Ela sentiu que havia algo
diferente no lugar, desde o primeiro momento que atravessara a porta. Era como
se a escuridão pairasse. Não podia definir. Mas, estava lá. Algo que ela sabia
nunca ter experimentado.
Rebecca é médica, e era a primeira
vez que entrava no hospital Memorial para começar seu treinamento em
residência. Terminara o curso de medicina no mês anterior e, pela primeira vez
em seus trinta anos, saía de casa. Não tinha idéia de que as tragédias que
aconteceriam naquele hospital transformariam para sempre ela e o curso da sua
vida. A escuridão sinistra que sentira no espírito parecia espreitá-la...
espreitá-la... e, de repente a envolveria numa série de acontecimentos que
testariam no limite máximo o compromisso dela com o Senhor e Salvador Jesus
Cristo.
O primeiro teste viria logo.
Rebecca já trabalhava há cerca de dois meses no hospital. Numa noite enquanto
trabalhava na sala de emergência (S.E.), lá pelas duas da madrugada, trouxeram
um homem aparentando ter trinta anos.
Quando viu o corpo dele todo
machucado e estraçalhado, Rebecca recuou de pavor. Antes de ser médica ela já
havia trabalhado como enfermeira em hospitais da cidade. Contudo, nem as
experiências de seis anos nas S.E. faziam-na lembrar de ter visto algo
semelhante! Mesmo na correria com os colegas de trabalho para salvar a vida do
jovem pastor, ela não conseguia parar de pensar. “Como isto pôde acontecer?
Quem teria feito tal coisa?” Era óbvio que ele havia sido torturado.
O seu corpo estava parcialmente
sem a pele. Inúmeros eram os ferimentos de queimaduras, cortes, chicotadas e o
mais terrível: buracos nas palmas das mãos causados pela introdução de ferros
nela. Ele estava inconsciente e em profundo choque.
Depois dos cuidados médicos, o
paciente estabilizado e transferido para o CTI, Rebecca procurou pelos
policiais que haviam socorrido o moço. Eles não tinham muito o que dizer, a não
ser de que parecia tratar-se de um caso típico de seqüestro. Acharam-no
desmaiado e o primeiro pensamento fora de que estivesse morto. Recusaram-se a
falar sobre o incidente e saíram rapidamente resmungando sobre ter de arquivar
o caso.
Todos na S.E. voltaram às suas
tarefas como se nada de anormal tivesse acontecido. Particularmente, ninguém
parecia surpreso pela condição do paciente. Rebecca, novamente, sentiu aquela
esmagadora atmosfera. Estava tremendamente confusa e preocupada. No entanto, a
despeito das circunstâncias, o trabalho a esperava. Até então, nada em sua
experiência de vida poderia tê-la preparado tanto como o choque que o
testemunho do pastor causaria ao narrar o que lhe acontecera antes de entrar no
hospital naquela noite. Ela, nem mesmo sabia que o próximo golpe seria contra
uma de suas pacientes, uma pessoa que amava muito.
Mas, primeiro, deixe-nos descrever
o treinamento que o Senhor deu à Rebecca preparando-a para tudo o que viria a
acontecer.
Foi-lhe concedido o tremendo
privilégio e bênção de nascer em um lar cristão. Seus pais oravam por ela
diariamente. Quando muito jovem aceitou a Jesus como Salvador, mas não sabia
nada sobre relacionamento pessoal com Ele. Cresceu em uma denominação restrita
e rigorosa onde não lhe era permitido fazer amigos ou relacionar-se com pessoas
de outros grupos. Foi rejeitada tanto dentro de seu meio, como fora dele.
Ridicularizada e criticada na escola por membros de outros grupos, ela cresceu
solitária. Além do mais, era muito enferma passando toda a infância ora em
casa, ora no hospital. Descobriram depois, que ela possuía uma doença
neuromuscular que, além de debilitá-la era incurável. Mas a dedicação e as
orações de seus pais foram, para ela, estabilidade e proteção. Nenhum temor impediu
que Rebecca entrasse em um mundo oculto. Ocultismo este que aprisiona tantos
jovens com antecedentes similares.
