sábado, 24 de abril de 2021

Ele veio pra libertar os cativos - 01 - Rebecca


Ela sentiu que havia algo diferente no lugar, desde o primeiro momento que atravessara a porta. Era como se a escuridão pairasse. Não podia definir. Mas, estava lá. Algo que ela sabia nunca ter experimentado.
Rebecca é médica, e era a primeira vez que entrava no hospital Memorial para começar seu treinamento em residência. Terminara o curso de medicina no mês anterior e, pela primeira vez em seus trinta anos, saía de casa. Não tinha idéia de que as tragédias que aconteceriam naquele hospital transformariam para sempre ela e o curso da sua vida. A escuridão sinistra que sentira no espírito parecia espreitá-la... espreitá-la... e, de repente a envolveria numa série de acontecimentos que testariam no limite máximo o compromisso dela com o Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O primeiro teste viria logo. Rebecca já trabalhava há cerca de dois meses no hospital. Numa noite enquanto trabalhava na sala de emergência (S.E.), lá pelas duas da madrugada, trouxeram um homem aparentando ter trinta anos.
Quando viu o corpo dele todo machucado e estraçalhado, Rebecca recuou de pavor. Antes de ser médica ela já havia trabalhado como enfermeira em hospitais da cidade. Contudo, nem as experiências de seis anos nas S.E. faziam-na lembrar de ter visto algo semelhante! Mesmo na correria com os colegas de trabalho para salvar a vida do jovem pastor, ela não conseguia parar de pensar. “Como isto pôde acontecer? Quem teria feito tal coisa?” Era óbvio que ele havia sido torturado.
O seu corpo estava parcialmente sem a pele. Inúmeros eram os ferimentos de queimaduras, cortes, chicotadas e o mais terrível: buracos nas palmas das mãos causados pela introdução de ferros nela. Ele estava inconsciente e em profundo choque.
Depois dos cuidados médicos, o paciente estabilizado e transferido para o CTI, Rebecca procurou pelos policiais que haviam socorrido o moço. Eles não tinham muito o que dizer, a não ser de que parecia tratar-se de um caso típico de seqüestro. Acharam-no desmaiado e o primeiro pensamento fora de que estivesse morto. Recusaram-se a falar sobre o incidente e saíram rapidamente resmungando sobre ter de arquivar o caso.
Todos na S.E. voltaram às suas tarefas como se nada de anormal tivesse acontecido. Particularmente, ninguém parecia surpreso pela condição do paciente. Rebecca, novamente, sentiu aquela esmagadora atmosfera. Estava tremendamente confusa e preocupada. No entanto, a despeito das circunstâncias, o trabalho a esperava. Até então, nada em sua experiência de vida poderia tê-la preparado tanto como o choque que o testemunho do pastor causaria ao narrar o que lhe acontecera antes de entrar no hospital naquela noite. Ela, nem mesmo sabia que o próximo golpe seria contra uma de suas pacientes, uma pessoa que amava muito.
Mas, primeiro, deixe-nos descrever o treinamento que o Senhor deu à Rebecca preparando-a para tudo o que viria a acontecer.
Foi-lhe concedido o tremendo privilégio e bênção de nascer em um lar cristão. Seus pais oravam por ela diariamente. Quando muito jovem aceitou a Jesus como Salvador, mas não sabia nada sobre relacionamento pessoal com Ele. Cresceu em uma denominação restrita e rigorosa onde não lhe era permitido fazer amigos ou relacionar-se com pessoas de outros grupos. Foi rejeitada tanto dentro de seu meio, como fora dele. Ridicularizada e criticada na escola por membros de outros grupos, ela cresceu solitária. Além do mais, era muito enferma passando toda a infância ora em casa, ora no hospital. Descobriram depois, que ela possuía uma doença neuromuscular que, além de debilitá-la era incurável. Mas a dedicação e as orações de seus pais foram, para ela, estabilidade e proteção. Nenhum temor impediu que Rebecca entrasse em um mundo oculto. Ocultismo este que aprisiona tantos jovens com antecedentes similares.
