sábado, 24 de abril de 2021

Vaso para honra - 05 - A Armadura de Deus



Capítulo 5

A Armadura de Deus


            Quando a última secadora foi desligada, o silêncio caiu como um manto sobre a lavanderia. Joyce saiu de seus pensamentos, desperta­da pelo silêncio. Ela estava dobrando a última leva de roupas. Olhou para cima e ao redor, percebendo que era a única pessoa que ainda estava no prédio. Ela começou a sentir-se intranqüila. Rapidamente pegou a última leva de roupas e a jogou na cesta, sem dobrar. Ao fazer isso, viu que a porta do fundo se abriu.
            Ela olhou para fora e gelou.
            Ali, do lado de dentro, junto à porta, estavam dois jovens bem altos, Eles ficaram de pé, lado a lado, olhando para ela em silêncio. Eles irradiavam maldade!
            "Oh, Senhor, ajuda-me!"-orou Joyce. Ela pegou sua cesta de rou­pas e as chaves do carro e andou em direção à porta da frente. Os dois homens na porta do fundo não se moveram.
            Enquanto ela corria para a porta de frente, uma limusine branca parou em frente da lavanderia. Mais dois homens altos dirigiram-se à porta da frente e tomaram posição, um em cada lado da porta, do lado de fora.
            "Senhor, ajuda-me a passar por eles!" - gritou Joyce em sua mente. O medo lhe assaltava.
            Quando alcançou a porta da frente e pôs os pés do lado de fora, na calçada, a porta de trás da limusine abriu-se e uma mulher desceu. A primeira vista, não havia nada especial nela. Estava vestida de forma meio relaxada, com calças compridas pretas apertadas, que revelavam que era um pouco gorducha. Seu cabelo, na altura dos ombros, era predominantemente grisalho. Ela irradiava, porém, demônios po­derosos e malignos.
            Joyce parou de andar, e balançou quando a força demoníaca do senhor príncipe demônio Dantallion a atingiu. A mulher era Sedona - aquela que era inimiga mortal de Joyce desde quando esta ainda esta­va na bruxaria.
            Ondas de medo repentinamente tomaram conta de Joyce. Imagens do passado vieram à sua mente numa rápida sucessão: cenas horripi­lantes de torturas e tormentos. Joyce esforçou-se para pensar, esfor­çou-se para respirar. Era como se estivesse mergulhando num mar de tormento mental.
            Reunindo toda a sua força e disposição contra a investida daquela mulher, Joyce forçou seus pés a dar dois passos para a frente, agarrando-se na cesta de roupas e nas chaves do seu carro, temendo por sua vida. Sedona avançou à frente, bloqueando o seu caminho.
            - Aonde você pensa que vai? - disse-lhe bruscamente.
            Joyce sacudiu a cabeça - tentando desanuviar as idéias. - Estou indo para casa - gaguejou.
            - Oh, não, nem pense nisso! Você é minha!
            Com o último resto de força que lhe sobrava, Joyce falou tão firme­mente quanto pôde:
            - Sua? Não, não sou! Eu te repreendo em nome do Senhor Jesus Cristo. Eu pertenço a Jesus!
            Sedona hesitou por um momento, mas somente por um momento. Ela avançou e agarrou o braço de Joyce no cotovelo, com uma força cruel. Joyce inclinou-se para trás e tentou soltar-se, mas não conse­guiu livrar-se. A dor atingiu o seu braço e a envolveu em ondas. Era uma dor lancinante. Instantaneamente a dor mental aumentou cem ve­zes mais. Imagens rodopiavam em sua mente, de cenas terríveis de demônios e torturas de outros seres humanos. Ela inclinou-se para trás novamente, mas foi incapaz de pronunciar qualquer palavra.
            Sedona soltou o seu braço e lhe disse:
            - Eu a apanhei agora! A lua cheia será em quatro dias; você agora é o meu troféu, o meu sacrifício ao senhor Satanás.
            Novamente Joyce sacudiu a cabeça, mas não teve força para falar. Sedona continuou; suas palavras vinham como tiros rápidos:
            - Eu conheço cada movimento seu. - E então começou a descrever com total precisão tudo o que Joyce havia feito na semana anterior.
            - Posso pegar você a qualquer hora que eu quiser - vangloriou-se.
            Algo moveu os pés de Joyce. Ela começou a andar, não sabendo como. Estava fora de si, incapaz de controlar a si mesma. Em seu interi­or, clamava ao Senhor por ajuda. Mas simplesmente ela não podia pen­sar! Aquelas cenas horríveis continuavam a encher a sua mente.
