sábado, 24 de abril de 2021

Louvor que liberta - Capítulo 08


 Capítulo 08

LOUVAI-O! Descobrir o poder que há no louvor foi uma das experiências mais emocionantes que eu já tive; no entanto, cada vez que queria contá-la a alguém, parecia que Deus dizia: "Espere. Ainda não chegou o momento." Quando um soldado chamado Ron veio me ver certo dia, estava muito infeliz e desesperado. "Capelão, preciso de sua ajuda. Quando fui chamado para o exército, minha esposa tentou o suicídio. Agora recebi ordem de seguir para o Vietnam e ela disse que se eu for ela se matará. O que devo fazer?" Ron era advogado, mas quando fora convocado, preferira se engajar como soldado raso. Agora estava completamente perturbado e incapaz de resolver o problema. "Peça à sua esposa que venha falar comigo e verei o que posso fazer." Sue era o próprio retrato da infelicidade. Parecia tão frágil ali sentada na ponta da cadeira, tremendo dos pés à cabeça. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. "Capelão", quase não conseguia ouvir sua voz, "estou com muito medo; não sei viver sem Ron." Olhei para ela e uma onda de compaixão trouxe lágrimas aos meus olhos. Conhecia a história de sua vida. Ela tinha sido adotada por uma família quando era ainda bem pequena; depois fora separada de sua família adotiva e não tinha ninguém no mundo a não ser Ron. 

Eles se amavam muito, e eu sabia que se Ron fosse para o Vietnam ela ficaria morando sozinha numa cidade estranha. Orei em silêncio pedindo a Deus sabedoria para consolá-la. "Diga-lhe para dar graças." Balancei a cabeça, não querendo acreditar. Devo ter ouvido mal. "Ela, Senhor?" "Sim. Pode começar a testificar dessa bênção. Conte a ela." Olhei para seu rosto molhado e meu coração se apertou. "Sim, Senhor; vou confiar em ti." "Sue, estou muito satisfeito de você ter vindo aqui", disse sorrindo, aparentando uma confiança que não sentia. "Você não precisa se preocupar. Tudo vai dar certo." Sue endireitou-se na cadeira, limpou as lágrimas e conseguiu dar um sorriso fraco. Continuei: "Quero que você se ajoelhe aqui e dê graças a Deus porque Ron vai para o Vietnam." Ela olhou para mim em total incredulidade. Acenei afirmativamente. "Sim, Sue; quero que você dê graças a Deus." Imediatamente, ela caiu num choro quase histérico. Tentei acalmá-la do melhor modo que pude e comecei a ler-lhe alguns versos das Escrituras nos quais aprendera a confiar, nos últimos meses: "Em tudo dai graças porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco... " "Todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus." Pacientemente, passei a mostrar-lhe as maravilhosas verdades que eu descobrira. Nada parecia adiantar, porém. 

Sue cria em Deus e em Cristo, mas, em meio a tanto desespero, aquela crença não lhe era de nenhum conforto. Quando finalmente saiu do gabinete a chorar, não tinha encontrado paz nem alegria. "Senhor, será que entendi mal? Isso não ajudou aquela moça." "Paciência, filho. Estou operando em seu coração." No dia seguinte Ron veio ao meu gabinete. "Capelão, o que o senhor disse a Sue? Ela está pior que antes." "Eu lhe disse qual é a solução para o problema, e agora vou dizer a você. Ajoelhe-se aqui e agradeça a Deus porque você vai para o Vietnam e por Sue estar tão perturbada que ameaça suicidar-se." Ron também não entendeu. Mostrei-lhe alguns versos das Escrituras:"... esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." Ele respondeu: "Agora sei por que Sue não entendeu; e eu também não entendo." E saiu. Dois dias depois voltaram. "Senhor, estamos desesperados. Precisamos de sua ajuda." Esperavam que eu, sendo capelão, pudesse conseguir que Ron fosse designado para outro lugar. Novamente apresentei-lhes a única solução de Deus para o seu caso. "Todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus."

