Faltavam três dias para o Natal de
1973. O sol começava a nascer naquela manhã fria e nevoenta de Toronto.
De repente Ele chegou. O Espírito Santo
entrou em meu quarto. Sua presença era tão real para mim naquela manhã quanto
ao livro que você tem agora nas mãos.
Nas oito horas que se seguiram eu tive
uma experiência incrível com o Espírito Santo. Ele mudou o curso de minha vida.
Lágrimas de assombro e alegria escorreram pelo meu rosto quando abri as escrituras
e ele foi dando as respostas às minhas perguntas.
Meu quarto parecia ter subido para o
hemisfério dos céus. E eu queria ficar ali para sempre. Tinha acabado de fazer
vinte e um anos e essa visita foi o melhor presente de aniversário ou de Natal
que eu já havia recebido.
Meus pais se achavam bem perto, no fim
do corredor. Eles jamais poderiam compreender o que estava acontecendo com o
seu Benny. De fato, se soubessem o que ocorria comigo, essa seria a gota d’água
que faltava para acabar definitivamente com o que restava de harmonia em nossa
família. Durante quase dois anos desde o dia em que entreguei minha vida a
Jesus, não houve mais praticamente comunicação entre mim e meus pais. Uma
situação medonha! Como filho de imigrante israelita eu havia humilhado a
família ao quebrar a tradição. Coisa alguma em minha vida tivera efeito tão
devastador assim.
Em meu quarto, porém, tudo era energia pura. Algo
indizível, cheio de glória! Se alguém me dissesse apenas 48 horas antes o que
me esperava, eu sem dúvidas responderia: – Isso está fora de cogitação!
Mas, desde o memento em que o espírito
Santo se tornou vivo em minha vida, ele deixou de ser apenas uma “terceira
pessoa” distante da Trindade. Era agora real. Tinha uma personalidade.
Eu quero então compartilhá-Lo neste
momento com você.
Meu amigo, se você está preparado para
começar uma nova relação pessoal com o Espírito Santo, o que vai superar tudo o
que jamais sonhou, continue lendo. Caso contrário, recomendo que feche este
livro para sempre. É isso mesmo! Feche o livro! Porque o que pretendo dizer-lhe
irá transformar a sua vida espiritual.
De repente, vai acontecer com você.
Pode ser enquanto esteja lendo. Talvez ao orar. Ou quando estiver a caminho do
trabalho. O Espírito Santo irá responder ao seu convite.
Ele vai tornar-se o seu amigo mais
íntimo, o seu guia, seu consolador, seu companheiro de vida. Quando você e Ele
se encontrarem, você dirá: - Benny! Quero contar o que o Espírito Santo tem
feito em minha vida!
Meu amigo, Jim Poynter, me pediu para
acompanhá-lo numa viagem de ônibus até a cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia.
Conhecera Jim, um ministro da igreja Metodista Livre, na congregação que eu
freqüentava. O grupo se dirigia para uma reunião de uma evangelista que fazia
curas, Katryn Kuhman.
Para ser sincero, eu sabia bem pouco
sobre o ministério da srta. Kuhman. Tinha assistido a uma entrevista que dera
na televisão e ficara desiludido. Achei que falava de um modo engraçado e
parecia meio estranha. Não esperava, portanto, muito dela.
Mas Jim era meu amigo e não queria
decepcioná-lo. No ônibus eu disse: - Jim, você não sabe como foi difícil
convencer meu pai a me deixar fazer esta viagem. – Depois de minha conversão,
meus pais fizeram todo o possível para me impedir de comparecer à igreja. E
agora, ao falar da ida a Pittsburgh, eles acharam um absurdo. Mas finalmente me
deram sua permissão, relutantes.
Partimos de Toronto na metade da manhã
de Quinta-feira. O percurso que deveria durar sete horas foi prolongado por
causa de uma tempestade de neve. Só chegamos ao hotel cerca de uma hora da
madrugada.
Jim então me disse: – Benny, temos de
levantar às cinco horas.
- Cinco da manhã? – eu perguntei. –
Mas, por quê?
Ele respondeu que teríamos de estar na
porta do prédio da reunião às seis horas para conseguir entrar.
