09 - A Casa Vazia
O
trecho abaixo declara, em linguagem simples, que a volta de um espírito expulso
é possível e, além disso, que traz outros espíritos piores junto com ele.
"Quando
o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém
não encontra. Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo
voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada. Então, vai e leva consigo
outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último
estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a
esta geração perversa." (Mateus 12:43-45.)
O
sentido está bem claro. Se a "casa" continua desocupada, varrida e
ornamentada, é um convite aberto para problemas piores. A casa tem de ser
ocupada por Deus.
A mesma
estratégia de Satanás encontra-se também em Lucas 11:24-26. Vamos examinar os
dois casos. Em Lucas, Jesus expulsou um espírito mudo de um homem, e o homem
passou a falar. Alguns expressaram a crença que Jesus o fez pelo poder de
Belzebu, o chefe dos diabos.
Jesus
explicou que, se fosse verdade, o reino de Satanás estaria dividido contra si
mesmo e, assim, cairia. E continuou dizendo: "Se, porém, eu expulso os
demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre
vós."
Jesus
estava falando com um grupo de judeus que tinham desenvolvido uma religião
negativista. Eles tinham tirado muitas coisas da sua vida, mas o que as
substituía? Eles estavam rejeitando a religião positiva que Jesus lhes
oferecia. Para dar ênfase a esse ponto, Jesus usou uma ilustração que eles
pudessem entender. Se eles não colocassem uma coisa positiva em sua vida depois
de eliminar tantas negativas, seria como alguém liberto de demônios que não
colocasse nada positivo no lugar do negativo. Eles acabariam ficando piores do
que estavam antes.
O
contexto de Mateus é mais claro ainda. Jesus acabou sendo condenado por ter
colhido espigas de milho no sábado; curou o homem de mão ressequida, também no
sábado. De novo, os fariseus O acusaram de expulsar os demônios por Belzebu.
Jesus mostrou que as palavras deles procediam de um coração mau. Eles já tinham
visto bastante para mudarem sua vida, mas eles não tinham mudado nada. Sem
mudança, eles se tornariam piores — como um homem purificado de demônios que
não encheu sua "casa" com Deus.
Jesus
está dizendo que chega uma hora em que devemos colocar coisas positivas em
nossa vida. Sempre tem de haver uma igualdade entre os fatores negativos e
positivos. Depois que a carne está crucificada e os demônios são expulsos,
devemos colocar Jesus em nossa vida, deixar Jesus reinar em nós.
De
fato, a razão de se ficar livre dos demônios é para se possuir mais de Jesus!
Com que enchemos a casa? JESUS! Ser cheio de
Jesus é ser cheio de PUREZA e PODER. Estas duas palavras caracterizam a pessoa
de Jesus. Como veremos, nossa pureza vem através de nossa habitação em Cristo,
e o resultado é o FRUTO DO ESPÍRITO: nosso poder vem por meio do batismo no
Espírito Santo, e os resultados são os DONS DO ESPÍRITO.
Tem de
ser entendido que para encher a casa leva mais do que uma oraçãozinha acrescida
no fim do ministério de libertação. Tenho ficado apavorado, mais de uma vez, ao
ouvir alguém dizer no fim de uma libertação: "Agora, Senhor, encha todos
os lugares vazios. Amém!". Tenho visto muitas pessoas perderem sua
libertação por falta de saberem como encher as casas deles ou com que
enchê-las.
Os dons
e o fruto do Espírito Santo têm de tomar o lugar de cada demônio expulso? Isto
é responsabilidade da pessoa liberta. O ministério de libertação deve enfatizar
o fato de que cada pessoa é responsável por sua própria "casa".
Enchendo a "Casa" com o Poder do Espírito Santo
Uma das
últimas coisas que Jesus disse antes de Sua ascensão foi: "... vós sereis
batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (Atos 1:5).
Encontramos a promessa cumprida em Atos 2, que relata o Pentecostes:
"Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo
o Espírito lhes concedia que falassem." (Atos 2:4.)