"Se puderem crer que a mão de Deus está nisso, e que isso é para o bem de vocês, então é só confiar nele e começar a dar-lhe graças — independentemente da situação aparente." Eles se entreolharam. "Não perdemos nada em tentar, querida", disse Ron. Ajoelhamo-nos e Sue orou: "Senhor, eu te dou graças porque Ron vai para o Vietnam. Deve ser da tua vontade. Não compreendo, mas vou tentar compreender." Depois Ron orou: "Senhor, isto tudo é muito estranho para mim também, mas confio em ti. Dou-te graças porque vou para o Vietnam e porque Sue está tão aflita; dou-te graças até mesmo porque ela pode tentar ferir-se." Eu desconfiava que Ron e Sue não estavam tão convencidos como eu estava, mas agradeci ao Senhor por estarem tentando. Eles saíram do escritório e mais tarde fiquei sabendo o que acontecera depois. Entraram na capela e ajoelharam-se no altar. 

Ali puseram suas vidas nas mãos de Deus, numa entrega total, e foi então que Sue teve forças para dizer: "Senhor, eu te agradeço porque Ron vai para o Vietnam. Tu sabes como vou sentir falta dele. Tu sabes que não tenho nem pai, nem mãe, nem irmãos, nem outros parentes. Vou confiar em ti, Senhor." Ron orou: "Senhor, eu também te dou graças. Eu entrego Sue a ti. Ela é tua, e creio que tomarás conta dela." Depois levantaram-se. Ron atravessou a capela e foi para sua unidade e Sue voltou à sala de espera do meu gabinete. Ela queria ficar a sós, em silêncio, a fim de pôr os pensamentos em ordem. Enquanto ela se achava ali, entrou um soldado que lhe perguntou pelo capelão. Sue disselhe que eu estava ocupado. "Mas se quiser esperar um pouco vou lhe dizer que você está aqui", ofereceu-se. "Eu espero", disse o soldado. Ele parecia estar tão angustiado que Sue lhe perguntou: "Qual é seu problema?" "Minha esposa quer divorciar-se de mim." Sue balançou a cabeça: "Não vai adiantar muito falar com esse capelão", disse; mas o soldado não estava para ser desencorajado e, enquanto esperavam, tirou a carteira e começou a mostrar a Sue retratos de sua mulher e filhos. Quando olhou um dos retratos, Sue gritou: "Quem é essa?" "Essa é minha mãe." "Essa é minha mãe", disse Sue tremendo de emoção. "Não pode ser", disse o soldado, "eu não tenho irmãs."

"É ela; sei que é." "Por que pensa assim?" "Quando eu era criança, encontrei um documento numa escrivaninha de meus pais, que revelava que eu era sua filha adotiva. No canto superior do documento havia um retrato de minha mãe verdadeira. Essa é ela. É a mesma do retrato." E era. Investigações subseqüentes revelaram que a mãe de Sue a prometera a uma outra família mesmo antes de nascer e nunca a vira. Ela não tinha a mínima idéia de onde sua filha estava e nunca recebera nenhuma notícia a seu respeito. Agora Sue tinha um irmão de verdade, e com ele, toda uma família. Coincidência? Há mais de duzentos milhões de pessoas nos Estados Unidos. Quais as probabilidades de que aquele soldado entrasse no meu escritório exatamente quando Sue havia feito um acordo com Deus de louvá-lo por sua solidão e pelo fato de não ter parentes? 

E isso não foi tudo. Quando Ron voltou à sua divisão, encontrou-se com um ex-colega de faculdade, que agora era oficial advogado. "Ei, colega, aonde vai?" perguntou este ao vê-lo. "Glória a Deus! Vou para o Vietnam", respondeu Ron. Eles conversaram algum tempo e esse amigo convenceu Ron a pedir transferência para trabalhar com ele no escritório de advocacia. Ron e Sue não tiveram de separar-se. E Sue não teve mais que se agarrar a Ron com medo de perdê-lo. Ela tinha atingido a plena confiança em Jesus Cristo e vivia a louvá-lo. Tempos depois, um aspirante a oficial veio ao meu escritório. Ele chorou durante algum tempo. "O senhor precisa me ajudar. Minha esposa quer o divórcio. O advogado dela mandou os documentos para eu assinar. Não posso continuar o curso de oficial. Não quero continuar no exército. Por favor, ajude-me." "Eu sei como seu problema pode ser resolvido. Vamos ajoelhar-nos e agradecer a Deus por sua esposa ter pedido o divórcio." Como Sue e Ron, ele também não entendeu. Com muito cuidado, começamos a folhear as Escrituras. Por fim, ele concordou que poderia tentar. Ajoelhamo-nos e ele orou entregando tudo a Deus e dando-lhe graças por ter permitido que aquilo acontecesse. Quando voltou à sua unidade estava tão perturbado que foi dispensado pelo resto do dia. Deitou-se na cama e ficou ali dizendo:

