Capítulo 5
A Armadura de Deus
Quando a última secadora foi desligada, o silêncio caiu
como um manto sobre a lavanderia. Joyce saiu de seus pensamentos, despertada
pelo silêncio. Ela estava dobrando a última leva de roupas. Olhou para cima e
ao redor, percebendo que era a única pessoa que ainda estava no prédio. Ela
começou a sentir-se intranqüila. Rapidamente pegou a última leva de roupas e a
jogou na cesta, sem dobrar. Ao fazer isso, viu que a porta do fundo se abriu.
Ela olhou para fora e gelou.
Ali, do lado de dentro, junto à porta, estavam dois
jovens bem altos, Eles ficaram de pé, lado a lado, olhando para ela em
silêncio. Eles irradiavam maldade!
"Oh, Senhor, ajuda-me!"-orou Joyce. Ela pegou
sua cesta de roupas e as chaves do carro e andou em direção à porta da frente.
Os dois homens na porta do fundo não se moveram.
Enquanto ela corria para a porta de frente, uma limusine
branca parou em frente da lavanderia. Mais dois homens altos dirigiram-se à
porta da frente e tomaram posição, um em cada lado da porta, do lado de fora.
"Senhor, ajuda-me a passar por eles!" - gritou
Joyce em sua mente. O medo lhe assaltava.
Quando alcançou a porta da frente e pôs os pés do lado de
fora, na calçada, a porta de trás da limusine abriu-se e uma mulher desceu. A
primeira vista, não havia nada especial nela. Estava vestida de forma meio
relaxada, com calças compridas pretas apertadas, que revelavam que era um pouco
gorducha. Seu cabelo, na altura dos ombros, era predominantemente grisalho. Ela
irradiava, porém, demônios poderosos e malignos.
Joyce parou de andar, e balançou quando a força demoníaca
do senhor príncipe demônio Dantallion a atingiu. A mulher era Sedona - aquela
que era inimiga mortal de Joyce desde quando esta ainda estava na bruxaria.
Ondas de medo repentinamente tomaram conta de Joyce.
Imagens do passado vieram à sua mente numa rápida sucessão: cenas horripilantes
de torturas e tormentos. Joyce esforçou-se para pensar, esforçou-se para
respirar. Era como se estivesse mergulhando num mar de tormento mental.
Reunindo toda a sua força e disposição contra a investida
daquela mulher, Joyce forçou seus pés a dar dois passos para a frente,
agarrando-se na cesta de roupas e nas chaves do seu carro, temendo por sua
vida. Sedona avançou à frente, bloqueando o seu caminho.
- Aonde você pensa que vai? - disse-lhe bruscamente.
Joyce sacudiu a cabeça - tentando desanuviar as idéias. -
Estou indo para casa - gaguejou.
- Oh, não, nem pense nisso! Você é minha!
Com o último resto de força que lhe sobrava, Joyce falou
tão firmemente quanto pôde:
- Sua? Não, não sou! Eu te repreendo em nome do Senhor
Jesus Cristo. Eu pertenço a Jesus!
Sedona hesitou por um momento, mas somente por um
momento. Ela avançou e agarrou o braço de Joyce no cotovelo, com uma força
cruel. Joyce inclinou-se para trás e tentou soltar-se, mas não conseguiu
livrar-se. A dor atingiu o seu braço e a envolveu em ondas. Era uma dor
lancinante. Instantaneamente a dor mental aumentou cem vezes mais. Imagens
rodopiavam em sua mente, de cenas terríveis de demônios e torturas de outros
seres humanos. Ela inclinou-se para trás novamente, mas foi incapaz de
pronunciar qualquer palavra.
Sedona soltou o seu braço e lhe disse:
- Eu a apanhei agora! A lua cheia será em quatro dias;
você agora é o meu troféu, o meu sacrifício ao senhor Satanás.
Novamente Joyce sacudiu a cabeça, mas não teve força para
falar. Sedona continuou; suas palavras vinham como tiros rápidos:
- Eu conheço cada movimento seu. - E então começou a
descrever com total precisão tudo o que Joyce havia feito na semana anterior.
- Posso pegar você a qualquer hora que eu quiser -
vangloriou-se.
Algo moveu os pés de Joyce. Ela começou a andar, não
sabendo como. Estava fora de si, incapaz de controlar a si mesma. Em seu interior,
clamava ao Senhor por ajuda. Mas simplesmente ela não podia pensar! Aquelas
cenas horríveis continuavam a encher a sua mente.