            Sedona estava furiosa, mas parecia estranhamente incapaz de fazer qualquer coisa.
            - Você é minha! - disse com deboche. - Vou pegar você no mo­mento em que eu quiser! Eu a farei pagar pela humilhação que você me fez passar! Eu apegarei... em breve!
            Enquanto cuspia essas últimas palavras, retornou à limusine.
            Joyce, quando se deu conta, estava correndo. Atravessou apressa­damente todo o estacionamento. Seu carro estava estacionado no final do terreno. Pareciam quilômetros o que teve que percorrer, mas final­mente ela chegou até o carro. Enquanto abria a porta com mãos trêmulas, a limusine saiu ruidosamente do estacionamento. Joyce en­trou no carro e pôs a chave na ignição. Então ela desmaiou e não se lembrou de mais nada.
            Quanto tempo havia se passado? Joyce não sabia. De repente abriu os olhos. Surpreendida com o que acontecia, piscou os olhos ao per­ceber que estava guiando o carro, já chegando em casa! Ela não tinha recordação alguma de todo o caminho percorrido até a sua casa. Co­locou o carro na garagem e, de alguma forma, saiu do carro e entrou no apartamento. Ali ela desmoronou-se, em lágrimas, no chão.
            - Obrigada, Senhor Jesus! - soluçou. - Obrigada por me ter permi­tido chegar em casa.
            Foi só até onde ela conseguiu ir. Dantallion atacou-a com fúria redobrada. A dor explodia em sua cabeça e descia para o braço e para o estômago. Ela curvou-se de dor. Aquelas horríveis imagens horripi­lantes permaneciam vindo à sua mente, umas após outras. Eram cenas terríveis demais para descrever.
            - Eu repreendo e amarro vocês, demônios, em nome de Jesus, -Joyce murmurou fracamente. O ataque diminuiu ligeiramente. Ela ar­rastou-se na direção do telefone. Os demônios a atacaram novamen­te. Ela começou a bater com a cabeça no chão.
            - Não! Em nome de Jesus, Não! - gritou.
            Segurou então a cabeça com as duas mãos, forçando-a a parar.
            - Eu ordeno que você pare, em nome de Jesus - disse ela de novo, desta vez com um pouco mais de força.
            Mais uma vez continuou a arrastar-se até o telefone. "Tenho que telefonar para Rebecca e Elaine para pedir ajuda", pensou.
            Finalmente alcançou o telefone, mas estava fraca demais para ficar de pé. Com o tato procurou alcançar o telefone na bancada da cozinha. Final­mente sua mão o encontrou. Ela fez o telefone cair no chão, sobre si. Um frasco de óleo que estava na bancada junto ao telefone caiu junto com ele.
            "Obrigada, Jesus" - suspirou, quando sua mão fechou-se ao redor do frasco de óleo, somente para em seguida vê-lo cair de suas mãos, quando os demônios a atacaram novamente, tirando-lhe o fôlego. Ela sentia como se garras enormes estivessem rasgando os seus órgãos.
            "O óleo, pegue o óleo. Amarre os demônios colocados em seu bra­ço por Sedona." O pensamento do Espírito Santo abriu caminho atra­vés do caos de cenas tortuosas que explodiam no cérebro de Joyce.
            "Sim, Senhor - disse ela chorando. "Por favor, ajude-me Jesus!"
            Ela arrastou-se para a frente e apanhou o frasco de óleo de novo.
            - Parem, em nome de Jesus! - ela ordenou de novo.
            Desta vez tirou a tampado frasco de óleo e o derramou sobre o seu braço, onde Sedona o havia agarrado.
            - "Aaaaaaai! - gritou ela.
            Uma dor terrível atingiu o seu braço.
            - Em nome de Jesus eu ordeno que todo demônio colocado em mim por Sedona seja amarrado! E vão embora, em nome de Jesus!
            A dor diminuiu e a sua mente começou a clarear um pouco. Ela pegou o telefone e discou. Elaine respondeu Rebecca não estava em casa, mas Elaine uniu-se a Joyce em oração. Os demônios foram for­çados a recuar um pouco, mas não foram embora.
            -Vou telefonar para Rebecca- disse Elaine. - Ela está no trabalho, mas vou pedir para ela ligar para você.
            Joyce desligou e esperou, orando por forças. A oração com Elaine tinha ajudado. Pelo menos ela agora era capaz de pensar. Estava ganhando forças. Levantou-se do chão e sentou-se no sofá. "Bem, pelo menos es­tou fazendo progresso", ela pensou, com um sorriso amarelo.