"Agradeço-te, Senhor, porque minha esposa quer o divórcio. Naturalmente, não entendo isto, mas tua Palavra diz que devo dar graças por tudo, e então eu darei." O dia todo ele pensou no assunto várias vezes. Naquela noite não conseguiu dormir e continuou a louvar, a Deus. No dia seguinte participou do treinamento como se estivesse entorpecido. "Senhor, sabes que não entendo nada, mas dou-te graças assim mesmo." À noite, quando estava no refeitório jantando, sentiu que atinava com uma coisa: "Senhor, certamente, tu deves saber o que é melhor para mim, muito mais do que eu. Eu sei que tudo isto deve ser da tua vontade. Graças, Senhor, agora eu compreendo." Naquele momento, um colega bateu no seu ombro e lhe disse que havia um chamado telefônico para ele. Durante todo o tempo em que ele estivera ali, até então, nunca recebera um telefonema. Quando pegou o fone, percebeu que a pessoa do outro lado estava chorando. "Querido, perdoe-me. 

Não quero mais o divórcio." Uma senhora veio ao meu gabinete relutantemente. Uma amiga quase teve que arrastá-la até ali. Contou-me que tinha estado considerando o suicídio, e achava que conversar sobre o problema não iria resolvê-lo. Pouco a pouco, relatou os detalhes do caso. Seu marido tinha um filho ilegítimo com outra mulher. A criança era criada pelos pais do marido. Toda vez que ia visitar os sogros, lá estava a criança. Para dificultar as coisas, a mãe da criança também aparecia ali, às vezes na mesma hora. Embora estivessem passando por dificuldades financeiras, o marido estava mandando dinheiro aos pais para ajudar a cuidar do seu filho. Ela não conseguia mais viver com essa tortura interior. "Não se preocupe", disse-lhe. "Você não terá que viver assim; há uma solução para o problema." Ela levantou os olhos bastante surpresa. "Qual é?" "Vamos nos ajoelhar e agradecer a Deus por seu marido ter esse filho ilegítimo." Mais uma vez busquei nas Escrituras as passagens que falam sobre dar graças a Deus em todas as circunstâncias. Limpando as lágrimas, ela finalmente concordou em fazer uma tentativa. Oramos, e ela saiu dali decidida a deixar Deus resolver seus problemas. Na manhã seguinte, telefonei-lhe para saber como estava indo. "Maravilhosamente!" respondeu. "Verdade?" "É. Quando levantei de manhã estava cheia de gozo."

"O que aconteceu?" "Quando cheguei em casa ontem, comecei a pensar o que eu poderia fazer agora que estava agradecida pelo filho do meu marido. Concluí que se estivesse realmente grata eu devia fazer alguma coisa. Sentei-me e fiz um cheque para meus sogros e disse-lhes para empregar o dinheiro em algo para a criança. Estou-me sentindo maravilhosamente bem." No dia seguinte telefonei de novo e ela disse: "Sinto-me melhor do que ontem." "O que fez agora?" "Lembrei-me de uma senhora que mora aqui perto, que tem um filho retardado. Fui visitá-la e perguntei se poderia ajudá-la a cuidar da criança. Ela ficou tão espantada que não soube o que dizer. Fiquei com ela e comecei a ajudar no que podia." "Sabe lidar com crianças retardadas?" "Sei. 

Tenho o curso de trabalho com crianças excepcionais." "Trabalhou com crianças retardadas depois que se formou?" "Não; esta é a primeira." "Agora compreende por que Deus permitiu que aquilo acontecesse?" "Sim, compreendo; e estou realmente agradecida." Daquele dia em diante ela era outra pessoa. Os que a conheciam diziam que antes ela parecia estar sempre sentindo uma grande dor. Agora dizem que ela parece ter descoberto um segredo maravilhoso e muitas pessoas estão sendo atraídas a Jesus pela sua radiante alegria. Jesus não prometeu mudar as circunstâncias da nossa vida, mas prometeu grande paz e gozo aos que aprenderem a crer que Deus controla todas as coisas. O louvor libera o poder de Deus para atuar sobre as circunstâncias. Assim Deus pode mudá-las se for esse o seu desígnio. Muitas vezes o que impede a solução do problema é nossa atitude. 