No primeiro ano na escola de medicina, ela, finalmente, entregou todas as áreas de sua vida ao senhorio de Cristo. Deixou que Ele fosse o seu mestre, assim como o seu Salvador. Os quatro anos foram de intensa luta devido à doença neuromuscular e às dificuldades financeiras. Foram anos em que ela aprendeu a confiar no Senhor, a andar com Ele dia-a-dia, ouvi-lo falar em seu espírito, aprendeu a seguir Suas orientações e a experimentar a provisão divina para cada necessidade diária.
Antes de ingressar na escola de medicina, ela havia trabalhado, durante sete anos, como enfermeira. Então, como resultado do poderoso mover de Deus em sua vida, e de inúmeros milagres, ela abandonou a enfermagem, e voltou a estudar indo depois para a escola de medicina.
Na época em que entrou no hospital Memorial, Rebecca não sabia absolutamente nada sobre Satanismo ou mesmo sobre Elaine, uma poderosa bruxa que morava perto dali. Ela nem sonhava que o fato de andar com Cristo naquele hospital, causaria um impacto tamanho no mundo espiritual e que as forças das trevas ficariam enfurecidas. Viu-se envolvida numa luta tremenda. Elaine, uma das mais poderosas bruxas nos EUA, liderou um ataque organizado por muitas outras que usaram todos os poderes e habilidades da bruxaria para tentar matá-la.
O primeiro ano de residência é também o primeiro do treinamento que um médico recebe depois da faculdade, indo especializar-se em alguma área. É o mais difícil e temeroso, e não foi diferente para Rebecca, exceto que ela estava consciente de havia algo estranho e indefinível acerca daquele hospital. Algo que ninguém parecia notar. Nem mesmo seus colegas cristãos. Era como se fosse uma atmosfera de ódio, murmuração e luta em todo departamento, e, porque não dizer, em todo o hospital. Uma atmosfera extremamente fria. Deus usou as pressões físicas e emocionais desse ano para aumentar sua intimidade com Rebecca.
Ela constatou que, desde o começo, havia uma resistência incomum ao evangelho e, as pessoas com quem tentava compartilhar recusavam, enfaticamente, até mesmo ouvir. De fato, passados os seis meses que trabalhava no hospital, a administração recolhera dos quartos todos os novos testamentos. Colocaram nos postos de enfermagem o aviso de que o empregado que fosse apanhado “evangelizando” os pacientes seria despedido no ato. Não deixando de mencionar que, aos ministros não seria permitido visitar na companhia de outros que não fossem os seus próprios paroquianos. E, se tentassem evangelizar outros pacientes seriam escoltados pela segurança e advertidos a não retornarem mais. O Serviço de Capelania não era permitido. Na realidade, parecia haver um esforço no sentido de banir qualquer menção ao cristianismo dentro do hospital.
Rebecca fora designada para trabalhar no CTI. Entretanto, imediatamente, se viu mergulhada num turbilhão de atividades. Eram 120 horas semanais de trabalho árduo. Assim, ela atribuiu à exaustão a piora do seu estado físico.
Não obstante, o Senhor começou a falar-lhe firmemente no coração que ela deveria passar uma hora em oração, todas as manhãs, antes do trabalho. Deveria pedir pela instituição e também pela cidade porque o evangelho seria proclamado além de se tornar frutífero. Tão logo, começou a obedecer, achou-se, repetidamente, compelida pelo Espírito Santo a pedir ao Senhor que sujeitasse o poder das trevas naquele lugar. Sempre ela se via citando Números 10.35, onde Moisés diz:
“...Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos e fujam diante de ti os que te odeiam”.
Não sabia porque orava dessa maneira e, na verdade, era estranho para ela a situação. No entanto, insistentemente o Espírito Santo impulsionava-a a agir assim.