Sedona estava furiosa, mas parecia estranhamente incapaz
de fazer qualquer coisa.
- Você é minha! - disse com deboche. - Vou pegar você no
momento em que eu quiser! Eu a farei pagar pela humilhação que você me fez
passar! Eu apegarei... em breve!
Enquanto cuspia essas últimas palavras, retornou à
limusine.
Joyce, quando se deu conta, estava correndo. Atravessou
apressadamente todo o estacionamento. Seu carro estava estacionado no final do
terreno. Pareciam quilômetros o que teve que percorrer, mas finalmente ela
chegou até o carro. Enquanto abria a porta com mãos trêmulas, a limusine saiu
ruidosamente do estacionamento. Joyce entrou no carro e pôs a chave na
ignição. Então ela desmaiou e não se lembrou de mais nada.
Quanto tempo havia se passado? Joyce não sabia. De
repente abriu os olhos. Surpreendida com o que acontecia, piscou os olhos ao
perceber que estava guiando o carro, já chegando em casa! Ela não tinha
recordação alguma de todo o caminho percorrido até a sua casa. Colocou o carro
na garagem e, de alguma forma, saiu do carro e entrou no apartamento. Ali ela
desmoronou-se, em lágrimas, no chão.
- Obrigada, Senhor Jesus! - soluçou. - Obrigada por me
ter permitido chegar em casa.
Foi só até onde ela conseguiu ir. Dantallion atacou-a com
fúria redobrada. A dor explodia em sua cabeça e descia para o braço e para o
estômago. Ela curvou-se de dor. Aquelas horríveis imagens horripilantes
permaneciam vindo à sua mente, umas após outras. Eram cenas terríveis demais
para descrever.
- Eu repreendo e amarro vocês, demônios, em nome de
Jesus, -Joyce murmurou fracamente. O ataque diminuiu ligeiramente. Ela arrastou-se
na direção do telefone. Os demônios a atacaram novamente. Ela começou a bater
com a cabeça no chão.
- Não! Em nome de Jesus, Não! - gritou.
Segurou então a cabeça com as duas mãos, forçando-a a
parar.
- Eu ordeno que você pare, em nome de Jesus - disse ela de
novo, desta vez com um pouco mais de força.
Mais uma vez continuou a arrastar-se até o telefone.
"Tenho que telefonar para Rebecca e Elaine para pedir ajuda", pensou.
Finalmente alcançou o telefone, mas estava fraca demais
para ficar de pé. Com o tato procurou alcançar o telefone na bancada da
cozinha. Finalmente sua mão o encontrou. Ela fez o telefone cair no chão,
sobre si. Um frasco de óleo que estava na bancada junto ao telefone caiu junto
com ele.
"Obrigada, Jesus" - suspirou, quando sua mão
fechou-se ao redor do frasco de óleo, somente para em seguida vê-lo cair de
suas mãos, quando os demônios a atacaram novamente, tirando-lhe o fôlego. Ela
sentia como se garras enormes estivessem rasgando os seus órgãos.
"O óleo, pegue o óleo. Amarre os demônios colocados
em seu braço por Sedona." O pensamento do Espírito Santo abriu caminho
através do caos de cenas tortuosas que explodiam no cérebro de Joyce.
"Sim, Senhor - disse ela chorando. "Por favor,
ajude-me Jesus!"
Ela arrastou-se para a frente e apanhou o frasco de óleo
de novo.
- Parem, em nome de Jesus! - ela ordenou de novo.
Desta vez tirou a tampado frasco de óleo e o derramou
sobre o seu braço, onde Sedona o havia agarrado.
- "Aaaaaaai! - gritou ela.
Uma dor terrível atingiu o seu braço.
- Em nome de Jesus eu ordeno que todo demônio colocado em
mim por Sedona seja amarrado! E vão embora, em nome de Jesus!
A dor diminuiu e a sua mente começou a clarear um pouco.
Ela pegou o telefone e discou. Elaine respondeu Rebecca não estava em casa, mas
Elaine uniu-se a Joyce em oração. Os demônios foram forçados a recuar um
pouco, mas não foram embora.
-Vou telefonar para Rebecca- disse Elaine. - Ela está no
trabalho, mas vou pedir para ela ligar para você.
Joyce desligou e esperou, orando por forças. A oração com
Elaine tinha ajudado. Pelo menos ela agora era capaz de pensar. Estava ganhando
forças. Levantou-se do chão e sentou-se no sofá. "Bem, pelo menos estou
fazendo progresso", ela pensou, com um sorriso amarelo.