Eu não podia crer em meus ouvidos. Quem
jamais ouviu falar de ficar exposto ao ar gelado, antes do sol nascer, para ir
à igreja? Jim, afirmou, porém, que era exatamente isso que precisávamos fazer.
O frio cortava a pele. Levantei-me às
cinco e coloquei todos os agasalhos que pude encontrar: botas, luvas, tudo,
enfim. Eu parecia um esquimó.
Chegamos à Primeira Igreja
Presbiteriana, no centro de Pittsburgh, enquanto ainda estava escuro. Mas o que
me chocou foi verificar que centenas de pessoas haviam chegado antes de nós. E
as portas só se abririam dentro de duas horas.
O fato de ser pequeno tinha as suas
vantagens. Eu comecei a me esgueirar entre as pessoas, chegando cada vez mais
perto das portas e arrastando Jim comigo. Havia até pessoas dormindo nos
degraus da frente. Uma mulher me disse: – Eles passaram a noite aqui.
Toda a semana é a mesma coisa!
Enquanto permanecia ali esperando,
comecei de repente a sentir uma vibração, como se alguém tivesse agarrado meu
corpo e começasse a sacudi-lo.
Pensei por um momento que o ar frio me
tivesse feito mal. Mas estava vestido com roupas quentes e certamente não
sentia muito frio. Um tremor incontrolável, não obstante, tomou conta de mim.
Nada parecido acontecera comigo antes.
E não parou. Eu fiquei envergonhado demais para contar ao Jim, mas podia sentir
meus ossos chocalhando. Sentia meus joelhos e minha boca tremerem. O que está
acontecendo comigo? – pensei – será o poder de Deus? – Eu não conseguia
entender.
A essa altura as portas iam ser abertas
e a multidão começou a empurrar de tal forma que eu mal podia mover–me. Mas a
vibração em meu corpo mesmo assim não cessou.
Jim disse: – Benny, quando as portas
abrirem corra o mais depressa possível.
Por quê? – perguntei.
- Se não fizer isso, eles vão
esmagá-lo. – Ele já estivera ali antes e sabia o que esperar.
Eu jamais tivera idéia de participar de
uma corrida para entrar numa igreja, mas era o que estava acontecendo. Quando
abriram as portas eu parti como um atleta olímpico.
Passei na frente todo mundo: velhos,
jovens, todos eles. De fato, cheguei à primeira fila e tratei de
sentar-me. Um recepcionista me informou
que a primeira fileira estava reservada.
Soube mais tarde que a equipe da Srta.
Kuhlman escolhia as pessoas para sentar nessa fileira especial. Ela era tão
sensível ao Espírito que só queria o apoio em oração de pessoas positivas, que
ficassem à sua frente.
Por ser bastante gago, eu sabia que era
inútil tentar discutir com o recepcionista. A segunda fila já estava lotada,
mas Jim e eu encontramos lugar na terceira.
O culto só começaria dali a uma hora.
Tirei o casaco, as luvas e as botas. Enquanto relaxava, percebi que tremia mais
que antes. Não conseguia parar. As vibrações percorriam meu braço e pernas,
como se estivesse ligado a uma espécie de máquina. A experiência era nova para
mim. Para ser sincero, sentia medo.
Enquanto o órgão tocava, eu não
conseguia pensar em outra coisa além do tremor em meu corpo. Não era uma
sensação de “doença”. Não era como se estivesse pegando um resfriado ou uma
virose. Na verdade, quanto mais continuava tanto mais bela parecia. Era uma
sensação invulgar, que não tinha nada de imaterial.
Nesse momento, como se saísse do nada,
Kathryn Kuhlman apareceu. Num instante a atmosfera naquele prédio ficou
carregada. Eu não sabia o que esperar. Não senti nada ao meu redor. Nenhuma
voz. Nenhum coral de seres angelicais. Nada. Tudo o que sabia é que estivera tremendo
durante três horas.
Depois disso, quando começaram a
cantar, fiz algo que jamais esperei fazer. Fiquei de pé. Minhas mãos se
levantaram e as lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto cantávamos “Quão
grande és Tu”.
Era como se eu tivesse explodido. Nunca
antes as lágrimas haviam fluído dos meus olhos tão rapidamente. Falo de êxtase!
Que sensação gloriosa!