No primeiro ano na escola de
medicina, ela, finalmente, entregou todas as áreas de sua vida ao senhorio de
Cristo. Deixou que Ele fosse o seu mestre, assim como o seu Salvador. Os quatro
anos foram de intensa luta devido à doença neuromuscular e às dificuldades
financeiras. Foram anos em que ela aprendeu a confiar no Senhor, a andar com
Ele dia-a-dia, ouvi-lo falar em seu espírito, aprendeu a seguir Suas
orientações e a experimentar a provisão divina para cada necessidade diária.
Antes de ingressar na escola de
medicina, ela havia trabalhado, durante sete anos, como enfermeira. Então, como
resultado do poderoso mover de Deus em sua vida, e de inúmeros milagres, ela
abandonou a enfermagem, e voltou a estudar indo depois para a escola de
medicina.
Na época em que entrou no hospital
Memorial, Rebecca não sabia absolutamente nada sobre Satanismo ou mesmo sobre
Elaine, uma poderosa bruxa que morava perto dali. Ela nem sonhava que o fato de
andar com Cristo naquele hospital, causaria um impacto tamanho no mundo
espiritual e que as forças das trevas ficariam enfurecidas. Viu-se envolvida
numa luta tremenda. Elaine, uma das mais poderosas bruxas nos EUA, liderou um
ataque organizado por muitas outras que usaram todos os poderes e habilidades
da bruxaria para tentar matá-la.
O primeiro ano de residência é
também o primeiro do treinamento que um médico recebe depois da faculdade, indo
especializar-se em alguma área. É o mais difícil e temeroso, e não foi
diferente para Rebecca, exceto que ela estava consciente de havia algo estranho
e indefinível acerca daquele hospital. Algo que ninguém parecia notar. Nem
mesmo seus colegas cristãos. Era como se fosse uma atmosfera de ódio,
murmuração e luta em todo departamento, e, porque não dizer, em todo o
hospital. Uma atmosfera extremamente fria. Deus usou as pressões físicas e
emocionais desse ano para aumentar sua intimidade com Rebecca.
Ela constatou que, desde o começo,
havia uma resistência incomum ao evangelho e, as pessoas com quem tentava
compartilhar recusavam, enfaticamente, até mesmo ouvir. De fato, passados os
seis meses que trabalhava no hospital, a administração recolhera dos quartos
todos os novos testamentos. Colocaram nos postos de enfermagem o aviso de que o
empregado que fosse apanhado “evangelizando” os pacientes seria despedido no
ato. Não deixando de mencionar que, aos ministros não seria permitido visitar
na companhia de outros que não fossem os seus próprios paroquianos. E, se
tentassem evangelizar outros pacientes seriam escoltados pela segurança e
advertidos a não retornarem mais. O Serviço de Capelania não era permitido. Na
realidade, parecia haver um esforço no sentido de banir qualquer menção ao
cristianismo dentro do hospital.
Rebecca fora designada para
trabalhar no CTI. Entretanto, imediatamente, se viu mergulhada num turbilhão de
atividades. Eram 120 horas semanais de trabalho árduo. Assim, ela atribuiu à
exaustão a piora do seu estado físico.
Não obstante, o Senhor começou a
falar-lhe firmemente no coração que ela deveria passar uma hora em oração,
todas as manhãs, antes do trabalho. Deveria pedir pela instituição e também
pela cidade porque o evangelho seria proclamado além de se tornar frutífero.
Tão logo, começou a obedecer, achou-se, repetidamente, compelida pelo Espírito
Santo a pedir ao Senhor que sujeitasse o poder das trevas naquele lugar. Sempre
ela se via citando Números 10.35, onde Moisés diz:
“...Levanta-te,
Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos e fujam diante de ti os que te
odeiam”.
Não sabia porque orava dessa
maneira e, na verdade, era estranho para ela a situação. No entanto,
insistentemente o Espírito Santo impulsionava-a a agir assim.