Qual
foi o objetivo deste batismo no Espírito Santo? Jesus explicou que seria um
revestimento com poder. (Veja Atos 1:8.) Depois que o batismo veio em
Pentecostes, como foi manifestado o poder?
Isto é
um assunto muito interessante, que não podemos pesquisar completamente aqui,
mas pode ser observado que o poder do Espírito Santo operando por meio dos
discípulos foi manifestado através dos nove dons sobrenaturais do Espírito.
Estes dons são enumerados em 1 Coríntios 12:7-11:
(1) a
palavra de sabedoria;
(2) a
palavra de conhecimento;
(3) fé;
(4)
dons de curar;
(5)
operações de milagres;
(6)
profecia;
(7)
discernimento de espíritos;
(8)
variedade de línguas;
(9)
interpretação das línguas.
O livro
de Atos inteiro demonstra como o poder do Espírito Santo operou por meio destes
dons! Através de Pedro e João um dom de
cura foi ministrado a um coxo (cap. 3); palavras de sabedoria e de
conhecimento vieram a Ananias para ministrar a Saulo-(cap. 9); pelo discernimento
do espírito Paulo expulsou o demônio de adivinhação numa jovem (cap. 16);
Pedro falou a palavra de fé a Ananias e Safira, e eles caíram mortos (cap. 5);
por meio de Pedro, um milagre de ressurreição trouxe Dorcas de volta à vida
(cap. 9); enquanto Pedro pregava na casa de Cornélio, houve línguas e a
interpretação delas (cap.10); por meio de um discípulo chama Agabo, a igreja
foi abençoada por profecia (cap. 11).
Os
demônios detestam estes dons do Espírito Santo e fazem os homens também
detestá-los. Por quê? Porque a operação destes dons de poder sobrenatural
derruba a obra de Satanás. A presença dos demônios e seus truques são expostos
pelo discernimento dos espíritos e pela palavra de conhecimento. O mal que os
demônios fazem é desfeito pela palavra de sabedoria, pela fé, pelos dons de
curar e pelos milagres. Seus planos para acabarem com a pessoa são desviados
por uma palavra de profecia ou por línguas com interpretação. Por isso, os
demônios opõem-se aos dons!
Estes
nove dons também são dados à Igreja para sua edificação. Satanás é o inimigo da
Igreja e faz tudo para acabar com o que foi estruturado para edificar o Corpo.
Ele ataca os dons, especialmente o de línguas, que tem um objetivo especial na
edificação do crente; (Veja 1 Coríntios 14:4.)
Se, por
acaso, a pessoa liberta não foi batizada no Espírito Santo, ela deve ser
encorajada a recebê-Lo e a desejar os dons espirituais. Temos visto muitas
pessoas receberem o batismo no Espírito Santo como um clímax de sua libertação.
O poder do Espírito Santo é de grande importância para conservar a libertação.
Os já
batizados no Espírito Santo devem ser encorajados a "procurar, com zelo,
os melhores dons" (1 Coríntios 12:31), e o dom melhor é aquele que
ministrará às necessidades dos outros em determinadas situações. É bem comum as
barreiras aos dons serem derrubadas por meio da libertação. Há demônios
especializados que procuram impedir a operação dos dons espirituais. Depois da
libertação, a "casa" deve ser cheia com o poder do Espírito Santo.
Enchendo a "Casa" com o Fruto do Espírito
O fruto
do Espírito está enumerado em Gálatas 5:22, 23:
(1)
amor;
(2)
alegria;
(3)
paz;
(4)
longanimidade;
(5)
benignidade;
(6)
bondade;
(7)
fidelidade;
(8)
mansidão;
(9)
domínio próprio.
Os nove
frutos representam a verdadeira natureza de Jesus. Quando o fruto do Espírito
Santo é produzido na vida do cristão, ele se torna identificado com Jesus em
seu caráter. Os demônios são exatamente
o contrário do caráter de Jesus. Eles entram na pessoa para projetar no mundo
seu próprio mau caráter através dessa pessoa.