Como o Senhor mais e mais, queimava-lhe o coração pelas almas daquele lugar, ela começou a pedir-lhe, diariamente, a permissão para tapar a brecha pelo hospital e pela cidade do mesmo modo que está em Ezequiel 22.30-31:
“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi, fiz cair-lhes sobre a cabeça o castigo do seu procedimento, diz o Senhor Deus.”
Em particular, ela nem mesmo sabia o significado de “estar na brecha”, contudo, pedia ao Senhor que a usasse da maneira que Ele quisesse.
Nos primeiros meses no Memorial, Deus ensinou-lhe uma preciosa lição da total dependência d’Ele no exercício da medicina. Uma noite, muito tarde, fora admitido um paciente na Unidade de Tratamento Coronário. Possivelmente, tratava-se de um infarto, pois o mesmo tinha dores fortíssimas no peito e a pressão sangüínea estava muito alta. Naquela noite, Rebecca ficara responsável para examinar e cuidar do paciente. Ele deu-lhe uma lista dos remédios que usava e entre eles havia um que era muito bom para abaixar a pressão, ao mesmo tempo que reduzia o trabalho árduo do coração. O paciente, firmemente, assegurou-lhe de que estava tomando uma dose especial do remédio e Rebecca aceitou o argumento. Decidiu dar-lhe aquela dosagem na intenção de abaixar a pressão e assim evitar o infarto. O pior é que ela não sabia da gravidade do que fizera. A dosagem era muito perigosa, a menos que o paciente tivesse sido preparado gradualmente para tomar aquela quantidade.
Depois de uma hora, as enfermeiras vieram chamá-la dizendo que a pressão do paciente caíra muito e que além de estar em choque, ele parecia estar morrendo. O temor apoderou-se dela. Na aflição, chamou seu superior. Contou-lhe o ocorrido e perguntou o que poderia ser feito para reverter o efeito do remédio que administrara. De uma maneira impessoal, ele disse que ela cometera um estúpido engano e que não havia nada, absolutamente nada, a fazer, a não ser esperar, para ver se ele sobreviveria ou não. Não havia disponível, nenhum remédio que pudesse ser usado para anular os efeitos do que fora administrado. E, além do mais, o superior acrescentou que, quando residente, cometera um engano semelhante e que o paciente dele ficara com seqüelas, devido ao período do choque em que quase morrera.
Os pensamentos sobressaltavam-lhe a mente enquanto caminhava pelas alas escuras e solitárias na direção da Unidade de Tratamento Coronário para ver o paciente. O medo, a culpa e a autopunição eram os que dominavam. Corria-lhe pela espinha um suor frio só de pensar na possibilidade de ter matado o homem. Os pensamentos a torturavam: “...Deus criou o universo onde causa e efeito trabalham em harmonia. Agora, por causa desta estupidez, esse homem provavelmente morrerá já que o remédio é absolutamente irreversível depois do efeito estabilizado, então, não é preciso nem mesmo orar pedindo que Deus mude a ordem só por sua causa e seu erro.” Repentinamente, o Espírito Santo começou a mostra-lhe o erro dos seus pensamentos e, gentilmente, começou a fluir dentro dela, mostrando que ela era diferente! Ela era filha do Rei! E, sendo assim, possuía um privilégio especial que os outros médicos não tinham. Ela tinha o direito de pedir a Deus, o Pai, no nome de Jesus, para corrigir o engano, fora para isto, e muitas outras coisas, que Cristo morrera na cruz.
Abruptamente, virou-se e correu até a capela. Lá ajoelhou-se diante do Senhor e começou a orar fervorosamente, pedindo a recuperação do paciente. Baseou-se no fato de que era filha do Rei e que podia obter ajuda numa hora de aflição, como está em Hebreus 4.16:
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, afim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”
Rebecca levantou-se e voltou à Unidade. Ao chegar, constatou que a pressão sangüínea do paciente voltara ao normal e que ele já não sentia dor! Um novo eletrocardiograma revelou que o coração trabalhava normalmente. Passaram-se dois dias e ele saiu de alta não apresentando, absolutamente, qualquer seqüela!