Deus é soberano e pode operar a despeito de nossa atitude negativa e hábitos mentais errôneos. Mas seu plano perfeito é levar cada um de nós a entrar em comunhão com ele. Assim, ele permite que as circunstâncias e alguns incidentes venham nos revelar essa atitude errada. Eu creio que a oração de louvor é a mais alta forma de comunhão com Deus e ela sempre atrai para nós grande quantidade do poder de Deus. Louvar a Deus não é algo que fazemos por nos sentirmos felizes; ao contrário, um ato de obediência. Muitas vezes, a oração de louvor exige muita força de vontade; no entanto, quando persistimos, o poder de Deus flui para nossa vida e para o problema, talvez a princípio em gotas, mas depois em torrentes que vão sempre aumentando e que finalmente nos inundam e lavam as mágoas e cicatrizes. A esposa de um militar veio a mim com um problema para o qual ela via apenas uma solução. Seu marido tinha adquirido o vício da bebida e nos últimos anos tinha se tornado um alcoólatra inveterado. Muitas vezes caía na sala, bêbado, e sua esposa ou um dos filhos iria encontrá-lo ali, completamente nu. 

Também havia sido encontrado nas mesmas condições no corredor do seu edifício de apartamentos onde também residiam várias outras famílias. Finalmente, em desespero, ela decidiu abandoná-lo e levar os filhos consigo. Amigos persuadiram-na a falar comigo primeiro. "Diga o que o senhor quiser, capelão, mas não me diga que devo ficar com ele", disse ela. "Não vou ficar." "Não me interessa se a senhora vai ficar com ele ou não", respondi; "quero apenas que a senhora agradeça a Deus por seu marido ser assim." Com muito empenho, expliquei-lhe o que a Bíblia tem a dizer sobre dar graças a Deus por tudo e disse-lhe que tentasse. Deus poderia resolver o problema da melhor maneira possível. Ela achou tudo muito ridículo, mas concordou em ajoelhar-se e eu orei para que Deus lhe desse fé bastante para crer que ele é um Deus de amor e poder, que tem o universo nas mãos. Por fim ela disse: "Eu creio." Duas semanas depois telefonei para ela. "Sinto-me maravilhosamente bem", disse. "Meu marido está totalmente diferente. Ele não bebeu nem uma gota nessas duas semanas." "Ótimo", respondi. "Gostaria de falar com ele." 

"O que quer dizer?" Ela estava surpresa. "Acho que seria bom se eu conversasse com ele e lhe falasse sobre esse poder que está operando na vida de vocês." "Ainda não falou com ele?" Ela parecia intrigada. "Não. Ainda não o conheço." "Capelão, isso é um milagre", ela gritou. "No dia que fui ao seu gabinete, quando ele voltou para casa, foi a primeira vez depois de sete anos, que não foi à geladeira apanhar uma cerveja. Em vez disso, foi para a sala e começou a conversar com as crianças. Eu estava certa de que o senhor tinha conversado com ele." Nossa oração de louvor tinha liberado o poder de Deus para operar na vida de outra pessoa. Aquela senhora chorava. "Glória a Jesus, capelão", soluçou. Agora sei que todas as particularidades de nossa vida estão, sob o controle de Deus." Um jovem soldado caiu doente com um grave problema cardíaco e foi levado ao hospital de Fort Benning. Mais tarde deixou o hospital mas tinha que voltar ali para fazer exames periódicos. Algum tempo depois foilhe comunicado que precisava ir a um outro hospital para se submeter a uma operação. Ficou desesperado ao ouvir isto e começou a beber. Seu desespero foi aumentando e, finalmente, ele resolveu fugir. Roubou algumas roupas de outro soldado e fugiu no carro de um sargento. Acabou dando uma batida e estragando o carro. 

O infeliz soldado foi detido e levado à prisão para aguardar julgamento. Ali, outro soldado pregou-lhe a salvação em Cristo e ele aceitou. Fui visitá-lo. Ele ainda estava deprimido e com medo de que tivesse arruinado sua vida de tal maneira, que não poderia ser útil para mais nada. "Seus pecados foram perdoados e esquecidos", disse-lhe. "Não pense que seu passado é uma corrente que está presa ao seu pescoço. Agradeça a Deus por todas as circunstâncias da vida e creia que ele permitiu que essas coisas acontecessem para trazê-lo ao ponto em que você se encontra agora." Juntos, percorremos as Escrituras para ver como as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. "Isso não se refere apenas ao que aconteceu depois que você entregou a vida a Deus", disse-lhe. 