Como o Senhor mais e mais, queimava-lhe
o coração pelas almas daquele lugar, ela começou a pedir-lhe, diariamente, a
permissão para tapar a brecha pelo hospital e pela cidade do mesmo modo que
está em Ezequiel 22.30-31:
“Busquei
entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a
favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei. Por isso
eu derramei sobre eles a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi,
fiz cair-lhes sobre a cabeça o castigo do seu procedimento, diz o Senhor Deus.”
Em particular, ela nem mesmo sabia
o significado de “estar na brecha”, contudo, pedia ao Senhor que a usasse da
maneira que Ele quisesse.
Nos primeiros meses no Memorial,
Deus ensinou-lhe uma preciosa lição da total dependência d’Ele no exercício da medicina.
Uma noite, muito tarde, fora admitido um paciente na Unidade de Tratamento
Coronário. Possivelmente, tratava-se de um infarto, pois o mesmo tinha dores
fortíssimas no peito e a pressão sangüínea estava muito alta. Naquela noite,
Rebecca ficara responsável para examinar e cuidar do paciente. Ele deu-lhe uma
lista dos remédios que usava e entre eles havia um que era muito bom para
abaixar a pressão, ao mesmo tempo que reduzia o trabalho árduo do coração. O
paciente, firmemente, assegurou-lhe de que estava tomando uma dose especial do
remédio e Rebecca aceitou o argumento. Decidiu dar-lhe aquela dosagem na
intenção de abaixar a pressão e assim evitar o infarto. O pior é que ela não
sabia da gravidade do que fizera. A dosagem era muito perigosa, a menos que o
paciente tivesse sido preparado gradualmente para tomar aquela quantidade.
Depois de uma hora, as enfermeiras
vieram chamá-la dizendo que a pressão do paciente caíra muito e que além de
estar em choque, ele parecia estar morrendo. O temor apoderou-se dela. Na
aflição, chamou seu superior. Contou-lhe o ocorrido e perguntou o que poderia
ser feito para reverter o efeito do remédio que administrara. De uma maneira
impessoal, ele disse que ela cometera um estúpido engano e que não havia nada,
absolutamente nada, a fazer, a não ser esperar, para ver se ele sobreviveria ou
não. Não havia disponível, nenhum remédio que pudesse ser usado para anular os
efeitos do que fora administrado. E, além do mais, o superior acrescentou que,
quando residente, cometera um engano semelhante e que o paciente dele ficara
com seqüelas, devido ao período do choque em que quase morrera.
Os pensamentos sobressaltavam-lhe
a mente enquanto caminhava pelas alas escuras e solitárias na direção da
Unidade de Tratamento Coronário para ver o paciente. O medo, a culpa e a
autopunição eram os que dominavam. Corria-lhe pela espinha um suor frio só de
pensar na possibilidade de ter matado o homem. Os pensamentos a torturavam:
“...Deus criou o universo onde causa e efeito trabalham em harmonia. Agora, por
causa desta estupidez, esse homem provavelmente morrerá já que o remédio é
absolutamente irreversível depois do efeito estabilizado, então, não é preciso
nem mesmo orar pedindo que Deus mude a ordem só por sua causa e seu erro.”
Repentinamente, o Espírito Santo começou a mostra-lhe o erro dos seus
pensamentos e, gentilmente, começou a fluir dentro dela, mostrando que ela era
diferente! Ela era filha do Rei! E, sendo assim, possuía um privilégio especial
que os outros médicos não tinham. Ela tinha o direito de pedir a Deus, o Pai,
no nome de Jesus, para corrigir o engano, fora para isto, e muitas outras
coisas, que Cristo morrera na cruz.
Abruptamente, virou-se e correu
até a capela. Lá ajoelhou-se diante do Senhor e começou a orar fervorosamente,
pedindo a recuperação do paciente. Baseou-se no fato de que era filha do Rei e
que podia obter ajuda numa hora de aflição, como está em Hebreus 4.16:
“Acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, afim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”
Rebecca levantou-se e voltou à
Unidade. Ao chegar, constatou que a pressão sangüínea do paciente voltara ao
normal e que ele já não sentia dor! Um novo eletrocardiograma revelou que o
coração trabalhava normalmente. Passaram-se dois dias e ele saiu de alta não
apresentando, absolutamente, qualquer seqüela!