            Trim!... era Rebecca. Joyce descreveu em poucas palavras o que tinha acontecido.
            - Diga-me, Joyce, Sedona pôs um alfinete de maldição em seu bra­ço? - Rebecca perguntou.
            Joyce não havia pensado nisso. Cuidadosamente apalpou o braço. Ali estava ele!
            - Sim - disse devagar. - Posso senti-lo, agora vejo onde ele pene­trou. Sinto que está entrando mais a fundo.
            - Sim, era o que eu pensava. Os demônios gostam de fazer isso. Esse alfinete tem que sair e rápido. Você tem algum óleo aí?- disse Rebecca.
            - Sim, e já ungi o braço - respondeu Joyce.
            - Ótimo!, mas você terá que fazer isso de novo. Temos de pedir ao Senhor para que impeça essa coisa de penetrar mais a fundo. Vou também pedir-lhe que o puxe todo para a superfície. Torne a ungir o braço e eu ficarei com você em oração.
            - Está bem - concordou Joyce.
            Ela espalhou o óleo sobre o braço novamente, na área onde estava o alfinete enfeitiçado. Rebecca começou a orar:
            "Pai, em nome de Jesus nós nos apresentamos diante do teu trono. Eu intercedo contra Satanás, por minha irmã Joyce. Ela pertence a ti, Senhor. Satanás não tem direito sobre ela. Em nome de Jesus eu te peço que detenhas esse alfinete de maldição e que o tragas para a superfície. Em nome de Jesus ordeno que todo demônio associado com esse alfinete seja amarrado!"
            Joyce gemeu. Seu braço começou a arder de novo, e os demônios se agitaram no seu estômago. Então a dor começou a diminuir.
            - Estou sentindo-me melhor agora - disse a Rebecca. - Dá para ver uma manchinha negra; acho que é a ponta do alfinete.
            - Bem, fique aguardando. Eu estarei em casa logo que puder - será dentro de mais ou menos uma hora.
            - Tudo bem - disse Joyce. - Estou realmente me sentindo melhor agora.
            Quando Rebecca chegou em casa, Joyce havia melhorado a ponto de ter-se dirigido até lá. Rebecca ficou esperando por ela. Joyce ainda estava sendo atormentada por lembranças que voltavam, mas não tão fortemente. O alfinete de maldição podia facilmente ser visto, sob a superfície de sua pele, e foi facilmente removido. Era um pequeno pino de metal, com pouco mais de um centímetro, do tamanho de uma far­pa- mas muito mortal. Tão logo o alfinete foi retirado, Joyce orde­nou, em nome de Jesus, que Dantallion e todos os demônios associ­ados com o alfinete de maldição fossem embora imediatamente. Eles saíram e ela finalmente ficou livre. (Ver a figura 5-1.)
            - Não estou certa de que isso é o fim de tudo - disse Rebecca ponderadamente.
            - Bem, se for o tipo de encantamento que eu estou pensando, provavel­mente não é - concordou Joyce. - Sedona sabia que seria bom usar Dantallion porque ele é, particularmente, um príncipe demoníaco que realmente me odiava. Eu o reconheci imediatamente. Ele tem uma habili­dade peculiar para afligir a mente. Este alfinete parece-se com uma efígie usada no vodu. Acho que conheço o encantamento que Sedona fez.
            - Estou com medo porque passei por diversos rituais anteriormente que me prepararam para este encantamento. Foram colocados fios neste braço, que poderiam ser usados. Nunca imaginei que alguém os fosse usar, mas Sedona tinha conhecimento deles.


Figura 5-1 (Fotos de alfinetes de maldição)

            - Por que foi que você fez isso, conhecendo as possíveis conse­qüências?
            - Em troca de poder.
            -É claro! - suspirou Rebecca. - Os servos de Satanás fazem qual­quer coisa para conseguir mais poder. Bem, eu não tenho dúvida de que Sedona pode ter feito este encantamento de morte - comentou Rebecca. -Vejamos, depois desta noite haverá ainda mais três noites, antes da próxima noite de lua cheia. Creio que então este encantamen­to deveria estar completo. Isso seria coerente com a ameaça que ela fez, de ter você como sacrifício nesta lua cheia.