"Deus pode usar até mesmo nossos erros passados e nossas falhas, quando nós os entregamos a ele com ação de graças." Ele compreendeu e começou a louvar a Deus fervorosamente por tudo que havia acontecido. Com a aproximação do julgamento, seu advogado disse-lhe que o mínimo que poderia esperar era cinco anos de detenção, e a expulsão do exército. O soldado não se deixou abater e disse que o que quer que acontecesse, Deus já tinha o pleno controle de sua vida e iria fazer tudo resultar para seu bem. A corte marcial terminou em surpresa. A corte nunca é realizada sem que as autoridades militares creiam firmemente que o crime requer punição severa. Este soldado foi sentenciado a seis meses na cadeia local, e não foi expulso do Exército. Eu e o Capelão Curry Vaughn fomos visitá-lo. Pensáramos em ir confortá-lo, mas foi ele quem nos confortou. Estava cheio de um gozo contagiante. Daí a pouco, nossas risadas ressoavam naquela prisão. O soldado não conseguia ficar quieto: ria, cantava e saltava pela sala. Antes de sair, perguntamos como estava indo de saúde. Estava para ser operado e, fisicamente falando, ainda precisava de cuidados médicos. Confessou que estava fraco e que seu coração ainda o incomodava, mas disse: 

"É maravilhoso! Deus está cuidando de mim." Perguntamos se gostaria que orássemos por ele, ao que respondeu: "Sim, orem. Creio que Deus vai me curar." Impusemos as mãos sobre ele e pela fé aceitamos que Deus, em Cristo, estava ali para curá-lo. O soldado sorriu e disse: "Eu creio que ele operou." Algumas semanas mais tarde conversei com o comandante daquela companhia. "Acho que é desperdiçar dinheiro do governo conservar este homem na prisão", disse-lhe. "Por que, capelão?" "Ele não é mais o mesmo homem que roubou as roupas e o carro que estragou. Está completamente mudado." O comandante concordou e conseguiu que fosse solto. Uma semana depois perguntei-lhe como estava. "Capelão, antes eu ficava cansado de caminhar cem metros. Agora posso até correr, e parece que nunca me canso. Deus me curou." A todo lugar que ia, eu contava o que havia descoberto a respeito do poder do louvor. Eu estava começando a ver que o louvor não é apenas uma forma de culto ou de oração, mas, também, um modo de travar as batalhas espirituais. Muitas vezes, quando uma pessoa começava a louvar a Deus por seus problemas, acontecia que Satanás aumentava os ataques e a situação parecia piorar, em vez de melhorar. 

Muitos que experimentaram a arma do louvor ficaram desanimados e não puderam continuar firmes na certeza de que Deus estava no comando da situação. Outros, simplesmente, não compreenderam e se recusaram a louvar a Deus pelos acontecimentos desagradáveis. "Isso não tem sentido", diziam. "Não vou louvar a Deus por uma coisa com a qual ele não tem nada a ver. Deus não tem nada a ver com um braço quebrado, ou com um carro estragado, ou com o mau gênio do marido. Seria tolice louvá-lo por causa disso." Certamente que não tem sentido. A questão, porém, é: dá certo? Não tinha sentido Cristo dizer aos discípulos que exultassem quando estivessem famintos, ou pobres ou perseguidos. No entanto, ele disse, claramente, para fazermos exatamente isso. Em Neemias 8.10 lemos: "A alegria do Senhor é a vossa força." As setas do inimigo não irão penetrar o escudo da alegria de uma pessoa que louva o Senhor. 