Então,
o que desejamos com a libertação é expulsar os demônios, juntamente com sua
in¬fluência, para depois substituí-los por Jesus e o fruto do Espírito. Se
alguém entende mal e não faz disso um alvo definitivo, quaisquer benefícios
alcançados pela libertação, aos poucos, estarão perdidos.
Então,
para alcançar os benefícios permanentes da libertação, a "casa" tem
de ficar cheia do Espírito Santo e assim ser deixada para sempre. Senão, os
espíritos imundos voltarão e tal¬vez mais poderosos ainda.
Antes
de continuar, temos de esclarecer bem como o fruto do Espírito é produzido.
Encontramos a resposta na parábola da videira e dos ramos:
"Permanecei
em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si
mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não
permanecerdes em mim." (João 15:4.)
NOTA: O fruto não é produzido por ação independente nem por
esforço próprio. O fruto aparece tão-somente se permanecermos na videira!
Então, a palavra-chave é "permanecer". O permanecer na Videira
significa ficar ligado a Jesus de modo que a vida de Cristo fluirá no ramo e
resultará no fruto. Como é que alguém permanece? Veja a resposta como está no
versículo 10: "Se guardardes meus mandamentos, permanecereis..".
Permanecer
é sinônimo de guardar os mandamentos do Senhor. E o que é que teremos por esta
obediência em permanecer? Leia mais: "Meu AMOR... meu GOZO" - o
primeiro fruto do Espírito Santo.
Ao
obedecer, temos comunhão com o Senhor e obtemos Seu amor, Seu gozo e Sua paz.
Ao desobedecer, nossa comunhão com Deus é quebrada e Satanás consegue uma
entrada. Aprendamos do exemplo de Jesus. O que era que Jesus estava falando no
contexto bem antes da parábola da videira e dos ramos?
"...
aí vem o príncipe do mundo; E ELE NADA TEM EM MIM... E QUE FAÇO COMO O PAI ME
ORDENOU." (João 14:30,31.)
Aqui
Jesus explicou que o diabo não tinha nada com Ele, pois Ele foi completamente
obediente ao Pai. Ele nunca pro¬nunciou palavra nenhuma nem agiu senão por
ordem do Pai. Por isso, Jesus pôde dizer:
"Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu
tenho guardado os mandamentos do meu Pai e no seu amor permaneço."
(João 15:10.)
O Fruto Chamado Amor
O Sr.
A. tinha sofrido um esgotamento nervoso uns doze anos atrás. Ele continuava com
problemas emocionais ainda depois do tratamento intensivo, inclusive, havia
sido hospitalizado durante algum tempo. Finalmente ele ouviu falar do ministério
de libertação. Os demônios responsáveis por seus problemas emocionais foram
expulsos.
Ele
também recebeu uma cura no cérebro, de modo que as coisas apagadas de sua
memória, por choques elétricos, começaram a voltar. Com a volta da me¬mória, ele
se lembrou do nome de um dos funcionários do Hospital Psiquiátrico que lhe
fizera uma injustiça séria. O Sr. A. sentiu-se cheio de amargura e ódio contra
aquele homem. Começou a pensar em matá-lo, se pudesse encontrar-se com ele.
Neste
ponto, o Sr. A. veio à procura de mais libertação. Ex¬pliquei que ele tinha de
arrepender-se do ódio, e perdoar a pessoa por um ato de sua própria vontade, e
perdoar àquele homem. Ele não respondeu ao meu apelo. Pelo menos por cinco
minutos ficou sentado, em silêncio, tentando resolver, optar pelo sim ou pelo
não; a ficar com seu ódio ou cumprir os requisitos de Deus para ficar liberto.
Foi preciso toda a sua força de vontade, mas no fim ele disse: "Com a
ajuda de Jesus, eu perdôo aquele homem". Por este ato de sua vontade, ele
abriu o caminho para sua própria libertação.