            - Sim, é isso mesmo! Este tipo de encantamento acontece após três ou quatro dias. Adquire-se uma grande vela preta na forma de um homem ou mulher. Então é feito o encantamento, que inclui algum tipo de sacrifício de sangue. Parte do encantamento envolve acender a vela e pôr nela de seis a nove alfinetes com efígies, em posições específicas, dependendo do que se quer que seja feito. Todos os alfinetes, me­nos um, devem ser inseridos na vela. O último alfinete deve ser inserido na pessoa contra quem se está fazendo o encantamento. Então, neste encantamento específico de morte, à medida em que a vela vai se quei­mando continuamente durante três ou quatro dias, o alfinete na pessoa é manipulado pelos demônios. Ele literalmente semeia outras peças de metal que correspondem ao número total de pinos. Os pedaços de ara­me previamente colocados no meu braço passam a ser controlados por demônios após a inserção do alfinete. À medida que a vela se derrete, as peças de metal crescem junto na pessoa, na forma de uma cruz inverti­da. Na primeira noite de lua cheia, o encantamento é completado e a cruz invertida é formada na pessoa. Quando a vela se extingue, a pessoa morre. É uma praga de vodu muito antiga e poderosa.
            - Bem, nós retiramos o alfinete principal de você, mas eu ainda estou preocupada com esses outros fios de arame e as sementes do alfinete - disse Rebecca. - Você acha que os demônios tiveram tempo de colocá-las em você?
            - Não sei, mas eu não ficaria surpresa- disse Joyce pausadamente.
            - O que podemos fazer?
            - O que sempre fazemos, - disse Rebecca - vamos pedir ao Pai para cuidar disso. Vamos ungir todo o seu braço e pedir-lhe que traga à superfície quaisquer outros alfinetes ou metais antes da última noite.
            E assim elas ungiram todo o braço de Joyce e oraram nesse sentido. (De fato, três dias depois, na primeira noite de lua cheia, uma cruz invertida, empolada e avermelhada, começou a formar-se no braço de Joyce. Mais três pedaços de arame foram removidos do seu braço ao longo das linhas da cruz invertida. À medida que os arames iam sendo removidos e tendo Rebecca ungido novamente o braço de Joyce, as linhas vermelhas foram desaparecendo e a maldição foi completamen­te quebrada! Joyce está viva e passando bem. Somente o poder de Jesus Cristo pode quebrar uma maldição poderosa como essa!)
            Após orar e ungir o braço de Joyce, elas ficaram sentadas em silên­cio por alguns minutos. Então Rebecca falou de novo:
            - Ouça, Joyce, - disse serenamente - há uma lição a ser aprendida com o que aconteceu. Para o meu gosto, esta passou raspando...
            - Sim, eu sei - disse Joyce enfaticamente. - Foi somente a mão do Senhor que me salvou! O Pai honrou a sua aliança com você novamente. Ele salvou a minha vida. Somente Deus impediu Sedona de me raptar ali mesmo. Ela parecia incapaz de fazer qualquer coisa além de ameaças.
            - Sim, eu sei - Rebecca acenou afirmativamente. - Mas, Joyce, não era para ela tocar em você!...
            - Como eu poderia tê-la impedido? - perguntou Joyce. - Eu estava cercada de todos os lados por aqueles homens.
            - Você deveria ter começado a lutar imediatamente. Lembra-se de como eu tenho lhe dito que a armadura de Deus é real? Ela é real no mundo espiritual mas afeta o plano físico também.
            - Sim, mas eu não entendo como eu poderia tê-la usado. Eu a repre­endi em nome de Jesus.
            - Isso não foi suficiente. Você assumiu uma postura puramente de­fensiva. Você apenas ficou ali, parada. Como você não lutou, subme­teu-se a Sedona. Por isso ela pôde fazer o que fez. Você permitiu que o medo a dominasse. Você devia ter assumido uma atitude agressiva e ofensiva desde o começo. Se você tivesse feito isso, ela nunca teria conseguido pôr as mãos em você. Não teria como pôr aquele alfinete de maldição em seu braço.
            - Sinto muito, mas simplesmente não entendo - disse Joyce enquan­to esfregava a testa, cansada.
            Rebecca pôs-se de pé e colocou o braço ao redor dela, dando-lhe um abraço.
            - Está bem. Você está muito cansada para isso esta noite. É tarde e você tem que ir trabalhar amanhã de manhã. Vá para a cama e falare­mos sobre isso amanhã, quando você estiver mais descansada. En­quanto isso, vamos orar e pedir ao Pai que a ajude a entender. Fique aqui esta noite, pois aqui estará segura.
