Se perceber que seu sofrimento realiza mais redenção do que sua cura, então não peça libertação, mas que Deus lhe dê forças a fim de perseverar.
Nem sempre é fácil fazer distinção entre o sofrimen­to ocasionado por Satanás, do qual Deus deseja livrá-lo, e o sofrimento que Deus pode usar a fim de fazer com que o fluxo da graça redentora continue a fluir. A fim de tomar este tipo de decisão é preciso que a pessoa espere no Senhor e conheça a sua vontade. Não se desanime e ande à procura de oração de um evangelista famoso após outro. Mas, mediante a ora­ção, jejum e fé, deixe que Deus lhe apresente sua vontade.
Quando o Espírito Santo aviva logos da Escritura ao seu coração, concede-lhe uma fé miraculosa. Você sabe que a passagem bíblica não mais pertence à pa­lavra "dita de Deus, mas transforma-se instantanea­mente na palavra "dizente" de Deus para você. Então você deve firmar-se nessa palavra, seguir em frente e praticá-la, embora não possa ver nada. Embora você não possa tocar nada, embora sua vida inteira esteja totalmente às escuras, uma vez que recebe a palavra rhema não tenha medo. Siga em frente e ande por sobre as águas, e verá o milagre. Tenha cuidado, entretanto, em não adiantar-se a Deus.
Muitas pessoas andam na frente de Deus, assim como o tez Paulo em sua vontade de levar o Evangelho de Jesus Cristo. Jesus Cristo ordenou que fôssemos até aos confins do mundo e pregássemos o Evangelho; de modo que Paulo, seguindo a palavra lagos, dirigiu--se para a Ásia. Mas o Espírito de Jesus não permitiu que ele chegasse lá.
Então Paulo disse:
—  Irei para Bitínia —Novamente o Espírito do Senhor disse:
NÃO.
Então Paulo e seus companheiros desceram a Trôade, uma cidade desconhecida. Podemos imaginar suas peregrinações ali, sua confusão, pensando: "Eu estava obedecendo a um mandamento de Jesus. Jesus disse que fôssemos até aos confins do mundo e pregássemos o Evangelho. Por que sou eu um fracas­so?"
Enquanto orava e esperava no Senhor, recebeu a palavra rhema, e apareceu-lhe um homem da Macedônia em uma visão, dizendo; "Passa para a Macedonia, e ajuda-nos!' De modo que ele tomou um barco e foi para a Europa.
Através do exemplo de Paulo podemos novamente ver a diferença entre logos e rhema.

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Algumas pessoas têm vindo a mim com o comen­tário:
— Irmão Cho, posso orai por várias promessas das Escrituras, e posso esperar até que o Espírito Santo avive essas passagens, aplicando-as a mim. Mas como é que posso conseguir rhema na escolha de um marido ou de uma esposa? Li a Bíblia toda, mas ela não diz que devo casar-me com Elizabete, Maria ou com Joana. Como é que posso ter rhema com respeito a este assunto?
—  A Bíblia tampouco diz onde devo estabelecer minha residência, se no Rio de Janeiro, Buenos Aires, Los Angeles ou em Berlim. Como é que posso saber a vontade de Deus a esse respeito?
Estas são questões legítimas. Permita-me dar-lhe os cinco passos que uso a fim de saber a palavra rhema acerca de questões específicas.

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O primeiro passo é colocar-me em ponto neutro — não ir nem para a frente nem para trás; permanecer completamente calmo. Então espera no Senhor, di­zendo: "Senhor, eis-me aqui. Ouvirei a tua voz. Se disseres sim', irei; se disseres 'não', não irei. Não desejo tomar decisões para meu próprio benefício, mas decidir segundo o teu desejo. Seja algo bom para mim, ou seja algo mau, estou pronto a aceitar tua direção."
Com esta atitude espero pelo Senhor. Muitas vezes a melhor coisa a fazer é jejuar e orar, pois se a pessoa come demais fica cansada e não pode orar. Então, ao perceber que está realmente calma, pode partir para o segundo passo.

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A segunda coisa que faço é pedir que o Senhor revele sua vontade através de meu desejo. Deus sempre vem a você através de seu desejo santificado. "Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará aos desejos do teu coração" (Salmo 37:4). "O anelo dos justos Deus o cumpre" (Provérbios 1024). "Por isso digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco" (Marcos 11:24)
Desejar é, pois, um dos pontos focais de Deus. Além disso, Filipenses 2:13 diz: "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade."
Através do Espírito Santo, Deus coloca em seu coração o desejo, levando você a desejar fazer a vontade dele. Portanto, faça a seguinte oração: "Se­nhor, agora dá-me o desejo segundo a tua vontade."
Ore e espere no Senhor até que Deus lhe dê o desejo divino. Ao orar, muitos desejos, desejos lindos fluirão à sua mente. Tenha a paciência necessária para que também os desejos de Deus lhe venham à mente. Não se ponha de pé, dizendo: "Oh, já tenho tudo", e em seguida saia correndo. Espere na presen­ça do Senhor um pouco mais. Satanás também pode dar desejos, mas também os desejos podem surgir de seu próprio espírito, ou ser dados pelo Espírito Santo.
O tempo sempre é uma prova. Se esperar com paciência, seu próprio desejo e o desejo de Satanás tomar-se-ão cada vez  mais fracos, mas o desejo do Espírito Santo, cada vez mais forte. Por isso espere e receba o desejo divino.