Rebecca aprendeu a ouvir, sempre, a voz do Senhor. Vez, após vez, Ele falaria suavemente em seu espírito, ora revelando um engano antes que o mesmo pudesse trazer conseqüências sérias, ora despertando-lhe a atenção sobre algo esquecido ou desaparecido e, também, lembrando-lhe o que fora lido ou aprendido anteriormente. Ela aprendeu a orar e a jejuar pedindo que Deus revelasse a chave para diagnosticar doenças particularmente obscuras. Aprendeu, também, a depender do Senhor para dar-lhe habilidade nas mãos e nunca executar qualquer procedimento sem antes orar e pedir a Jesus, o Médico dos médicos, que a orientasse. Louvado seja Deus! Pois, em todos esses anos o Senhor continuamente tem sido fiel e não aconteceram complicações sérias como resultado do trabalho dela.
Passados seis meses de residência, novamente depois de ter sido designada a trabalhar no CTI, o jovem pastor que ela vira na sala de emergência, finalmente se recuperou a ponto de poder falar. Ela acompanhara o progresso dele bem de perto. Agora, orava por ele constantemente e, movida pelo Espírito, ia até o quarto dele para conversarem. Um certo dia, ele narrou-lhe o que realmente acontecera antes de ser admitido no hospital.
Bob era pastor de uma pequena igreja na cidade e envolvera-se em um ministério com ex-satanistas. Contou à Rebecca, que numa cidade próxima, existia uma grande comunidade satânica e que o satanismo estava desenfreado naquele Estado. Ele, sob o senhorio do Senhor, conduzira um bom número dessas pessoas a Jesus. Elas deixaram de servir ao diabo e fizeram de Cristo o Salvador e Senhor de suas vidas. Assim, expulsaram os demônios que habitavam em seus corpos em troca de poderes mágicos. Na noite em que ela o vira pela primeira vez, ele havia sido raptado pelos satanistas e levado a uma de suas reuniões. Colocaram-no sobre o altar, de frente para o grupo e o torturaram. Eles já se preparavam para pregá-lo em uma cruz, quando um dos membros gritou que alguém, lá fora, vira algo suspeito e chamara a polícia. (Os satanistas tinham acesso ao rádio da polícia e monitoravam todas as chamadas). Bob desmaiara enquanto estava sendo crucificado e esteve inconsciente até acordar na cama do hospital.
Como nunca ouvira falar em tal coisa, Rebecca estava atônita. Seria essa a explicação para a sensação que tivera no hospital? Outras revelações estavam por vir.
Na segunda vez em que fora escalada para trabalhar no CTI, aumentaram-lhe as preocupações. Nas noites em que estava de plantão, ficava responsável por todos os pacientes em estado grave. Como orava intensamente por eles, começou a notar que muitas mortes ocorriam sem qualquer explicação.
Normalmente, há uma ordem no desenvolvimento de uma determinada doença que leva à morte. Vejamos um exemplo: se um paciente fica em choque (pressão baixa) devido à alguma hemorragia, e se a mesma for estancada ou se o volume de sangue perdido for reposto através de transfusão, a pressão não deverá cair novamente, a não ser que haja outra hemorragia ou que esse mesmo paciente sofra de uma infecção generalizada.
No entanto, muitos dos pacientes de Rebecca, depois de estabilizados, sem qualquer razão aparente, pioravam o quadro clínico. Quando não era o coração que, de repente, parava de bater, era a pressão que descia à zero ou a respiração que cessava. Apesar de todos os esforços para salvar-lhes a vida, muitos morriam rapidamente. Rebecca presenciava a autópsia feita neles e, cada vez, ficava mais confusa quando a causa da morte não era outra senão a mesma que os trouxera ao hospital.