Trim!... era Rebecca. Joyce descreveu em poucas palavras
o que tinha acontecido.
- Diga-me, Joyce, Sedona pôs um alfinete de maldição em
seu braço? - Rebecca perguntou.
Joyce não havia pensado nisso. Cuidadosamente apalpou o
braço. Ali estava ele!
- Sim - disse devagar. - Posso senti-lo, agora vejo onde
ele penetrou. Sinto que está entrando mais a fundo.
- Sim, era o que eu pensava. Os demônios gostam de fazer
isso. Esse alfinete tem que sair e rápido. Você tem algum óleo aí?- disse
Rebecca.
- Sim, e já ungi o braço - respondeu Joyce.
- Ótimo!, mas você terá que fazer isso de novo. Temos de
pedir ao Senhor para que impeça essa coisa de penetrar mais a fundo. Vou também
pedir-lhe que o puxe todo para a superfície. Torne a ungir o braço e eu ficarei
com você em oração.
- Está bem - concordou Joyce.
Ela espalhou o óleo sobre o braço novamente, na área onde
estava o alfinete enfeitiçado. Rebecca começou a orar:
"Pai, em nome de Jesus nós nos apresentamos diante
do teu trono. Eu intercedo contra Satanás, por minha irmã Joyce. Ela pertence a
ti, Senhor. Satanás não tem direito sobre ela. Em nome de Jesus eu te peço que
detenhas esse alfinete de maldição e que o tragas para a superfície. Em nome de
Jesus ordeno que todo demônio associado com esse alfinete seja amarrado!"
Joyce gemeu. Seu braço começou a arder de novo, e os
demônios se agitaram no seu estômago. Então a dor começou a diminuir.
- Estou sentindo-me melhor agora - disse a Rebecca. - Dá
para ver uma manchinha negra; acho que é a ponta do alfinete.
- Bem, fique aguardando. Eu estarei em casa logo que
puder - será dentro de mais ou menos uma hora.
- Tudo bem - disse Joyce. - Estou realmente me sentindo
melhor agora.
Quando Rebecca chegou em casa, Joyce havia melhorado a
ponto de ter-se dirigido até lá. Rebecca ficou esperando por ela. Joyce ainda
estava sendo atormentada por lembranças que voltavam, mas não tão fortemente. O
alfinete de maldição podia facilmente ser visto, sob a superfície de sua pele,
e foi facilmente removido. Era um pequeno pino de metal, com pouco mais de um
centímetro, do tamanho de uma farpa- mas muito mortal. Tão logo o alfinete foi
retirado, Joyce ordenou, em nome de Jesus, que Dantallion e todos os demônios
associados com o alfinete de maldição fossem embora imediatamente. Eles saíram
e ela finalmente ficou livre. (Ver a figura 5-1.)
- Não estou certa de que isso é o fim de tudo - disse
Rebecca ponderadamente.
- Bem, se for o tipo de encantamento que eu estou
pensando, provavelmente não é - concordou Joyce. - Sedona sabia que seria bom
usar Dantallion porque ele é, particularmente, um príncipe demoníaco que
realmente me odiava. Eu o reconheci imediatamente. Ele tem uma habilidade
peculiar para afligir a mente. Este alfinete parece-se com uma efígie usada no
vodu. Acho que conheço o encantamento que Sedona fez.
- Estou com medo porque passei por diversos rituais
anteriormente que me prepararam para este encantamento. Foram colocados fios
neste braço, que poderiam ser usados. Nunca imaginei que alguém os fosse usar,
mas Sedona tinha conhecimento deles.
Figura 5-1 (Fotos de
alfinetes de maldição)
- Por que foi que você fez isso, conhecendo as possíveis
conseqüências?
- Em troca de poder.
-É claro! - suspirou Rebecca. - Os servos de Satanás
fazem qualquer coisa para conseguir mais poder. Bem, eu não tenho dúvida de
que Sedona pode ter feito este encantamento de morte - comentou Rebecca.
-Vejamos, depois desta noite haverá ainda mais três noites, antes da próxima
noite de lua cheia. Creio que então este encantamento deveria estar completo. Isso
seria coerente com a ameaça que ela fez, de ter você como sacrifício nesta lua
cheia.