Em II Crônicas 20 vemos como todo um exército foi derrotado pelos israelitas, quando eles louvaram ao Senhor crendo na sua palavra de que a batalha era dele (do Senhor) e não deles. Essa mensagem é clara para nós também hoje. A batalha não é nossa, é de Deus! Enquanto nós o louvamos, ele desbarata o inimigo. Eu sempre ficava desanimado e triste ao ver pessoas que se recusavam a louvar o Senhor. Tinha pena delas ao vê-las em meio a situações desesperadoras, em meio a sofrimentos e infelicidade. Pedi a Deus sabedoria para compreender por que eles não podiam aceitar o método do louvor, e pedi-lhe que me ensinasse melhores modos de levar outros a louvá-lo. Sete meses depois que tive a primeira experiência de rir no Espírito, fui a um retiro do grupo "Camp Farthest Out". Desejava passar alguns dias de descanso e regozijo na companhia dos irmãos ali. Eu me sentara bem atrás, por ocasião de um culto de cura, e tinha os olhos fechados, quando, na tela da minha visão interior, Deus colocou um quadro. Vi um belo dia de verão. Era um dia claro e límpido, tudo estava lindo. Na parte superior do quadro havia uma nuvem negra e opaca e nada se podia ver acima dela. Havia uma escada que se elevava do chão até à nuvem. 

Na base da escada havia centenas de pessoas que desejavam subir por ela. Tinham ouvido dizer que, acima do negrume daquela nuvem, tudo era ainda mais belo que qualquer outro quadro que o olho humano já contemplou, uma visão que dava uma alegria muito grande àqueles que chegavam lá. Todas as pessoas que tentavam subir chegavam rapidamente à base da nuvem. A multidão estava observando para ver o que acontecia. Pouco depois a pessoa descia escada abaixo desesperadamente, caindo entre a multidão e fazendo com que muitos se espalhassem em várias direções. Contavam que logo que entravam na escuridão perdiam o senso de direção. Chegou minha vez, e subi escada acima. Quando entrei na escuridão ela aumentou tanto que senti um enorme poder quase me forçando a desistir e a descer. Continuei a subir, porém, degrau por degrau, até que, subitamente, meus olhos contemplaram o brilho mais intenso que já vira. Era de uma alvura brilhante, gloriosa demais para ser descrita em palavras. Assim que acabei de atravessar a nuvem e fiquei por cima, vi que era possível caminhar sobre ela. 

Enquanto eu olhasse para aquela claridade, caminhava sem dificuldade, mas se olhasse para baixo, para examinar a nuvem, começava a afundar. Só fixando os olhos na claridade é que conseguia manter-me na superfície. Depois a cena mudou. Via o quadro todo de certa distância; distinguia os três níveis. "O que significa isto?" perguntei; e a resposta veio. "O dia ensolarado abaixo da nuvem é a luz em que muitos crentes vivem e aceitam como sendo a vida cristã normal. A escada é o louvor. Muitos tentam subi-la para aprender a louvar-me em todas as situações da vida. No começo sentem-se animados, mas quando chegam a situações que não compreendem, ficam confusos e não conseguem seguir em frente. Perdem a fé e escorregam de volta ao lugar primitivo. Na queda, ferem outras pessoas que procuram o caminho da vida de alegria e louvor contínuos. "Os que conseguem romper através dessas dificuldades chegam a um novo mundo e vêem que a vida que antes criam ser a vida cristã normal nem se compara à vida que está preparada para aqueles que me louvam e crêem que estou cuidando deles. 

O que chega à luz do reino dos céus pode caminhar por cima das dificuldades, não importando o quanto elas pareçam escuras. Continua por cima enquanto conserva o olhar afastado dos problemas e fixo na vitória de Cristo. Não importa o quanto lhe pareça difícil confiar em Deus para resolver todos os problemas; continue a segurar-se na escada do louvor, e continue a subir." Fiquei meio atordoado com a visão e sua explicação, e comecei a me indagar quando o Senhor deixaria que eu a contasse a outros. Ali no retiro fiquei conhecendo uma senhora que enfrentava problemas sérios em casa. Lutava com doenças e outras dificuldades na família; ela achou muito difícil crer que louvar a Deus ia lhe trazer algum bem. Silenciosamente, pedi orientação a Deus e ele disse: "Conte-lhe." Então contei: "Você será a primeira a ouvir isso", disse-lhe. Enquanto ela ouvia a narração, percebi que o peso que carregava a deixou e seu rosto como que brilhou de esperança.