Rebecca aprendeu a ouvir, sempre,
a voz do Senhor. Vez, após vez, Ele falaria suavemente em seu espírito, ora
revelando um engano antes que o mesmo pudesse trazer conseqüências sérias, ora
despertando-lhe a atenção sobre algo esquecido ou desaparecido e, também,
lembrando-lhe o que fora lido ou aprendido anteriormente. Ela aprendeu a orar e
a jejuar pedindo que Deus revelasse a chave para diagnosticar doenças
particularmente obscuras. Aprendeu, também, a depender do Senhor para dar-lhe
habilidade nas mãos e nunca executar qualquer procedimento sem antes orar e
pedir a Jesus, o Médico dos médicos, que a orientasse. Louvado seja Deus! Pois,
em todos esses anos o Senhor continuamente tem sido fiel e não aconteceram
complicações sérias como resultado do trabalho dela.
Passados seis meses de residência,
novamente depois de ter sido designada a trabalhar no CTI, o jovem pastor que
ela vira na sala de emergência, finalmente se recuperou a ponto de poder falar.
Ela acompanhara o progresso dele bem de perto. Agora, orava por ele
constantemente e, movida pelo Espírito, ia até o quarto dele para conversarem.
Um certo dia, ele narrou-lhe o que realmente acontecera antes de ser admitido
no hospital.
Bob era pastor de uma pequena
igreja na cidade e envolvera-se em um ministério com ex-satanistas. Contou à
Rebecca, que numa cidade próxima, existia uma grande comunidade satânica e que
o satanismo estava desenfreado naquele Estado. Ele, sob o senhorio do Senhor,
conduzira um bom número dessas pessoas a Jesus. Elas deixaram de servir ao
diabo e fizeram de Cristo o Salvador e Senhor de suas vidas. Assim, expulsaram
os demônios que habitavam em seus corpos em troca de poderes mágicos. Na noite
em que ela o vira pela primeira vez, ele havia sido raptado pelos satanistas e
levado a uma de suas reuniões. Colocaram-no sobre o altar, de frente para o
grupo e o torturaram. Eles já se preparavam para pregá-lo em uma cruz, quando
um dos membros gritou que alguém, lá fora, vira algo suspeito e chamara a
polícia. (Os satanistas tinham acesso ao rádio da polícia e monitoravam todas
as chamadas). Bob desmaiara enquanto estava sendo crucificado e esteve
inconsciente até acordar na cama do hospital.
Como nunca ouvira falar em tal
coisa, Rebecca estava atônita. Seria essa a explicação para a sensação que
tivera no hospital? Outras revelações estavam por vir.
Na segunda vez em que fora
escalada para trabalhar no CTI, aumentaram-lhe as preocupações. Nas noites em
que estava de plantão, ficava responsável por todos os pacientes em estado
grave. Como orava intensamente por eles, começou a notar que muitas mortes
ocorriam sem qualquer explicação.
Normalmente, há uma ordem no
desenvolvimento de uma determinada doença que leva à morte. Vejamos um exemplo:
se um paciente fica em choque (pressão baixa) devido à alguma hemorragia, e se
a mesma for estancada ou se o volume de sangue perdido for reposto através de
transfusão, a pressão não deverá cair novamente, a não ser que haja outra hemorragia
ou que esse mesmo paciente sofra de uma infecção generalizada.
No entanto, muitos dos pacientes
de Rebecca, depois de estabilizados, sem qualquer razão aparente, pioravam o
quadro clínico. Quando não era o coração que, de repente, parava de bater, era
a pressão que descia à zero ou a respiração que cessava. Apesar de todos os
esforços para salvar-lhes a vida, muitos morriam rapidamente. Rebecca
presenciava a autópsia feita neles e, cada vez, ficava mais confusa quando a
causa da morte não era outra senão a mesma que os trouxera ao hospital.
Outro problema que afligia Rebecca
eram as freqüências dos casos de, como são chamados na medicina, “Psicose aguda
do CTI.” Os pacientes, quando estão
sob “stress” de uma doença
crítica, são transferidos para o CTI e ficam lá durante um determinado tempo.