Outro problema que afligia Rebecca eram as freqüências dos casos de, como são chamados na medicina, “Psicose aguda do CTI.” Os pacientes, quando estão
sob “stress” de uma doença crítica, são transferidos para o CTI e ficam lá durante um determinado tempo. As luzes ficam acesas vinte e quatro horas. Os monitores ficam ligados e não existem janelas. Nessas condições, um considerável percentual fica desorientado e começa a ter alucinações, isto é, começa a ver coisas que não são reais. Coincidentemente, no Memorial, a incidência das “Psicoses do CTI” era bem superior ao que Rebecca presenciara em outros hospitais.
Ela se sentiu orientada pelo Senhor, a conversar com os pacientes para saber o que eles viam exatamente, e para sua surpresa, a maioria via demônios nos quartos!
Profundamente preocupada com a situação, ela começou a mencionar nas conferências as incidências das mortes e das psicoses. E, pelas manhãs conversava sobre o assunto com outros residentes. Porém, ninguém parecia preocupar-se com a questão ou, até mesmo, dar crédito ao que ela dizia. Depois da terceira tentativa, chamaram-na até a sala do diretor do programa de treinamento e advertiram-na para que se calasse. Disseram que ela não tinha experiência suficiente para saber sobre o que estava falando. Quando Rebecca argumentou, que a sua experiência, somada ao tempo de enfermagem e medicina, já era de dez anos, disseram que se ainda continuasse a criar problemas, seria cortada do programa de treinamento.
Assim, suas orações matinais tornaram-se intensas na busca de uma revelação do Senhor sobre o que estava acontecendo, e a primeira confirmação veio através de uma de suas pacientes.
Pearl era uma senhora negra do sul dos EUA, crente fervorosa que estivera sob os cuidados de Rebecca durante seis meses. Elas se amavam muito. Em uma determinada noite, Pearl chegou ao hospital muito doente e Rebecca a transferiu para o CTI. Na manhã seguinte, dentro da rotina normal de trabalho, ela foi ver os pacientes, e as enfermeiras disseram que Pearl estava alucinando. Rebecca assustou-se porque conhecia sua paciente muito bem. Sabia que ela era uma cristã fervorosa e que sofrera muito, por isso, não se entregava ao pânico facilmente.
No exato momento em que entrou no quarto, Pearl estava chorando. Quando Rebecca quis saber o motivo, ela disse que se não fosse retirada do CTI, uma enfermeira poderia matá-la naquela noite. Contou-lhe como procedera essa enfermeira ao cuidar dela na noite anterior: dissera à Pearl que não era necessário que ela lutasse para viver porque poderia facilmente reencarnar-se “numa vida futura”. A enfermeira falou, também, que invocaria “as entidades superiores” para levá-la para essa “maravilhosa vida futura.” Quando ela lhe impôs as mãos falando palavras em uma língua estranha, Pearl reconheceu que era um ritual de feitiçaria. Ela conhecia, por experiência própria, o vodu, a magia negra e os demônios e declarou tê-los visto no quarto. Disse à Rebecca que se o mesmo acontecesse de novo ela morreria, pois estava bastante debilitada para lutar.
Rebecca estava estarrecida! Ela conhecia Pearl o suficiente para saber que ela não estava mentindo e que também não estava louca. A enfermeira de quem Pearl falava, era uma senhora idosa, agradável, atraente e extremamente habilidosa. Além de organizada e inteligente, ela procurava certificar-se do bem-estar dos pacientes. E o pior: era respeitada pelos médicos e pelas outras enfermeiras. No conceito de Rebecca ela era um tanto indiferente e carrancuda. Porém, esse conceito, Rebecca atribuía às pressões do trabalho que ela exercia. De qualquer maneira, ela não podia achar defeitos no trabalho da enfermeira.
Não possuindo provas, era impossível conversar com quem quer que fosse, pois iriam falar que ela estava louca. Naquela época, ela pouco sabia sobre bruxas e quase nada sobre demônios. Então, só havia uma coisa a fazer: orar. Todo o tempo disponível, ela passava de joelhos na capela, em oração. (Na realidade, a capela estava sempre vazia porque ninguém a usava). No final do dia, o Senhor confirmou em seu coração que Pearl estava falando a verdade. Ordenou-lhe também, que durante a noite, assentasse à beira de seu leito, pois estava em estado tão grave que não poderia ser retirada do CTI e Rebecca poderia fazê-lo porque não estava de plantão naquela noite.