- Sim, é isso mesmo! Este tipo de encantamento acontece
após três ou quatro dias. Adquire-se uma grande vela preta na forma de um homem
ou mulher. Então é feito o encantamento, que inclui algum tipo de sacrifício de
sangue. Parte do encantamento envolve acender a vela e pôr nela de seis a nove
alfinetes com efígies, em posições específicas, dependendo do que se quer que
seja feito. Todos os alfinetes, menos um, devem ser inseridos na vela. O
último alfinete deve ser inserido na pessoa contra quem se está fazendo o
encantamento. Então, neste encantamento específico de morte, à medida em que a
vela vai se queimando continuamente durante três ou quatro dias, o alfinete na
pessoa é manipulado pelos demônios. Ele literalmente semeia outras peças de
metal que correspondem ao número total de pinos. Os pedaços de arame
previamente colocados no meu braço passam a ser controlados por demônios após a
inserção do alfinete. À medida que a vela se derrete, as peças de metal crescem
junto na pessoa, na forma de uma cruz invertida. Na primeira noite de lua
cheia, o encantamento é completado e a cruz invertida é formada na pessoa.
Quando a vela se extingue, a pessoa morre. É uma praga de vodu muito antiga e
poderosa.
- Bem, nós retiramos o alfinete principal de você, mas eu
ainda estou preocupada com esses outros fios de arame e as sementes do alfinete
- disse Rebecca. - Você acha que os demônios tiveram tempo de colocá-las em
você?
- Não sei, mas eu não ficaria surpresa- disse Joyce
pausadamente.
- O que podemos fazer?
- O que sempre fazemos, - disse Rebecca - vamos pedir ao
Pai para cuidar disso. Vamos ungir todo o seu braço e pedir-lhe que traga à
superfície quaisquer outros alfinetes ou metais antes da última noite.
E assim elas ungiram todo o braço de Joyce e oraram nesse
sentido. (De fato, três dias depois, na primeira noite de lua cheia, uma cruz
invertida, empolada e avermelhada, começou a formar-se no braço de Joyce. Mais
três pedaços de arame foram removidos do seu braço ao longo das linhas da cruz
invertida. À medida que os arames iam sendo removidos e tendo Rebecca ungido
novamente o braço de Joyce, as linhas vermelhas foram desaparecendo e a
maldição foi completamente quebrada! Joyce está viva e passando bem. Somente o
poder de Jesus Cristo pode quebrar uma maldição poderosa como essa!)
Após orar e ungir o braço de Joyce, elas ficaram sentadas
em silêncio por alguns minutos. Então Rebecca falou de novo:
- Ouça, Joyce, - disse serenamente - há uma lição a ser
aprendida com o que aconteceu. Para o meu gosto, esta passou raspando...
- Sim, eu sei - disse Joyce enfaticamente. - Foi somente
a mão do Senhor que me salvou! O Pai honrou a sua aliança com você novamente.
Ele salvou a minha vida. Somente Deus impediu Sedona de me raptar ali mesmo.
Ela parecia incapaz de fazer qualquer coisa além de ameaças.
- Sim, eu sei - Rebecca acenou afirmativamente. - Mas,
Joyce, não era para ela tocar em você!...
- Como eu poderia tê-la impedido? - perguntou Joyce. - Eu
estava cercada de todos os lados por aqueles homens.
- Você deveria ter começado a lutar imediatamente.
Lembra-se de como eu tenho lhe dito que a armadura de Deus é real? Ela é real
no mundo espiritual mas afeta o plano físico também.
- Sim, mas eu não entendo como eu poderia tê-la usado. Eu
a repreendi em nome de Jesus.
- Isso não foi suficiente. Você assumiu uma postura
puramente defensiva. Você apenas ficou ali, parada. Como você não lutou, submeteu-se
a Sedona. Por isso ela pôde fazer o que fez. Você permitiu que o medo a
dominasse. Você devia ter assumido uma atitude agressiva e ofensiva desde o
começo. Se você tivesse feito isso, ela nunca teria conseguido pôr as mãos em
você. Não teria como pôr aquele alfinete de maldição em seu braço.
- Sinto muito, mas simplesmente não entendo - disse Joyce
enquanto esfregava a testa, cansada.
Rebecca pôs-se de pé e colocou o braço ao redor dela,
dando-lhe um abraço.
- Está bem. Você está muito cansada para isso esta noite.
É tarde e você tem que ir trabalhar amanhã de manhã. Vá para a cama e falaremos
sobre isso amanhã, quando você estiver mais descansada. Enquanto isso, vamos
orar e pedir ao Pai que a ajude a entender. Fique aqui esta noite, pois aqui
estará segura.
Exausta, Joyce concordou e lançou-se na cama.
No dia seguinte, Joyce retornou à casa de Rebecca na
volta do trabalho. Ela estava excitada.