As luzes ficam acesas vinte e quatro horas. Os monitores ficam ligados e não
existem janelas. Nessas condições, um considerável percentual fica desorientado
e começa a ter alucinações, isto é, começa a ver coisas que não são reais.
Coincidentemente, no Memorial, a incidência das “Psicoses do CTI” era bem
superior ao que Rebecca presenciara em outros hospitais.
Ela se sentiu orientada pelo
Senhor, a conversar com os pacientes para saber o que eles viam exatamente, e
para sua surpresa, a maioria via demônios nos quartos!
Profundamente preocupada com a
situação, ela começou a mencionar nas conferências as incidências das mortes e
das psicoses. E, pelas manhãs conversava sobre o assunto com outros residentes.
Porém, ninguém parecia preocupar-se com a questão ou, até mesmo, dar crédito ao
que ela dizia. Depois da terceira tentativa, chamaram-na até a sala do diretor
do programa de treinamento e advertiram-na para que se calasse. Disseram que
ela não tinha experiência suficiente para saber sobre o que estava falando.
Quando Rebecca argumentou, que a sua experiência, somada ao tempo de enfermagem
e medicina, já era de dez anos, disseram que se ainda continuasse a criar
problemas, seria cortada do programa de treinamento.
Assim, suas orações matinais
tornaram-se intensas na busca de uma revelação do Senhor sobre o que estava
acontecendo, e a primeira confirmação veio através de uma de suas pacientes.
Pearl era uma senhora negra do sul
dos EUA, crente fervorosa que estivera sob os cuidados de Rebecca durante seis
meses. Elas se amavam muito. Em uma determinada noite, Pearl chegou ao hospital
muito doente e Rebecca a transferiu para o CTI. Na manhã seguinte, dentro da
rotina normal de trabalho, ela foi ver os pacientes, e as enfermeiras disseram
que Pearl estava alucinando. Rebecca assustou-se porque conhecia sua paciente
muito bem. Sabia que ela era uma cristã fervorosa e que sofrera muito, por
isso, não se entregava ao pânico facilmente.
No exato momento em que entrou no
quarto, Pearl estava chorando. Quando Rebecca quis saber o motivo, ela disse
que se não fosse retirada do CTI, uma enfermeira poderia matá-la naquela noite.
Contou-lhe como procedera essa enfermeira ao cuidar dela na noite anterior:
dissera à Pearl que não era necessário que ela lutasse para viver porque
poderia facilmente reencarnar-se “numa vida futura”. A enfermeira falou,
também, que invocaria “as entidades superiores” para levá-la para essa
“maravilhosa vida futura.” Quando ela lhe impôs as mãos falando palavras em uma
língua estranha, Pearl reconheceu que era um ritual de feitiçaria. Ela
conhecia, por experiência própria, o vodu, a magia negra e os demônios e
declarou tê-los visto no quarto. Disse à Rebecca que se o mesmo acontecesse de
novo ela morreria, pois estava bastante debilitada para lutar.
Rebecca estava estarrecida! Ela
conhecia Pearl o suficiente para saber que ela não estava mentindo e que também
não estava louca. A enfermeira de quem Pearl falava, era uma senhora idosa,
agradável, atraente e extremamente habilidosa. Além de organizada e
inteligente, ela procurava certificar-se do bem-estar dos pacientes. E o pior:
era respeitada pelos médicos e pelas outras enfermeiras. No conceito de Rebecca
ela era um tanto indiferente e carrancuda. Porém, esse conceito, Rebecca
atribuía às pressões do trabalho que ela exercia. De qualquer maneira, ela não
podia achar defeitos no trabalho da enfermeira.
Não possuindo provas, era
impossível conversar com quem quer que fosse, pois iriam falar que ela estava
louca. Naquela época, ela pouco sabia sobre bruxas e quase nada sobre demônios.
Então, só havia uma coisa a fazer: orar. Todo o tempo disponível, ela passava
de joelhos na capela, em oração. (Na realidade, a capela estava sempre vazia
porque ninguém a usava). No final do dia, o Senhor confirmou em seu coração que
Pearl estava falando a verdade. Ordenou-lhe também, que durante a noite,
assentasse à beira de seu leito, pois estava em estado tão grave que não
poderia ser retirada do CTI e Rebecca poderia fazê-lo porque não estava de
plantão naquela noite.