O que estava para acontecer naquela noite, mudaria para sempre a vida de Rebecca. Quando assentou-se ao lado da cama de Pearl, não esperando que, realmente, algo acontecesse, sentiu uma opressão demoníaca como nunca antes. Helen, a enfermeira encarregada do CTI, não entrou no quarto durante toda a madrugada. Rebecca sentia vir contra ela um incrível e invisível poder. Era como se uma mão gigantesca tentasse esmagá-la contra o chão e uma força invisível tentasse sugar toda a vida de seu corpo. Ela tentava entender a situação, cientificamente, repetindo para si mesma que tudo era fruto de sua imaginação, contudo, isso não a ajudou. Sentia-se tão fraca que não conseguia nem mesmo permanecer assentada. Pearl sentia o mesmo. Assim de mãos dadas e sem fazer barulho, elas oraram pedindo ao Senhor que as cobrissem com o precioso sangue de Jesus.
“Eles, pois, o venceram [Satã] por causa do sangue do cordeiro e por causa do testemunho que deram...” (Apocalipse 12.11)
Fora uma noite de uma luta espiritual tremenda. Mesmo assim, Pearl amanheceu segura e Rebecca retirou-a do CTI pela manhã.
Outras revelações vieram logo após. Semanalmente, Rebecca lecionava um estudo bíblico para algumas das enfermeiras que ela mesma conduzira à Cristo. Uma delas, Jean, finalmente contou-lhe como se envolvera no satanismo antes de se converter. Ela disse que Helen a treinara para que se tornasse uma médium, e estava para iniciar-se quando Rebecca entrou no hospital e começou a falar-lhe sobre Jesus, e como resultado, ela O convidou para ser seu Senhor e Salvador, recusando-se a manter qualquer relacionamento com Helen e as outras bruxas. Mas, mesmo assim ficou com medo delas.
De acordo com Jean, Helen considerava ser seu ministério escalar-se para cuidar dos pacientes mais graves no CTI. Então, quando estava com eles, falava que não era necessário que lutassem para viver porque poderiam, facilmente, reencarnar-se numa vida futura sem dores e sofrimentos. Assim, com ou sem o consentimento deles, ela pousava as mãos sobre os mesmos e invocava as “entidades superiores” para virem e acompanhá-los até a outra vida. Isso, naturalmente, fazia com que o estado deles piorasse e chegassem ao óbito. Jean estava temerosa de contar a situação a outras pessoas porque Helen ocupava uma posição de respeito dentro do hospital, e diante disso, ninguém acreditaria nela. De fato, depois de ter aceitado a Cristo, Jean transferiu-se para um outro turno, evitando, dessa forma, trabalhar com Helen. Foi, por intermédio de Jean, que Rebecca veio a saber também, sobre a comunidade satânica que existia ali perto da cidade. Além de ter uma das maiores distribuidoras de literatura do ocultismo, essa comunidade possuía também uma igreja. Toda a narrativa de Jean confirmava o que o pastor dissera à Rebecca, e, por isso, ela tinha medo de ter o mesmo destino dele. Na vizinhança, não havia ninguém, que levasse a sério a Comunidade. Sendo que isso era, precisamente, o que Satanás queria.
Através de outras fontes, Rebecca soube do envolvimento de enfermeiras e médicos com o ocultismo, e viu a necessidade de aprender um pouco mais sobre a Comunidade e sobre satanismo. Novamente, depois de levar o problema ao Senhor, obteve d’Ele a confirmação. Começou, então, a estudar a Bíblia fervorosamente para aprender mais sobre Satanás e seus demônios. Descobriu que eles podiam habitar nas pessoas, e elas, por meio dos poderes satânicos, podiam fazer qualquer coisa. Foi então, que Rebecca começou a guerrear ativamente contra Helen e os outros satanistas do hospital.