- Rebecca, ouça isto. Esta noite o Senhor me deu um
sonho, mos-trando-me a armadura e como usá-la. Eu entendi, finalmente. E hoje
ele me deu uma chance de experimentá-la.
- Fantástico! Conte-me tudo.
- Eu fui trabalhar esta manhã e descobri que eles estavam
com excesso de pessoal. Então, ofereci-me voluntariamente para tirar o dia de
folga. Enquanto eu passava pelo corredor, em direção ao vestiário das enfermeiras,
para trocar de roupa, vi um homem vestido com o uniforme do pessoal da
manutenção, vindo em minha direção. Não havia ninguém mais no corredor. Quando
ele me viu, acelerou o passo. Eu imediatamente o reconheci como sendo um dos
homens que haviam estado com Sedona ontem. Ele tinha algo em sua mão que
parecia ser uma faca. Eu decidi que não passaria pelo que passei ontem!
- Então, o que você fez? - Rebecca perguntou.
- Quando ele chegou perto de mim, eu disse: "Pare,
em nome de Jesus! Você não vai tocar em mim!" O Pai me havia mostrado como
pôr o escudo em meu braço. (Ver a figura 5-2). Levantei o antebraço diante de
mim e avancei diretamente em direção a ele. Ele pareceu estar espantado. Eu
não via o escudo, mas não tenho dúvidas de que ele o viu. Literalmente o
empurrei contra a parede sem tocar nele fisicamente. Ele ficou achatado contra
a parede, boquiaberto. Ordenei então a todos os demônios dele que fossem
amarrados no nome de Jesus e disse-lhe que não podia tocar-me. Ele apenas ficou
ali, parado, contra a parede. Então dei meia volta e corri para o vestiário.
Quando saí de lá ele já tinha ido embora. Não voltei a vê-lo novamente.
- Maravilhoso! - exclamou Rebecca. - Era isso exatamente
o que eu estava tentando dizer-lhe na noite passada. Apesar de não podermos ver
a armadura de Deus, ela é uma armadura real no mundo espiritual. Podemos usá-la
no mundo físico se o Espírito Santo assim nos dirigir.
- Sim, foi precisamente isso que o Pai me mostrou naquele
sonho. Ele me mostrou como o capacete da salvação é colocado sobre a nossa
cabeça para protegê-la. Ele me disse que quando aqueles demônios de medo me
atingiram, naquele dia, imediatamente eu os devia ter repreendido, em nome de
Jesus, ordenando-lhes que fossem embora, recusando-me a aceitá-los, porque eu
estava protegida pelo capacete. Eles me acertaram porque eu aceitei o ataque,
em vez de repeli-lo. Depois o Senhor me mostrou a couraça da justiça, e como
ela protege o nosso peito. O cinturão da verdade é como uma faixa e é a única
parte da armadura que passa atrás, em nossas costas. Você sabe, é como a
armadura que os soldados romanos usavam. O escudo é grande, quase da nossa
altura. E a espada é exatamente como a que aparece desenhada na capa dos seus
dois primeiros livros. É pura luz branca com o punho dourado.
- Sim - assentiu
Rebeca. - Como você acha que eu sabia como encomendar ao artista o desenho da
espada?
- Você nunca me disse que a havia visto - disse Joyce. -
Mas, pensando bem, suspeito que há muita coisa que você ainda não me disse.
- Sim, - riu Rebecca - acho que sim. Lembro-me muito bem
de algumas ocasiões em que tive que usar a armadura de Deus no mundo físico.
Aprendi pela primeira vez sobre a realidade da armadura quando o Senhor
permitiu que alguns demônios se manifestassem fisicamente e tentassem me
matar. Então o Espírito Santo mostrou-me que temos esta armadura por fé e que
podemos usá-la quando ele nos orientar nesse sentido.
- Então, quando foi que você a usou? - perguntou Joyce.
- Bem, uma vez foi há muitos anos, quando eu ainda
exercia a medicina. Eu tinha retornado ao hospital para ver um paciente, no
meio da noite. A parte do estacionamento reservada para os médicos ficava a uma
pequena distância, a pé, do hospital, e o hospital não ficava numa área muito
boa da cidade. Tive que andar a pé até o carro, sozinha, naquela noite. Eram
cerca de três horas da madrugada. Senti-me incomodada. Tudo estava quieto
demais, e faltavam apenas duas noites para a lua cheia. Os satanistas estavam
realmente irados comigo porque eu estava trazendo muitos a Cristo.
