sábado, 24 de abril de 2021

Vaso para honra - 01 - Testando a Aliança



Capítulo 1

Testando a Aliança


            As sombras avançavam naquele frio anoitecer, enquanto o sol se pu­nha rapidamente por detrás do horizonte de áridas montanhas de rocha.
            O pôr-do-sol, no inverno, dura apenas alguns minutos na região desértica onde Elaine e Rebecca moravam. Nessa noite de 21 de dezembro de 1988, em particular, o vento estava tranqüilo e tudo parecia estar em silêncio, à espera dos eventos daquela noite. O mal sempre avança sob a cobertura da escuridão. Essa noite tinha um significado especial, pois 21 de dezembro é a noite do solstício de inverno, um dia importante para os satanistas.
            Esse dia também deveria ser o dia da morte de Elaine e Rebecca. Mais uma vez as velhas frentes de batalha estavam alinhando-se: as forças de Satanás contra as forças de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
            A aliança que Deus havia feito recentemente com Rebecca seria testa­da. (Ver Prepare-se para a Guerra, capítulo 2, "Fazendo Alianças com Deus", e capítulo 7, "Escutando Deus"- Danprewan Editora). Em 1 de dezembro de 1988, Deus havia feito uma aliança com Rebecca, dando-lhe a sua promessa de que o vale onde elas viviam seria um refúgio seguro para as pessoas que renunciassem ao Satanismo. O Senhor prometeu a ela, diretamente, as vidas de todos os que estivessem sob seus cuidados ou trabalhando com ela no ministério. Ele disse a Rebecca que ela passaria por muitas batalhas e que algumas vezes a "chamada da morte" passaria bem perto, mas que, por fim, suas vidas (a dela e a de Elaine) seriam salvas. Em breve, elas veriam o braço forte de Deus guerreando contra Satanás por elas.
            Enquanto a escuridão do crepúsculo daquela tarde aumentava, Rebecca levantou-se, ungiu e selou novamente a casa. As luzes quen­tes brilhavam através das janelas, contrastando com o mal, tenebroso e frio, que pairava do lado de fora. Tudo estava quieto quando silhue­tas escuras começaram a reunir-se ao redor da propriedade. A casa de Rebecca e Elaine ficava numa área campestre, num terreno de apro­ximadamente 4000 metros quadrados. Sheba, a cadela, começou a correr de um quarto para o outro, com um grunhido contínuo em voz baixa. Este era o seu aviso de perigo na propriedade. Mas todos na casa já tinham sentido o mal crescendo do lado de fora.
            Como eles atacariam? Elaine e Rebecca eram os alvos. Um dos mais hábeis assassinos de Satanás, com seus ajudantes, planejava uti­lizar as duas como sacrifícios de solstício de inverno, naquela noite.
            Ester (não é este o seu nome real), Elaine, Rebecca e Betty (não é este o seu verdadeiro nome) uniram-se na sala para um breve momen­to de oração. Não havia muito o que dizer, além de agradecer ao Senhor por sua aliança e por sua promessa de mantê-las vivas, e pedir a ele que agisse naquela situação da forma que quisesse, para que toda a honra e glória lhe fossem dadas.
            Quando a escuridão tornou-se com­pleta, Sheba acelerou os passos e os grunhidos. As moças olharam pelas janelas da frente e viram algumas figuras sombrias no limite da propriedade. Havia um furgão preto na rua, em frente da casa, e outro na rua lateral. Vários homens pareciam estar armados com fuzis, mas era difícil, no escuro, dizer com certeza.
            Ester começou a chorar.
            - Estou com muito medo. Esses homens parecem ser perigosos. Será que Deus é suficientemente forte para nos proteger deles?
            Seu corpo esguio tremia de medo. Rebecca foi até ela e pegou-lhe na mão.
            - Escute, Ester, você sabe que Jesus é mais forte. Você já viu demons­trações do poder dele muitas vezes. Agora permaneça firme na fé, junto conosco, e repreenda o medo em nome de Jesus. O Pai prometeu-nos que estaríamos seguras aqui e ele nunca volta atrás em sua palavra.
            - Mas você tem certeza de que ele ouviu direito? - foi sua resposta amedrontada.
            - Sim, tenho certeza. Ele também confirmou a promessa para Elaine e para Betty. Não temos dúvida em nossa mente. Venha, Ester, vamos cantar louvores ao nosso Senhor enquanto esperamos, para ver como ele lutará esta batalha por nós.