Eu não cantava como normalmente
costumava fazer na igreja. Cantava com todo o meu ser. E quando cheguei às
palavras “Então minh’alma canta a Ti, Senhor”, eu me coloquei literalmente a
cantar com a alma.
O Espírito desse hino me envolveu de
tal forma que levei alguns minutos para perceber que não tremia mais.
Mas a atmosfera do culto continuou.
Pensei que havia sido totalmente arrebatado.
Adorava de um modo que jamais fizera
antes. Era como se encontrasse face a face com a verdade pura e espiritual.
Quer alguém mais sentisse isso ou não, era o que eu sentia.
Deus já tocara a minha vida em minha
pouca experiência cristã, mas nunca como Ele estava tocando nesse dia.
Enquanto ficava ali, continuando adorar
ao Senhor, abri os olhos para olhar ao redor, porque senti subitamente uma
corrente de ar. Não sabia de onde ela vinha. Era leve e lenta, como uma brisa.
Olhei para os vitrais, mas estavam
todos fechados e eram altos demais para permitir a corrente.
A brisa estranha que senti era, porém,
mais como uma onda. Eu sentia descer por um braço e subir pelo outro. Na
verdade tive a sensação de que ela se movimentava.
O que estava acontecendo? Todos
pensariam que tinha perdido o juízo.
Por um período de dez minutos mais ou
menos, as ondas de vento continuaram a correr sobre mim. Depois senti como se
alguém envolvesse meu corpo num cobertor – um cobertor quente.
Kathryn começou a ministrar ao povo,
mas eu estava tão perdido no espírito que isso realmente não importava. O
Senhor se achava mais próximo de mim do que nunca antes.
Senti que devia falar com o senhor, mas
tudo o que pude murmurar foi: – Jesus querido, tenha misericórdia de mim –
Repeti: - Jesus, por favor, tenha misericórdia de mim.
Eu me considerava tão indigno.
A meu ver, estava na mesma condição de
Isaías ao entrar na presença do Senhor.
“Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio dum povo de lábios impuros, e os meus olhos
viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is. 6.5).
A mesma coisa aconteceu quando as
pessoas viram a Cristo. Elas imediatamente sentiram sua imundícia, sua
necessidade de purificação.
Foi isso que ocorreu comigo. Era como se
um refletor gigante estivesse focalizado
Repeti muitas vezes: – Jesus amado,
tenha misericórdia de mim.
Ouvi então uma voz que sabia ser do
Senhor. Era mui gentil, mas inconfundível. Ele me disse: – Minha misericórdia é
abundante sobre você.
Até essa altura dos acontecimentos,
minha vida de oração era a de um cristão normal. Mas agora eu não estava apenas
falando com o Senhor, Ele estava falando comigo.
Oh! Que comunhão esplêndida era aquela!
Eu não tinha condição de saber que
aquilo que ocorria comigo na terceira fileira da Primeira Igreja Presbiteriana
em Pittsburgh não passava de um antegozo do que Deus planejara para o futuro.
As palavras soavam em meus ouvidos: –
minha misericórdia é abundante sobre você.
Senti-me chorando e soluçando. Nada
havia em minha vida que pudesse comparar-se ao que sentia. Eu estava tão cheio
e transformado pelo Espírito que nada mais importava.
Não ligava se uma bomba nuclear
atingisse Pittsburgh e o mundo inteiro explodisse.
Naquele momento eu sentia o que a
palavra descreve tão bem: ... “Paz... que
excede todo o entendimento” (Fp 4.7).
Jim me falara dos milagres operados nas
reuniões da Sra. Kuhlman. Mas eu não fazia idéia do que iria testemunhar nas
três horas seguintes. Pessoas surdas passavam repentinamente a ouvir. Uma
mulher levantou-se de sua cadeira de rodas. Foram dados testemunhos da cura de
tumores, artrites, enxaquecas e outros. Até mesmo os mais severos críticos
reconheceram as curas genuínas que ocorriam nessas reuniões.
O culto foi longo, mas o tempo correu
célere. Eu jamais tinha sido tão movido, tão tocado pelo poder de Deus.
Qual a razão
do choro dela?
No decorrer do culto, enquanto eu orava
em silêncio, tudo parou de repente. Pensei: – Por favor, Senhor não deixe esta
reunião acabar nunca.