 Encontrei essa mesma visão, descrita por Paulo, em palavras ligeiramente diferentes, em Efésios 1 e 2: "Bendito (louvado!) o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu ele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele... para louvor da glória de sua graça... segundo o seu beneplácito... de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as cousas... a fim de sermos para louvor de sua glória, nós os que de antemão esperamos em Cristo... para saberdes... qual a suprema grandeza para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, potestade e poder e domínio... e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus." Jesus Cristo está acima de todos os poderes das trevas e, de acordo com a Palavra de Deus, nossa herança está ali, acima da escuridão, junto com Cristo. A escada de acesso é o louvor. A cada dia eu me tornava mais consciente do poder do louvor, mas ao mesmo tempo estava travando conhecimento com algumas ciladas do inimigo. Na época em que comecei a buscar na Bíblia mais revelações sobre o louvor, fui levado a ver Escrituras que descreviam o poder que temos recebido em Cristo para vencer os poderes das trevas. 

Há muito que eu meditava na passagem de Marcos 16, onde Jesus fala dos sinais que seguirão aqueles que crêem nele: "... em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se alguma coisa mortífera beberem não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados." Eu tinha pedido a Deus, em oração, que me mostrasse se isso era válido para nós hoje, no século vinte, e se fosse, como e quando fazer uso dessa promessa. Notei que sentia um mal-estar quando estava perto de certas pessoas. Orei a respeito e recebi uma forte impressão de que o que havia de errado com elas era de natureza demoníaca. Pedi a Deus que se eu tivesse de me ver face a face com alguém assim, durante uma reunião de oração, que ele me orientasse no que fazer.

Um certo soldado abandonou a esposa deixando-a com três filhos para cuidar. Desesperada, a mulher tentou matar-se. Levada às pressas para o hospital, sua vida foi salva. Alguns amigos a trouxeram a mim. Tinha o desespero estampado no rosto. Os amigos disseram-me que há anos não a viam sorrir. Comecei a conversar com ela sobre o poder do louvor, mas depois de alguns minutos senti que devia parar. Olhei bem nos seus olhos e senti que alguma coisa estava errada com ela, que ali havia uma influência maligna. Senti medo; compreendi que estava frente a frente com o inimigo. "Senhor", orei em silêncio, "já cheguei até aqui, e não posso voltar agora. Vou avançar pela fé, confiando que tu operarás." Olhando bem nos olhos da mulher, falei em voz alta ordenando ao espírito do mal que saísse dela em nome do Senhor Jesus Cristo, e pelo poder do seu sangue. Seus olhos vidrados de repente se desanuviaram, e ela pôde então ouvir as explicações de como Deus opera para o bem, se apenas confiarmos nele e nos empenharmos em louvá-lo. 

Agora ela estava livre para compreender e sorriu com uma beleza radiante. Jesus Cristo tinha quebrado as cadeias de escuridão que ameaçavam sua vida. O Capelão Curry Vaughn Jr. passou também a experimentar o poder do louvor em sua vida. Pouco depois que começara a louvar a Deus pelas dificuldades, chegou em casa certa tarde, e ficou sabendo que sua filhinha de dois anos tinha ingerido solvente e tinha sido levada para o hospital. Curry saltou no carro e partiu depressa para lá. Sua mente era um redemoinho de medo e preocupação. De repente, viu o erro que estava cometendo; diminuiu a marcha do carro e agradeceu o Senhor pelo que tinha acontecido. No hospital, já tinham dado lavagem estomacal na criança e tirado uma chapa de raio X. Curry foi informado de que duas coisas poderiam acontecer. Primeiro, ela teria febre alta, e depois havia noventa e cinco por cento de probabilidade de que ela teria pneumonia. Curry e sua esposa, Nancy, levaram a menina para casa, preparados para ficar a observá-la como os médicos haviam orientado. 

Em casa, Curry tomou a menina nos braços e orou: "Pai celestial, sei que Satanás tentou atacar-me mais uma vez e eu te louvei! Agora, em nome de Jesus, Virgínia não terá febre e nem pneumonia." No dia seguinte, Virgínia acordou tão bem disposta e vivaz como sempre. Não sofreu nenhum dos efeitos previstos. Um certo homem veio me procurar para falar de sua filha mocinha. Eu conhecia a família e sabia que sua filha tinha recebido dos pais bastante amor e carinho; no entanto, tinha brotado nela um ódio violento contra a irmã mais moça. Estava sempre pronta a agredir a outra ou a atirar-lhe o primeiro objeto pesado que encontrasse à mão. Os pais, grandemente perturbados, tinham-na levado ao psiquiatra, davam-lhe tranqüilizantes e oravam há anos para que Deus os ajudasse a encontrar a solução desse terrível problema. Os acessos de violência aumentaram e eles perceberam que a situação era bem grave. Falei com eles e desafiei-os a experimentar a única solução que ainda não tinham experimentado. "O que é?" perguntaram. "Dar graças a Deus por ele lhes ter dado esta filha para por ela suprir sua necessidade. Louvem-no porque ele sabe exatamente qual é a maior bênção para sua família." 