            Betty colocou uma música de louvor suave e elas começaram a can­tar, todas juntas. O tempo passava e a tensão aumentava. Todos do lado de fora estavam terrivelmente quietos, mas a pressão demoníaca crescia rapidamente. De novo elas foram olhar pelas janelas. Parecia haver ainda mais figuras sombrias do lado de fora, na grama, e algu­mas estavam vindo em direção à casa.
            - Escutem, - disse Betty - é tolice ficarmos aqui nervosas e assusta­das. Vamos fazer alguma coisa construtiva, como preparar biscoitos de chocolate.
            As outras riram.
            - Biscoitos! - exclamou Elaine.
            - Bem, e por que não? Só espero que o Senhor não deixe esses caras entrarem para comer alguns.
            E, assim, foram todas para a cozinha. Tão logo elas haviam começado a preparar os biscoitos, ouviram subitamente o som de um grande im­pacto que abalou a casa. E depois, outro, outro, e outro, e outro. Cinco ao todo. Ester encolheu-se, com medo, junto à bancada da cozinha.
            - Aposto que eles planejam colocar fogo no teto. É a maneira típica de como esse pessoal trabalha, - Elaine disse cautelosamente. - O que faremos agora?
            - Esperar! Simplesmente esperar! - foi a resposta de Rebecca. - Se o Pai permitir que eles entrem na casa, então saberemos que devemos compartilhar o evangelho com eles, mas não penso que ele os deixará entrar, e muito menos que os deixará atear fogo na casa.
            Tão logo foram ditas essas palavras, elas escutaram o som de uma tremenda confusão vindo de cima, do teto. A casa delas era como a maioria das casas típicas do deserto - uma casa térrea, com um teto plano, de pedra. O ruído da confusão e da luta percorria o teto de um extremo ao outro.
            A preparação dos biscoitos foi suspensa e as moças ficaram orando e olhando para o teto, enquanto o barulho aumentava. De repente, depois de cerca de cinco minutos, houve um grito, uma voz que pra­guejava alto e o som de um impacto seco, bem em frente da casa. Ali, diante de seus olhos surpresos, elas viram que cinco homens, prague­jando horrivelmente, levantavam-se do chão. Um deles havia pousado sobre um grande cacto plantado bem em frente da casa. Este prague­java mais alto do que os demais! As moças gritaram de alegria e lou­varam ao Senhor, enquanto os homens retornavam ao furgão para re­cuperarem-se. Ainda rindo, elas voltaram à cozinha para continuar a fazer os biscoitos.
            - Uau! Eu gostaria de ver o que esses homens viram! - exclamou Betty.
            - Eu gostaria de saber se o Senhor permitiu que eles vissem os anjos com quem lutavam! - Rebecca comentou, pensativa. - Espero que sim. Isso é que acabaria com eles. Se eles não viram os anjos, receio de que pensem terem estado lutando apenas contra demônios mais poderosos.
            - Oh, não tenho dúvidas de que foi assim - disse Elaine. - Eu me recordo claramente da ocasião em que fui contra os anjos de Deus! Foi uma experiência humilhante, para dizer o mínimo. Nós não podíamos passar por eles, não importava o que fizéssemos. Isso certamente me fez começar a pensar. Satanás não ia me dizer quem eles eram, mas, dentro de mim, eu sabia que eram anjos de Deus. Isso, sem dúvida, me fez perceber que Satanás não era todo-poderoso, como dizia ser.
            Cerca de uma hora depois, elas ouviram os homens subindo no teto novamente. Sons de uma intensa batalha vieram novamente de lá de cima. Logo os homens foram arremessados do teto novamente. Mas desta vez os homens não se puseram de pé. Ao invés disso, cada um foi agarrado, sob os braços, por uma força invisível e arrastado até para fora do limite da propriedade. As moças não viram os anjos, mas não havia, na mente delas, dúvida alguma de que tinham sido eles. Os homens foram largados na rua, sem cerimônia. A luta estava terminada. Os satanistas ainda ficaram em torno da propriedade por mais duas horas, mas não puderam colocar novamente os pés dentro da propriedade. Finalmente desistiram e foram embora.
            As moças comeram os biscoitos e louvaram ao Senhor pela maravi­lhosa libertação das mãos de seus inimigos. Como sempre, o Senhor havia sido fiel à sua aliança.
            Tendo obtido esta vitória, elas logo teriam que se deparar com um novo ataque, com novas lições a serem aprendidas.