            Exausta, Joyce concordou e lançou-se na cama.
            No dia seguinte, Joyce retornou à casa de Rebecca na volta do tra­balho. Ela estava excitada.
            - Rebecca, ouça isto. Esta noite o Senhor me deu um sonho, mos-trando-me a armadura e como usá-la. Eu entendi, finalmente. E hoje ele me deu uma chance de experimentá-la.
            - Fantástico! Conte-me tudo.
            - Eu fui trabalhar esta manhã e descobri que eles estavam com ex­cesso de pessoal. Então, ofereci-me voluntariamente para tirar o dia de folga. Enquanto eu passava pelo corredor, em direção ao vestiário das enfermeiras, para trocar de roupa, vi um homem vestido com o uniforme do pessoal da manutenção, vindo em minha direção. Não havia ninguém mais no corredor. Quando ele me viu, acelerou o passo. Eu imediatamente o reconheci como sendo um dos homens que havi­am estado com Sedona ontem. Ele tinha algo em sua mão que parecia ser uma faca. Eu decidi que não passaria pelo que passei ontem!
            - Então, o que você fez? - Rebecca perguntou.
            - Quando ele chegou perto de mim, eu disse: "Pare, em nome de Jesus! Você não vai tocar em mim!" O Pai me havia mostrado como pôr o escudo em meu braço. (Ver a figura 5-2). Levantei o antebraço diante de mim e avancei diretamente em direção a ele. Ele pareceu estar espan­tado. Eu não via o escudo, mas não tenho dúvidas de que ele o viu. Literalmente o empurrei contra a parede sem tocar nele fisicamente. Ele ficou achatado contra a parede, boquiaberto. Ordenei então a todos os demônios dele que fossem amarrados no nome de Jesus e disse-lhe que não podia tocar-me. Ele apenas ficou ali, parado, contra a parede. En­tão dei meia volta e corri para o vestiário. Quando saí de lá ele já tinha ido embora. Não voltei a vê-lo novamente.
            - Maravilhoso! - exclamou Rebecca. - Era isso exatamente o que eu estava tentando dizer-lhe na noite passada. Apesar de não podermos ver a armadura de Deus, ela é uma armadura real no mundo espiritual. Podemos usá-la no mundo físico se o Espírito Santo assim nos dirigir.
            - Sim, foi precisamente isso que o Pai me mostrou naquele sonho. Ele me mostrou como o capacete da salvação é colocado sobre a nossa cabeça para protegê-la. Ele me disse que quando aqueles demônios de medo me atingiram, naquele dia, imediatamente eu os devia ter repreendido, em nome de Jesus, ordenando-lhes que fossem embora, recusando-me a aceitá-los, porque eu estava protegida pelo capacete. Eles me acertaram porque eu aceitei o ataque, em vez de repeli-lo. Depois o Senhor me mostrou a couraça da justiça, e como ela protege o nosso peito. O cinturão da verdade é como uma faixa e é a única parte da armadura que passa atrás, em nossas costas. Você sabe, é como a armadura que os solda­dos romanos usavam. O escudo é grande, quase da nossa altura. E a espada é exatamente como a que aparece desenhada na capa dos seus dois primeiros livros. É pura luz branca com o punho dourado.

- Sim - assentiu Rebeca. - Como você acha que eu sabia como encomendar ao artista o desenho da espada?
            - Você nunca me disse que a havia visto - disse Joyce. - Mas, pen­sando bem, suspeito que há muita coisa que você ainda não me disse.
            - Sim, - riu Rebecca - acho que sim. Lembro-me muito bem de algumas ocasiões em que tive que usar a armadura de Deus no mundo físico. Aprendi pela primeira vez sobre a realidade da armadura quan­do o Senhor permitiu que alguns demônios se manifestassem fisica­mente e tentassem me matar. Então o Espírito Santo mostrou-me que temos esta armadura por fé e que podemos usá-la quando ele nos orientar nesse sentido.
            - Então, quando foi que você a usou? - perguntou Joyce.
            - Bem, uma vez foi há muitos anos, quando eu ainda exercia a medi­cina. Eu tinha retornado ao hospital para ver um paciente, no meio da noite. A parte do estacionamento reservada para os médicos ficava a uma pequena distância, a pé, do hospital, e o hospital não ficava numa área muito boa da cidade. Tive que andar a pé até o carro, sozinha, naquela noite. Eram cerca de três horas da madrugada. Senti-me inco­modada. Tudo estava quieto demais, e faltavam apenas duas noites para a lua cheia. Os satanistas estavam realmente irados comigo por­que eu estava trazendo muitos a Cristo.