Em suas orações pela manhã, ela pedia a Deus que amarrasse os poderes do diabo nas pessoas que, especificamente, sabia estarem envolvidas com ele. Diariamente, à noite, antes de deixar o hospital, ela caminhava pelo CTI e outras alas e, tranqüilamente, mas de forma audível, usava de autoridade sobre cada espírito demoníaco onde os mesmos se encontravam ou onde poderiam estar durante o dia ou durante a noite. Amarrava-os com o poder do nome de Jesus Cristo e pedia ao Senhor que colocasse proteção especial sobre os pacientes resguardando-os das forças demoníacas.
Nas muitas noites que estava de plantão, era chamada ao CTI ou à uma das alas para ver um paciente que estava sofrendo piora do quadro clínico. Como Deus lhe dera discernimento de que tais problemas eram resultado da interferência demoníaca, ela aprendeu a valer-se de Lucas 10.19 e Marcos 16.17.
“Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.”
“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios,...”
Foram muitas as vezes em que, assentada ao lado do enfermo, lutou silenciosamente em oração, amarrando e ordenando os demônios a saírem. Helen, por sua vez, do outro lado da cama desferia contra ela e o paciente, todo o poder maligno a seu dispor. Nas ocasiões em que Rebecca tentou usar de seus conhecimentos médicos para reverter o quadro clínico do paciente, constatou que eles seriam insuficientes se não fossem combinados à batalha espiritual em oração.
Naturalmente que, nem Helen, Satanás e as outras bruxas tinham prazer nas atividades de Rebecca. Por isso, a batalha já estava declarada. Rebecca tentou compartilhar com um casal de colegas cristãos o que estava acontecendo. Eles, no entanto, recusando a acreditar, disseram que ela estava doente, cansada e imaginando coisas.
Como a batalha se intensificasse, a doença neuromuscular de Rebecca piorou. Ela ficou sob os cuidados de um dos médicos chefe do hospital. À despeito das orações e dos esforços feitos a seu favor, ela sabia que estava morrendo. Finalmente, no último dia de sua residência, ela ficou tão doente que já não podia mais trabalhar. Uma avaliação médica feita por vários especialistas revelou que ela não viveria por muito mais tempo e que não havia mais o que fazer. Perguntaram-na se queria ficar internada ou ir para casa. Ela decidiu que iria para casa. Assim, Rebecca deixou a cidade e o hospital pensando que não mais iria vê-los. E seu coração estava bastante pesaroso pelas muitas... muitas almas que naquele lugar estavam cativas pelos poderes das trevas.
No agonizante mês que se seguiu a doença de Rebecca progrediu a ponto de deixá-la tão fraca, que já não conseguia andar e nem mesmo levantar-se da cama. Mesmo assim, possuía uma completa e maravilhosa paz. Jesus estava no controle e, era tudo o que importava. Noite após noite, quando as dores a impedia de dormir, ela desfrutava de uma doce comunhão com o Senhor e da esperança fervorosa de que Ele a chamava, logo, para o lar celestial.
Um dia, pastor Pat, o pastor de sua igreja local, veio visitá-la, e sendo o homem de Deus que era, não aceitava o fato de que Rebecca estivesse à morte e orava constantemente por ela. Certa feita, disse que Deus revelara não ser da vontade d’Ele que ela morresse.
O pastor disse-lhe, “Isto pode parecer loucura, mas estou certo que o Senhor revelou-me que, o que está acontecendo a você é um ataque de bruxas muito poderosas, e a piora da sua doença é devido a poderes demoníacos que estão sendo enviados contra você. Seria isso possível? Você conheceu ou esteve em contato com alguma bruxa?
De repente Rebecca entendeu! Por que ela não associara a piora de sua condição à batalha que travara com os satanistas no hospital? Ela nunca falara ao pastor sobre aquele assunto. Então, passou a contar-lhe o que acontecera no ano anterior.