O que estava para acontecer
naquela noite, mudaria para sempre a vida de Rebecca. Quando assentou-se ao
lado da cama de Pearl, não esperando que, realmente, algo acontecesse, sentiu
uma opressão demoníaca como nunca antes. Helen, a enfermeira encarregada do
CTI, não entrou no quarto durante toda a madrugada. Rebecca sentia vir contra
ela um incrível e invisível poder. Era como se uma mão gigantesca tentasse
esmagá-la contra o chão e uma força invisível tentasse sugar toda a vida de seu
corpo. Ela tentava entender a situação, cientificamente, repetindo para si
mesma que tudo era fruto de sua imaginação, contudo, isso não a ajudou.
Sentia-se tão fraca que não conseguia nem mesmo permanecer assentada. Pearl
sentia o mesmo. Assim de mãos dadas e sem fazer barulho, elas oraram pedindo ao
Senhor que as cobrissem com o precioso sangue de Jesus.
“Eles,
pois, o venceram [Satã] por causa do sangue do cordeiro e por causa do
testemunho que deram...” (Apocalipse 12.11)
Fora uma noite de uma luta
espiritual tremenda. Mesmo assim, Pearl amanheceu segura e Rebecca retirou-a do
CTI pela manhã.
Outras revelações vieram logo
após. Semanalmente, Rebecca lecionava um estudo bíblico para algumas das
enfermeiras que ela mesma conduzira à Cristo. Uma delas, Jean, finalmente
contou-lhe como se envolvera no satanismo antes de se converter. Ela disse que
Helen a treinara para que se tornasse uma médium, e estava para iniciar-se
quando Rebecca entrou no hospital e começou a falar-lhe sobre Jesus, e como
resultado, ela O convidou para ser seu Senhor e Salvador, recusando-se a manter
qualquer relacionamento com Helen e as outras bruxas. Mas, mesmo assim ficou
com medo delas.
De acordo com Jean, Helen
considerava ser seu ministério escalar-se para cuidar dos pacientes mais graves
no CTI. Então, quando estava com eles, falava que não era necessário que
lutassem para viver porque poderiam, facilmente, reencarnar-se numa vida futura
sem dores e sofrimentos. Assim, com ou sem o consentimento deles, ela pousava
as mãos sobre os mesmos e invocava as “entidades superiores” para virem e
acompanhá-los até a outra vida. Isso, naturalmente, fazia com que o estado
deles piorasse e chegassem ao óbito. Jean estava temerosa de contar a situação
a outras pessoas porque Helen ocupava uma posição de respeito dentro do
hospital, e diante disso, ninguém acreditaria nela. De fato, depois de ter
aceitado a Cristo, Jean transferiu-se para um outro turno, evitando, dessa
forma, trabalhar com Helen. Foi, por intermédio de Jean, que Rebecca veio a
saber também, sobre a comunidade satânica que existia ali perto da cidade. Além
de ter uma das maiores distribuidoras de literatura do ocultismo, essa
comunidade possuía também uma igreja. Toda a narrativa de Jean confirmava o que
o pastor dissera à Rebecca, e, por isso, ela tinha medo de ter o mesmo destino
dele. Na vizinhança, não havia ninguém, que levasse a sério a Comunidade. Sendo
que isso era, precisamente, o que Satanás queria.
Através de outras fontes, Rebecca
soube do envolvimento de enfermeiras e médicos com o ocultismo, e viu a
necessidade de aprender um pouco mais sobre a Comunidade e sobre satanismo.
Novamente, depois de levar o problema ao Senhor, obteve d’Ele a confirmação.
Começou, então, a estudar a Bíblia fervorosamente para aprender mais sobre
Satanás e seus demônios. Descobriu que eles podiam habitar nas pessoas, e elas,
por meio dos poderes satânicos, podiam fazer qualquer coisa. Foi então, que
Rebecca começou a guerrear ativamente contra Helen e os outros satanistas do
hospital.