A princípio, pensaram que isso estava totalmente além de suas forças. Estavam tentando resolver o problema há tanto tempo que não viam como de um momento para outro podiam ficar alegres porque as coisas eram do jeito que eram. Lemos as Escrituras, e depois oramos pedindo a Deus que operasse um milagre e os ajudasse a louvá-lo. O milagre aconteceu. Eles começaram a sentir-se gratos. Fizeram isto durante duas semanas. Em lugar de preocupação e medo sentiram grande paz e gozo. Uma noite estavam na sala. A filha mais velha estava de pé no meio da sala segurando uma planta. Olhou para eles e quando percebeu que a observavam sorriu e deixou cair o vaso sobre o tapete. Terra, vidro e flor se espalharam pelo chão. A moça ficou parada, sorrindo, esperando a reação deles. Os pais, que já tinham se entregado completamente à prática do louvor, disseram ao mesmo tempo: "Obrigado, Senhor." A filha olhou-os espantada. Depois levantou a cabeça e, olhando para o céu, disse: "Obrigada, Senhor por teres me ensinado esta lição." 

Daquele momento em diante ela começou a melhorar. Os pais me procuraram jubilosos. O poder do louvor tinha operado. Durante anos, Satanás tinha conservado aquela família algemada por causa daquela moça. Agora a cadeia fora rompida. Em Tiago lemos que temos que nos sujeitar a Deus e resistir a Satanás. Em Romanos 12.21, Paulo escreve: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." Algumas pessoas me perguntam se este princípio de louvor não é apenas um outro modo de se utilizar o poder do pensamento positivo. Absolutamente. Louvar a Deus em todas as circunstâncias não significa que fechamos os olhos às dificuldades. Na carta aos Filipenses, Paulo diz para não nos preocuparmos com nada: "em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus." 

Olhar só para o lado bom da situação é, às vezes, um modo perigoso de escapar à realidade da vida. Quando louvamos a Deus por uma situação, nós o louvamos por ela e não a despeito dela. Não estamos tentando evitar os problemas; ao contrário, Jesus Cristo está-nos mostrando um modo de superá-los. Essa escada do louvor existe, e eu creio que todos, sem exceção, podem louvar a Deus neste momento, qualquer que seja a situação em que se encontrem. Para que nosso louvor alcance a perfeição que Deus quer para nós, ele precisa estar completamente divorciado da idéia de galardão. O louvor não é um método de se negociar com o Senhor. Não podemos dizer a Deus: 

"Nós te louvamos em meio a esses problemas; agora, Senhor, soluciona-os." Louvar a Deus de coração puro significa deixar Deus purificar nosso coração de qualquer motivo indigno ou propósito escuso. Temos que passar pela experiência da morte do eu para que possamos viver novamente: em Cristo, em novidade de mente e de espírito. Morrer para o eu é um processo progressivo, e eu cheguei à conclusão que esse caminho é percorrido somente através do louvor. Deus nos chama ao louvor, e a mais alta forma de louvor é a que Paulo, em Hebreus 13.15, nos exorta a utilizar: "Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome." O sacrifício de louvor é oferecido quando tudo ao nosso redor são trevas. Parte do coração triste para Deus, porque ele é Deus, Pai e Senhor. Creio que ninguém pode louvar a Deus deste modo, se não tiver experimentado o batismo com o Espírito Santo. Assim que começamos a louvá-lo, qualquer que seja o degrau da escada em que nos encontramos, seu Santo Espírito começa a encher-nos mais e mais. Louvá-lo continuamente implica numa constante redução do ego e num aumento da presença de Cristo, dentro de nós, até que, como Pedro, nos regozijemos com "alegria indizível e cheia de glória".

"Saiu uma voz do trono, exclamando: Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes. Então ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas, e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! pois reina o Senhor nosso Deus, o Todo-poderoso." (Apocalipse 19.5,5.)