Ele andava de um lado para outro profundamente preocupado. Finalmente, voltou-se e disse: “Eu sei que não é a vontade de Deus que você morra. Não tenho dúvidas de que sua enfermidade é resultado direto de bruxaria. Devemos orar e bloquear o poder dessas bruxas.” Como ele orou! Não apenas ele, mas os anciãos e cerca dos duzentos membros daquela igreja jejuaram e oraram por toda a semana. Fervorosamente, eles intercederam por Rebecca, pedindo ao Senhor que a cobrisse e anulasse o poder enviado pelas bruxas contra ela.
Ao final daquela semana, Rebecca estava quase inconsciente. Então, o Senhor fez com que ela lembrasse de uma passagem que lera no livro de Watchman Nee:
“A menos que um cristão esteja plenamente convencido de que seu trabalho terminou e que é a vontade de Deus levá-lo, ele deverá lutar com todos as suas forças contra a morte. Se os sintomas da morte aparecem em seu corpo antes que sua missão haja terminado, ele, positivamente deverá resisti-los. Admitir, baseados em nossa condição física ou emocional, que o nosso tempo terminou, é um erro de nossa parte. Nós, ao contrário, devemos ter convicção clara da parte de Deus no que diz respeito à nossa partida. Se vivemos para Ele, então devemos morrer para Ele. Qualquer chamada que não proceda d’Ele deve ser rejeitada. Para vencer a morte os crentes devem substituir a atitude passiva pela resistência. A menos que lancemos fora nossa atitude pacifista, não seremos capazes de sair da morte. E, aí, seremos zombados por ela e, finalmente, vencidos. Numerosos são os santos que confundem, hoje, passividade com fé. Alegam que entregaram tudo a Deus. Pensam que se não for a hora da morte, Deus os salvará. Porém, se essa hora chegou, que a vontade de Deus se cumpra. Esse comportamento parece correto. Mas, podemos chamá-lo de fé? Não! Absolutamente. É apenas passividade preguiçosa. Quando não sabemos a vontade de Deus, devemos orar: “Não a minha vontade, mas a tua seja feita”. (Lucas 22.42). Isso não quer dizer que não devemos orar especificamente levando diante d’Ele os nossos pedidos. O certo é que: Não devemos submeter-nos passivamente à morte. Deus instruiu-nos a agir em conformidade com o querer d’Ele. A não ser que saibamos ser Sua vontade, não devemos permitir que a morte nos oprima. Ao invés disso, devemos resisti-la. Eis o porquê de tal atitude: A Bíblia fala dela como sendo nossa inimiga (I Coríntios 15-26)”.
Do livro: O Homem Espiritual, Watchman Nee.

Enquanto o Senhor trazia à memória de Rebecca as passagens acima, o Espírito Santo suavemente, dizia que não era a vontade do Pai a morte dela, e que ainda ela teria muito trabalho a fazer. Portanto, ela deveria lutar e resistir a Satanás recusando-se a aceitar qualquer enfermidade ou morte trazidas por ele. Ela lutou por um pouco, porque, no fundo do coração, não queria viver. Não queria lutar. Queria era ir para o céu com o Senhor e desfrutar de toda a alegria e paz que aguardavam por ela. Porém, a voz mansa e doce do Espírito Santo insistia. Finalmente, com muitas lágrimas, mas com os pés firmados na Rocha, começou a resistir ao diabo e a ordená-lo a sair no nome de Jesus, e que ela não mais aceitava a doença ou a morte colocadas por ele. Após algum tempo, o Senhor revelaria para Rebecca, que a única razão pela qual Ele fora capaz de mostrar-lhe Sua vontade, e, fazê-la lutar resistindo a morte, devia-se à poderosa intercessão do pastor Pat e dos irmãos.
Os músculos de Rebecca estavam tão fracos, que ela teve que passar três meses se recuperando. O Senhor, no entanto, a sarou por completo. Assim, ela retornou ao hospital memorial para terminar o treinamento, pronta, ao menos para o encontro que o Senhor estava preparando para ela e Elaine, a bruxa que organizara o ataque para matá-la.