Em suas orações pela manhã, ela
pedia a Deus que amarrasse os poderes do diabo nas pessoas que,
especificamente, sabia estarem envolvidas com ele. Diariamente, à noite, antes
de deixar o hospital, ela caminhava pelo CTI e outras alas e, tranqüilamente,
mas de forma audível, usava de autoridade sobre cada espírito demoníaco onde os
mesmos se encontravam ou onde poderiam estar durante o dia ou durante a noite.
Amarrava-os com o poder do nome de Jesus Cristo e pedia ao Senhor que colocasse
proteção especial sobre os pacientes resguardando-os das forças demoníacas.
Nas muitas noites que estava de
plantão, era chamada ao CTI ou à uma das alas para ver um paciente que estava
sofrendo piora do quadro clínico. Como Deus lhe dera discernimento de que tais
problemas eram resultado da interferência demoníaca, ela aprendeu a valer-se de
Lucas 10.19 e Marcos 16.17.
“Eis
aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o
poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.”
“Estes
sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão
demônios,...”
Foram muitas as vezes em que,
assentada ao lado do enfermo, lutou silenciosamente em oração, amarrando e
ordenando os demônios a saírem. Helen, por sua vez, do outro lado da cama
desferia contra ela e o paciente, todo o poder maligno a seu dispor. Nas
ocasiões em que Rebecca tentou usar de seus conhecimentos médicos para reverter
o quadro clínico do paciente, constatou que eles seriam insuficientes se não
fossem combinados à batalha espiritual em oração.
Naturalmente que, nem Helen,
Satanás e as outras bruxas tinham prazer nas atividades de Rebecca. Por isso, a
batalha já estava declarada. Rebecca tentou compartilhar com um casal de
colegas cristãos o que estava acontecendo. Eles, no entanto, recusando a
acreditar, disseram que ela estava doente, cansada e imaginando coisas.
Como a batalha se intensificasse,
a doença neuromuscular de Rebecca piorou. Ela ficou sob os cuidados de um dos
médicos chefe do hospital. À despeito das orações e dos esforços feitos a seu
favor, ela sabia que estava morrendo. Finalmente, no último dia de sua
residência, ela ficou tão doente que já não podia mais trabalhar. Uma avaliação
médica feita por vários especialistas revelou que ela não viveria por muito
mais tempo e que não havia mais o que fazer. Perguntaram-na se queria ficar
internada ou ir para casa. Ela decidiu que iria para casa. Assim, Rebecca
deixou a cidade e o hospital pensando que não mais iria vê-los. E seu coração
estava bastante pesaroso pelas muitas... muitas almas que naquele lugar estavam
cativas pelos poderes das trevas.
No agonizante mês que se seguiu a
doença de Rebecca progrediu a ponto de deixá-la tão fraca, que já não conseguia
andar e nem mesmo levantar-se da cama. Mesmo assim, possuía uma completa e
maravilhosa paz. Jesus estava no controle e, era tudo o que importava. Noite
após noite, quando as dores a impedia de dormir, ela desfrutava de uma doce
comunhão com o Senhor e da esperança fervorosa de que Ele a chamava, logo, para
o lar celestial.
Um dia, pastor Pat, o pastor de
sua igreja local, veio visitá-la, e sendo o homem de Deus que era, não aceitava
o fato de que Rebecca estivesse à morte e orava constantemente por ela. Certa
feita, disse que Deus revelara não ser da vontade d’Ele que ela morresse.
O pastor disse-lhe, “Isto pode
parecer loucura, mas estou certo que o Senhor revelou-me que, o que está
acontecendo a você é um ataque de bruxas muito poderosas, e a piora da sua
doença é devido a poderes demoníacos que estão sendo enviados contra você.
Seria isso possível? Você conheceu ou esteve em contato com alguma bruxa?
De repente Rebecca entendeu! Por
que ela não associara a piora de sua condição à batalha que travara com os
satanistas no hospital? Ela nunca falara ao pastor sobre aquele assunto. Então,
passou a contar-lhe o que acontecera no ano anterior.