            - Naquela noite em particular, - continuou - cheguei ao carro e parei para olhar em volta porque sentia que alguém estava no estacionamen­to, mas eu não podia ver ninguém. Tentei colocar a chave no buraco da fechadura, mas ela não entrava. Algo a estava bloqueando! Orde­nei a quaisquer demônios que estivessem interferindo na fechadura que fossem embora imediatamente, mas não adiantou. Ouvi um som e olhei ao redor, e vi quatro homens grandes e ameaçadores vindo em minha direção. Os seus demônios brilhavam. Eu não tinha dúvida alguma de que eles planejavam servir-me como o prato principal em seu sacrifí­cio a Satanás na lua cheia. E de admirar que eu não tenha tido um ataque do coração na mesma hora, pois estava tão amedrontada! Es­tou certa de que eles estavam lançando contra mim todos os demônios de medo que podiam.
            - O que você fez? - Joyce perguntou impacientemente.
            - Ordenei-lhes que parassem e ordenei aos seus demônios que fos­sem amarrados, em nome de Jesus, mas isso parecia não perturbá-los. Eles apenas continuaram a vir em minha direção. Eu continuei a repreendê-los, e eles começaram a rir. "Você está tristemente equivo­cada se pensa que o seu Jesus pode protegê-la de nós" - disse o líder, sarcasticamente. - Eles estavam a cerca de três metros de mim a essa altura. De repente o Espírito Santo falou comigo: "Não se esqueça da armadura." Assim, em fé, simplesmente pedi que o Senhor colocasse a sua espada em minha mão e que fizesse com que aqueles sujeitos a vissem. Então mantive a minha mão à minha frente como se estivesse segurando uma espada. Imediatamente os homens se detiveram, sur-presos. Eles protegeram os olhos como se estivessem frente a uma luz muito brilhante. Eu estava maravilhada. "Muito bem, rapazes" – eu disse. “Se vocês querem uma luta, venham! Eu vou enfrentá-los com isto." — Eles ficaram parados por um minuto e então o líder falou bem alto: "Vai mesmo? Aposto que você não sabe usar isso aí." - "Quer apostar?" - disse eu. "Então venha e eu lhe mostrarei. Eu não luto com o meu próprio poder, mas com o poder do meu Senhor Jesus Cristo. Vocês e seus demônios não são páreo para ele!"
            Rebecca prosseguiu:
            - Eles demonstraram estar hesitantes a essa altura. Aproveitei a minha vantagem e dei alguns passos em direção a eles, repreendendo-os em nome de Jesus. Eles recuaram um passo, e então eu continuei a andar em direção a eles, ainda mantendo a mão à minha frente. Ainda bem que eles não sabiam o quanto meus joelhos estavam tremendo! Com isso, rapida­mente aprendi que eu não podia nunca demonstrar dor ou medo. Eles arrastaram os pés, incomodados. Então, de repente, eles se dispersaram e saíram correndo. Eu voltei depressa para o carro e desta vez a chave entrou perfeitamente na fechadura. E saí dali o mais rápido que pude!
            - Você viu a espada? - perguntou Joyce.
            - Não, eu não a vi. Tive que permanecer na fé de que ela estava lá porque o Espírito Santo me havia dito para usar a armadura. Mas eles obviamente a viram. Os satanistas, de qualquer forma, podem ver no mundo espiritual a maior parte do tempo, mas os demônios manipulam o que eles vêem. Foi por isso que eu pedi que o Pai os fizesse ver a espada. Eu receava que, de outra forma, os demônios pudessem im­pedi-los de vê-la. Eu gostaria de ter podido vê-la, mas não a vi. Acho que, se a tivesse visto, a fé não teria sido necessária. Temos que andar sempre esta nossa jornada em fé.
            - Sim, e muitas vezes isso é muito difícil - comentou Joyce. - Conte-me sobre algumas das outras vezes.
            - Bem, em vez de falar sobre mim mesma, vou contar-lhe uma expe­riência que uma outra pessoa, que também saiu da feitiçaria, teve re­centemente. Você se lembra de Annie? (Não é este o seu nome real.) Acho que você a encontrou uma vez quando ela esteve aqui, não foi?
            - Sim, lembro-me dela.