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Depois de meu desejo tornar-se claro, então dou o passo três: comparo esse desejo com o ensino bíblico.
Certo dia uma senhora veio a mim. Emocionada dizia:
— Oh, pastor Cho, vou contribuir com uma grande soma para seu ministério.
— Louvado seja o Senhor! — exclamei. — Assente--se e conte-me a respeito disso.
   Tenho um desejo fantástico de entrar para o mundo dos negócios. Fiquei sabendo de uma boa empresa, e se entro nela, vou ganhar muito dinheiro.
  Que tipo de negócio é?
  Tenho um desejo ardente de monopolizar o mercado de cigarros. Tabaco, o senhor percebe.
  Esqueça-se disso — retorqui.
— Mas tenho o desejo! — disse ela. — Um desejo ardente, como o senhor sempre pregou.
  Esse desejo procede de sua própria carne — respondi. — Já examinou a Bíblia a fim de verificar se o que estará fazendo é escriturístico?
Não.
  Seu desejo deve ser provado pela Escritura — instruí-a. — A Bíblia diz que somos templos do Espírito Santo 11 Coríntios 6:19). Se Deus desejasse que seu povo fumasse ele teria feito nosso nariz de maneira diferente. Chaminés devem dar para cima, e não para baixo. Pense no nariz: aponta para baixo e não para cima. O propósito de Deus não era que fumássemos, porque nossa chaminé aponta para baixo. A habitação do Espírito Santo é seu corpo. Se o poluir com fumaça, então estará poluindo o templo do Espírito Santo. Seu desejo está fora da vontade de Deus. Seria melhor que simplesmente se esquecesse desse novo negócio. Certo homem veio a mim, dizendo:
— Pastor, fiz amizade com uma linda mulher, uma viúva. Ela é terna, linda e maravilhosa. Ao orar, tenho um desejo ardente de me casar com ela. Mas também tenho minha mulher e filhos.
— Olhe — respondi. — Esqueça-se disso, porque tal coisa procede do diabo.
— Oh, não, não. Não é do diabo — discordou ele. — Quando orei, o Espírito Santo me disse ao coração que minha esposa não é exatamente o tipo de costela que se encaixa a meu lado. Minha esposa é sempre um espinho na carne. O Espírito Santo falou dizendo que essa viúva é minha costela perdida, que se encaixará perfeitamente em meu lado.
Disse-lhe eu:
  Isto não procede do Espírito Santo. Vem do diabo.
Muitas pessoas cometem esse tipo de erro. Se orarem contra a Palavra escrita de Deus, então o diabo falará. O Espírito Santo jamais contradirá a Palavra escrita de Deus. Esse homem não me deu ouvidos, divorciou-se de sua mulher e casou-se com a viúva. Agora é o mais infeliz de todos os homens. Descobriu que sua segunda costela era ainda pior do que a primeira.
Todos os nossos desejos devem, portanto, ser examinados à luz das Escrituras. Se você não possuir a autoconfiança de fazer isso, então vá ao seu ministro ou pastor.

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Depois de examinar o desejo à luz da Palavra escrita, dos ensinamentos de Deus, então estou pron­to para o passo número quatro: pedir um sinal a Deus, tirado de minhas circunstâncias. Se Deus verdadeira­mente lhe falou ao coração, então poderá dar-lhe um sinal do mundo exterior.
Quando Elias orou sete vezes pedindo chuva, rece­beu um sinal do céu — uma mancha do tamanho do punho do homem, uma nuvem apareceu.
Gideão também pode servir-nos de exemplo, pois ele também pediu um sinal. Deus sempre me mostrou um sinal de minhas circunstâncias; às vezes esse sinal era muito pequeno, mas ainda era um sinal.

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Depois de receber o sinal, então o passo final: oro até conhecer o horário de Deus. O horário de Deus é diferente do nosso.
A pessoa deve orar — até que tenha paz real, pois a paz é como o árbitro. Depois de orar, se ainda sentir--se inquieta, então o horário não era certo. Significa que o sinal ainda está vermelho; portanto, continue a orar e a esperar. Quando o sinal passar do vermelho para o verde, chegar-lhe-á paz ao coração.
Então você deve sair correndo. Vá, portanto, com velocidade total, com a bênção de Deus e com a rhema de Deus. Milagre após milagre lhe seguirão.
Em minha vida cristã sempre tenho seguido estes cinco passos. Até aqui Deus tem confirmado essa maneira de caminhar com sinais e milagres. Estes resultados devem mostrar claramente a diferença entre logos e rhema.
No futuro você não precisa ficar confuso acerca das promessas de Deus. Quantidade alguma de reivindi­cação, trabalho, pulos ou gritos o convencerá. Deus mesmo o convencerá dando-lhe ao coração a sua fé.
A versão de Almeida, de Marcos 1122, 23 diz que se a pessoa tiver a fé em Deus poderá então ordenar a um monte que se atire no meio do mar. O texto grego, entretanto, diz que a pessoa deve ter a fé de Deus.
Como é que se pode ter a fé de Deus? Ao receber rhema a fé que lhe é dada não é sua; foi-lhe concedida por Deus. Depois de receber essa fé, que vem do alto, então pode ordenar que montanhas sejam removidas. Sem receber a fé de Deus a pessoa não pode fazer tal coisa.
Se não for por outra razão, você deve estudar cuidadosamente a Bíblia — desde o Gênesis ao Apocalipse — a fim de proporcionar ao Espírito Santo o material de que ele necessita para operar. Quando a pessoa espera no Senhor, o Espírito Santo concede--lhe essa fé. E ao agir consoante a essa fé, grandes milagres seguirão em seu ministério e em seu lar.
Portanto, espere no Senhor; jamais será isso um desperdício de tempo. Quando Deus lhe fala ao coração, ele pode, em um segundo, fazer coisas muito maiores do que você poderia fazer num ano inteiro. Espere no Senhor, e verá grandes coisas realizadas.