Este é um quadro muito
triste, porque representa o crente que deixou a vida cristã. Um olho está para
se fechar, mostrando que o fervor do cristão arrefeceu em algum ponto. O outro
olho está fixando descaradamente o mundo. Nele já diminuiu a luz do evangelho e
diminuirá também o desejo e a prontidão de sofrer por Cristo. Está cercado de
tentações, às quais ele se vai submetendo pouco a pouco. Em vez de escutar a
voz de Deus, ouve as sugestões sutis e as vãs promessas do tentador. Embora ele
ainda vá à igreja, já não é por amor a Deus, mas sim para fingir que ainda é
religioso, escondendo, assim, que se tornou amigo do mundo.
Está duvidoso, hesitando entre
dois pensamentos. Começou a namorar o mundo, enquanto que por outro lado finge
amar a Deus. A estrela da consciência está quase apagada. A cruz transformou-se
num peso que já não carrega alegremente. A sua fé começa a falhar e ele deixa
de ter comunhão íntima com Deus. Torna-se indiferente e começa a descuidar da
saúde de sua alma. Pouco a pouco ele vai dando lugar para o tentador entrar,
que espera do lado de fora. Já lhe é mais agradável a companhia de alguns
mundanos que a dos crentes sinceros.
O espírito do pavão, que
representa a vaidade,
também procura entrar.
Depois bate-lhe à porta o vício da bebedeira, forçando entrada. Se lhe for
proporcionado um dia de festa, em companhia de alguns amigos, o crente beberá
alguns copos de vinho que vão prejudicar a sua vida espiritual. Pensamentos
carnais e concupiscências reaparecem. Ele já gosta de ouvir anedotas imorais,
de ver fotos indecorosas e de acompanhar aqueles que freqüentam lugares onde se
encontram todos os vícios... Satanás diz-lhe que isto não é pecado, que não faz mal, que todos estes desejos fazem parte da natureza humana.
A culpa não é nossa quando os pensamentos maus voam
sobre nós como passarinhos; no entanto, não devemos deixá-los entrar, nem
fazer os seus ninhos em nosso coração. Disto só pode resultar má conduta. Se entregarmos o dedo mínimo a Satanás, dentro em
breve tornará conta de toda a mão, e por fim levará a alma e o espírito ao inferno. Portanto, Deus nos avisa solenemente para fugirmos das concupiscências da mocidade e não brincarmos com o pecado, seja qual
for a forma sob a qual se nos
apresenta. Foge para perto de Jesus,
o Vencedor.
O homem que vemos no quadro
esfaqueando o coração, representa os
cscarnecedores e aqueles que se opõem
ao cristianismo. Com a boca cheia cie calúnias e lábios escarnecedores ferem o coração dos cristãos. O coração que hesita não pode suportar estes ataques
c começa a temer os homens mais do
que a Deus. Deste modo torna-se escravo dos homens e vai se afastando do Senhor.
No tempo das dificuldades e
desapontamentos aparecem a ira c o mau
gênio, que à força entram no coração.
A serpente má da inveja segue atrás da vaidade, e o mau gênio penetra, enquanto os outros estão também se
infiltrando.
É muito fácil o amor ao dinheiro entrar no coração,
se deixarmos de prestar atenção aos avisos de Nosso Senhor Jesus Cristo,
quando diz:
"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mateus
26:41).
"Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuida para que não
caia" (l Coríntios 10:12).
Temos que nos revestir de toda armadura de Deus, "para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo" (Efésios 6:11).