Levantei os olhos e vi Kathryn Kuhlman
escondendo o rosto nas mãos e começando a soluçar. Ela chorou e chorou, tão
alto que todo e qualquer ruído cessou. A música deixou de tocar. Os
recepcionistas ficaram paralisados em suas posições.
Todos os olhos estavam fitos nela. E eu
não tinha a menor idéia da razão do choro dela. Nunca vira um ministro fazer
isto antes. Por que chorava? Contaram-me mais tarde que ela jamais fizera uma
coisa dessas e os membros de sua equipe não se esqueceram até hoje.
A evangelista continuou chorando por um
período de mais ou menos dois minutos.
Depois jogou a cabeça para trás. Ali
estava ela, a alguns passos de mim, com os olhos chamejantes. Estava viva.
Naquele momento ela mostrou uma ousadia que eu nunca vira em outra pessoa.
Apontou com o dedo em riste, com enorme poder e emoção e até mesmo sofrimento.
Se o próprio diabo estivesse lá, ela o teria derrubado com um simples golpe.
Foi um instante de incrível dimensão.
Ainda soluçando, Kathryn olhou para a audiência e disse em agonia: – por favor.
– Ela pareceu esticar a palavra: - Por fa-a-vo-or, não entristeçam o Espírito
Santo.
Ela suplicava. Se você puder imaginar
uma mãe rogando a um assassino que não mate o seu bebê, terá uma idéia do
quadro. Ela pedia e suplicava.
– Por favor, - soluçou – não
entristeçam o Espírito Santo.
Até hoje me lembro dos olhos dela, era
como se olhasse direto para mim.
Quando disse isso, um alfinete poderia
ter caído no chão que você o ouviria. Eu tinha medo até de respirar. Não movi
um músculo. Agarrei-me no banco à minha frente, pensado no que viria a seguir.
Ela disse então: – Vocês não
compreendem? Ele é tudo o que eu tenho!
Pensei comigo mesmo – Do que ela está
falando? Sua súplica apaixonada continuou, e disse: – Por favor! Não o magoem.
Ele é tudo o que eu tenho. Não magoem o meu Amado!
Jamais esquecerei estas palavras. Posso
lembrar ainda como sua respiração ofegava ao pronunciá-las.
O pastor de minha igreja falava sobre o
Espírito Santo, mas não dessa forma. Suas referências estavam ligadas aos dons,
línguas, ou profecia, e não à idéia de ser o “meu mais íntimo, mais pessoal,
mais amado amigo”. Kathryn Kuhlman estava falando de uma pessoa que era mais
real que você ou eu.
Ela apontou então seu longo dedo para
mim e disse com grande clareza: – Ele é mais real do qualquer coisa neste
mundo!
Quando ela olhou para mim e proferiu
essas palavras, algo me agarrou literalmente por dentro. Gritei dizendo: – “Eu
preciso conseguir isso”.
Eu na verdade pensava que todos naquele
culto deveriam estar sentindo a mesma coisa. Mas Deus trata conosco individualmente
e penso que aquele culto foi só para mim.
Peço que compreenda que, por ser um
cristão novo, eu não entendia absolutamente o que estava acontecendo naquele
culto. Mas não podia negar a realidade e o poder que sentia.
Ao terminar o culto, olhei para a
evangelista e vi o que me pareceu uma névoa ao redor dela e sobre ela. A
princípio julguei que meus olhos estavam me pregando peças.
Mas, a névoa continuava e seu rosto
brilhava luminoso através da mesma.
Não acredito de modo algum que Deus
estava tentando glorificar a Srta. Kuhlman.
Mas creio que Ele usou esse culto para
revelar o Seu poder para mim.
Quando o culto acabou, a multidão saiu,
mas eu não queria me mover. Eu chegara correndo, mas agora só desejava ficar
sentado e refletir sobre os acontecimentos.
O que sentia naquele prédio fora algo
que a minha vida não me oferecia. Eu tinha certeza de que ao voltar para casa a
perseguição ia continuar.
Minha auto-imagem já estava
praticamente destruída por causa do meu problema de fala. Mesmo quando criança,
nas escolas católicas, minha gagueira me isolava, não tendo quase ninguém com
quem conversar.