- Naquela noite em particular, - continuou - cheguei ao
carro e parei para olhar em volta porque sentia que alguém estava no
estacionamento, mas eu não podia ver ninguém. Tentei colocar a chave no buraco
da fechadura, mas ela não entrava. Algo a estava bloqueando! Ordenei a
quaisquer demônios que estivessem interferindo na fechadura que fossem embora
imediatamente, mas não adiantou. Ouvi um som e olhei ao redor, e vi quatro
homens grandes e ameaçadores vindo em minha direção. Os seus demônios
brilhavam. Eu não tinha dúvida alguma de que eles planejavam servir-me como o
prato principal em seu sacrifício a Satanás na lua cheia. E de admirar que eu
não tenha tido um ataque do coração na mesma hora, pois estava tão amedrontada!
Estou certa de que eles estavam lançando contra mim todos os demônios de medo
que podiam.
- O que você fez? - Joyce perguntou impacientemente.
- Ordenei-lhes que parassem e ordenei aos seus demônios
que fossem amarrados, em nome de Jesus, mas isso parecia não perturbá-los.
Eles apenas continuaram a vir em minha direção. Eu continuei a repreendê-los, e
eles começaram a rir. "Você está tristemente equivocada se pensa que o
seu Jesus pode protegê-la de nós" - disse o líder, sarcasticamente. - Eles
estavam a cerca de três metros de mim a essa altura. De repente o Espírito
Santo falou comigo: "Não se esqueça da armadura." Assim, em fé,
simplesmente pedi que o Senhor colocasse a sua espada em minha mão e que
fizesse com que aqueles sujeitos a vissem. Então mantive a minha mão à minha
frente como se estivesse segurando uma espada. Imediatamente os homens se
detiveram, sur-presos. Eles protegeram os olhos como se estivessem frente a uma
luz muito brilhante. Eu estava maravilhada. "Muito bem, rapazes" – eu
disse. “Se vocês querem uma luta, venham! Eu vou enfrentá-los com isto." —
Eles ficaram parados por um minuto e então o líder falou bem alto: "Vai
mesmo? Aposto que você não sabe usar isso aí." - "Quer apostar?"
- disse eu. "Então venha e eu lhe mostrarei. Eu não luto com o meu próprio
poder, mas com o poder do meu Senhor Jesus Cristo. Vocês e seus demônios não
são páreo para ele!"
Rebecca prosseguiu:
- Eles demonstraram estar hesitantes a essa altura.
Aproveitei a minha vantagem e dei alguns passos em direção a eles,
repreendendo-os em nome de Jesus. Eles recuaram um passo, e então eu continuei
a andar em direção a eles, ainda mantendo a mão à minha frente. Ainda bem que
eles não sabiam o quanto meus joelhos estavam tremendo! Com isso, rapidamente
aprendi que eu não podia nunca demonstrar dor ou medo. Eles arrastaram os pés,
incomodados. Então, de repente, eles se dispersaram e saíram correndo. Eu
voltei depressa para o carro e desta vez a chave entrou perfeitamente na
fechadura. E saí dali o mais rápido que pude!
- Você viu a espada? - perguntou Joyce.
- Não, eu não a vi. Tive que permanecer na fé de que ela
estava lá porque o Espírito Santo me havia dito para usar a armadura. Mas eles
obviamente a viram. Os satanistas, de qualquer forma, podem ver no mundo
espiritual a maior parte do tempo, mas os demônios manipulam o que eles vêem.
Foi por isso que eu pedi que o Pai os fizesse ver a espada. Eu receava que, de
outra forma, os demônios pudessem impedi-los de vê-la. Eu gostaria de ter
podido vê-la, mas não a vi. Acho que, se a tivesse visto, a fé não teria sido
necessária. Temos que andar sempre esta nossa jornada em fé.
- Sim, e muitas vezes isso é muito difícil - comentou
Joyce. - Conte-me sobre algumas das outras vezes.
- Bem, em vez de falar sobre mim mesma, vou contar-lhe
uma experiência que uma outra pessoa, que também saiu da feitiçaria, teve recentemente.
Você se lembra de Annie? (Não é este o seu nome real.) Acho que você a
encontrou uma vez quando ela esteve aqui, não foi?
- Sim, lembro-me dela.