            - Annie ficou conosco por cerca de cinco meses. Ela tinha sofrido terríveis abusos na feitiçaria. Quando tinha sete anos de idade, sua mãe tentou fugir com ela. As duas foram apanhadas e levadas de volta. Annie foi então forçada a assistir ao sacrifício de sua mãe, como puni­ção. Ela foi usada para ter bebês e em todas as formas de pornografia, tanto quando criança, como na idade adulta. Uma vez tentou sair, cer­ca de três anos antes de eu a conhecer. Dois grandalhões da feitiçaria apanharam-na, levaram-na de volta, e abusaram dela sexualmente como punição. No entanto, quando ela veio até mim, ela aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador. Isso faz toda a diferença do mundo!
            - É para mim que você diz isso?!, - disse Joyce emocionada. - É impossível sair da feitiçaria e viver, de qualquer outra maneira. Somente o poder de Jesus pode libertar alguém de lá permanentemente!
            - Cerca de um mês depois de Annie ter sido inteiramente liberta, aconteceu de um dia ela precisar ir ao shopping, e eu não podia ir com ela. Eu não posso proteger todo o mundo o tempo todo. São momen­tos como esse que realmente provam a minha fé. Mas sei que as pes­soas têm que aprender a ficar de pé por si mesmas, com o Senhor. Deixei Annie ir, mas eu estava muito preocupada. Ester foi com ela.
            - Mais tarde, naquela noite, - continuou Rebecca - o Espírito Santo falou comigo dizendo-me para orar, pois Annie estava em perigo. Eu estava com visitas em casa, então pedi-lhes que fizéssemos uma pausa para orarmos todos pela segurança de Annie. Cerca de uma hora de­pois, Annie e Ester chegaram em casa. Annie mal podia sair do carro e caminhar. Eis o que aconteceu, conforme ela e Ester me contaram:
            - Exatamente naquela manhã, no dia em que Annie saiu pela primei­ra vez sozinha - foi dizendo Rebecca - eu tinha falado com ela sobre a armadura de Deus, citada em Efésios 6. Disse-lhe sobre a realidade da armadura. Lembro-me de lhe ter dito que, quando se está numa situação difícil, algumas vezes é útil passar a mão de alto a baixo à frente de si mesmo e dizer algo como "Eu sei que tenho um escudo aqui à minha frente, um escudo de fé em Jesus Cristo". Não é necessário fazer isso, naturalmente, mas isso nos ajuda a permanecer em fé numa situação difícil. O que eu não sabia é que Annie teria que usar o escudo naquele mesmo dia, mais tarde. Enquanto Annie e Ester esta­vam andando pelo shopping, repentinamente Annie parou, confrontada por três grandalhões. Annie é uma coisinha minúscula, ela é baixi­nha e pesa apenas uns 40 quilos. Os três homens tinham bem mais de um metro e oitenta de altura cada um. Dois deles eram os mesmos satanistas que a haviam apanhado três anos antes, quando ela tinha tentado fugir. Eram os mesmos que haviam abusado dela sexualmente de maneira tão cruel, por tentar fugir do meio dos satanistas. O shopping estava movimentado, como de costume, e centenas de pessoas pas­savam por eles sem nem sequer notar a incrível cena que se desenrolava ali. Ester deu dois passos para trás com medo, não sabendo exatamente o que fazer. Annie apenas ficou ali em silêncio, olhando para aqueles três homens. O líder falou, num tom ameaçador: "Você vem conosco!" Annie estava tremendo de medo, mas ela conseguiu falar: "Não, eu não vou! As coisas são diferentes agora. Agora eu sirvo a Jesus. Não sirvo mais a Satanás." O homem então zombou: "E daí? Você vai vir conosco. Você não vai escapar assim tão facilmente desta vez!"
            - Annie estava tão assustada - continuou Rebecca - que ela não sabia o que fazer. Subitamente o Espírito Santo despertou em sua mente o que eu tinha dito sobre o escudo da fé, naquela manhã. Ela respirou profundamente e passou a mão de cima para baixo em frente de si mesma, dizendo: "Não vou, não! Vocês não podem me levar. Como vocês vêem, eu tenho um escudo à minha frente. O escudo é o poder de Jesus Cristo, meu Senhor." Os três homens riram. "Que escudo? Eu não vejo nenhum escudo", disse o líder. "Mas eu vou lhe dizer, se você quer uma luta, eu concordo. Meu poder contra o seu poder!"
            - Mesmo quando Annie estava na feitiçaria, - continuou a relatar Rebecca - ela não era páreo para aquele homem. Ela nunca tivera demônios tão poderosos como ele tinha. Annie tremia tanto que mal podia falar, mas ela disse: "Está bem, mas como eu não tenho mais poderes, então terá que ser o meu Deus contra seu deus!"