Não fiz também muitos amigos após me
tornar cristão. Como conhecer novas pessoas, se tinha dificuldade em
comunicar-me?
Eu não queria, então, que aquilo que
encontrara em Pittsburgh me deixasse. Tudo o que tinha na vida era Jesus. E
nada mais em minha existência importava muito. Meu futuro era incerto. Minha
família tinha praticamente virado as costas para mim. Eu sabia que me amavam,
mas minha decisão de servir a Cristo havia aberto entre nós um abismo
intransponível.
Permaneci sentado. Afinal de contas,
quem quer ir para o inferno depois de ter estado no céu?
Mas, não havia escolha. O ônibus estava
à espera e eu tinha que partir. Parei na porta de trás da igreja para um último
olhar, pensando- “O que ela queria dizer?” O que estava dizendo quando falou
sobre o Espírito Santo?
No caminho da volta para Toronto eu
retornava sempre ao mesmo pensamento: – “Não sei o que ela queria dizer” –
Cheguei até a perguntar para algumas pessoas no ônibus.
Não souberam me informar, porque também
não haviam entendido.
Não é preciso dizer que cheguei em casa
exausto. Por ter dormido pouco, por causa das horas de viagem de uma
experiência espiritual comparável a uma montanha russa, meu corpo estava pronto
para descansar.
Não consegui, porém, conciliar o sono.
Meu corpo estava moído até os ossos, meu espírito continuava vibrando como se
houvesse uma série de vulcões explodindo dentro de mim ininterruptamente.
Deitado em minha cama, eu sentia como
se alguém estivesse me puxando para fora do colchão e me fazendo ajoelhar. Era uma sensação estranha, mas eu a sentia
com tanta força que não podia resistir. Ali estava eu, na escuridão do quarto,
de joelhos. Deus ainda não acabara de lidar comigo e eu respondi à Sua
orientação.
Eu sabia o que queria dizer, mas não
sabia como fazer a minha petição. Eu queria aquilo que a evangelista de
Pittsburgh tinha. Pensei: - quero o que Kathryn Kuhlman tem. – Eu queria isso
com cada átomo e fibra
É verdade. Eu sabia o que queria dizer,
mas não sabia como dizê-lo. Decidi então pedir da única maneira que sabia – em
minhas próprias palavras, com toda a simplicidade.
Eu queria me dirigir ao Espírito Santo,
embora jamais tivesse feito isso antes. Pensei: – Será que estou fazendo certo?
– Afinal de contas, eu nunca tinha falado com o Espírito Santo. Nunca julgara
que fosse uma pessoa à qual pudesse me dirigir. Não sabia como começar a
oração, mas sabia o que sentia por dentro. Tudo o que queria era conhecê-Lo da
maneira como ela O conhecia.
Foi assim que orei: – Espírito Santo,
Kathryn Kuhlman diz que Tu és amigo dela. – Continuei lentamente: - Acho que
não Te conheço. Eu pensava antes que Te conhecia, mas depois dessa reunião,
compreendo que estava errado. Acho que não te conheço mesmo.
A seguir, como uma criança, com as mãos
levantadas, perguntei: – Posso conhecer-Te? Posso realmente conhecer-Te?
Fiquei imaginado – Estou falando
direito? Será que posso falar desse modo com o Espírito Santo? – Depois pensei:
– Se Kathryn estava enganada, eu queria saber.
Depois que falei com o Espírito Santo,
nada pareceu acontecer. Comecei a questionar-me – Haverá realmente essa
experiência de um encontro com o Espírito Santo?
Isso pode ocorrer de verdade?
Meus olhos estavam fechados. Em
seguida, como sob a ação de um choque elétrico, meu corpo começou a vibrar –
exatamente como acontecera nas duas horas em que esperei para entrar na igreja.
Era o mesmo tremor que sentira por mais de uma hora lá dentro.
Ele voltara e eu pensei: – Oh! Está
acontecendo de novo. – Mas dessa vez não havia gente
Tive medo de abrir os olhos. Parecia
que tudo o que acontecera naquela reunião tinha se combinado naquele momento
único. Eu estava tremendo, mas senti de novo o cobertor quente do poder de Deus
me envolvendo inteirinho.