Ele andava de um lado para outro
profundamente preocupado. Finalmente, voltou-se e disse: “Eu sei que não é a
vontade de Deus que você morra. Não tenho dúvidas de que sua enfermidade é
resultado direto de bruxaria. Devemos orar e bloquear o poder dessas bruxas.”
Como ele orou! Não apenas ele, mas os anciãos e cerca dos duzentos membros
daquela igreja jejuaram e oraram por toda a semana. Fervorosamente, eles
intercederam por Rebecca, pedindo ao Senhor que a cobrisse e anulasse o poder
enviado pelas bruxas contra ela.
Ao final daquela semana, Rebecca
estava quase inconsciente. Então, o Senhor fez com que ela lembrasse de uma
passagem que lera no livro de Watchman Nee:
“A
menos que um cristão esteja plenamente convencido de que seu trabalho terminou
e que é a vontade de Deus levá-lo, ele deverá lutar com todos as suas forças
contra a morte. Se os sintomas da morte aparecem em seu corpo antes que sua
missão haja terminado, ele, positivamente deverá resisti-los. Admitir, baseados
em nossa condição física ou emocional, que o nosso tempo terminou, é um erro de
nossa parte. Nós, ao contrário, devemos ter convicção clara da parte de Deus no
que diz respeito à nossa partida. Se vivemos para Ele, então devemos morrer
para Ele. Qualquer chamada que não proceda d’Ele deve ser rejeitada. Para
vencer a morte os crentes devem substituir a atitude passiva pela resistência.
A menos que lancemos fora nossa atitude pacifista, não seremos capazes de sair
da morte. E, aí, seremos zombados por ela e, finalmente, vencidos. Numerosos
são os santos que confundem, hoje, passividade com fé. Alegam que entregaram
tudo a Deus. Pensam que se não for a hora da morte, Deus os salvará. Porém, se
essa hora chegou, que a vontade de Deus se cumpra. Esse comportamento parece
correto. Mas, podemos chamá-lo de fé? Não! Absolutamente. É apenas passividade
preguiçosa. Quando não sabemos a vontade de Deus, devemos orar: “Não a minha
vontade, mas a tua seja feita”. (Lucas 22.42). Isso não quer dizer que não
devemos orar especificamente levando diante d’Ele os nossos pedidos. O certo é
que: Não devemos submeter-nos passivamente à morte. Deus instruiu-nos a agir em
conformidade com o querer d’Ele. A não ser que saibamos ser Sua vontade, não
devemos permitir que a morte nos oprima. Ao invés disso, devemos resisti-la.
Eis o porquê de tal atitude: A Bíblia fala dela como sendo nossa inimiga (I
Coríntios 15-26)”.
Do
livro: O Homem Espiritual, Watchman Nee.
Enquanto o Senhor trazia à memória
de Rebecca as passagens acima, o Espírito Santo suavemente, dizia que não era a
vontade do Pai a morte dela, e que ainda ela teria muito trabalho a fazer.
Portanto, ela deveria lutar e resistir a Satanás recusando-se a aceitar
qualquer enfermidade ou morte trazidas por ele. Ela lutou por um pouco, porque,
no fundo do coração, não queria viver. Não queria lutar. Queria era ir para o
céu com o Senhor e desfrutar de toda a alegria e paz que aguardavam por ela.
Porém, a voz mansa e doce do Espírito Santo insistia. Finalmente, com muitas
lágrimas, mas com os pés firmados na Rocha, começou a resistir ao diabo e a
ordená-lo a sair no nome de Jesus, e que ela não mais aceitava a doença ou a
morte colocadas por ele. Após algum tempo, o Senhor revelaria para Rebecca, que
a única razão pela qual Ele fora capaz de mostrar-lhe Sua vontade, e, fazê-la
lutar resistindo a morte, devia-se à poderosa intercessão do pastor Pat e dos
irmãos.
Os músculos de Rebecca estavam tão
fracos, que ela teve que passar três meses se recuperando. O Senhor, no
entanto, a sarou por completo. Assim, ela retornou ao hospital memorial para
terminar o treinamento, pronta, ao menos para o encontro que o Senhor estava
preparando para ela e Elaine, a bruxa que organizara o ataque para matá-la.