            - Os homens riram e zombaram novamente - observou. - Annie apenas ficou ali. Quando os homens começaram a enviar demônios contra ela, ela foi tomada por terríveis imagens do passado. Ela me disse que a única passagem das Escrituras de que podia lembrar-se naquela hora era Lucas 10:19, que então ela ficou repetindo quietamente sem parar:
            "Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e es­corpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada abso­lutamente vos causará dano." (Lucas 10:19)
            - A batalha prosseguia no mundo espiritual, enquanto Annie sim­plesmente permaneci a firme. Os demônios a afligiam horrivelmente. Eles atormentavam a sua mente e o seu corpo. Ela balançou sob o furi­oso ataque, mas continuou firme. Os homens foram ficando confusos, e então começaram a demonstrar estarem inseguros. Depois de dois minutos eles deram um passo para trás, depois outro. Annie continuou a permanecer firme. Subitamente, todos os três homens deram meia volta e literalmente correram para fora do shopping!
            - Louvado seja o Senhor! - exclamou Joyce.
            - Amém! Que vitória! - concordou Rebecca. - Annie foi atingida, mas ela permaneceu de pé! O escudo da sua fé em Jesus Cristo a protegeu. Nosso Senhor foi fiel como sempre. Ela ficou com marcas de mordidas de demônios em seu pescoço e estava muito fraca e sen­tindo-se mal, mas estava viva, e eles não a levaram! Ungimos então as feridas com óleo e ordenamos a todos os demônios que a deixassem, em nome de Jesus. Uma hora depois as marcas tinham desaparecido completamente, e ela se recuperou.
            - Sei de um outro incidente que aconteceu recentemente com T.G. -disse Rebecca. (T.G. é um jovem que recentemente saiu de uma alta posição da feitiçaria.) - Depois de sua libertação, eu falava com ele sobre a realidade da armadura de Deus. Disse-lhe que não ficaria sur­presa se os demônios o atacassem com manifestações físicas, assim como no plano espiritual. Uns poucos dias depois, ele compartilhou este incidente comigo:
            - T.G. estava dormindo no banco de trás de um furgão - Rebecca começou a relatar- No meio da noite ele foi acordado com um puxão, quando as portas do furgão se abriram com uma tremenda força e ele foi sugado para fora do veículo e foi cair no chão, a cerca de quatro metros e meio de distância. Enquanto se esforçava para pôr-se de pé, foi confrontado com um dos demônios que havia sido um de seus espíritos-guias. O demônio estava se manifestando de forma física e disse a T.G. que ia matá-lo. T.G. disse-me que, de alguma maneira, tinha se agarrado ao travesseiro ao ser lançado para fora do furgão. Ele estava tão assustado que naquela hora dificilmente saberia pensar no que dizer. Ele re­preendeu o demônio em nome de Jesus, mas este continuou a vir em sua direção. Então ele se lembrou da armadura de Deus.
            - T.G. me disse - continuou Rebecca - que não tinha fé para apenas permanecer ali, sem nada à sua frente, e assim ele segurou o travesseiro dizendo: "Veja, isto é o escudo do Senhor. Você não pode tocar-me porque estou protegido por Jesus." O demônio apenas riu e disse: "Você pensa que esse pequeno travesseiro vai protegê-lo de mim? Eu vou lhe mostrar!" Então o demônio passou a atingir o travesseiro com suas garras, violentamente. O travesseiro foi rasgado em pedaços, mas o demônio não pôde passar além dele! Claramente havia um escudo à frente de T.G., apesar de não poder vê-lo! Por mais que tentasse, o demônio não podia passar por aquele escudo invisível! Não demorou muito e o demônio desistiu e desapareceu. T.G. veio para casa na manhã seguinte e mostrou-me o travesseiro todo despedaçado. Ele me disse que, em todos os seus anos na feitiçaria, ele jamais tentaria manter um demônio à distância com um travesseiro tão somente! Mas louvado seja o Senhor, por trás daquele travesseiro havia um escudo muito real! Era o precioso escudo de sua fé em seu novo Senhor, Jesus Cristo! Se tão somente os cristãos percebessem a realidade do mundo espiritual e da armadura de Deus, haveria muito mais vitórias contra o reino de Satanás.
            - Sim - concordou Joyce com austeridade. - Estamos rapidamente entrando numa época em que estaremos vendo cada vez mais con­frontações diretas entre os satanistas e o povo de Deus.