Senti como se tivesse sido transportado
para o céu. É claro que não fui, mas acredito sinceramente que o céu não possa
ser melhor do que aquilo. De fato, pensei: – Se abrir os olhos vou estar em
Pittsburgh ou dentro de portões de pérolas.
Abri os olhos depois de algum tempo e,
para minha surpresa, continuava em eu velho quarto. O mesmo chão. O mesmo
pijama. Embora ainda vibrasse com o poder do Espírito de Deus.
Quando finalmente consegui dormir
naquela noite, ainda não tinha noção do que se iniciava em minha vida.
Bem cedo na manhã seguinte eu estava
completamente desperto. E não podia esperar mais para falar com meu amigo recém
encontrado.
Estas foram as primeiras palavras que
me saíram da boca: - “Bom dia, Espírito Santo”.
No momento em que a pronunciei, a
atmosfera gloriosa voltou ao meu quarto. Desta vez, porém, eu não estava
vibrando nem tremendo. Tudo o que sentia foi o envolvimento da sua presença.
No instante em que disse: – Bom dia,
Espírito Santo – soube que Ele estava presente comigo no meu quarto. Eu não só
fui cheio do Espírito naquela manhã, mas também recebi de sua plenitude cada
vez que passei tempo em oração.
Estou me referindo a algo além do falar
A primeira coisa que fiz naquela manhã
foi abrir a bíblia. Queria ter certeza.
Quando abri a palavra, fiquei certo de
que Ele estava comigo, como se estivesse sentado junto a mim. Não, não vi Seu
rosto ou semblante, mas sabia que estava ali. E comecei a conhecer Sua
personalidade.
A partir daquele dia, a bíblia passou a
ter uma dimensão inteiramente nova. – Espírito Santo, mostre isso para mim na
palavra – Eu queria saber por que Ele tinha vindo e Ele me levou a esta
passagem: “ora, nós não temos recebido o
espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o
que por Deus nos foi dado gratuitamente” (Co 2.12).
Quando perguntei por que Ele queria ser
meu amigo, Ele me guiou até as palavras de Paulo: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do
Espírito Santo sejam sobre vós”. (2 Co 13.13.)
A bíblia ganhou vida. Eu jamais
compreendera realmente o impacto deste trecho; “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc
4.6).
Ele confirmou repetidamente na palavra
o que estava operando em minha vida. Por mais oito horas naquele dia e depois,
dia após dia, passei a conhecê-Lo cada vez mais.
Minha vida de oração começou a mudar. –
Agora – eu disse, – Espírito Santo, desde que Tu conheces tão bem o Pai, quer
me ensinar a orar? – E quando comecei a orar cheguei ao ponto em que o Pai
tornou-se de repente mais real do que nunca antes. Era como se alguém tivesse
aberto uma porta e dito: – Ei-lo aqui!
A certeza da paternidade de Deus veio a
ficar cada vez mais clara. Isso não aconteceu com a leitura de um livro, nem
seguindo uma fórmula – A, B, C. Mas pedindo para o Espírito Santo abrir a
palavra para mim. E Ele fez isso. “Pois
todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não
recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba Pai” (Rm
8.14-15).
Comecei a compreender tudo o que Jesus
disse sobre o Espírito Santo. Ele era o meu consolador, meu mestre, meu guia.
Compreendi pela primeira vez o que
Jesus queria dizer quando ordenou aos discípulos: “Sigam-me”. De outra feita, Ele disse – “Não me sigam, porque vocês não podem ir onde eu vou”. – E
prosseguiu, - “Mas o Espírito Santo
guiará vocês”.
Qual a intenção de Jesus? Cristo estava
dando a eles outro líder. Outra pessoa a quem seguir.
Minhas pesquisas das escrituras
continuou dia após dia, durante semanas, até que todas minhas perguntas tivessem
sido respondidas. No decorrer do tempo eu tinha passado a conhecer melhor o
Espírito Santo. E essa comunhão não foi interrompida até hoje.
Compreendi que Ele estava bem aqui
junto de mim. Minha vida inteira se transformou.
Acredito que isso acontecerá com a sua
também.
Quando me levantei hoje, eu repeti: –
Bom dia, Espírito Santo!