- Annie ficou conosco por cerca de cinco meses. Ela tinha
sofrido terríveis abusos na feitiçaria. Quando tinha sete anos de idade, sua
mãe tentou fugir com ela. As duas foram apanhadas e levadas de volta. Annie foi
então forçada a assistir ao sacrifício de sua mãe, como punição. Ela foi usada
para ter bebês e em todas as formas de pornografia, tanto quando criança, como
na idade adulta. Uma vez tentou sair, cerca de três anos antes de eu a
conhecer. Dois grandalhões da feitiçaria apanharam-na, levaram-na de volta, e
abusaram dela sexualmente como punição. No entanto, quando ela veio até mim,
ela aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador. Isso faz toda a diferença do
mundo!
- É para mim que você diz isso?!, - disse Joyce
emocionada. - É impossível sair da feitiçaria e viver, de qualquer outra
maneira. Somente o poder de Jesus pode libertar alguém de lá permanentemente!
- Cerca de um mês depois de Annie ter sido inteiramente
liberta, aconteceu de um dia ela precisar ir ao shopping, e eu não podia ir com
ela. Eu não posso proteger todo o mundo o tempo todo. São momentos como esse
que realmente provam a minha fé. Mas sei que as pessoas têm que aprender a
ficar de pé por si mesmas, com o Senhor. Deixei Annie ir, mas eu estava muito
preocupada. Ester foi com ela.
- Mais tarde, naquela noite, - continuou Rebecca - o
Espírito Santo falou comigo dizendo-me para orar, pois Annie estava em perigo.
Eu estava com visitas em casa, então pedi-lhes que fizéssemos uma pausa para orarmos
todos pela segurança de Annie. Cerca de uma hora depois, Annie e Ester
chegaram em casa. Annie mal podia sair do carro e caminhar. Eis o que
aconteceu, conforme ela e Ester me contaram:
- Exatamente naquela manhã, no dia em que Annie saiu pela
primeira vez sozinha - foi dizendo Rebecca - eu tinha falado com ela sobre a
armadura de Deus, citada em Efésios 6. Disse-lhe sobre a realidade da armadura.
Lembro-me de lhe ter dito que, quando se está numa situação difícil, algumas
vezes é útil passar a mão de alto a baixo à frente de si mesmo e dizer algo
como "Eu sei que tenho um escudo aqui à minha frente, um escudo de fé em
Jesus Cristo". Não é necessário fazer isso, naturalmente, mas isso nos
ajuda a permanecer em fé numa situação difícil. O que eu não sabia é que Annie
teria que usar o escudo naquele mesmo dia, mais tarde. Enquanto Annie e Ester
estavam andando pelo shopping, repentinamente Annie parou, confrontada por
três grandalhões. Annie é uma coisinha minúscula, ela é baixinha e pesa apenas
uns 40 quilos. Os três homens tinham bem mais de um metro e oitenta de altura
cada um. Dois deles eram os mesmos satanistas que a haviam apanhado três anos
antes, quando ela tinha tentado fugir. Eram os mesmos que haviam abusado dela
sexualmente de maneira tão cruel, por tentar fugir do meio dos satanistas. O
shopping estava movimentado, como de costume, e centenas de pessoas passavam
por eles sem nem sequer notar a incrível cena que se desenrolava ali. Ester deu
dois passos para trás com medo, não sabendo exatamente o que fazer. Annie
apenas ficou ali em silêncio, olhando para aqueles três homens. O líder falou,
num tom ameaçador: "Você vem conosco!" Annie estava tremendo de medo,
mas ela conseguiu falar: "Não, eu não vou! As coisas são diferentes agora.
Agora eu sirvo a Jesus. Não sirvo mais a Satanás." O homem então zombou:
"E daí? Você vai vir conosco. Você não vai escapar assim tão facilmente
desta vez!"
- Annie estava tão assustada - continuou Rebecca - que
ela não sabia o que fazer. Subitamente o Espírito Santo despertou em sua mente
o que eu tinha dito sobre o escudo da fé, naquela manhã. Ela respirou
profundamente e passou a mão de cima para baixo em frente de si mesma, dizendo:
"Não vou, não! Vocês não podem me levar. Como vocês vêem, eu tenho um escudo
à minha frente. O escudo é o poder de Jesus Cristo, meu Senhor." Os três
homens riram. "Que escudo? Eu não vejo nenhum escudo", disse o líder.
"Mas eu vou lhe dizer, se você quer uma luta, eu concordo. Meu poder
contra o seu poder!"
- Mesmo quando Annie estava na feitiçaria, - continuou a
relatar Rebecca - ela não era páreo para aquele homem. Ela nunca tivera
demônios tão poderosos como ele tinha. Annie tremia tanto que mal podia falar,
mas ela disse: "Está bem, mas como eu não tenho mais poderes, então terá
que ser o meu Deus contra seu deus!"