"Porque,
se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas." (Mateus 6:14, 15.)
Conheci
poucas pessoas que obtiveram uma libertação como ele. Quando os demônios de
amargura, ódio, rancor, raiva, violência e homicídio foram expulsos, ele
imediatamente os substituiu pelo amor de Jesus — o amor que perdoa um inimigo.
Num instante, a vida espiritual deste homem começou a florescer. Os rios de
água viva começaram a fluir dele, e começou a ministrar a verdade e a vida
àqueles que estavam ao seu redor. A sua alma ficou inundada com a paz e o gozo
do Senhor. Ele obedeceu à ordem de Deus, perdoando o inimigo, e recebeu o fruto
daquela obediência. O ódio foi substituído pelo amor.
O Fruto Chamado Alegria
Joãozinho
tinha muitos problemas, apesar de ser uma criança de apenas cinco anos. Seus
pais tinham chegado a ponto de desquitarem-se. Havia muita tensão e tumulto no
lar, desde que ele nasce¬ra. A mãe de J. nos contou que ele tinha medo de tudo
e constante¬mente estava puxando-a para segurá-lo. O nervosismo dele era
óbvio. O menino era muito infeliz em tudo, e sua mãe o trouxe para o
ministério de libertação.
Enquanto
estávamos com um irmão e uma irmã mais velhos, J. engatinhava, querendo saber
quando ia ser a vez dele. Em sua própria maneira de ser, ele sentia a
importância daquilo que ia acontecer. Ele estava sério e impaciente.
Quando
os primeiros demônios foram enfrentados, os espíritos maus fecharam os lábios
de J. em oposição - um gesto significando "não sairemos de jeito
nenhum". Mas em nome de Jesus eles foram forçados a sair. Eles saíram, e
sua saída foi acompanhada de muita ânsia de vômito e cuspe. A luta não foi
fácil e durou trinta minutos. J. venceu sorrindo e logo disse: "Quero um
espelho. Sinto-me tão bem, devo estar diferente!" E assim era. O seu rosto estava radiante. Com a
ausência dos demônios, a alegria podia ser revelada.
Há
muitas pessoas, jovens e velhas, como J., que são tristes. A vida delas é um
fardo; não há vitória nem esperança. Para os sem alegria na vida, como são
promissoras as palavras de Isaías que descrevem o ministério de Cristo e Sua
Igreja:
"O
Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar
boas novas aos quebranta¬dos, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a
proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar
o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos
os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de
cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito
angustiado; a de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para
a sua glória." (Isaías 61:1-3.)
O Fruto Chamado Paz
A Sra.
B. ficou liberta do espírito de tormento que tinha entrado nela através de um
grande medo. A Palavra diz: "O medo produz tormento" (1 João 4:18).
Ela contou que em certas horas uma agitação frenética tomava conta dela. Ela
não podia agir nem pensar normalmente. Estando num destes estados agitados ela
disse: "Por que estou deste jeito? Isto não sou eu". Quando a
pressão das circunstâncias diminuiu, a manifestação do tormento apareceu mais
nitidamente, e ela percebeu que um espírito mau estava criando crises que, na
realidade, não existiam.
Depois
de cada uma dessas crises ela se sentia mal - agita¬da e queimando por dentro -
e era tomada pelo espírito de condenação. A Palavra diz: "Se possível,
quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" (Romanos 12:18).
Este espírito de tormento desalojava a paz - não somente nela, mas em toda a
família.
Depois
de expulsar este espírito, juntamente com vários de seus companheiros, ela
sentiu uma grande paz. No dia seguinte, ela continuou falando da paz em seu
íntimo. Mas o espírito mau continuou tentando-a em sua mente, e conseguiu
entrar mais duas vezes. Logo que a Sra. B. reconheceu os truques do demônio,
fechou a porta de uma vez, com a fé e a confiança em Deus.
Agora,
ela goza de liberdade total. Está livre para ser um canal pelo qual o fruto do
Espírito da paz pode fluir aos outros.