- Os homens riram e zombaram novamente - observou. -
Annie apenas ficou ali. Quando os homens começaram a enviar demônios contra
ela, ela foi tomada por terríveis imagens do passado. Ela me disse que a única
passagem das Escrituras de que podia lembrar-se naquela hora era Lucas 10:19,
que então ela ficou repetindo quietamente sem parar:
"Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e
escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará
dano." (Lucas 10:19)
- A batalha prosseguia no mundo espiritual, enquanto
Annie simplesmente permaneci a firme. Os demônios a afligiam horrivelmente.
Eles atormentavam a sua mente e o seu corpo. Ela balançou sob o furioso
ataque, mas continuou firme. Os homens foram ficando confusos, e então
começaram a demonstrar estarem inseguros. Depois de dois minutos eles deram um
passo para trás, depois outro. Annie continuou a permanecer firme. Subitamente,
todos os três homens deram meia volta e literalmente correram para fora do
shopping!
- Louvado seja o Senhor! - exclamou Joyce.
- Amém! Que vitória! - concordou Rebecca. - Annie foi
atingida, mas ela permaneceu de pé! O escudo da sua fé em Jesus Cristo a
protegeu. Nosso Senhor foi fiel como sempre. Ela ficou com marcas de mordidas
de demônios em seu pescoço e estava muito fraca e sentindo-se mal, mas estava
viva, e eles não a levaram! Ungimos então as feridas com óleo e ordenamos a
todos os demônios que a deixassem, em nome de Jesus. Uma hora depois as marcas
tinham desaparecido completamente, e ela se recuperou.
- Sei de um outro incidente que aconteceu recentemente
com T.G. -disse Rebecca. (T.G. é um jovem que recentemente saiu de uma alta
posição da feitiçaria.) - Depois de sua libertação, eu falava com ele sobre a
realidade da armadura de Deus. Disse-lhe que não ficaria surpresa se os
demônios o atacassem com manifestações físicas, assim como no plano espiritual.
Uns poucos dias depois, ele compartilhou este incidente comigo:
- T.G. estava dormindo no banco de trás de um furgão -
Rebecca começou a relatar- No meio da noite ele foi acordado com um puxão,
quando as portas do furgão se abriram com uma tremenda força e ele foi sugado
para fora do veículo e foi cair no chão, a cerca de quatro metros e meio de
distância. Enquanto se esforçava para pôr-se de pé, foi confrontado com um dos
demônios que havia sido um de seus espíritos-guias. O demônio estava se
manifestando de forma física e disse a T.G. que ia matá-lo. T.G. disse-me que,
de alguma maneira, tinha se agarrado ao travesseiro ao ser lançado para fora do
furgão. Ele estava tão assustado que naquela hora dificilmente saberia pensar
no que dizer. Ele repreendeu o demônio em nome de Jesus, mas este continuou a
vir em sua direção. Então ele se lembrou da armadura de Deus.
- T.G. me disse - continuou Rebecca - que não tinha fé
para apenas permanecer ali, sem nada à sua frente, e assim ele segurou o
travesseiro dizendo: "Veja, isto é o escudo do Senhor. Você não pode
tocar-me porque estou protegido por Jesus." O demônio apenas riu e disse:
"Você pensa que esse pequeno travesseiro vai protegê-lo de mim? Eu vou lhe
mostrar!" Então o demônio passou a atingir o travesseiro com suas garras,
violentamente. O travesseiro foi rasgado em pedaços, mas o demônio não pôde
passar além dele! Claramente havia um escudo à frente de T.G., apesar de não
poder vê-lo! Por mais que tentasse, o demônio não podia passar por aquele
escudo invisível! Não demorou muito e o demônio desistiu e desapareceu. T.G.
veio para casa na manhã seguinte e mostrou-me o travesseiro todo despedaçado.
Ele me disse que, em todos os seus anos na feitiçaria, ele jamais tentaria
manter um demônio à distância com um travesseiro tão somente! Mas louvado seja
o Senhor, por trás daquele travesseiro havia um escudo muito real! Era o
precioso escudo de sua fé em seu novo Senhor, Jesus Cristo! Se tão somente os
cristãos percebessem a realidade do mundo espiritual e da armadura de Deus,
haveria muito mais vitórias contra o reino de Satanás.
- Sim - concordou Joyce com austeridade. - Estamos
rapidamente entrando numa época em que estaremos vendo cada vez mais confrontações
diretas entre os satanistas e o povo de Deus.